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quarta-feira, 11 de junho de 2025

Estudo da Parashá Behaalotechá - Luz Contínua: Quando a Instrução do Eterno Ilumina Mesmo na Escuridão

 


Estudos da Torá

Parashá nº 36 – Behaalotechá (Quando você acender)

Bamidbar/Números 8:1-12:16

Haftará (separação) Zc 2:14-4:7 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Jo 19:31-37; Hb 3:1-6


Tema: Luz Contínua:

Quando a Instrução do Eterno Ilumina Mesmo na Escuridão


Ao iniciar a leitura e estudo da porção Behaalotechá, encontramos uma imagem profundamente simbólica: o acendimento contínuo da menoráh. Esta imagem não representa apenas uma ação ritualística e muito menos uma obediência legalista, mas um chamado prático e constante para manter a luz viva diante do Eterno. A Luz, que nas Escrituras representa as instruções divinas, e que deve permanecer acesa mesmo quando nossos olhos não veem mais nenhuma claridade ao redor. A pergunta que ecoa para todos os que desejam andar no caminho do Eterno é: “Onde em minha vida preciso da luz constante do Eterno?”

Neste estudo buscaremos compreender essa luz não apenas como símbolo, mas como realidade prática – que nasce da confiança firme na Palavra do Eterno e nos transforma. Veremos isso pela Torá, pelos Profetas, e pelos ensinos de Yeshua e seus talmidim.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

O Eterno ordena a Aharon que acenda as lâmpadas da menorá de forma que iluminem diante dela. A instrução aponta para a santidade contínua, a luz permanente que deve ser elevada diante do Eterno.

A porção também demonstra mais uma vez, que os levitas são separados para o serviço no Mishkan. E para isso passam por um processo de purificação com água, raspagem de todo o corpo e apresentação diante da congregação. Eles são os substitutos dos primogênitos para o serviço exclusivo ao Eterno.

Nessa parashá, ainda é apresentada a possibilidade, para aqueles que estavam impuros por contato com mortos e não puderam celebrar Pessach no tempo correto, de realizá-lo no segundo mês, o chamado Pessach Sheni – mostrando a misericórdia e justiça do Eterno

A Torá demonstra que o povo só se movia quando a nuvem sobre o Mishkan se levantava. Se a nuvem permanecesse, eles ficavam acampados, mesmo que fosse por dias ou anos. Isso ensina confiança total na condução do Eterno. E relata também que são feitas duas trombetas de prata para convocar a congregação e sinalizar os movimentos no acampamento, bem como nas batalhas. Eram usadas ainda em festas e momentos de alegria diante do Eterno.

No segundo ano após a saída do Egito, o povo parte do Sinai e segue jornada pelo deserto, com a Arca da Aliança indo adiante. O povo começa a reclamar por causa de dificuldades e falta de carne. O Eterno envia fogo em Taverá e depois codornizes em grande quantidade, mas os que reclamaram com avidez são punidos em Kivrot-Hataavá.

A porção conclui com Miryam e Aharon falando contra Moshê por causa de sua esposa cuxita. O Eterno os repreende, dizendo que com Moshê Ele fala claramente. Miryam é punida com lepra e fica isolada por sete dias até ser curada pela intercessão de seu irmão e líder Moshê.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Ao iniciarmos nosso estudo dessa semana, observemos primeiramente o que diz o texto que começa essa porção da Torá, Bamidbar 8:1-2:


O Eterno disse a Moshê: Fale a Aharon: Quando você acender as lâmpadas, as sete lâmpadas devem projetar a luz para a frente, diante da menoráh.


A menoráh é o símbolo da presença contínua do Eterno no meio do povo, e a chama que jamais se apaga representa nossa resposta à Sua presença: uma vida de obediência diária. No hebraico, o termo usado é “behaalotechá”בְּהַעֲלֹתְךָque vem da raiz העלה - haaláh, que significa "subir", "elevar", e não apenas “acender”. Ou seja, acender as lâmpadas é mais que produzir luz: é elevar a chama, trazer um movimento ascendente da alma rumo à instrução do Eterno. É um chamado para que a nossa vida não fique em escuridão nem seja conduzida pela instabilidade das circunstâncias.


