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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Estudo da Parashá Yitro - Precisamos de um mediador?


 Estudos da Torá

Parashá nº 17 – Yitro (Jetro)

Shemot/Êxodo 18:1 – 120:26

Haftará (separação) Is 6:1 – 7:6; 9:5-7 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 5:21-30; 15:1-11; 19:16-30.


Tema: Precisamos de um mediador?


Desde os tempos antigos, a relação entre o Eterno e a humanidade tem sido marcada por momentos de proximidade e temor. No Monte Sinai, ao testemunhar a grandiosidade da revelação divina, Bnei Yisrael se viu incapaz de suportar tamanha santidade e clamou por um mediador, pedindo que Moshê falasse em seu lugar. Esse episódio levanta um questionamento fundamental: a mediação entre o Eterno e os homens é realmente necessária ou é uma demonstração da fragilidade humana?

Ao longo da história, diferentes figuras exerceram papéis de intercessores – desde Moshê, que transmitiu a Toráh ao povo, passando por Kohen Gadol, que realizou expiações no Beit HaMikdash, até a figura do Mashiach, esperado como aquele que guiará Yisrael no retorno à Toráh. Mas essas funções indicarão uma separação essencial entre o Eterno e os homens? Ou foram apenas instrumentos para ensinar e fortalecer a conexão individual com o Criador?

Neste estudo, exploraremos as perspectivas das Escrituras, do Midrash e do Talmud sobre a função do mediador, analisando o papel de Moshê, dos sacerdotes e do Mashiach à luz do propósito original do Eterno: um relacionamento direto e íntimo com Seu povo.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Na Parashá Yitro encontramos a entrega das Aseret HaDibrot (Dez Declarações), conhecidas como “os dez mandamentos”, que representam o coração dos princípios do Eterno para o seu povo. Mas antes disso, há um encontro significativo entre Moshê e seu sogro, Yitro.

Yitro, sacerdote de Midiã e sogro de Moshê, ouve sobre as maravilhas que o Eterno fez ao libertar Bnei Yisrael do Egito e decidiu ir ao encontro deles no deserto, levando com ele Tziporah (esposa de Moshê) e seus filhos. Ao chegar, ele observa como Moshê o dia inteiro julgando o povo e aconselha que ele delegue essa tarefa, nomeando líderes para ajudá-lo a resolver os casos mais simples, deixando apenas os mais difíceis para ele. Isso mostra a importância de compartilhar responsabilidades e de uma boa organização dentro de uma comunidade.

Bnei Yisrael chega ao deserto do Sinai e acampa diante da montanha. O Eterno chama Moshê ao topo do monte e dá uma mensagem para o povo:

Agora, se ouvirdes atentamente a Minha voz e guardardes a Minha aliança, sereis para Mim um tesouro especial dentre todos os povos, pois toda a terra é Minha. Shemot 19:5


Moshê transmite as palavras do Eterno, e o povo responde unânime:


Tudo o que o Eterno falou, faremos! Shemot 19:8


O Eterno então ordena que o povo se santifique por três dias, pois Ele Se revelaria sobre a montanha. O Monte Sinai fica envolto em nuvens, trovões e fogo, e o som do shofar ressoa fortemente. O povo treme diante da grandiosidade dessa manifestação.

O momento culminante ocorre quando o Eterno se pronuncia como Aseret HaDibrot. Estas palavras divinas estabelecem os princípios essenciais da relação do homem com o Eterno e com seu próximo:

    1. Reconhecer o Eterno como único Elohim.

    2. Não fazer imagens para servirem como se fossem D’us.

    3. Não tome o Nome do Eterno em vão.

    4. Guardar o Shabat como um dia santo.

    5. Honrar pai e mãe.

    6. Não matar.

    7. Não cometer adultério.

    8. Não roube.

    9. Não dar falso testemunho.

    10. Não cobiçar o que pertence ao próximo.

A experiência no Sinai é tão intensa que o povo, temendo, pede para que Moshê fale em vez do próprio Eterno. Moshê os tranquiliza, dizendo que essa manifestação veio para que o temor do Eterno estivesse sempre diante deles, para que não pecassem.

