Páginas

Boas Vindas

Seja Bem Vindo e Aproveite ao Máximo!
Curta, Divulgue, Compartilhe e se desejar comente.
Que o Eterno o abençoe!!

sexta-feira, 4 de março de 2022

Estudo da Parashá Pecudê (Enumeração/Contas)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 23 – Pecudêi (Enumeração/Contas)

Shemôt/Êxodo Ex. 38:21-40:38,

Haftará (Separação) 1Rs 7:51-8:21, e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 10:1-52 e Ap 15:5-8


1 - INTRODUÇÃO

Iniciando o estudo dessa semana, como sempre pelo resumo da parashá. No site Chabad encontramos o resumo dizendo que, esta semana lemos a Porção final de Shemot, um livro que começa com o povo judeu escravizado pelo faraó no Egito e agora termina com a compleição da construção do Mishkan (tabernáculo) no deserto.

Os comentaristas referem-se a este segundo livro como o Livro da Redenção, e este é seu tema desde o início da Parashá Shemot até o final de Pecudê. A Redenção não foi conseguida somente ao escapar da escravidão; receber a Torá no Monte Sinai deu um propósito a esta liberdade, e o repouso da Presença de D'us entre Sua nação (o resultado da conclusão do Mishkan) assinala o clímax da salvação.

A Parashá Pecudê começa com uma contabilidade completa do ouro, prata e cobre doados pelo povo para uso no Mishkan. A Torá prossegue descrevendo os tecidos e a confecção das várias vestes a serem usadas pelo Cohen Gadol (Sumo-sacerdote) durante o serviço. Após a inspeção de Moshê e aprovação dos muitos utensílios e partes desmontadas, Moshê estabelece o Mishkan em Rosh Chôdesh Nissan, ou seja, início do mês de Nissan, enquanto cada parte é ungida e colocada no lugar que lhe foi destinado. E como D'us havia prometido, Sua glória preenche o Mishkan.

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Essa é a última porção do Sefer Shemôt (livro de Êxodo). O nome dessa porção é “Pecudê”, que significa enumeração ou conta, que no caso em estudo, foi a prestação de contas que Moshê (Moisés) deu a todo o povo de Israel, dos bens que foram ofertados para a construção do Mishkan (tabernáculo), que o Eterno havia mandado construir, para que ele manifestasse sua glória (Kavod) e presença (Shechináh), habitando entre o povo e dentro do povo de Israel. Nessa porção temos ainda, a oportunidade, de ver a finalização da construção do Mishkan. Muitas informações estão ocultas por trás das meras descrições da finalização do Mishkan. Veremos algumas dessas instruções que a Torá nos traz, a fim de vivermos plenamente a vontade de Adonai para nossas vidas.

No relato do texto da porção semanal da Torá que estamos estudando, podemos perceber que houve um zelo muito grande da parte das pessoas que estavam à frente da construção do Mishkan, e percebemos também, com uma leitura bem atenciosa, que houve um gasto muito grande com ouro e prata na construção das peças e partes do tabernáculo. Cabe destacar ainda, um fato relevante para entendimento de nossa vida espiritual, que neste trecho bíblico em estudo, são citadas as bases do Mishkan que foram feitas com a prata ofertada pelo povo. O que há de interessante nessa informação é que aquelas bases (que ficavam enterradas na areia do deserto) eram de madeira, cobertas com prata em ambos os lados, e no topo também, como ornamento.

E talvez alguém pergunte, porque as bases teriam esta cobertura de prata que ficariam enterradas na areia do deserto e desapareceriam da vista das pessoas?

Perceba que as altas temperaturas da areia do deserto corroeriam qualquer madeira, por mais forte que ela fosse. Entretanto, com a prata recobrindo a base de madeira, a corrosão seria evitada, impedindo, portanto, que o tabernáculo caísse devido à corrosão. E isso pode ser considerado uma figura daquilo que o Eterno faz em nossas vidas. Nos reveste pela justiça do Messias Yeshua e dessa forma, somos impedidos de “apodrecer” mesmo que estejamos temporariamente “fincados” nas areias mais quentes do deserto.


Sobre Honestidade

Por causa do zelo acima citado, Moshê (Moisés) manda prestar contas ou enumerar, diante de todo o povo, como se tinha utilizado o material doado para a obra do Eterno. Não só o povo de Israel da época podia ver essas contas, mas sim todo aquele que tem acesso à Torá atualmente, pode ver como Moisés administrou o ouro, a prata, o cobre, as pedras preciosas e os demais objetos de valor. Isto nos ensina sobre a seriedade na congregação na administração pública dos bens entregues para a obra. O comentário da Torá diz que Moisés como responsável por todos os trabalhos, reuniu todo o povo e declarou as contas em público, para não deixar dúvidas quanto ao emprego dos bens ofertados para a confecção do tabernáculo. Mesmo sendo muito respeitado, e sua honestidade conhecida pelo povo, o comentarista afirma que Ele fez questão de prestar contas, servindo de exemplo a todos os dirigentes comunais, para que fizessem o mesmo. Em momento algum Moisés deu oportunidade para que o povo pensasse que ele tinha enriquecido à custa das doações para a obra do Eterno, como lemos em Bamidbar/Números 16:15b:


nem um só jumento levei deles e a nenhum deles fiz mal.


Moshê entregou a sua propriedade pessoal para cumprir com a missão de tirar o povo da escravidão e não reclamou posteriormente, ainda que tivesse o direito de fazê-lo. Isso, porém, serve para nós hoje, pois vemos muitos líderes que não gostam de prestar contas a ninguém e não prestam contas dos recursos que recebem. A Torá nos dá a instrução clara através do exemplo daquele homem de Deus. Alguém que entregue-se totalmente em missão para o Eterno tem o direito do sustento e manutenção, mas isso não lhe dá o direito ao todo e ao luxo. Repare o que um autor do site “Emunáh - a fé dos santos”, afirma no estudo referente a parashá Pecudê, que estamos tratando:


O procedimento de Moisés relativamente aos objetos de valor do tabernáculo é um exemplo para todo o líder que administra o dinheiro, e especialmente o dinheiro que foi dado para a obra do Eterno. É habitual vermos uma má gestão de dinheiro nas congregações, nas quais muitos líderes enriquecem fazendo usufruto daquilo que deveria ser para a obra do Eterno e não com vista os seus próprios interesses. Esta é uma das razões pela qual a shechiná (a presença do Eterno) não incide mais fortemente sobre nós, isto porque as coisas não estão a ser feitas da forma que o Eterno deseja.


Se não administrarmos bem nossa economia privada e coletiva, não vamos poder administrar as manifestações espirituais vindouras, ou seja, os bens futuros do Reino de Yeshua. Se não formos fiéis com as riquezas deste mundo, como é que poderemos ser com as verdadeiras riquezas? Veja o que Yeshua diz em Lc 16:10-12:


Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza? Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?


Sobre Organização

“Não tenho tempo!” Esta é uma declaração muito comum na sociedade da atualidade. Isso porque temos muitas coisas para fazer durante o dia, e quando vem a noite sempre estamos atrasados com nossos afazeres. Como podemos administrar melhor nosso tempo e realizar mais todos os dias? Podemos aprender muito a esse respeito com essa porção semanal. A Torá declara: “Betsalel, filho de Uri que era filho de Hur, da tribo de Judá, fez tudo que D’us ordenou a Moshê” (Ex 38:22). De acordo com o site Chabad, este versículo provoca uma grande dúvida: Como Betsalel pôde fazer tudo que D’us ordenou a Moshê? Betsalel não estava presente quando D’us instruiu Moshê a construir o Mishkan?

De acordo com um grande comentarista da Torá chamado Rashi, o versículo nos ensina que, através de Ruach Hacôdesh (inspiração divina ou Espírito do Santo), Betsalel sabia até mesmo as coisas que Moshê não lhe dissera. Mesmo não estando presente quando Adonai deu as ordens a Moshê, ainda assim, foi capaz de construir o Mishkan exatamente de acordo com as especificações de D’us. Rashi prova que Betsalel soube de tudo através do Ruach Hacôdesh pelo fato de que quando Moshê disse a Betsalel para primeiro fazer os utensílios do Mishkan, e apenas então constuir a estrutura em si, Betsalel corrigiu Moshê e informou que deveria ser feito de outro modo. Outro comentarista da Torá chamado Kli Yakar, concorda com Rashi que o versículo de fato nos ensina que Betsalel sabia como construir o Mishkan através de Ruach Hacôdesh. Etretanto, ele refuta a prova de Rashi e insiste que, na realidade, Moshê disse tudo a Betsalel, na ordem correta.

Agora, porque é importante saber se a estrutura do Mishkan foram feitos em primeiro lugar? Rabi Yerucham Levovitz explica que assim vemos a importância de colocarmos tudo em sua ordem correta. Jamais teremos tempo suficiente a cada dia para cumprir tudo aquilo que gostaríamos. Portanto, devemos estabelecer prioridades em nossas vidas, para que possamos realizar tanto quanto possível com o tempo que nos foi reservado.

O que aprendemos com o texto da Torá e com os comentários dos rabinos é que todos que exercem liderança, apesar de saber fazer determinada tarefa, deve também saber passar a tarefa, a fim de que ela seja feita adequadamente. E esta parashá nos mostra o exemplo de liderança de Moshê ao exercer a tarefa que Deus o determinou. Ele viu exatamente o que o Eterno queria, mas não disse como fazer. Moshê confiou na Ruach Hacôdesh em Betsalel. Ou seja, confiar na capacidade do próximo, que também foi criado à imagem e à semelhança do Eterno, é um ensinamento importante dessa parashá. Líderes verdadeiros sabem confiar na capacidade de auto-aperfeiçoamento de seus liderados. E com isso obtém sucesso.



O Resultado da Obediência e Santidade

No Capítulo 40 versos 33 a 38 lemos o seguinte:

Levantou também o átrio ao redor do tabernáculo e do altar e pendurou o reposteiro da porta do átrio. Assim Moisés acabou a obra”. Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Eterno encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Eterno enchia o tabernáculo. E ao levantar-se a nuvem de sobre o tabernáculo, moviam-se os filhos de Israel em todas as suas jornadas. E se não se levantava a nuvem, não se moviam até o dia de seu levantar. De dia, a nuvem do Eterno repousava sobre o tabernáculo, e, de noite, havia fogo nela, à vista de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas.”


É muito importante que haja pessoas capacitadas na frente da obra do Eterno. É importante que o povo trabalhe na obra diligentemente. É muito importante ser transparente na contabilidade da obra do Eterno. Mas é sumamente importante terminar a obra, e não deixá-la a meio. Tenhamos em conta que esta obra magnífica, que duraria mais de 400 anos, foi feita no deserto. É possível cumprir com o chamado divino mesmo passando por adversidades.

Repare também que o texto nos mostra que logo após terminar cada item das ordenanças de Deus acerca do tabernáculo foi que a Shechináh encheu a tenda. O que podemos aprender é que devemos fazer tudo conforme o Eterno manda, para que tenhamos a presença de Deus em nós. Caso contrário teremos muita coisa, menos a presença.

Em complemento, trago um trecho do excelente estudo dessa parashá, comentado pelo Rav. Marlon T. Trocolli, da Congregação Israelita Sefardita Netsarim Beyt B'nei Avraham – Belém/Pa, veja:


O Sentido espiritual da Parashá(comentários da Kabalah):

Pekudê, a última porção do livro de Êxodo, começa com uma prestação de contas feita por Moisés para sua Congregação. Esta leitura das duas últimas porções do livro de Shemot, marca o encerramento de um ciclo.

A jornada rumo ao melhor de nós mesmos (para chegarmos à Terra Prometida e ao Olam Habá) segue em frente, mas é necessário uma avaliação do nosso aprendizado.

Através desta avaliação de “perdas e ganhos”, somos lembrados sobre o motivo de estarmos aqui neste mundo, que seria uma correção (tikun) que devemos fazer em nossas vidas, caráter e personalidade.

Não adianta fugir da situação, é necessário aceitar e compreender, para depois modificar e seguir em frente.

De modo geral, fala-se muito desta prestação de contas que é feita ao longo do mês de Elul, justamente porque as pessoas estarem se preparando para os julgamentos de Rosh haShaná e posteriormente ao Yom Kipur, mas, convenhamos, quem realmente se lembra de tudo o que fez ao longo de um ano? Por isso mesmo que, devemos falar como o salmista:


Quem pode discernir os pecados que se escondem em seu interior? Perdoa-me Tu os meus pecados que me são ocultos” (Salmos 19:12)


Todavia, o verdadeiro israelita procura, hoje, ser melhor do que foi ontem. Como fazer isso? Através de uma reflexão diária.

Feita esta avaliação diária, qual o seu compromisso com o dia seguinte? O que você pode fazer de melhor? O que pode corrigir? O que pode aprender de novo?

Lembre-se de que a construção de um consagrado espaço interior, deve permitir uma plena conexão com a Luz Divina, deve ser feita com beleza (obra de artesão), superando as dificuldades inerentes ao processo de Teshuvá diária e buscando fazer cada vez o melhor para o Eterno.


O midrash nos diz o seguinte sobre o estabelecimento da Shechiná no Mishkan:

Em Rosh Chôdesh Nissan – Início do mês de Nissan, quando o Mishkan estava armado e pronto, as nuvens de D'us o rodearam por todos os lados e por cima. O interior também estava preenchido por uma nuvem, e nela repousava a Shechiná de D'us. Assim, D'us demonstrou a seu povo que se havia estabelecido no Mishkan.

Em seguida, a Shechiná de D'us pousou no aron do Côdesh Hacodashim (Santo dos Santos). Sabem o que significa a palavra Mishkan? Origina-se da raiz "lishcon", descansar. Mishkan significa descanso para a Shechiná.

A Torá, no princípio desta Parashá, chama o Mishkan de Mishkan Haedut, do testemunho. Que tipo de testemunho era? O que atestava? O Mishcan era uma prova de que D'us havia perdoado Benê Yisrael por ter feito um bezerro de ouro. D'us havia retirado Sua Shechiná quando eles pecaram; Suas nuvens de glória desapareceram e reapareceram no dia em que começaram a trabalhar no Mishkan. O Mishkan era um sinal de amor de D'us pelo Povo de Israel; um sinal de que Ele estava sempre entre eles.

Vimos no estudo da parashá da semana passada que o Eterno somente retornou ao meio do povo após o início da construção do Mishkan. E aprendemos com isso uma lição muito valiosa. Devemos levar muito a sério quando o Eterno nos diz para sermos santos, porque ele é santo. Sermos separados para o Eterno implica vivermos segundo seus decretos porque ele nos deu para vivermos neles. Isso é por amor. Obedecer por amor. Cumprir por amor. Viver e ensinar por amor. E não por medo do chamado inferno, que as pessoas nem sabem o verdadeiro significado.

Há ainda algo no midrash, muito interessante para considerarmos a respeito da importância de estudarmos sobre a construção do Mishkan. Veja o que diz o midrash:

Embora hoje não tenhamos mais Mishkan nem Bet Hamicdash, é uma grande mitsvá estudar a planta e a forma do Mishkan e todas suas partes e receptáculos. Nossos Sábios nos dizem que o profeta Yechezekel/Ezequiel recebeu uma nevuá, profecia de D'us. Nesta nevuá lhe era mostrado a planta do Terceiro Bet Hamicdash, que será construído depois da chegada de Mashiach. D'us descreveu a Yechezekel a planta exata do Terceiro Bet Hamicdash; todas suas partes e medidas. Yechezekel perguntou ao Criador: "Por que tenho que transmitir aos judeus esta profecia? De qualquer forma não podem construir o Bet Hamicdash agora. Deixe-me aguardar e lhes relatarei quando chegar o momento de construi-lo." Mas D'us respondeu a Yechezekel: "Não, não quero que aguardes. Se Benê Yisrael estudar agora os planos para a reconstrução do Bet Hamicdash, vou recompensá-los como se realmente o tivessem construído!" O mesmo se aplica a nós. Se estudarmos as plantas do Mishcan e do Bet Hamicdash, D'us nos recompensa como se estivéssemos realmente construindo uma sagrada Morada para Ele.

Sabemos por meio dos textos da Brit Hadashá estudada junto com os profetas, que o Beit Hamicdash futuro não será construído, mas descerá do céu, porém o que podemos tirar desse midrash de aprendizado para nós é que é uma benção estudarmos sobre o mishkan e seus utensílios. Isso nos mostra os apontamentos proféticos para o futuro e nos dá uma maior compreensão do que o Eterno nos passou na sua Torá.

Que o Eterno nos ajude a cada dia viver segundo os seus preceitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário