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quinta-feira, 1 de maio de 2025

Estudo da Parashá Tazria e Metsorá - O Sinal para Arrependimento e Concerto

 


Estudos da Torá

Parashá nº 27Tazria (Conceber)

Vayikra/Levítico 12:1-13:59

Haftará (separação) 2Rs 4:42-5:19 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 8:1-4; 11:2-6.

Parashá nº 28Metsora (Afligida)

Vayikra/Levítico 14:1-15:33

Haftará (separação) 2Rs 7:3-20 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 9:20-26.


Tema: O Sinal para Arrependimento e Concerto


Na parashá dessa semana, convido você a refletirmos juntos sobre algo que vai muito além da aparência. Vamos entrar em um tema que, à primeira vista, pode parecer distante ou estranho — manchas em roupas, paredes manchadas, pessoas isoladas com aflições visíveis no corpo... Mas se olharmos com olhos atentos à voz do Eterno, perceberemos que estas imagens falam, e falam alto!

Estamos prestes a estudar duas porções da Torá — Tazria e Metsorá — que tratam da tzaraat, uma aflição física que alcançava a pele, os tecidos e até as casas. Mas será que isso era apenas uma doença? Ou o Eterno estava nos ensinando algo muito mais profundo? Qual apontamento profético encontramos com este assunto?

Estas porções revelam que o Eterno nos dá sinais visíveis quando há algo invisível que precisa ser tratado. Algo que está nos afligindo de dentro para fora, um pecado escondido, seja intencional ou não. HaShem não nos abandona em nossos erros — Ele nos alerta. Ele nos chama ao arrependimento antes do juízo. E isso continua valendo hoje.

Vivemos tempos em que é fácil esconder impurezas atrás de aparências, palavras bonitas ou rotinas religiosas. Mas o Eterno vê o interior da casa. Ele examina nossas vestes. Ele toca aquilo que precisa ser purificado. Por isso, considerei o título desse estudo muito apropriado: “O Sinal para Arrependimento e Concerto”. Vamos observar alguns apontamentos proféticos para as roupas e casas contaminadas e aprender com eles.

Que você abra o coração para ouvir. Que suas paredes falem. Que suas vestes sejam examinadas. Que haja arrependimento onde for necessário — e que, acima de tudo, você descubra o caminho de retorno ao Eterno. Vamos juntos buscar entendimento na Torá do Eterno, e que este estudo seja um instrumento para nos tornarmos um povo verdadeiramente puro, limpo e separado para Ele.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Ao estudamos as parashiot Tazria e Metsorá juntas, somos levados a refletir profundamente sobre a kedushá (separação/santidade) que o Eterno exige de Seu povo. Em Tazria o tema central é a pureza relacionada ao nascimento e à tzaraat (aflição da pele). E em Metsorá vemos a purificação da pessoa afligida por tsaraat, e também vemos as impurezas físicas de homens e mulheres.

A mulher que dá à luz passa por um tempo de separação. Se for filho homem, sete dias; se for filha, quatorze dias (Vayikrá 12:2-5). Após o tempo, oferece-se um sacrifício de purificação. Apresenta-se o diagnóstico de uma aflição física (erroneamente chamada de "lepra"), que simboliza impurezas causadas por comportamentos internos, como o lashon hará (maledicência). E a pessoa com tzaraat precisa ser examinada por um cohen (sacerdote), e se for declarada impura, deve isolar-se fora do acampamento. A impureza atinge também roupas.

Um ritual detalhado de purificação, com aves, madeira de cedro, escarlate e hissopo é descrito. Isso mostra que o retorno à comunidade exige não apenas cura física, mas mudança interior. Quando manchas aparecem em roupas ou nas paredes da casa, é necessário que o cohen examine. A casa pode ser purificada ou, em casos extremos, destruída. Homens e mulheres que têm fluxos corporais precisam passar por um período de separação e purificação, revelando o valor da santidade até nas ações mais naturais da vida. Toda separação e reintegração demonstram que o povo de Yisrael deve ser kadosh (separado), como o Eterno é Kadosh. O Eterno deseja habitar no meio de um povo puro, tanto no corpo quanto no coração.

ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Antes de iniciar o estudo e comentários vamos ler os textos bíblicos referentes ao tema deste estudo.

- Tzaraat nas roupas - Vayikrá 13:47-59

- Tzaraat nas casas - Vayikrá 14:33-57

Em meio às santas instruções do Eterno, reveladas ao povo de Yisrael no deserto, duas porções da Torá — Tazria e Metsorá — nos conduzem por um caminho de reflexão profunda sobre pureza, arrependimento e restauração. O tema da tzaraat (aflição visível na pele, roupas e casas) não é apenas um ensinamento sobre doenças ou impurezas cerimoniais, mas um sinal divino que aponta para a necessidade de arrependimento e concerto com o Eterno, devido a alguma transgressão partindo do interior do indivíduo.

A tzaraat não surge ao acaso. Quando ela aparece na casa, nas roupas ou na pele, é como se o Eterno estivesse acendendo um alerta visível ao indivíduo ou à comunidade, chamando-os ao retorno, à teshuvá. Ela revela que a impureza não se esconde por muito tempo, e que o Eterno, em Sua misericórdia, primeiro nos alerta antes de nos julgar e aplicar a punição. Vamos aprofundar um pouco mais. Siga comigo até o final.


1. A tzaraat nas roupas e nas casas: o que representa?

A Tzaraat em casa e nas roupas é uma revelação muito profunda da Torá sobre a forma como o Eterno nos comunica que há impurezas escondidas em nosso viver. O Eterno não vê apenas por fora, ele sonda tudo, até mesmo os ambientes que criamos e onde habitamos.

Em anos anteriores já estudamos sobre esse sinal no ser humano e seus apontamentos, mas nesse ano, vamos nos ater ao sentido profético que há quando isso ocorre antes de atingir a pele do homem. Sim, pelo que podemos entender, era um estágio, níveis de contaminação que o Eterno ia permitindo que ocorresse até que o homem se arrependesse e fizesse teshuváh. Primeiro aparecia o sinal na casa, depois nas roupas e se não houvesse correção, o último estágio, apareciam as manchas na pele. Era o Eterno dando oportunidade de mudança de vida, de arrependimento e concerto.

Em Vayikrá 13:47-59 e 14:33-53, textos que lemos antes, vimos que tzaraat podia atingir não apenas pessoas, mas também roupas e casas. E isso não é um mero relato, é um apontamento profético com representações claras nos textos. Como já mencionei, são níveis de sinal que o Eterno mostra. O primeiro é a casa, que representa o ambiente onde habitamos, os relacionamentos e estruturas que construímos, seja em nosso lar, no trabalho ou congregação. Quando o Eterno permite que uma mancha surja nas paredes da casa, está revelando que há algo impuro em nosso interior que está transbordando para o lugar onde vivemos, tendo a possibilidade de contaminar outras coisas dentro de casa. Essas contaminações podem ser contendas, maledicência (lashon hará), injustiças ou ganância.

A casa deve refletir a kedushá ou santidade, conforme entendemos do que Moshê disse:


Pois HaShem, teu Elohim, anda no meio do teu acampamento, para te livrar e te entregar os teus inimigos; portanto, o teu acampamento será santo, para que Ele não veja em ti coisa indecente e se afaste de ti. Devarim 23:14


O texto é profundo, não trata apenas de limpeza e higiene, mas de coisas mais profundas, trata de coisas que estão no íntimo de quem as habita. Aqui vemos que o espaço físico onde habitamos deve ser limpo e separado, pois o Eterno caminha entre nós. Assim como o acampamento de Yisrael precisava ser puro, as casas hoje também devem ser lugares onde o Nome do Eterno é honrado.

Da mesma forma, o segundo nível, ultrapassou as paredes da casa e atinge as roupas. E elas simbolizam nossas ações externas, ou seja, nossos atos de justiça, nossas práticas. Isto é, aquilo que mostramos ao mundo, e se as roupas estão manchadas, é porque nossas obras estão contaminadas por impureza moral, como orgulho, mentira ou desonestidade, e isso é fruto de transgressão a vários mandamentos da Torá.

A vestimenta representa ações justas, vemos em Yeshayahu 64:6 que diz:


Todos nós somos como impuro, e todas as nossas justiças como trapo de imundícia...


Perceba que a roupa impura é usada como símbolo de ações humanas contaminadas. A tzaraat na veste mostra que até nossas obras externas devem ser limpas diante do Eterno, caso contrário, serão rejeitadas.


2. O caso de Gechazi: um exemplo vivo

Podemos encontrar no TaNaK exemplo sobre o que estamos falando. Um exemplo marcante nas Escrituras é o de Gechazi (Geazi), servo do profeta Elishá (Eliseu), que lemos em Melachim Bet/2Rs 5. Este moço, movido pela ganância, mentiu para receber presentes de Naamã, contrariando a instrução do profeta e a vontade do Eterno. Como resultado, a tzaraat que havia deixado o sírio recaiu sobre ele e sua descendência.

Este episódio mostra e comprova que a tzaraat é uma consequência visível de uma corrupção interna. O coração de Gechazi, mesmo servindo ao Eterno como moço do profeta, estava impuro, e isso se manifestou externamente. O Eterno sonda e revela o que está oculto, lemos também sobre isso em Yov/Jó 34:21-22:


Porque os olhos d’Ele estão sobre os caminhos do homem, e vê todos os seus passos. Não há trevas nem sombra de morte onde possam esconder-se os que praticam o mal.

A tzaraat que surge em roupas e casas revela que o Eterno torna visível o que está oculto, chamando o homem ao arrependimento antes que seja tarde. Isso nos ensina que o Eterno trata com seriedade as inclinações do coração, e que toda desobediência, se não for confessada e corrigida, contamina também as futuras gerações. E essa confissão é ao Eterno, a correção é a mudança de vida que volta ao caminho da obediência aos mandamentos do Eterno. Isso leva à purificação.

A tzaraat nos lares e vestes tem um reflexo profético. O profeta Chagai, em Chagai/Ageu 2:10-14) diz que:


No dia vinte e quatro do nono mês, no segundo ano do reinado de Dario, a palavra do Senhor veio ao profeta Ageu: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Pergunte aos sacerdotes sobre a seguinte questão da Lei: Se alguém levar carne consagrada na borda de suas vestes, e com ela tocar num pão, ou em algo cozido, ou em vinho, ou em azeite ou em qualquer comida, isso ficará consagrado? ’” Os sacerdotes responderam: "Não". Em seguida perguntou Ageu: “Se alguém ficar impuro por tocar num cadáver e depois tocar em alguma dessas coisas, ela ficará impura?” ”Sim”, responderam os sacerdotes, "ficará impura". Assim é este povo e assim é esta nação diante de mim, diz HaShem; assim é toda obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem é impuro.


Ou seja, até os atos religiosos tornam-se impuros se os corações e os lares não forem purificados.


3. Yeshua e os shaliachim: o chamado ao concerto interior

Apesar de muitos não compreenderem, Yeshua, o emissário fiel do Eterno, não ignorou as instruções da Torá que estão em Vayikrá. Quando em um determinado dia curou um homem com tzaraat, lemos em Marcos 1:40-44, ele ordenou que este cumprisse tudo o que Moshê ensinou, oferecendo sacrifícios e apresentando-se ao kohen. Isso por sí, prova que Yeshua não veio anular a Torá, mas confirma seus princípios eternos.

Para ele, a pureza era algo que começava dentro do coração. Em dos ensinos de Yeshua registrados por Matityahu e Lukas vemos o mestre dizer que:


o bom homem, do bom tesouro do coração, tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do coração, tira o mal, porque a boca fala do que está cheio o coração. Mt 12:35 e Lc 6:45


Em outra ocasião Yeshua ensinou que não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai do coração, conforme lemos em Matityahu 15:18-20, ou seja, palavras e ações originadas de uma mente não submetida ao Eterno tornam o homem impuro. Mas é preciso compreender que este texto não é uma aprovação para comer animais imundos, pois isso é transgressão, desobediência, e não impureza. São situações diferentes e o assunto no contexto é sobre leis humanas e pureza de coração. Em suma, Yeshua estava combatendo interpretações humanas que criavam mandamentos próprios, e não anulando os mandamentos do Eterno sobre alimentos.

O shaliach Shaul, conhecido como apóstolo Paulo, por sua vez, escreveu que a comunidade deve ser purificada pela Palavra, sendo lavada e santificada como uma noiva pura (Efesiyim/Ef 5:26-27). Isso nos conecta de volta às instruções de Vayikrá: a purificação não era apenas física, mas também moral, ética e espiritual, através da obediência fiel.


4. Comentário dos sábios

Os sábios do povo de Yisrael observaram que o Eterno usava a tzaraat como forma de advertência gradual:

  1. Primeiro na casa – para que a pessoa percebesse a necessidade de mudança.

  2. Depois nas roupas – indicando que a impureza se aproximava do corpo.

  3. Por fim, na pele – já era um juízo visível, resultado da negligência.

Mas tudo isso está em perfeita harmonia com o que já está revelado na Torá, e não depende de tradições humanas. Como está escrito:


Pois Eu sou HaShem, que vos faço subir da terra de Mitsraym para ser vosso Elohim; portanto, sede santos, porque Eu sou santo. Vayicrá 11:45


O Talmud relaciona a tzaraat ao lashon hará (maledicência) e outras transgressões morais. Maimônides também explica que a tzaraat era uma manifestação espiritual que se revelava na pele da pessoa, causando a morte das células, e onde há morte há impureza. Possuir a tzaraat é um castigo que isola o indivíduo da congregação de Israel. Ele está impuro, não pode se chegar ao Templo, não pode comparecer ao Lugar Santo para adorar ao Eterno. Para quem ama a D'us, ficar longe destas atividades templárias é algo que colocava a pessoa a refletir e lamentar, levando-o à fazer teshuváh.

Os comentários rabínicos destacam que a tzaraat não era apenas uma condição física, mas um sinal espiritual que chamava o indivíduo ao arrependimento e à correção de condutas morais. A manifestação da tzaraat nas roupas e casas servia como um alerta divino para que a pessoa examinasse suas ações e retornasse ao caminho da retidão.


5. Arrependimento e reconstrução

Após a destruição causada pela impureza e transgressão, há sempre um caminho de arrependimento e restauração. Como em Nechemyah/Ne 1:9:

Se vos converterdes a Mim e guardardes os Meus mandamentos e os praticardes... ainda que os vossos dispersos estejam nos confins dos céus, de lá os ajuntarei.


Isso mostra que mesmo uma casa destruída pode ser restaurada, e uma roupa destruída outra pode ser adquirida, se houver arrependimento e obediência verdadeira. O arrependimento e a teshuváh podem transformar uma situação calamitosa como a que estamos estudando, pois o Eterno guarda os que verdadeiramente se convertem.

Concluindo nosso estudo, pudemos entender que a tzaraat era, e continua sendo, um sinal do Eterno para despertar o coração do povo. Hoje, embora não vejamos manchas em paredes ou roupas da mesma forma, vemos os efeitos da impureza em lares destruídos, relacionamentos manchados e atitudes corruptas. O Eterno ainda fala. Ele ainda chama ao arrependimento. Ele ainda oferece restauração àqueles que, como os antigos, se separam para refletir, confessar e corrigir seus caminhos.


Se vos converterdes a Mim e guardardes os Meus mandamentos e os praticardes... então vos reunirei novamente. Devarim 30:2-3


Quem realmente ama o Eterno, purifica sua casa, suas ações e seus pensamentos. Que sejamos como o homem com tzaraat que, ao ouvir o chamado, se aproximou para ser purificado. Que o Eterno encontre em nós vestes limpas, casas santas e corações dispostos a obedecer.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!

Lembremos: A santidade começa dentro de casa, se manifesta em nossas ações, e transforma todo nosso ser. Que possamos ouvir o sinal e responder com humildade, obediência e temor ao Eterno.


Moshê Ben Yosef


quarta-feira, 10 de abril de 2024

Estudo da Parashá Tazria - Restaurando a conexão com o Eterno

 



Estudos da Torá

Parashá nº 27 – Tazria (Conceber)

Vayicrá/Levítico Lv 12:1-13:58,

Haftará (Separação) 2Rs 4:42-5:19, e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 2:22-24, 7:18-23


Tema: Restaurando a conexão com o Eterno.


No estudo dessa semana trataremos a respeito dos apontamentos nos textos dessa parashá sobre a restauração da conexão com o Eterno. Veremos que as impurezas podem ser transformadas em purezas havendo teshuvah verdadeira e obediência à Torah, principalmente seguindo os passos de Yeshua, o messias.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


No site Chabad encontramos o seguinte resumo da parashá Tazria. Após a discussão ao final da porção da semana passada, a respeito da tumá (impureza) resultante de animais mortos, a Parashá Tazria introduz as várias categorias de tumá emanando de seres humanos, começando com uma mulher dando à luz. O restante da porção descreve com riqueza de detalhes as várias e numerosas manifestações da doença chamada tsaraat, conhecida como lepra. Embora tenha sido traduzida erroneamente como lepra, esta doença de pele tem pouca semelhança com qualquer moléstia corporal transmitida através do contato normal. Ao contrário, tsaraat é a manifestação física de uma consequência do pecado, uma punição enviada por D'us, primeiro pelo pecado da maledicência, entre outras transgressões e comportamento anti-social.

Conhecida como metsorá (aquele que tem tsaraat), a pessoa afligida por uma mancha parecida com tsaraat na pele está sujeita a uma série de exames por um cohen, que declara se o paciente está tahor (limpo) ou tamê (impuro). Se for tamê, ele será isolado para fora do acampamento, um castigo apropriado para alguém cuja língua infame fez com que pessoas se separassem umas das outras. Após descrever os vários tipos, cores e manifestações da doença na pele, cabeça e barba da pessoa, a porção conclui com uma discussão sobre as vestes contaminadas por tsaraat.

A próxima Parashá, a Metsorá, continua a discussão de tsaraat, detalhando o processo de purificação de três partes da metsorá, ministrada por um cohen, completa com imersões, Corbanot, e a raspagem de todo o corpo. Após uma demorada descrição da tsaraat em casas e a ordem de demolir toda a residência caso a doença tenha se espalhado, o capítulo final da porção discute várias categorias de emissões humanas naturais, que tornam uma pessoa impura em graus variáveis.

ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO


Já vimos em anos anteriores que uma das razões principais que causavam a tsaraat era a lashon hará. O termo מּצרעmetsorá”, que quer dizer aquele que tem tsaraat, é parecida com o termo מּצרע motsirá, que significa aquele que fala o mal. Podemos compreender que se o metsorá fizesse teshuvah, ou seja, se arrependesse verdadeiramente, enquanto estava fora do acampamento, o Eterno fazia as manchas brancas na pele desaparecerem. Então seguia toda a orientação que a Torah nos instrui.

Mas veja que interessante um código sobre esses termos de mesma raiz, ambos tem o mesmo valor guemátrico de 400, cuja raiz é 4. As letras hebraicas com esses valores são o ת Tav e o דַ dálet, respectivamente, 400 e 4, que tem os significados de pacto e porta, respectivamente. A porta de entrada para a reconciliação com o Eterno é o 4º milênio, quando Yeshua foi ungido messias e ensinou a fazer Teshuvah. O arrependimento e a reconciliação são feitos pela teshuvah, que tem o valor de 713, cuja raiz é 2, que aponta para a letra בּ beit, que significa casa, e aponta para habitação e para as duas casas, a de Yisrael e Yehudah, que é a obrigação do messias de unir os leprosos que serão limpos pelo arrependimento e que se reconciliarão com o Eterno. Todas as coisas estão ligadas não é mesmo! Baruch HaShem pela sua Torah!

A parashá Tazria aborda questões de pureza e impureza ritual, especialmente relacionadas a doenças de pele e condições físicas. Podemos explorar nesse tema alguns aspectos relacionados à palavra “conceber” (em hebraico, “tazria”) e seu paralelo com as impurezas através de alguns tópicos que veremos abaixo, apesar de não entendermos muito bem o motivo das impurezas por ser parte de alguns dos mistérios da Torah. Mas primeiro observemos um texto em Devarim/Deuteronômio que tem tudo a ver com este tema.


O que está oculto pertence ao Eterno, nosso Elohim, mas o que foi revelado é para nós e para nossos filhos para que todos esses ensinos sejam observados. Dt 29:28


O conceito de pureza e impureza na Torah é um tema que gera muitas dúvidas e incertezas, o autor Bruno Summa em seu comentário dessa parashá, no livro Shaarei Torah Vayicrá 2, afirma que não há sábio capaz de explicá-lo em seu aspecto mais profundo. Apesar de toda essa dificuldade, a Torah fala muito a seu respeito e mostra que, apesar de pouca compreensão que temos sobre esse conceito, ele é de extrema importância a ponto da Torah proibir o acesso ao Mishkan, e posteriormente ao Templo, de uma pessoa que esteja impura. O autor continua dizendo que, a Torah utiliza as parashot Tazria e Metsorá para apresentar todas as leis, regras e consequências sobre a impureza, e as inicia abordando a impureza de uma mulher que dá à luz. A Torah diz que, dependendo do sexo do recém-nascido, sua mãe estará impura por diferentes períodos. Já pela primeira ação, diz o autor, que torna uma pessoa impura, encontramos grande dificuldade, pois o que de errado fez uma mulher para que se tornasse impura? Pelo simples fato de ter dado à luz? Ela deveria receber um prêmio pela mitzvah observada e não punida com impureza. Outras causas de impureza também são difíceis de serem compreendidas, como por exemplo, o fato de tocar a carcaça de um animal morto ou até mesmo a pratica do ato sexual, o qual, é percursor ao mandamento da procriação.

Seria mais fácil compreender ou aceitar se a impureza fosse contraída apenas através do pecado, contudo existem poucos pecados que causam impureza, todas as outras fontes de impureza fogem completamente do controle do homem. Ou seja, uma pessoa pode ser muito justa e mesmo assim, sem que cometa um pecado sequer, corre o risco de ter sua vida impurificada sem que nada possa fazer para que isso não ocorra. Isso, por si só, torna todo esse tema em algo muito complicado para nossa pouca capacidade de compreensão. No entanto, apesar disso, esse tema é algo que deve ser levado muito a sério, caso contrário, a Torah não se daria o trabalho de abordar esse conceito de maneira tão profunda e detalhada. E é imprescindível observarmos o tema além do contexto literal devemos ir para o entendimento profético e prático para nossas vidas, a fim de compreender a vontade do Eterno.

Observemos os tópicos para aumentar o esclarecimento do assunto para nossa melhor compreensão.

1. Nascimento e Impureza

A parashá inicia falando sobre a mulher que dá à luz e ao fazer isso fica impura por alguns dias, como em seu período de nidah (menstruação), dependendo se for menino ou menina, conforme já citamos. Há ainda outras sete situações que tornam a pessoa impura.

- Animais mortos – ocorre ao tocar um animal morto, por morte natural, doença ou por um predador.

- Kosher – ocorre quando uma pessoa consome alguma coisa proibida pela Torah. Nesse caso, a pessoa transgrediu a Torah e ainda ficou impura.

- Metzora – ocorre quando uma pessoa se torna metzora ao contrair tzaraat. E uma das causas era a Lashon Harah, como também já foi mencionado aqui.

- Zav – ocorre segundo a Torah, quando o homem ou a mulher expelem pelos órgãos genitais líquidos específicos. Isso pode ocorrer sem que o homem ou a mulher façam nada para contribuir para que ocorra.

- Sêmem – ocorre quando uma pessoa tem contato direto com o sêmem. Da mesma forma que a mulher ao dar à luz tem contato com o próprio sangue, o homem quando procria, inevitavelmente entrará em contato com seu próprio sêmem, e sem que possa evitar, se tornará impuro. E aqui ainda levamos em conta a polução noturna que não tem ação da pessoa para isso, mas também o que pratica o pecado da masturbação, ambos o tornam impuro.

- Nidah – ocorre no período menstrual da mulher. E sem dúvida alguma se pudessem escolher, todas as mulheres iriam preferir não menstruar, devido ao desconforto.

- Tum’at Met – ocorre quando uma pessoa toca um cadáver. Tocar o corpo morto de uma pessoa é considerado o ápice da impureza.

Vimos com tudo isso que a impureza é algo realmente complexo, ao mesmo tempo que a Torah não a define como pecado. A impureza em si mesma não é pecado, mas em algumas situações apontadas acima é resultado de pecado. Contudo, a Torah nos mostra o quanto a pureza é vital à santidade e à uma vida abençoada. Em muitos dos casos citados acima a pureza é conseguida por banho de purificação e tempo, outros é necessário primeiramente o arrependimento para depois a purificação. Em um ou outro, na época era preciso as cinzas da vaca vermelha, que hoje aponta para a justiça de Yeshua.

2. Nascimento e Circuncisão

Vemos também a menção da circuncisão no oitavo dia após o nascimento. A circuncisão é um sinal perpétuo da aliança com o Eterno, unindo a vida do homem o Criador e demonstrando a separação das paixões do corpo. Ela simboliza a aliança entre Deus e o povo de Yisrael. O ato físico da circuncisão reflete a necessidade de purificação e obediência à Torah.

Não é à toa que as Escrituras mencionam duas circuncisões, tal é a importância desse mandamento. Já estudamos sobre assunto em uma de nossas lives do ano passado na parashá Vayerá, sob o título “As duas circuncisões”.

É importante destacar, que essa aliança cuja marca era a circuncisão na carne, é a finalização do pacto que o Eterno havia feito com Avraham há tempos atrás, lá no capítulo 15. Naquela ocasião o Eterno lhe reforça a promessa de dar-lhe a terra e pede ao patriarca que sacrificasse alguns animais e ali Avraham recebe de D’us a revelação do que ocorreria com seus descendentes a respeito da escravidão no Egito. Como qualquer concerto/aliança/contrato/acordo, que pressupõe direitos e obrigações de parte a parte, o Pacto estabelecido entre o Eterno e Avraham pressupõe direitos e obrigações. O Eterno cumpriria as suas promessas, mas essas promessas só se tornariam efetivas mediante a obediência de Avraham.

Segundo o site Emunah a fé dos santos, aqui é estabelecido o selo da aliança, que é a circuncisão na carne.

No entanto, perceba que a circuncisão, conforme vimos até aqui pode assumir vários significados:

- O pacto entre o Eterno e Avraham (e a sua descendência) para sempre;

- A justificação pela fé que Avraham tinha antes da circuncisão na carne, conforme lemos em Gn 15:6, Rm 4:11 e 12;

- O messias seria descendente de Avraham, ou seja, seria do povo de Yisrael, conforme Rm 15:8;

- O simbolo físico de uma circuncisão mais profunda (a do coração), conforme lemos em Dt 10:16; 30:6 e Cl 2:11.

Estamos tendo a noção de como o Eterno considera importante a questão da circuncisão em nossas vidas. E perceba que estamos nos baseando em textos anteriores à Torá escrita. Já tivemos uma leve ideia da importância do assunto, podemos então, passar a buscar o entendimento também do que seria a circuncisão do coração.

Se circuncisão na carne significa remover parte da carne, logo, a circuncisão do coração, que é o pensamento, intelecto, intenção, seria remover parte do coração (pensamento/intelecto/intenção). E talvez você se pergunte: Mas como assim remover parte do pensamento ou intenção? Como a circuncisão da carne é remover uma parte desnecessária da carne, a do coração é remover a parte desnecessária de nossos pensamentos e entendimentos. Ou seja, ter controle sobre nossas más inclinações. Veja:


"E o Eterno teu Elohim circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares o Eterno teu Elohim com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas." Dt 30.6


De acordo com o que vimos no verso acima, o Eterno circuncidará, ou seja, removerá todos os pensamentos injuriosos, todo entendimento desnecessário, tudo que vem da má inclinação, para que foquemos no Eterno, e estejamos com o nosso entendimento entregue apenas para HaShem, e não para as demais coisas que nos afastam Dele.

Nós recebemos a circuncisão do coração quando recebemos o testemunho da vida justa de Yeshua, ou quando vivemos segundo Avraham, em obediência aos mandamentos do Eterno.

Então, de acordo com o que vimos até aqui, a circuncisão do coração substitui a circuncisão da carne?

Não. Se acreditarmos que a circuncisão do coração substitui a circuncisão da carne estaremos demonstrando uma verdadeira falta de conhecimento das Escrituras. Já citamos aqui um verso onde mostramos na Torah (lei, instrução, ensino) a circuncisão do coração, mas vejamos outro, como forma de deixar claro o mandamento.


"Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz." Dt 10.16


Reflita na seguinte questão: Como a circuncisão do coração pode substituir a circuncisão da carne, se ambas estão na Torah (lei, instrução, ensino) do Eterno? Como D’us poderia instituir a circuncisão na carne através da lei, e algumas páginas depois, ele já substituiria pela circuncisão do coração? Certamente que isso não faz o menor sentido!

Além de encontrarmos na própria Torah a respeito da circuncisão do coração, temos também este tema sendo abordado em outros pontos do TaNaK conforme mostramos acima, e também como diz Yir’meyãhu/Jeremias, por exemplo, veja:


"Circuncidai-vos ao Eterno, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Yehudhah e habitantes de Yerushalayim, para que o meu furor não venha a sair como fogo, e arda de modo que não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras." Jr 4.4


Assim, fica claro que a circuncisão do coração não é uma novidade e nem substitui a circuncisão na carne, mas devemos entender que ambas complementam uma à outra. A circuncisão na carne não é nada, se não há circuncisão no coração, porque a falta de uma, torna a outra inútil, conforme podemos ver o Rav Sha’ul deixar claro em sua epístola.


"A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos do Eterno." 1 Co 7.19

3. Impureza e Purificação

A impureza ritual associada à mulher que dá à luz leva à necessidade de passar por um processo de purificação, incluindo a imersão em uma mikve (uma piscina de água natural) e levar oferendas ao Templo. Assim como as demais impurezas exigem purificação também. Essa purificação simboliza a restauração da conexão com o Eterno após o período de impureza.

Quando não temos mikveh fazemos nossa purificação no chuveiro mesmo, quando depois de tomar nosso banho normal, saímos de debaixo do chuveiro e declaramos a seguinte bênção: Bendito sejas tu, Eterno nosso Elohim, rei do universo, que nos santifica com seus mandamentos e nos manda nos purificar. Em nome de Yeshua Hamashiach.

4. Doenças de Pele a alegoria da desobediência

As leis detalhadas sobre doenças de pele, como a tzaraat, são apresentadas na parashá. Essas doenças eram consideradas impurezas e exigiam isolamento. A comparação com a desobediência à Torah é interessante: assim como a doença de pele se espalha e requer separação, a transgressão espiritual também afasta a pessoa de D’us e da comunidade. A Torah nos ensina a buscar purificação e arrependimento para restaurar nossa conexão com o Criador.

Portanto, lembre-se de que a parashá Tazria nos lembra da importância da obediência à Torah, purificação e restauração da conexão com o Eterno em todos os momentos de nossas vidas, independentemente, se erramos tentando acertar e ficamos impuros ou se ficamos impuros sem querer. O fato é que precisamos buscar a restauração de nossa conexão com o Eterno. E quando falo de conexão, estou falando de aliança, pacto, intimidade. Busque a cada dia seguir as orientações que HaShem nos deixou em sua Torah, ela é o nosso manual de instruções.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)