A Parashá Yitro nos ensina sobre liderança, humildade e compromisso com o Eterno. Yitro nos mostra que um líder de valor sabe ouvir conselhos e compartilhar responsabilidades. O povo, ao receber os princípios, demonstra a sua disposição em obedecer ao Eterno, um compromisso que continua até hoje.

Que estejamos sempre prontos a dizer: "Naasê VeNishmá""Faremos e ouviremos", confiando que os caminhos do Eterno são justos e perfeitos.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A Parashá Yitro apresenta um momento sublime e impressionante da história de Bnei Yisrael: a revelação do Eterno no Monte Sinai. A intensidade da manifestação divina foi tão avassaladora que o povo, tomado por uma mistura apavoro e de temor, pediu a Moshê que falasse com o Eterno em seu lugar e lhes trouxesse a mensagem de HaShem, se tornando o mediador. Esse episódio levanta uma questão fundamental: a necessidade de um mediador entre o Eterno e os homens. Mas será que essa mediação é uma exigência do Eterno ou uma fraqueza humana? E como essa função se manifesta ao longo da história de Yisrael? E pode o homem deixar de necessitar de um mediador?

Os rabinos e os midrashim abordam a ideia de um mediador entre o Eterno e os homens de diferentes formas, mas a visão predominante na tradição judaica é que o Eterno deseja um relacionamento direto com Seu povo. Qualquer mediação que tenha existido foi mais por uma necessidade humana do que por um decreto divino absoluto.


1. Moshê: O primeiro Grande Mediador

Ao ouvirem a voz do Eterno, acompanhada por trovões, relâmpagos e o som ensurdecedor do shofar, Bnei Yisrael se apavorou, temendo não sobreviver à santidade divina:


E disseram a Moshê: Fala tu conosco, e ouviremos; mas que o Eterno não fale conosco, para que não morramos. Shemot 20:16


O próprio Moshê responde, encorajando-os:


Moshê disse ao povo: Não temais, pois o Eterno veio para vos provar, e para que o Seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis. Shemot 20:17


Aqui, vemos que o povo vê suas limitações diante da presença do Eterno. Moshê como líder e libertador, agora assume a posição de mediador, conduzindo as palavras do povo ao Eterno e transmitindo Suas instruções ao povo, preparando-os para obedecerem a aliança e entrar na terra. Esse papel se intensifica ao longo do deserto, quando Moshê intercede pelo povo em momentos críticos, como no episódio do bezerro de ouro, que podemos ler em Shemot 32.

A mediação de Moshê não se dá por um decreto divino, mas pela incapacidade humana do povo de lidar diretamente com a santidade absoluta do Eterno. Ele se tornou um instrumento para facilitar essa conexão, como canal de comunicação entre o Eterno e Yisrael.

É o mesmo que acontece conosco! Ao nascermos precisamos de cuidadores pois não podemos ter acesso ao mundo sozinhos, devido sermos muito pequenos. Depois precisamos de professores para nos ensinar a lidar com as questões desse mundo. E aí ficamos mais velhos e temos mediadores que nos ajudam depois de tudo que aprendemos a entrar no mundo e começar nossa vida sozinhos. São nossos pais, professores das escolas, das faculdades, etc, até termos maturidade para começar a caminhar só tomando nossas próprias decisões.

A revelação do Eterno no Monte Sinai deixou o povo de Yisrael apavorado. O Midrash comenta que a intensidade da experiência foi tão forte que, segundo alguns rabinos, cada palavra dita pelo Eterno faz com que suas almas deixem seus corpos. Por isso, o povo implora para que Moshê fale em seu lugar.

O Midrash Tanchuma (Parashá Yitro 11) explica que, antes do evento do Sinai, o Eterno conversou diretamente com os patriarcas. No entanto, devido ao temor do povo, Moshê passou a intermediar essa comunicação. O Midrash sugere que esse pedido declarou uma fraqueza espiritual do povo, pois o ideal sempre foi que Yisrael tivesse uma conexão direta com o Eterno.