1. A Luz da Instrução: Da Menorá ao Coração

A menoráh, cuja construção foi instruída com detalhes em Shemot 25:31–40, é feita de uma só peça de ouro puro – como uma única essência da vontade do Eterno. Isso demonstra que HaShem deseja que nós devemos ser moldados com um único material, a Torá. Suas sete lâmpadas não apenas iluminam o espaço físico do Mishkan, mas apontam para a permanência da instrução do Eterno. O salmista declara:


Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho. Tehilim 119:105


Aqui está a resposta: a luz do Eterno é a Sua Palavra, Sua Torá. Precisamos dessa luz nos momentos de incerteza, nas decisões silenciosas, nos becos da vida em que não vemos saídas. A firme confiança não nasce do que sentimos, como muitos pensam, mas da luz que permanece acesa em nós por causa da Palavra do Eterno.


2. A Luz que Exorta e Restaura

Vemos no TaNaK os profetas sempre repetindo as instruções do Eterno e orientando o povo a está na vontade de HaShem. Por exemplo o profeta Yeshayahu (Isaías) anuncia:


Ó casa de Yaakov, vinde, e andemos na luz de HaShem. Yeshayahu 2:5


E também:


O povo que andava em trevas viu uma grande luz; sobre os que habitavam na terra da sombra da morte resplandeceu a luz. Yeshayahu 9:2


A luz aqui é a restauração da instrução do Eterno, vinda em tempos de escuridão – idolatria, injustiça, exílio. Assim como a menoráh era limpa e reacendida diariamente, os profetas nos ensinam que mesmo em meio ao colapso da nação, a luz do Eterno pode brilhar, se buscarmos voltar à obediência.

Outro exemplo de orientação e menção à luz como apontamento para a obediência à Torá encontramos em Yirmeyahu (Jeremias) 4:22 e 23. Note que se lermos desde o início percebemos uma profecia que fala sobre as transgressões de Yehudah, sua queda e consequentemente sua falta de luz, e também fala que se mudarem seu posicionamento o Eterno os recebe novamente. Sugiro uma leitura e meditação do mencionado capítulo do profeta.


3. A Luz Encarnada em Obediência

Nos escritos dos emissários, conhecido por muitos como Novo Testamento, vemos o Messias Yeshua e seus Talmidim seguirem com essa mesma linha de interpretação e ensino. Yeshua ensina aos seus talmidim:


Vocês são a luz do mundo. A cidade construída sobre o monte não pode ser escondida. Da mesma forma, quando alguém acende uma candeia, não a cobre com uma vasilha, mas a coloca no suporte para iluminar a todos os que estão na casa. Assim, que sua luz brilhe diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos shamaym. Matityahu 5:14-16


Yeshua não se apresenta como “deus”, mas como um servo obediente que vive a Torá, ensinando que a luz se expressa em boas obrasmaasim tovim – que refletem a instrução do Eterno. Os talmidim, como Kefa (Pedro), declaram:


Vocês, porém, são o povo escolhido, os kohanim do rei, a nação santa, o povo pertencente a D’us! Por quê? Para louvar Aquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Kefa Alef (1Pedro) 2:9


Ou seja, somos chamados a levar essa luz – não de maneira teórica, mas por meio de atos que manifestam a instrução viva do Eterno em nós, mesmo quando o mundo está em trevas. Devemos seguir o exemplo do próprio Yeshua e de seus talmidim, e antes deles os profetas. Nossa vida, por mais difícil e atribulada que seja, deve manifestar essa luz, a obediência à Torá, a palavra de HaShem. A luz que guia quem está na escuridão.


4. Detalhe Hebraico de Aprofundamento

Antes de concluirmos, é importante destacar a importância do contexto original e do conhecimento da língua hebraica. A palavra “ner” נֵר (lâmpada/luz) aparece frequentemente com a ideia de transmissão de sabedoria e vida. Por exemplo em Mishlei 6:23, lemos:


Porque o mandamento é uma lâmpada (ner), e a instrução (torá) é luz...


Aqui, o paralelismo poético hebraico deixa claro: a lâmpada é o mandamento específico; a luz é o todo da Torá. Nesse entendimento, quando mantemos os nerot (lâmpadas) acesas, cada mandamento obedecido, a luz da Torá brilha de forma completa em nossas vidas. Por isso a Torá e os profetas chamam de justos os que vivem conforme os mandamentos de justos, como Yeshua disse que os talmidim são luz. Apagar um só mandamento é perder parte da claridade.

