Estudos da Torá
Parashá nº 26 – Shemini (Oitavo)
Vayicrá/Levítico Lv 9:1-11:47,
Haftará (Separação) 2Sm 6:1-7:17, e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 7:1-23; 1Pe 1:14-16
1 - INTRODUÇÃO
No nosso resumo, vemos que a Parashá Shemini começa discutindo os eventos que ocorreram no oitavo e último dia de melu'im, serviço de inauguração do Mishkan. Após meses de preparação e antecipação, Aharon e seus filhos são finalmente instalados como cohanim, em um serviço elaborado.
Aharon abençoa o povo, e toda a nação se rejubila quando a presença de D’us paira sobre eles. Entretanto, o entusiasmo é interrompido abruptamente quando os dois filhos mais velhos de Aharon, Nadav e Avihu, são consumidos por um fogo celestial e morrem no Mishkan, enquanto ofereciam ketoret, incenso, sobre o altar. A Torá declara que eles morreram porque trouxeram um "fogo estranho" no santuário interior do Mishkan, cujo significado é discutido pelos comentaristas à exaustão.
Aharon recebe ordens de que os cohanim são proibidos de entrar no Mishkan enquanto impuros, e a Torá continua a relatar os eventos que ocorreram imediatamente após a morte trágica de Nadav e Avihu. A porção termina com uma lista dos animais casher e não-casher, e várias leis sobre tumá, ou seja, impureza.
2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
Iniciando o estudo das palavras do texto, lembremos que os últimos versos da porção passada nos dizem o seguinte:
“E da entrada da tenda da reunião não saireis sete dias, até o dia de cumprir-se os dias de vossa consagração; pois por sete dias Ele vos consagrará. Como se fez neste dia, assim ordenou o Eterno fazer, em expiação por voz. E à porta da tenda da reunião permanecereis dia e noite, sete dias, e guardareis a prescrição do Eterno, e não morrereis, pois assim me foi ordenado. E fizeram Aarão e seus filhos todas as coisas que ordenou o Eterno por meio de Moisés.” Vayicrá/Levítico 8:33-36
Lendo esse texto percebemos que ainda estamos nos dias da consagração do Mishkan (tabernáculo) e dos sacerdotes. E nos primeiros sete dias de consagração, segundo a tradição judaica, Moshê montou o Mishkan e o desmontou todos os dias. A cada dia ele oferecia os corbanot (ofertas) ordenadas por D’us.
Enfim chegou o Shemini (oitavo) e último dia de dedicação! Era Rosh Chôdesh Nissan (início do mês de Nissan). E segundo a tradição do povo do Eterno, D’us ordenou a Moshê: “Hoje deves armar o Mishkan, mas não o desmontes novamente. Também, pela primeira vez, Aharon e seus filhos oferecerão corbanot. “Enviarei um fogo do céu para consumir seus corbanot.” O fogo que Adonai enviaria para consumir as ofertas demonstraria que Ele tinha perdoado os pecados do bezerro de ouro e que Sua Shechiná (presença) repousava no meio deles novamente.
Essa porção começa Assim:
“Vaihi bayon hashemini - E foi no oitavo dia...”. Vayicrá 9:1
O comentário da Torá nos diz que, o Midrash Rabá comenta que o termo “Vaihi” “E foi”, usado neste versículo, indica aflição (enquanto que o termo “Vehaiá” prenuncia alegria). Durante todo o período de construção do Tabernáculo, os filhos de Israel viviam em constante tensão, pois não sabiam com certeza, se a Shechiná (presença) de Deus repousaria entre eles, e se esta obra erguida para servir como centro espiritual do povo seria do agrado do Eterno, pois não se podiam livrar do pesadelo do abominável ato do bezerro de ouro, receando talvez não terem ainda conquistado o perdão de Deus. Apesar de Moshê os ter acalmado dizendo que a ordem de construir o Mishkan lhe fora determinada por Deus como sinal do Seu perdão, tiveram medo do que aconteceria.