2. O Sumo Sacerdote: A Mediação Através do Serviço no Mishkan

Mais tarde com a construção do Mishkan (Tabernáculo), e a separação dos levitas como sacerdotes e Aharon como Sumo Sacerdote, o Eterno estabelece um sistema mais estruturado para a mediação entre Ele e o povo. O Sumo Sacerdote (Kohen Gadol) passa a exercer um papel essencial, sendo o único que poderia entrar no Kodesh HaKodashim (Santo dos Santos) uma vez por ano, em Yom Kipur, para expiação dos pecados da nação, conforme Vayicrá 16. No entanto, os rabinos deixam claro que essa função não significa que o povo estava distante do Eterno. Na verdade a condição do homem era que às vezes atrapalhava o relacionamento, devido às desobediências.

Diferentemente de Moshê, cujo papel era de liderança e intercessão, o sumo sacerdote atuava principalmente no serviço do Mishkan, oferecendo sacrifícios e realização de rituais de purificação. Ele simbolizava a ponte entre o Eterno e o povo, garantindo que a conexão não fosse rompida pelo pecado e pela impureza.

Esse sistema reforçava a ideia de que a relação com o Eterno podia se dar por um representante, pois a santidade divina era inacessível ao homem comum. No entanto, os próprios profetas ensinaram que o Eterno deseja uma relação direta com Seu povo, baseada na obediência e pureza de coração, e não apenas em rituais, conforme podemos ler em Yirmiyahu 31:33 e Hoshea 6:6.

O Midrash Rabá (Vayicrá 1:7) comenta que o serviço do Kohen Gadol em Yom Kipur simbolizava a expiação coletiva, mas um teshuváh (arrependimento) individual continuava sendo responsabilidade de cada um. Ou seja, ele representava o povo, mas não substituía sua conexão direta com o Eterno. No Talmud Bavli, há uma discussão sobre se Yom Kipur expia os pecados por si só. A conclusão é que o arrependimento sincero é essencial, e que mesmo o sacrifício de Kohen Gadol não teria efeito se o coração do povo não estivesse voltado para o Eterno.

Isso reforça a ideia de que o papel do sacerdote não era de intermediário absoluto, mas sim de alguém que conduzia rituais para facilitar a purificação espiritual da nação, ou seja, o retorno ao estado de contato com o Eterno.


3. Yeshua como Mashiach: O Mediador da Aliança Renovada

Contudo, havia uma profecia sobre o messias, que faria esse papel de mediador, a fim de facilitar o acesso das pessoas ao Eterno. Isso seria feito através do ensino da Torah limpa. Yeshua surgiu em um momento em que o Beit HaMikdash ainda estava de pé, e o sistema sacerdotal continuava em funcionamento. No entanto, ele assume um papel único, declarando a teshuváh (retorno ao Eterno) e chamando o povo à obediência sincera aos preceitos de HaShem.

Ele não se coloca no lugar de Moshê ou do sumo sacerdote, mas cumpre a função de mediador de uma nova etapa no relacionamento do Eterno com Yisrael. Sua missão não era substituir a conexão direta com o Eterno, mas reafirmá-la, como ele mesmo ensinou:

Ninguém vem ao Pai senão por mim. Yochanan/Jo 14:6


Isso não significa que Yeshua bloqueie o acesso ao Eterno, mas sim que ele é o instrumento pelo qual a aliança é renovada e os homens são direcionados ao arrependimento e à aprovação. Yeshua é a porta de acesso ao Eterno.


Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem. Yochanan/Jo 10:9


Assim como Moshê ensinou os mandamentos e o sumo sacerdote intercedeu no Templo, Yeshua atua chamando os homens à reconciliação com o Eterno, sem negar a responsabilidade individual de cada um diante do Criador. Ele não anula o modelo estabelecido no TaNaK, mas o aprofunda, ensinando que a verdadeira mediação não é apenas ritualística, mas sim transformadora, exigindo mudança de vida e compromisso real com o Eterno.