Concluindo nosso estudo, vamos refletir na pergunta que fiz no início desse estudo. “Onde em minha vida preciso de luz constante do Eterno?” A resposta deve sempre ser: em todo lugar onde ainda caminho com meus próprios olhos.

A luz do Eterno não depende do nosso entendimento ou emoções, mas da permanência diária na obediência. Ela não é uma filosofia com pensamentos humanos e religiosos, é luz verdadeira que advém da prática diária em amor ao Eterno. A menoráh era acesa mesmo em momentos de silêncio divino, em dias comuns do deserto, quando tudo parecia estar perdido. Assim também, nossa vida deve estar acesa mesmo quando não vemos milagres, pois a maior luz é a constância na fidelidade ao Eterno.

Leiamos juntos Tehilim 43:3


Envia a tua luz e tua verdade, para que sejam meu guia; deixa que me guiem a teu santo monte, aos lugares onde habitas.


Que a chama da instrução do Eterno jamais se apague em cada um de nós, mesmo quando não vemos raízes, mesmo quando não sentimos sua presença. Porque a luz verdadeira é aquela que vem da obediência.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


sexta-feira, 16 de maio de 2025

Estudo da Parashá Emor - Sustentados para Sustentar: Os Ensinos da Mesa Sagrada.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 31 – Emor (Fale)

Vayikra/Levítico 21:1-24:23

Haftará (separação) Ez 44:15-31 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 5:38-42; Gl 3:26-29


Tema: Sustentados para Sustentar: Os Ensinos da Mesa Sagrada.


Imagine uma mesa pura de ouro, preparada não pela capacidade humana, mas por ordem direta do Eterno. Sobre ela, doze pães dispostos com precisão, representando cada tribo de Yisra’el. Eles não envelhecem, não se corrompem, não perdem seu aroma. A cada semana, são renovados. A cada Shabat, são lembrança viva de um povo que foi separado, sustentado e colocado diante da presença do Eterno.

Agora, imagine que essa mesa não está apenas no passado do Mishkan. Ela fala conosco hoje. Ela aponta para algo maior. Para alguém que sustentou discípulos com ensino puro. Para uma missão viva, que continua geração após geração.

Neste estudo, não nos limitaremos ao ritual. Vamos mergulhar no propósito eterno por trás da mesa e dos pães. Veremos como Yeshua, o servo obediente do Eterno, preparou seus talmidim como pães vivos, colocados diante da face de HaShem, para alimentar um povo sedento, não de pão físico, mas da Palavra viva.

Este não é um convite a apenas aprender, mas a nos tornarmos parte viva desse propósito: ser pão sobre a mesa do Rei, sustentados por Sua Torá, alimentando outros com justiça, em santidade e firme confiança. Se teu coração tem fome da presença do Eterno, então te convido: aproxima-te da mesa, e vamos juntos partir o pão.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Nesta semana nos debruçamos sobre a porção Emor, que é uma parashá rica e profundamente espiritual, que revela o cuidado do Eterno com a santidade, não apenas do espaço ou do altar, mas dos homens que servem diante d'Ele e de todo o povo de Yisra’el.

O Eterno ordena a Moshê que diga aos filhos de Aharon — os cohanim — que devem manter-se afastados da impureza causada pela morte. Não por orgulho ou superioridade, mas porque foram separados para um serviço sagrado. São instruídos a não se contaminar com mortos, exceto por parentes próximos.

O Cohen Gadol, o sumo sacerdote, tem ainda maiores restrições. Ele não pode nem mesmo tocar em seus próprios pais se morrerem. Por quê? Porque ele carrega o shemen hamishchá (óleo da unção), o sinal da consagração que o liga diretamente ao serviço mais sagrado. Isso nos mostra que quanto mais próximos do altar, maior a responsabilidade de pureza e de consagração. Assim também todo aquele que deseja se achegar ao Eterno deve buscar pureza em seus caminhos.

O Eterno especifica que não se pode oferecer qualquer coisa diante d’Ele: animais defeituosos não são aceitos, nem podem servir no altar os cohanim que tiverem imperfeições físicas. Isso não é por desprezo, mas porque tudo que é trazido ao Eterno deve refletir integridade, ordem e respeito.

Um dos momentos mais sublimes da parashá é quando o Eterno proclama os Seus tempos designados — moedêi HaShem. Essas festas não são invenções humanas, nem tradições culturais. São convocações sagradas determinadas pelo Eterno para todos os que O amam. Ele disse: "São estas as festas fixadas do Eterno, que proclamareis como santas convocações".

A parashá também fala da manutenção perpétua das lâmpadas no Mishkan, usando azeite puro de oliva, e dos doze pães da proposição, que simbolizam as doze tribos de Yisra’el diante do Eterno, continuamente lembradas

Por fim, há o episódio do blasfemador, filho de uma mulher israelita e um egípcio. Ele blasfema contra o Nome e é julgado conforme os mandamentos. O Eterno declara que não importa se é nativo ou estrangeiro, há uma só Torá para todos: “Uma mesma instrução haverá para o estrangeiro e para o natural da terra


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Vamos então meditar com mais atenção sobre uma das seções finais da Parashá Emor, que trata das luzes perpétuas e dos doze pães da proposição, ambos colocados diante do Eterno no Mishkan. Veremos o apontamento profético para Yeshua e seus talmidim, com um foco principal para a mesa dos pães da proposição e sua indicação da missão dos seguidores do messias.


1. A Luz Perpétua ou Ner Tamid

Ordena aos filhos de Yisra’el que te tragam azeite puro de olivas batidas, para a lâmpada, para manter uma chama contínua. Fora do véu do testemunho, na tenda da reunião, Aharon a manterá em ordem desde a tarde até a manhã diante do Eterno, continuamente; estatuto perpétuo para vossas gerações. Vayicrá 24:2-3

Essa luz representa a presença contínua do Eterno entre o povo, através da Torá. Era alimentada por azeite puro — katit la'or — extraído da primeira prensa da azeitona, o mais refinado. Ela não era uma luz qualquer. Era a chama que não se apagava, sinal da vigilância constante e da comunhão perpétua entre Yisra’el e HaShem.

Nos escritos dos profetas, essa luz é refletida em muitas visões, como em Zekharyah 4, onde ele vê um candelabro de ouro com sete lâmpadas alimentadas por azeite que flui direto de duas oliveiras. Isso é uma imagem poderosa do contínuo suprimento do Eterno por meio de Seus ungidos — o rei e o cohen. Eles apontam para o messias e seus seguidores, judeus fiéis que vivem de acordo com a vontade do Eterno e trabalham em prol do resgate dos remanescentes.


Não por força nem por poder, mas pelo Meu Ruach, diz HaShem Tsevaot. Zekharyah 4:6


Este texto ecoa a ideia de que a luz verdadeira não vem do homem, mas da presença do Eterno sustentando Seu povo com justiça e verdade, levada às casas de Yisrael e Yehudah por todos que se aproximam verdadeiramente do Eterno, vivendo uma vida de justiça, que é a obediência.

Os sábios do povo de Yisrael também entenderam que a ner tamid simboliza a Torá, cuja luz guia os caminhos do homem, conforme lemos no TaNaK:


Porque a mitzvá é lâmpada, e a Torá é luz… Mishlei 6:23


Também viram nisso o papel do Mashiach, o ungido, como portador da luz da verdade. Como está em Yeshayahu 42:6-7:


Eu, HaShem, te chamei com justiça o segurei pela mão, o modelei e fiz de você uma aliança para o povo, para ser a luz dos goyim, a fim de que possa abrir os olhos dos cegos, libertar os prisioneiros do confinamento, os que vivem em trevas no calabouço.


Essa luz, portanto, prefigura a vinda de um servo fiel, que mantém a chama do Eterno acesa entre o povo — não com palavras vazias, mas com vida justa. Mas não apenas ele, os seus seguidores também são essa luz, pois a exemplo de seu mestre, vivem uma vida de justiça, ou seja, de obediência aos mandamentos do Eterno, indicando o caminho para outros.

Yeshua, o filho de Miriam e Yosef, o messias, é mostrado nos Escritos Nazarenos como aquele que viveu essa luz. Não apenas falou dela, mas andou nela. Como ele mesmo disse:


Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Yochanan 9:5


Vós sois a luz do mundo. A cidade construída sobre o monte não pode ser escondida. Da mesma forma, quando alguém acende uma candeia, não a cobre com uma vasilha, mas a coloca no suporte para iluminar a todos os que estão na casa. Assim, que a vossa luz brilhe diante das pessoas, para que elas também possam ver as boas coisas que fazem e louvem ao Pai celestial de vocês. Matityahu 5:14-16


Yeshua não reivindicava uma luz sua, mas refletia a luz do Eterno, a justiça de HaShem revelada em sua Torá, assim como a menoráh que só brilhava porque recebia azeite puro. Esse entendimento nos mostra claramente que as profecias e ensinos ocultos nas Escrituras são para os que buscam com sinceridade. Agora vamos aprofundar mais um pouco com os apontamentos da mesa e dos pães da proposição.