A porção dessa semana trata sobre o início do período sacerdotal, de fato, e também sobre os primeiros erros cometidos por homens que quiseram estabelecer o seu padrão ao invés do que fora ditado pelo Eterno. Tratando-se do ponto de vista profético, os acontecimentos dessa parashá apontam para o que ocorre após o sétimo milênio, quando o Messias de Israel inicia o período em que, como Sumo Sacerdote Supremo, e Rei de todas as nações iniciará seu ministério-reinado de ensino da Torá de HaShem, uma Torá mais plena que a atual.
De acordo com o site ShemaYsrael, é interessante notarmos que Moshê chama Aharon e seus filhos para fora da tenda da congregação justamente ao oitavo dia. Na hermenêutica judaica o oito é o número da ressurreição, do novo recomeço. Percebemos isso já na criação, quando o Eterno criou tudo em seis dias, ao sétimo descansou e no oitavo dia iniciou as atividades de Adão no Paraíso. Ou seja, quando o ciclo de sete fecha-se, ao oitavo tudo inicia-se novamente. É quando, após o descanso (shabat), dava-se início a uma nova caminhada em todos os aspectos da vida. E quando olhamos para isso, no sentido profético, vemos Yeshua, como o apóstolo Paulo o chama, de segundo Adão, levando a cabo a vontade do Eterno, o propósito de ensinar a Torá plena, de guematria 9, às pessoas da segunda ressurreição. E ao final, no nono milênio, o Olam habá, ou seja a restauração de todas as coisas, quando ele já implantou seu reino e já derrotou todos os inimigos. Será nesse período que haverão novos céus e nova terra! No sentido espiritual, o shemini (oitavo) vai significar um início revigorado, com todas as potencialidades recuperadas no dia ou milênio anterior. A revelação, a unção e a glória já vieram, agora o novo homem se levanta e reinicia seu andar em comunhão com HaShem!
Esta é uma parashá muito linda, devido a sua importância no contexto profético. E mesmo dentro do contexto literal, veja que segundo Rashí e um Midrash, este oitavo dia coincidia com o primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, o 1 de Abib, cf. Êxodo 40:2, 17.
Note que segundo eles, o oitavo dia que se segue a um período de sete dias é um dia especial nas Escrituras:
O dia de circuncisão dos meninos;
O oitavo dia depois da festa de Sukot, chamado Sheminí Atseret (O oitavo grande dia). Lembrando que foi neste dia que Yeshua levantou a voz no templo e Jerusalém e disse “...Se alguém tem sede, venha a mim, e beba,” Jo 7:37-39;
Como um dia representa mil anos, o oitavo dia simboliza o oitavo milênio depois da criação do homem, quando após a torá ser ensinada a todos que desejarem aprender, serão instituídos os novos céus e nova terra, e o Reino será entregue pelo Messias ao Pai.
Outra informação importante sobre o oito. Na cidade de Jerusalém há oito portões, destes sete estão abertos até o dia de hoje. O portão que está fechado é chamado de “Portão Dourado”, ele esteve aberto quando o Messias Yeshua, passou por lá, hoje porém, está fechado com pedras.
Este portão será aberto quando o Mashiach vier para reinar com seu povo! Aí teremos então um novo começo, um recomeço para a cidade de Jerusalém e também um recomeço para toda a humanidade! Isso nos demonstra que o Eterno sempre nos dá uma nova chance para recomeçarmos. Não é incrível como a Torá nos instrui em diversos aspectos? No aspecto da Palavra em si, no aspecto espiritual e também no aspecto profético.
Voltando ao verso 1, depois destas informações passadas acima, reparemos que o texto mostra determinações do Eterno a Arão, a seus filhos e ao povo de Israel para que se preparassem com sacrifícios – santificando-se – pois o Eterno apareceria à eles naquele mesmo dia! Vejam o texto:
“E disse a Aharon: Toma um bezerro, para expiação do pecado, e um carneiro para holocausto, sem defeito; e traze-os perante o Eterno. Depois falarás aos filhos de Israel, dizendo: Tomai um bode para expiação do pecado, e um bezerro, e um cordeiro de um ano, sem defeito, para holocausto; também um boi e um carneiro por sacrifício pacífico, para sacrificar perante o Eterno, e oferta de alimentos, amassada com azeite; porquanto hoje o Eterno vos aparecerá. Então trouxeram o que ordenara Moshe, diante da tenda da congregação, e chegou-se toda a congregação e se pôs perante o Eterno” Lv 9:2-5.
Moshe estava informando a Aharon e ao povo algo que aconteceria de forma extraordinária: O Eterno estaria entre eles com sua presença! Ou seja, Aquele que os guiara pelo deserto agora literalmente “desceria” para estar entre eles! Quando Moshe diz:
“também um boi e um carneiro por sacrifício pacífico, para sacrificar perante o Eterno, e oferta de alimentos, amassada com azeite; porquanto hoje o Eterno vos aparecerá”,
No original temos alguns detalhes muito importantes. O primeiro é que a palavra que define o Eterno é o tetragrama. Isso nos diz que o Eterno se tornará aquilo que seu povo necessita naquele momento! Um segundo detalhe muito importante é que a palavra “aparecerá” em hebraico é ra´â e significa “ver, olhar, inspecionar”. Mas o que significa isso? Significa que o Eterno estaria vendo, contemplando aquilo que seu povo faria para então liberar sua bênção sobre eles!
Novamente seguem-se instruções exatas daquilo que deveria ser feito para que o povo de Israel possa então, “ver a glória do Eterno”.
“E disse Moshe: Esta é a coisa que o Senhor ordenou que fizésseis; e a glória do Eterno vos aparecerá” Lv 9:6.
Devemos perceber duas coisas: Novamente a palavra que define o Eterno é o tetragrama e isso significa que “Aquele que se torna o que precisamos” já havia emitido ordens que precisavam ser cumpridas; quando isso acontecesse Ele então permitiria que sua glória fosse vista entre o povo! A obediência aos mandamentos do Eterno atrai a presença d´Ele para o meio de seu povo!
Perceba ainda, que segundo o site Emunáh a fé dos santos, este verso aponta para os passos que se deve seguir para poder experimentar a glória do Eterno:
- “Esta é a coisa que o Eterno ordenou” – corresponde ao estudo da Torá.
- “que fizésseis” – corresponde à obediência à Torá.
- “a glória do Eterno vos aparecerá” – o resultado dos dois primeiros.
“E disse Moisés a Arão: Chega-te ao altar, e faze a tua expiação de pecado e o teu holocausto; a faze expiação por ti e pelo povo; depois faze a oferta do povo, e faze expiação por eles, como ordenou o Eterno.” Lv 9:7
Aqui notamos, que pela segunda vez, Moisés diz a Arão que apresente a sua oferta. Isto leva-nos a pensar que Arão estava a duvidar e por isso não se atrevia a aproximar-se do altar. No comentário da Torá da Editora Sefer, sobre o verso 2, há algo que complementa esse entendimento. O referido comentário diz que na linguagem do Midrash, Moisés disse a Arão: “O bezerro de ouro que ajudaste a fabricar desacreditou-te na opinião do povo, contribuindo para desvanecer o teu prestígio para o cargo do sacerdócio; mas com este bezerro de pecado que vais oferecer, serás reabilitado; este sacrifício servirá como uma demonstração pública que tu e o povo vos arrependestes do pecado praticado, e de hoje em diante a glória do Eterno aparecerá a vós.”
No entanto, parece que mesmo assim, Arão ainda estava meio temeroso, envergonhado, arrependido, e provavelmente com remorso por ter participado daquela rebelião contra o Eterno.
Assim, Moisés motiva-o novamente para que assuma o seu lugar como sumo-sacerdote e faça o seu trabalho. Esta escritura ensina-nos que não nos devemos envergonhar-nos em demasia pelos nossos pecados, sabendo que o Eterno providenciou um sacrifício perfeito para que possamos ter acesso ao serviço sagrado diante de Ele. O Eterno tinha perdoado a Arão. É possível que ele tivesse a consciência pesada e vergonha pelo seu grande pecado. Mas esta escritura ressalta a grande misericórdia de Elohim ao permitir a um grande pecador ocupar o posto mais alto da nação. Arão é um excelente exemplo do perdão do Eterno. Não podemos permitir que o sentimento de culpa e o remorso nos paralise, devemos nos arrepender, confessar nosso erro, receber o perdão e seguir em frente. Pois Provérbios 28:13 diz:
“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.”
Caro irmão, se te arrependeste de todos os teus pecados, entre os quais, possivelmente, alguns terão sido muito graves aos olhos de HaShem, e se confessaste os teus pecados pedindo perdão e colocaste a tua confiança na misericórdia do Eterno, podes estar seguro de que Ele te perdoou, como lemos em 1 João 1:9:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.”
E em Jeremias 31:34b: “porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.”
Este texto de Jeremias ensina ainda que quando o Eterno perdoa, também esquece o nosso pecado. Contudo, conforme alguém vai amadurecendo no espírito apercebe-se da gravidade dos pecados que cometera no passado, como lemos no Salmo 25:7
“Não te lembres dos pecados da minha mocidade, nem das minhas transgressões; mas segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, por tua bondade, Eterno”.
Segundo o site Emunah a fé dos santos, o ato de recordar o pecado da juventude vem do Espírito do Eterno que nos instrui acerca de todas as coisas. A princípio quando alguém se arrepende dos pecados, não é realmente consciente da gravidade deles. Assim, quanto mais maturidade espiritual existe numa pessoa, mais pecador se considera ao olhar para trás, envergonhando-se pelo que fez, e isso vem do Eterno.
O autor do site mencionado Faz a seguinte pergunta reflexiva: Mas não é a Escritura que diz que o Eterno nunca mais se lembrará dos pecados no pacto renovado?
Sim, é certo, ele irá esquecê-los no sentido de que nunca, nunca nos punirá mais por esses pecados passados, e não nos lembrará mais deles com o propósito de nos sentirmos culpados. Isso é o que faz o acusador, Satanás (HaSatan = opositor).
Quando HaShem perdoa, ele faz de verdade, e considera-nos como se nunca tivéssemos cometido esses pecados. Contudo, por outro lado, existe um crescimento na consciência do pecador arrependido acerca da gravidade do que cometeu, não para condenar ou se envergonhar, mas sim para o ensinar a respeito da imensa misericórdia do Eterno e o resultado poderoso da redenção do Messias.
O Espírito de HaShem faz-nos lembrar também o que fizemos para que não nos orgulhemos mas sim que nos mantenhamos humildes. E nunca nos esqueçamos de onde nos tirou o Eterno!
Certamente os nossos pecados foram apagados e perdoados pela morte do Messias, representada nos sacrifícios do pecado. Mas conforme vamos crescendo espiritualmente entendemos cada vez mais a gravidade daquilo que fizemos. Então surge em nós mesmos uma imensa gratidão que produz um louvor eterno a HaShem pela obra redentora mediante o Messias, que fez chegar até nós.
Veremos agora um outro princípio sobre os líderes.
“Então Aharon se chegou ao altar, e degolou o bezerro da expiação que era por si mesmo” Lv 9:8.
Interessante notar que Aharon chega-se ao altar. Altar é lugar de sacrifício, lugar de morte, lugar de apresentar oferta ao Eterno, mas também de vida, pois dali se saía com as transgressões cobertas. Ali ele chega com o bezerro da expiação. Em nosso texto bíblico, em português, faltou uma palavra que viria após o termo “expiação”. Esta palavra seria o termo “pecado”, que em hebraico é hata’ que significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. Significa ainda “errar o alvo”, “ficar aquém do padrão”. Aqui Aharon dá exemplo público de algo que já era uma realidade em sua vida. Ele e seus filhos já haviam passado sete dias diante do Senhor. Porém, agora Aharon torna pública sua humanidade quando vai ao altar e leva seu sacrifício pela culpa (pecado) e o oferece ao Senhor para poder capacitá-lo à oficiar à face do povo! Mesmo os santos precisam pedir perdão!
Quando se peca, é preciso então do sacrifício expiatório! Então, veremos que “expiação” em sua raiz tem múltiplos significados:
- Kapar – Expiação – fazer expiação, fazer reconciliação, purificar.
- Koper – resgate, dádiva, obter favor.
- Kippur – expiação (perdão) usado na expressão IOM KIPPUR (Dia do perdão).
Isso nos demonstra que a expiação deve ser feita em primeiro lugar pelos líderes (que com esse ato dirão ao seu povo: eu também sou pecador!), para que haja reconciliação com o Eterno, e então possa haver o resgate de si mesmo, obtendo-se assim o favor do Eterno! Disso vem o fato de alcançarmos o perdão e de termos também a obrigação de perdoarmos aqueles que nos ofenderam! Infelizmente, não vemos os líderes terem esse entendimento, por falta do conhecimento verdadeiro da Torá. E é por isso que há tantas pessoas agindo mal nos chamados altares do sistema religioso, por falta de arrependimento verdadeiro e perdão. Temos a confirmação deste princípio implícito aqui numa declaração explícita de Yeshua no Evangelho de Mateus:
“Então Kefa, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Yeshua lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete” Mt 18:21-22.
A continuação deste princípio vem a seguir:
“Mas a gordura, e os rins, e o redenho do fígado de expiação do pecado, queimou sobre o altar, como o Eterno ordenara a Moshe” Lv 9:10.
A gordura (que simboliza fartura, abundância) é queimada no altar! As entranhas indicam também o centro das emoções, o afeto e a mente que estavam sendo oferecidas sobre o altar do Senhor! Após a vítima ter sido morta, oferece-se então sua gordura e suas entranhas! Mas percebemos que esta entrega é puramente pessoal! A fé era ingrediente indispensável nessa ocasião! Quando isso era feito – conforme o que fora estabelecido e ordenado pelo Eterno – então novamente Ele se tornava aquilo que seu povo precisava! E isso continua sendo assim até o dia de hoje, e será sempre.
Antes de terminar o estudo dessa semana, vamos falar um pouco de outro assunto que está nessa parashá e que é muito importante em nossa teshuvá. Trata-se do texto de Vayicrá/Levítico 11 e os animais que são alimento e os que não são alimento.
“Fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis dentre todos os animais que há sobre a terra;” Lv 11:2
Neste capítulo o Eterno define quais são os animais apropriados para alimento e quais não são, ou seja são proibidos aos filhos de Israel, dando uma lista bem específica e detalhada. Os filhos de Israel foram separados dos demais povos para serem diferentes, literalmente separados, santos. Portanto, estas leis são para todos os que são parte do povo de Israel, tanto os naturais como aqueles que foram adotados ou enxertados pela conversão ao Eterno através dos méritos da vida justa de Yeshua.
Segundo o mencionado site, nenhum animal foi criado com o propósito de ser comido, isso só acontece após o pecado entrar no mundo, e cerca de um milênio e meio depois da criação, após o dilúvio é que passa a ser permitido aos homens comer animais, devido ao facto de toda a vegetação ter desaparecido por causa da destruição diluviana, conforme lemos em Gn 9:2 e 3. É lícito comer carne, porém para uma boa alimentação é necessário haver os vegetais. A base da dieta alimentar inicialmente definida pelo Eterno, que não incluía carne, somente frutas e o fruto da terra (cereais e legumes) conforme lemos em Gn 1:29 e 30, é muito mais saudável e apropriado para o organismo humano.
A dieta é uma das coisas mais importantes que marca a diferença entre os filhos de Israel e os demais povos. Este capítulo ensina-nos aquilo que o Eterno considera apropriado para a alimentação humana. Desde o princípio que Ele se preocupa com a alimentação humana.
O primeiro mandamento que foi dado ao homem estava relacionado com a alimentação. O pecado entrou no mundo através de um alimento proibido. Logo, se o Eterno considera que isso é importante, o homem também deve considerar.
É o Eterno quem estabelece o que é muito importante e o que não é tão importante. As Escrituras ensinam que a alimentação é muito importante, pois está relacionada com a santidade e com o pecado. Aqueles mandamentos que estão relacionados com a alimentação limpa e não limpa, são considerados “ chukim ”, isto é, aqueles que não têm (ou que pelo menos naquela época não tinham) explicação lógica.
Pois hoje em dia a opinião dos nutricionistas é unânime ao considerar a dieta recomendada pelas Escrituras como benéfica para a saúde humana, e que se toda a gente a seguisse, grande parte das doenças cancerígenas não existiriam.
Uma alimentação que é considerada “apropriada” para um israelita é chamada “kasher”, que significa “permitido”, “reto”, “própria”, “apta”, “apropriada”. A palavra “kasher” aparece três vezes nas Escrituras, cf. Eclesiastes 10:10; 11:6; Ester 8:5.
Existem muitas explicações diferentes relativamente ao porquê de certos animais serem considerados impuros e outros impuros, mas facto é que o homem tem que reconhecer que não entende de todo a razão pela qual o Eterno deu essas instruções, há coisas que estão além do nosso conhecimento como nos diz a palavra em Deuteronômio 29:29.
A razão pela qual devemos considerar estes animais como impuros é simplesmente porque a Torá diz que são, ponto final, pois devemos entender que mandamento não se discute ou questiona, se cumpre. E se logo queremos aprofundar além do que está escrito, corremos sempre o risco de nos equivocarmos na nossa análise.
O site Emunah a fé dos santos, afirma que, como princípio podemos dizer que a nossa obediência a estes mandamentos não tem a ver em primeiro lugar com higiene, nem relativamente à natureza, nem com perigos de intoxicação ou efeitos secundários no corpo humano. Uma vez que nada é dito sobre isso.
Tem a ver com a nossa relação com o Eterno. Pelo fato do Eterno nos ter instruído assim, nós obedecemos. É certo que a obediência aos mandamentos traz larga vida e saúde aos nossos corpos, e é certo que muitos animais impuros são nocivos ou podem conter elementos perigosos para o homem. É certo que a natureza do animal está no sangue e se se come algo com sangue, o qual é inevitável acontecer quando se come carne, é provável que a natureza do animal afete o carácter daquele que o come. Mas todas estas coisas são secundárias, e a Torá não se foca nelas. A Torá diz que aquele que deixa de se alimentar de certos animais que são considerados impuros, torna-se santo, separado, consagrado.
Estas leis tem a ver em primeiro lugar com a santidade, e a santidade tem muito a ver com a alimentação. Agora, a obediência a estes mandamentos também traz saúde, e como uma consequência desta obediência, há saúde e prosperidade em tudo, mas o propósito principal destes mandamentos não é a saúde do homem mas sim a sua santidade. Assim, podemos inferir que o que trás saúde ao homem é a santidade, ou seja, a obediência aos mandamentos de HaShem.
Há muita verdade nos ditados: “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és” ; e “nós somos aquilo que comemos” . O sistema religioso cristão no geral, alega que as leis alimentares foram abolidas, e fundamentam essa ideia em vários textos do chamado “Novo Testamento” tirados fora do contexto.
Neste capítulo vemos que os animais estão classificados em quatro grupos gerais, cf. Levítico 11:46:
- Animais que caminham sobre a terra, 11:2-8;
- Animais que existem nas águas, 11:9-12;
- Aves e outros animais que voam, 11:13-23;
- Animais que se arrastam sobre a terra, 11:29-43;
Que o possamos compreender que devemos obedecer e seguir na caminhada sempre, pois as consequências da obediência acompanham aos fiéis.
Que HaShem lhes abençoe!
Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva)
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