A tradição rabínica ensina que o Mashiach será um grande líder e professor que ajudará a restaurar Yisrael e trazer conhecimento do Eterno ao mundo. No entanto, ele não será um mediador entre o Eterno e os homens no sentido absoluto, como algumas tradições não-hebraicas ensinam, ou seja, o sistema cristão, que ensina que JC é o mediador absoluto. Diante do ensino de toda a Escritura, isso é uma enorme falácia.

O Rambam (Maimônides), em Hilchot Melachim 11:4, afirma que o Mashiach será um rei e trará benefícios semelhantes a Moshê, que trará Yisrael de volta à Toráh e estabelecerá a justiça, mas ele não substituirá a conexão do povo com o Eterno.

No Midrash, é dito que "o Mashiach orará pelo povo, assim como David fazia", mas isso não significa que ele será um intermediário, e sim um líder que incentivará cada indivíduo a se voltar ao Eterno pessoalmente.

O Talmud Bavli (Sanhedrin 98a) descreve o Mashiach como alguém que guiará Yisrael no caminho da Toráh e estabelecerá a paz, mas nunca como alguém que substituirá ou se colocará entre o povo e o Eterno permanentemente.

Com isso, fica muito claro que não devemos achar que precisamos de um mediador para chegar ao Eterno e manter um relacionamento com ele. O mediador age por nós durante um tempo, até que estejamos prontos para viver com o Eterno, da mesma forma que os patriarcas e o próprio messias viveram, em justiça.

Concluindo nosso estudo, podemos entender que a necessidade de um mediador surge da fragilidade humana diante da santidade do Eterno. Moshê exerceu esse papel porque o povo temia ouvir a voz divina diretamente. O sumo sacerdote foi criado com essa função no serviço do Mishkan, garantindo que a conexão com o Eterno fosse mantida para a nação. Yeshua, por sua vez, reforça o chamado ao relacionamento íntimo e individual com o Criador, ensinando que a verdadeira mediação se dá através da obediência, arrependimento e transformação de vida.

No entanto, desde o princípio, o desejo do Eterno sempre foi que Seu povo O buscasse diretamente, como está escrito:


E ser-me-eis um reino de sacerdotes e uma nação santa. Shemot 19:6


O conceito de um mediador absoluto entre o Eterno e os homens não é aceito na tradição judaica. A mediação que existe – seja por Moshê, pelos sacerdotes ou pelo Mashiach – sempre foi funcional e pedagógica, não um requisito essencial para se conectar ao Eterno. O objetivo da mediação nunca foi salvar o povo para o Eterno, mas sim conduzi-lo de volta a Ele, até que não haja mais barreiras entre nós e nosso Criador. E essa é a nossa missão: nos aproximarmos do Eterno através da obediência e do temor reverente, sem jamais terceirizar nossa responsabilidade de segui-lo.

O ideal sempre foi um relacionamento direto entre o Eterno e Yisrael, como está escrito:


Pois esta mitsvá que hoje te ordena não está oculto de ti, nem está distante. Não está nos céus, para que digas: Quem subirá por nós aos céus e no-la apresente? Nem está do outro lado do mar… Pois a palavra está muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires." Devarim 30:11-14


O próprio TaNaK ensina que cada pessoa pode buscar e falar diretamente com o Eterno, sem a necessidade de um intermediário permanente. Os rabinos reforçam essa ideia, ensinando que a teshuváh, a obediência e a oração são as formas mais poderosas de se conectar com o Criador.

Assim, Moshê, os sacerdotes e o Mashiach não servem como barreiras entre nós e o Eterno, mas sim como guias que nos ajudam a fortalecer nossa própria conexão com Ele.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Estudo da Parashá Yitro - 2023-2024 - O terceiro dia e a profecia

 


Estudos da Torá

Parashá nº 17Yitro (Yitro)

Shemot/Êxodo Ex 18:1 – 20:23(26)

Haftará (separação) Is 6:1 – 7:6; 9:5(6) - 6(7) e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 5:21-30; 15:1-11; 19:16-30


Tema: O terceiro dia e a profecia


No estudo dessa porção da Torah vamos comentar sobre o terceiro dia, quando depois de se santificarem, o povo recebeu a Torah do Eterno e a ligação desse terceiro dia com profecias ligadas ao messias e aos milênios posteriores à ressurreição. O que esses três dias tem que os ligam ao sétimo milênio, quando o messias reinará como representante do Eterno? Ao final desse estudo você compreenderá um pouco mais a respeito de algumas profecias sobre o messias.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A porção de Yitrô inicia-se com o sogro de Moshê, Yitrô, chegando ao acampamento do povo hebreu no deserto, onde é saudado calorosamente por grande quantidade de pessoas. Yitrô desejou juntar-se a eles quando ouviu falar de todas as maravilhas e milagres que D'us realizara para o povo judeu durante o êxodo do Egito.

Quando vê que Moshê está agindo como único juiz do povo desde o amanhecer até a noite, Yitrô declara que este sistema jamais funcionaria. Sugere portanto que juízes subordinados sejam designados para julgar os casos menos importantes. Moshê concorda com este plano. Assim, o sogro de Moshê Rabênu – teve o mérito de ter uma parashá da Torá com seu nome, pelo conselho que deu a Moshê. Este passaria então a atender os casos mais difíceis, enquanto os nomeados tratariam dos problemas mais simples.

O povo judeu chega ao Monte Sinai e prepara-se para receber a Torá. Moshê escala a montanha e D'us lhe diz para transmitir ao povo de que serão para Ele como um tesouro entre as nações. Após três dias de preparação, finalmente chega o momento da revelação, e em meio a trovões, raios e o som do shofar, D'us desce sobre a montanha e proclama os Dez Mandamentos.

Moshê então sobe à montanha para receber o restante da Torá de D'us, tanto a parte escrita como a oral. A porção é concluída com várias mitsvot referentes à construção do Altar no Templo.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO

No terceiro mês depois de o povo de Yisrael ter saído da terra do Egito, nesse mesmo dia, eles chegaram ao deserto do Sinai...por isso, Adonai falou a Moshê: Dirija-se ao povo; separe-o para mim hoje e amanhã, fazendo que lavem suas roupas; e prepare-o para o terceiro dia. Pois no terceiro dia, Adonai descerá sobre o monte Sinai ante os olhos de todo o povo… Moshê desceu da montanha para estar com o povo e o separou para Elohim, e eles lavaram suas roupas. Ele disse ao povo “Preparem-se para o terceiro dia; não se aproximem de nenhuma mulher”. Na manhã do terceiro dia, houve trovões, relâmpagos e uma nuvem espessa sobre a montanha. Ouviu-se um som tão alto do toque do shofar que as pessoas que estavam no acampamento tremeram. Shemot 19:1, 10, 11, 14-16

A Torah nos mostra que o Povo de Yisrael saiu da terra do Egito no décimo quinto dia do mês que passou a ser o primeiro dos meses do ano, o mês de Nisan ou Aviv. Também nos mostra que houve um tempo de 49 dias entre a saída do Egito e a entrega da Torah no monte Sinai. Assim, se a saída do Egito aconteceu no dia 15 de Aviv, a entrega da Torah ocorreu entre os dias 6 e 7 do terceiro mês.

Conforme vimos nos versos lidos acima, o capítulo 19 inicia fazendo um relato da chegada do Povo de Yisrael aos pés do monte Sinai em torno de 6 dias antes da entrega da Torah, isto é, o povo já estava caminhando no deserto por volta de 42 a 43 dias. Esse texto da Torah nos mostra não apenas o mês que chegaram no Sinai, mas também o dia em que chegaram. Segundo o site Chabad, à primeira vista, este versículo parece inócuo; pois o que pode haver de especial em dizer-nos que o povo de Yisrael chegou ao Sinai? No entanto, o site diz que Rashi nos alerta para o fato de que este versículo contém mais que possamos suspeitar. Rashi enfatiza que a Toráh não escreve "naquele dia", implicando que "naquele" no passado, quando eles chegaram. Ao contrário, a Torá escreve "neste dia", parecendo indicar o verdadeiro dia no qual lemos este versículo. Este emprego, continua Rashi, nos ensina que a Torá deveria ser nova para nós a cada dia, como no dia em que foi outorgada.

Ainda sobre esse assunto, outro autor também nos fala sobre esse dia da chegado ao Sinai, Bruno Summa diz que há uma expressão desnecessária nesse verso, e não apenas desnecessária, como também de forma não usual quando comparado com outras passagens que a Torah o utiliza, o termo “bayom hazeh” – nesse dia. Percebam que sempre digo que quando algumas formas de a Torah espressar nos causam estranheza devemos cavar mais fundo. E o autor mencionado diz que a informação que o termo traz, aparentemente não adiciona nada ao que está relatando. Contudo, como nada na Torah é por acaso, devemos compreender o motivo dessa expressão aparecer nesse verso e dessa forma, e se ligamos com o que Rashi disse, conforme mencionei acima, podemos compreender que há apontamentos proféticos no texto e em seu contexto. E segundo o Chabad, se examinarmos o contexto deste versículo inicial, podemos verificar que a lição passada está situada apropriadamente. Como declara o versículo, os judeus acabaram de chegar ao Monte Sinai e logo depois, receberá a Torá diretamente das mãos de D'us. Imagine então, alguns dias depois, a cena no acampamento dos Filhos de Israel. Limpeza, lavagem, banhos - todos estão ocupados se preparando, pois todos perceberam que este não é apenas mais um dia comum. A revelação no Monte Sinai assinala o maior de todos os acontecimentos, desde a Criação. É o clímax dos eventos que começaram com a divisão entre luz e trevas.

Depois de termos visto um pouco sobre a chegada do povo de Yisrael no Sinai, vejamos agora os versos seguintes.

...por isso, Adonai falou a Moshê: Dirija-se ao povo; separe-o para mim hoje e amanhã, fazendo que lavem suas roupas; e prepare-o para o terceiro dia. Pois no terceiro dia, Adonai descerá sobre o monte Sinai ante os olhos de todo o povo… Moshê desceu da montanha para estar com o povo e o separou para Elohim, e eles lavaram suas roupas. Ele disse ao povo “Preparem-se para o terceiro dia; não se aproximem de nenhuma mulher”. Na manhã do terceiro dia, houve trovões, relâmpagos e uma nuvem espessa sobre a montanha. Ouviu-se um som tão alto do toque do shofar que as pessoas que estavam no acampamento tremeram. Shemot 19:10, 11, 14-16


Quando olhamos para estes versos algo nos chama atenção. Vemos as expressões terceiro dia repetidas vezes. O Eterno manda Moshê dizer ao povo para se purificarem em preparação, pois ao terceiro dia desceria sobre o monte Sinai na frente de todo o povo. Esse seria o momento da entrega da Torah escrita ao povo.

A purificação se fazia necessária devido à santidade do Eterno que viria até aquele lugar. No entanto, nesse texto tem muito mais a nos mostrar. Há apontamentos proféticos aqui, a purificação do povo, o terceiro dia para a entrega da Torah. O terceiro dia é um termo que precisa de uma observação mais atenta. E para chegarmos à compreensão do motivo desse termo, devemos entender o aspecto profético que vem escondido na Torah.

Já podemos imaginar que o termo terceiro dia tem ligação com Yeshua sua morte e quando foi ressuscitado pelo Eterno, e os apontamentos proféticos que esses fatos também tem em comum.

Assim, para entender, precisamos utilizar dos mesmos métodos do povo de Yisrael, ou seja, buscar as palavras chaves nos diversos textos do TaNak em busca de seus conceitos, e assim, ver onde os termos “terceiro dia” aparecem e qual a idéia eles trazem. Vejamos então alguns textos.


1- Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o terceiro dia. Gn 1:13

Qual o contexto desse verso?

Este é o terceiro dia da criação. Quando o criador, o Eterno, separou o lugar da terra seca e o lugar das águas, e fez brotar relva e árvores na terra, porém esse é o contexto literal. Pelo PaRDeS, o método de estudo do povo de Yisrael, seguimos vários níveis ao estudar os textos bíblicos, e no nível chamado de Sod, que significa segredo, há outras centenas de níveis. Em um desses níveis estudamos as palavras nos textos buscando essas mesmas palavras em outros textos verificando-as como palavras chaves, que abrirão o entendimento profético dos textos. E fazendo isso com as palavras que estamos estudando faremos várias observações importantes.

As palavras tarde e manhã carregam significados que ajudam a entender as palavras principais que estamos buscando. Tarde e manhã indicam ciclo, período, e no contexto literal o terceiro dia. Já no apontamento profético, um dia pode significar um milênio. Assim, depois de um ou mais ciclos chega ou passa o terceiro dia. Que nos trás o entendimento que depois que passaram os ciclos anteriores, ou seja, os milênios anteriores, sendo uma referência aos 4 milênios antes do nascimento e ministério do messias Ben Yossef, Yeshua. Com isso, profeticamente, depois de sua vida justa e exemplos deixados por ele, os seguidores seriam separados durante 3 milênios. Qual sentido isso teria? Um ciclo semanal semanal tem 7 dias, e 4 mais 3 é 7. Ou seja, depois do nascimento do messias e sua vida justa no 4º milênio viriam mais 3 milênios para completar os 7. De onde podemos concluir que esse verso está nos informando tudo isso. E levando em consideração que essa é a primeira vez que os termos “terceiro dia” aparece no TaNaK, esse é o princípio desse contexto profético. À partir de então todas as referências irão ampliar esse entendimento trazendo mais informações. Por isso, analisemos cada um dos versos seguintes.

Não percam a live para ver os comentários de cada um dos versos, acesse pelo link a seguir: https://www.youtube.com/live/22f_Bte1GbQ?si=_gej_s44IEICmczf


2 - No terceiro dia de viagem, Abraão olhou e viu o lugar ao longe. Gn 22:4


3 - Mas a carne que sobrar do sacrifício até o terceiro dia será queimada no fogo. Lv 7:17


4 - Terá que ser comido no dia em que o oferecerem, ou no dia seguinte; o que sobrar até ao terceiro dia será queimado. Se alguma coisa for comida no terceiro dia, estará estragada e não será aceita. Lv 19:6 e 7


5 - No terceiro dia, Eliabe, filho de Helom e líder de Zebulom, trouxe a sua oferta. Nm 7:24


6 - Depois de dois dias ele nos dará vida novamente; ao terceiro dia nos restaurará, para que vivamos em sua presença. Oséias 6:2


7 - "Vão a Betel e ponham-se a pecar; vão a Gilgal e pequem ainda mais. Ofereçam os seus sacrifícios cada manhã, os seus dízimos no terceiro dia. Amós 4:4


Ao analisarmos detalhadamente as sete referências refletindo no sentido em que o termo terceiro dia aparece, podemos extrair o sentido profético de cada referência e compreender que apesar de referências diferentes em contextos literais diferentes, profeticamente é um contexto só, que dizem respeito ao futuro. Um futuro que envolve o rei messias e o povo do Eterno, que cumpre seus mandamentos.

O Eterno ao mandar Moshê determinar ao povo que se purificasse, pois ao terceiro dia ele desceria, é um apontamento para o ministério de Yeshua como uma preparação para que depois de três dias, ou três milênios, pessoas sejam separadas, santificadas para o Eterno, para que seja manifestada a presença do criador pela vida do Rei messias. Mas notem que antes de tudo, o terceiro dia aponta para o fato de que o Eterno ressuscitaria o messias ao terceiro dia depois de sua morte por ter tido uma vida justa de obediência à Torah de HaShem.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)