2. A Mesa e os Pães da Proposição – Lechem Hapanim

Tomarás da flor da farinha e dela cozerás doze pães; cada pão será de duas décimas de efa. E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura diante de HaShem. E sobre cada fileira porás incenso puro, que será para o pão como memorial, oferta queimada a HaShem. Em cada Shabat, continuamente, se porão em ordem perante HaShem, recebidos dos filhos de Yisra’el por aliança perpétua. E serão de Aharon e de seus filhos, e os comerão em lugar santo; porque são coisa santíssima para ele, das ofertas queimadas a HaShem; estatuto perpétuo será. Vayicrá 24:5-9


Esses doze pães representavam as doze tribos de Yisra’el, postas diante do Eterno semanalmente, como um memorial contínuo da aliança. Embora fossem comidos pelos cohanim a cada Shabat, estavam sempre expostos durante a semana, simbolizando a constante intercessão e lembrança do povo diante de HaShem.

Os sábios do Talmud, em Menachot 96b, ensinavam que esses pães não ficavam duros nem mofavam, mesmo depois de sete dias, era um milagre que mostrava que na presença do Eterno não há decadência, mas permanência. Da mesma forma acontece com quem vive diante da presença, a corrupção deste mundo não os deturpa.

Rashi comenta que o arranjo dos pães representava shalom bayit, a harmonia entre as tribos, e também a suficiência do povo sustentado pela mão do Eterno. Assim, cada semana, as tribos eram “renovadas” diante de HaShem.

Veja o que diz o profeta Yeshayahu, que nos conecta perfeitamente ao que estamos tratando:

Ah, vós, todos os que tendes sede, vinde às águas; e vós que não tendes prata, vinde, comprai e comei; sim, vinde, comprai sem prata e sem preço, vinho e leite. Por que gastais a prata naquilo que não é pão, e o produto do vosso trabalho naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Yeshayahu 55:1-2


O profeta fala de pão sem preço, dado gratuitamente àqueles que têm sede de justiça. Esse pão que sustenta não é físico apenas, mas simboliza o ensino puro da Torá, que alimenta a alma, ou seja, a vida. Mas isso precisa ser levado. E quem faz isso? Continue acompanhando!

Nos Escritos Nazarenos, Yeshua é visto alimentando multidões com pães, não como milagre apenas, mas como sinal de que o Eterno provê aos que O buscam com confiança firme.


Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Eterno. Devarim 8:3 e Matityahu 4:4


Yeshua também disse:


Eu sou o pão da vida... Yochanan 6:35

Ele não dizia isso como sendo ele o alimento em si, mas como aquele que trazia o verdadeiro alimento: a Torá vivida com integridade. Estava mostrando que era o exemplo a ser seguido.

Vamos adentrar mais um pouco no assunto, continue acompanhando aqui, e reflitamos no que é proposição, e o apontamento para Yeshua e seus seguidores.


3. A Mesa e os Pães como Sombra do Propósito do Eterno

No dicionário on line, “proposição” é um substantivo feminino que traz dois significados comuns. O primeiro é o ato ou efeito de propor. E o segundo, é aquilo que se propõe; uma proposta ou sugestão. No contexto original, Lechem Hapanim, literalmente “pães das faces” ou “pães da presença”, não são uma proposição no sentido moderno, mas sim algo colocado diante da face do Eterno, ou seja, na Sua presença contínua.


E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura diante do Eterno. Vayicrá 24:6

Estes pães representavam todas as doze tribos de Yisra’el, dispostas diante do Eterno como um sinal perpétuo da aliança. Não era apenas alimento, era memorial, intercessão, e presença contínua do povo diante de HaShem.
Entretanto, observe alguns detalhes importantes que devem ser compreendidos. A mesa sustentava os doze pães, da mesma forma que o Eterno sustenta o povo de Yisra’el e mantém as tribos diante de Si. A mesa não é destacada como objeto central, mas sem ela os pães não teriam onde repousar. É como o que está escrito:


Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos… Tehilim 23:5


Essa mesa é suporte, provisão, confiança, e acolhimento do Eterno para aqueles que Nele confiam. E por isso ela é sombra de algo maior, ela aponta para Yeshua, assim como os pães apontam para os talmidim. Vejamos como se dão os apontamentos.

Yeshua, em seu tempo de ministério, sustentou e ensinou os doze talmidim. Ele os alimentou com a Torá, deu-lhes direção, e preparou-os para se tornarem representantes das tribos, não segundo genealogia, mas segundo a função profética e missão.

Da mesma forma que os pães estavam sempre diante da face do Eterno apoiados pela mesa, os talmidim também estiveram diante do Eterno apoiados pelos ensinos de Yeshua, que os moldou conforme o propósito do Eterno. Como está escrito:


Vós que tendes permanecido comigo nas minhas provações… Lucas 22:28


E mais:


Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino e vos assenteis em tronos, julgando as doze tribos de Yisra’el. Luca 22:29-30


Esse texto mostra com clareza que o Eterno estabelece Yeshua, a mesa, como aquele que coloca os talmidim na função dos pães, representando o povo diante do Eterno, comissionados para levar o ensino da Torá ampliada às ovelhas perdidas da casa de Yisrael.


4. A Missão dos Talmidim: Alimentar e Resgatar

Yeshua disse:

Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Yisra’el. Matityahu 15:24


E também:


Shalom Aleikhem! Yeshua repetiu. Como o pai me enviou, eu também os envio. Yochanan 20:21


Aqueles que estavam com Ele à mesa de Pessach foram posteriormente, enviados com a missão de representar as tribos, alimentar os famintos com a Torá do Eterno, e restaurar a casa de Yisra’el. Eles são os "pães", pois levam o sustento espiritual que provém do ensino de Yeshua, que por sua vez provém da Torá.

Assim como os pães eram trocados toda semana e comidos pelos cohanim em santidade, assim também os talmidim foram constantemente renovados pela presença do Eterno através dos ensinos de Yeshua, que os alimentava com a sabedoria do Eterno. Eles não foram apenas guardadores de conhecimento, mas instrumentos vivos. Essa deve ser também nossa prática.

E como está em Yeshayahu:


Então o Redentor virá a Tzion, àqueles em Yaakov que abandonam a rebelião, assim diz o Eterno. Quanto a mim, diz do Eterno, esta é a minha aliança com eles: meu ruach, que repousa sobre você, e minhas palavras, postas em sua boca, não se afastarão de seus lábios, ou dos lábios de seus filhos, ou dos lábios dos filhos de seus filhos, para sempre, diz o Eterno. Yeshayahu 59:20-21


O último sêder de Pessach junto com seus talmidim, registrado nos Escritos Nazarenos é conhecido como “seudat haMelech”, uma refeição com o rei, apontam para o que ocorrerá no futuro. Yeshua parte o pão, e ao fazê-lo declara que aquele momento não é apenas memória, mas envio. Ele está dizendo: “assim como estes pães estão sobre a mesa, vós estareis diante do Eterno para cumprir Sua missão.”


Fazei isto em memória de mim. Luca 22:19


Isto não é a instituição de uma nova “ceia”, nem ele fez isso como ritual, mas como continuação do seu trabalho. Estava passando autoridade para eles, e demonstrou isso, quando lavou seus pés, conforme lemos em Jo 13:1-17. Hoje nós, como seus talmidim, como seguidores de seus ensinos, somos esses pães na presença do Eterno.

Concluindo nosso estudo, vemos que os pães da presença, sustentados pela mesa pura, apontam para a presença constante das tribos diante do Eterno, o sustento que vem da Torá, a necessidade de renovação constante, santidade e um modelo para os discípulos de Yeshua, representando as tribos, sustentados por ele como mesa, alimentados com a instrução do Eterno.

Yeshua não substituiu os pães, mas os preparou para estarem diante do Eterno, como representantes do povo, enviados para resgatar e alimentar as ovelhas com justiça.


Vede, dias vêm, diz HaShem, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras de HaShem. Amos 8:11

A título de fixação, relembro que a missão dos talmidim é para todos os que seguem o exemplo de Yeshua, não está limitada àqueles do primeiro século. Assim como os pães eram renovados semana a semana, todo seguidor da Torá pode ser um desses pães, sustentado pela mesa do ensinamento puro, o ensino de Torá de Yeshua.
Que sejamos como esses pães, colocados diante da face do Eterno, renovados toda semana, alimentando outros com a luz da Torá.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef