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quinta-feira, 30 de junho de 2022

Estudo da Parashá Korach (Coré)

 


Estudos da Torá


Parashá nº 38 – Kôrach (Coré)

Bamidbar/Números Nm 16:1-18:32,

Haftará (Separação) 1Sm 11:14-12:22; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 19:1-30:47


1 - INTRODUÇÃO

A Parashá Kôrach, segundo o site Chabad, começa com a infame rebelião liderada por Kôrach contra seus primos, Moshê e Aharon, alegando que os dois haviam usurpado o poder do restante do povo de Israel.

Após tentar convencer os rebeldes a uma retirada, Moshê diz aos dissidentes e a Aharon que cada um deve oferecer incenso a D'us. A oferenda do verdadeiro líder seria aceita pelo Eterno, enquanto que o restante do povo teria uma morte não natural. A um pedido de Moshê, D'us faz com que a terra miraculosamente se abra e engula Kôrach, enquanto o restante dos líderes da rebelião são consumidos por uma chama enviada por D'us. Quando os sobreviventes reclamam sobre a morte em massa, D'us ameaça destruí-los também, e irrompe uma peste.

Mais uma vez, Moshê e Aharon intervêm, oferecendo incenso para impedir a extinção do resto do povo. Deste modo, e com o miraculoso brotar do cajado de Aharon dentre aqueles dos outros líderes das tribos, Moshê e Aharon provam ser os líderes escolhidos. O papel de Aharon como Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) é reiterado, e a Torá descreve os dons a serem concedidos aos Cohanim como recompensa por seu serviço no Mishkan (Tabernáculo), incluindo o direito de comer determinadas porções dos Corbanot (Sacrifícios). Os Levitas devem também ser sustentados pela sua dedicação recebendo ma'asser, ou a décima parte de todas as colheitas produzidas pelo povo na Terra de Israel.

Assim, na parashá (porção) desta semana, trataremos do assunto da rebeldia, rebelião e questionamento de autoridade. Veremos que isso aconteceu com Moshê e quais foram as consequências destes atos, e refletiremos sobre o resultado disso nas vidas dos hebreus e nas nossas vidas.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

“Korach, o filho de Yitz’har, neto de K’hat, bisneto de Levi, junto com Datan e Aviram, os filhos de Eli’av, e On, o filho de Pelet, descendentes de Re’uven, reuniram homens e se rebelaram contra Mosheh. Aliaram-se a eles 250 homens de Yisrael, líderes da comunidade, membros importantes do conselho, homens de bom conceito.” (Nm 16:1-2 - BJC)

O comentário da Torá nos diz o seguinte a respeito do primeiro verso dessa porção:

“Esta porção semanal registra a primeira revolta contra a autoridade de Moisés e Aarão. Os interesses pessoais de Kôrach motivaram a sua rebeldia. O descontentamento deste, nos diz o Midrash, surgiu porque Elitsafan, seu primo irmão, obteve um cargo ao qual Kôrach se achava no direito de ocupar. Porém, Elitsafan tinha mais méritos: ele era mais apto que Kôrach para as funções que lhe eram confiadas e Moisés não podia sacrificar o interesse geral em nome de idade e de família. Quanto a Datan e Abiram, a tradição nos ensina serem aqueles dois hebreus que brigaram no Egito e disseram então a Moisés: “Quem te pôs por homem, príncipe e juiz sobre nós?” (Ex 2:13-14) Eles eram também os mesmos homens que infringiram a prescrição de Deus relativa ao Maná (Ex 16:20). Kôrach, conhecendo as más disposições destes, apoiou-se sobre essa classe de gente na sua revolta injusta.” (Torá – A Lei de Moisés, Ed. Sefer, 2001, Página 436)


Na leitura dessa porção, podemos perceber que o nome da parashá é o primeiro nome que aparece no texto, Korach (Coré), assim como também encontramos o nome de outros três. Segundo o que lemos no comentário da Torá transcrito acima, onde nos é informado o motivo pelo qual levou este homem a questionar a autoridade de Mosheh, e isso nos é confirmado mais à frente no texto, no verso 8-9.


Moisés disse também a Corá: "Agora ouçam-me, levitas! Não lhes é suficiente que o Deus de Israel os tenha separado do restante da comunidade de Israel e os tenha trazido para junto de si a fim de realizarem o trabalho no tabernáculo do Senhor e para estarem preparados para servir a comunidade?” Nm 16:8,9


Podemos assim, perceber que a Torá quer nos apontar algo sobre o caráter deste homem chamado Korach. Embora fosse rico, estimado entre sua tribo e honrado com a tarefa de cuidar da Arca da Aliança, conforme Nm 4:15:


Quando Arão e os seus filhos terminarem de cobrir os utensílios sagrados e todos os artigos sagrados, e o acampamento estiver pronto para partir, os Coatitas virão carregá-los. Mas não tocarão nas coisas sagradas; se o fizerem, morrerão. São esses os utensílios da Tenda do Encontro que os coatitas carregarão.”


Korach não tinha sido nomeado líder dos Coatitas, mas sim Elisafã, um primo mais jovem. O avô de Korach, era Kehat (Coate), cf. Êxodo 6:18-22.


Os filhos de Coate foram Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Coate viveu cento e trinta e três anos. Os filhos de Merari foram Mali e Musi. Esses foram os clãs de Levi, por ordem de nascimento. Anrão tomou por mulher sua tia Joquebede, que lhe deu à luz Arão e Moisés. Anrão viveu cento e trinta e sete anos. Os filhos de Isar foram Corá, Nefegue e Zicri. Os filhos de Uziel foram Misael, Elizafã e Sitri.”


O pai de Korach era Izar, irmão de Uziel. E este era o pai de Elisafã. O pai de Korach era mais velho que o pai de Elisafã. Uziel mesmo sendo mais novo, seu filho Elisafâ foi eleito para ser o líder dos Coatitas, Conforme Nm 3:29-31.


Os clãs coatitas tinham que acampar no lado sul do tabernáculo. O líder das famílias dos clãs coatitas era Elisafã, filho de Uziel. Tinham a responsabilidade de cuidar da arca, da mesa, do candelabro, dos altares, dos utensílios do santuário com os quais ministravam, da cortina e de tudo o que estava relacionado com esse serviço.”


A inveja desses homens os levaram a dizer coisas que tinham aparência de verdade, como por exemplo o que Korach disse a Mosheh:


Vocês se valorizam em demazia! Afinal, toda a comunidade é sagrada, todas as pessoas, e Adonai está entre eles. Porque, então, vocês se elevam acima da assembléia de Adonai?”(Nm 16:3)


Toda a comunidade é santa, todas as pessoas, disse Korach, ou seja, todos poderiam exercer o ministério, mas isso contrariava a ordem de HaShem, que disse que somente os levitas poderiam servir. Devemos ter muito cuidado com meias verdades, pois elas são sofismas que servem somente para nos enganar. Veja o significado de sofisma no dicionário:


argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa.”


Moshê vendo que Kôrach não podia ser controlado, tentou uma reconciliação com Datan e Abiram, enviando mensageiros convocando-os ao santuário, porém os dois homens receberam os mensageiros com zombarias, e ainda disseram mentiras, veja:


Nós não subiremos! É algo sem importância ter-nos tirado da terra em que sobejam leite e mel para nos matar no deserto, a tal ponto que você se arroga o papel de ditador sobre nós?” (Nm 16:13)


Por acaso no Egito, para eles que eram escravos, era um lugar que emanava leite e mel? Eles eram bem tratados no Egito? Moisés fazia papel de ditador sobre o povo? Claro que não! Mas a inveja os cegou, assim como cega a todos os que vivem dessa maneira.

Moshê ficou profundamente desgostoso com a reação daqueles dois homens à sua mensagem. Isso o levou a voltar-se a D’us em oração.


Moshê indignou-se e disse ao Eterno: Não aceites a oferta deles. Não tomei deles nem sequer um jumento, nem prejudiquei a nenhum deles.” Nm 16:15

O midrash diz um pouco mais sobre essa oração de Moshê, ele diz: “D’us, eu lhe imploro, não lide com eles de acordo com Sua qualidade de misericórdia, porém com severidade. (A não ser que os puna imediatamente, sua influência é perniciosa ao povo inteiro.) O Senhor sabe a verdade, que eu nunca me impus como rei sobre eles, como dizem.”

Moisés continuou, de acordo com o midrash: "Um rei cobra impostos de seus súditos, enquanto eu nem aceitei remuneração pelo meu trabalho no Santuário, ou em prol da comunidade. Tampouco pedi ao povo que reembolsasse qualquer de minhas despesas, nas quais incorri por eles. Quando aluguei um burro para viajar de Midyan para o Egito a fim de redimir o povo, tinha o direito de pedir-lhes reembolso, porém paguei com meu próprio dinheiro.

"Jamais enganei alguém dando veredicto de julgamento injusto. Não puni Datan e Aviram, apesar de terem delatado ao Faraó que matei um egípcio.

"Você sabe que sempre que lido com a comunidade, ajo apenas em Sua honra."

Moshê terminou repetindo a Kôrach, continua o midrash: "Você e seus duzentos e cinquenta seguidores poderão vir amanhã à entrada do Santuário, cada um portando um recipiente cheio de incenso. Veremos então o incenso de quem o Todo Poderoso aceitará como sinal de que Ele o escolheu para o Serviço."


O tratamento do Eterno para a inveja


Alguns estudiosos defendem que Adonai deveria ter dado a Korach um cargo importante para que não se aborrecesse e assim, não se revoltaria. No entanto, com D’us não é dessa maneira que as coisas funcionam, pois o Eterno vê o coração do homem. E assim, como ele viu em Caim seu descontrole em relação a seu irmão Abel, estava olhando o coração de Korach e vendo seus reais motivos. O problema não está no cargo que D’us não deu àquele homem, mas na inveja e na falta de humildade dele.

Por isso, a solução não seria dar a um homem ambicioso um cargo de responsabilidade, mas sim, fazer com que ele se humilhe e aprenda a submeter-se aos líderes que HaShem instituiu sobre ele. Devemos aprender essa lição, e trazer para nossas vidas, pois não é porque entendemos que temos o direito, mais condições, ou mais conhecimento, que receberemos algum cargo ou autoridade no reino do Eterno. É ele quem planeja e estabelece quem vai usar e como vai usar, a nós cabe apenas aceitar sua vontade com humildade, e orar para que nosso irmão, que foi escolhido, exerça com zelo e amor a autoridade que recebeu.

Em Korach havia uma fonte insaciável, uma inveja implacável, que o levou à loucura e a autodestruição. Ele foi alcançado por sua própria inveja, arrogância e despeito.

Devemos perceber que essa escolha de outro líder que não Korach, era um tratamento de Adonai para curar a alma dele, porém ele se recusou tratar o pecado em sua alma, e desenvolveu um sentimento de revolta que cresceu de tal maneira que lhe custou a vida. Temos no entanto, nas Escrituras, exemplos contrários que mostram que não houve ciúmes quando um irmão mais novo foi elevado a uma posição superior, como Moisés e Aarão; Efraim e Manassés.


Não devemos seguir os pensamentos errados


Outra coisa que devemos aprender é que, não é só porque alguém da nossa família tem um tipo de pensamento, que devemos seguir. Nessa situação de Korach, percebemos que seus filhos não estavam do lado dele, não tomaram partido, não penderam para o lado errado. Ao contrário dos filhos de Datan e Abiram, veja em Nm 16:27-32:


Eles se afastaram das tendas de Corá, Datã e Abirão. Datã e Abirão tinham saído e estavam de pé, à entrada de suas tendas, junto com suas mulheres, seus filhos e suas crianças pequenas. E disse Moisés: "Assim vocês saberão que o Senhor me enviou para fazer todas essas coisas e que isso não partiu de mim. Se estes homens tiverem morte natural e experimentarem somente aquilo que normalmente acontece aos homens, então o Senhor não me enviou. Mas, se o Senhor fizer acontecer algo totalmente novo, e a terra abrir a sua boca e os engolir, junto com tudo o que é deles, e eles descerem vivos ao Sheol, então vocês saberão que estes homens desprezaram o Senhor". Assim que Moisés acabou de dizer tudo isso, o chão debaixo deles fendeu-se e a terra abriu a sua boca e os engoliu juntamente com suas famílias, com todos os seguidores de Corá e com todos os seus bens.”


Se olharmos com cuidado as Escrituras perceberemos que a família de Datan e Abiram estavam ao seu lado quando o povo se afastou deles, mas a Torá não fala da família de Korach. Porque seus filhos não o seguiram, e por isso não tiveram o mesmo destino dos filhos de Datan e Abiram.


e os filhos de Eliabe foram Nemuel, Datã e Abirão. Estes, Datã e Abirão, foram os líderes da comunidade que se rebelaram contra Moisés e contra Arão, estando entre os seguidores de Corá quando se rebelaram contra o Senhor. A terra abriu a boca e os engoliu juntamente com Corá, cujos seguidores morreram quando o fogo devorou duzentos e cinquenta homens, que serviram como sinal de advertência. A descendência de Corá, contudo, não desapareceu.” Nm 26:9-11


Com certeza, os filhos de Korach quiseram acabar com essa maldição familiar, tendo nomes importantes como o de Samuel, que foi um descendente de Korach, foram autores de vários Salmos como 42-49; 84 e 85; 87 e 88, e chegaram a ter cargos importantes no templo. Por isso encontramos os seus descendentes sendo mencionados em 1Cr 6:31-38:


Estes são os homens a quem Davi encarregou de dirigir os cânticos no templo do Senhor depois que a arca foi levada para lá. Eles ministravam o louvor diante do tabernáculo, da Tenda do Encontro, até quando Salomão construiu o templo do Senhor em Jerusalém. Eles exerciam suas funções de acordo com as normas estabelecidas. Estes são os que ministravam, junto com seus filhos: Dentre os coatitas: O músico Hemã, filho de Joel, filho de Samuel, filho de Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliel, filho de Toá, filho de Zufe, filho de Elcana, filho de Maate, filho de Amasai, filho de Elcana, filho de Joel, filho de Azarias, filho de Sofonias filho de Taate, filho de Assir, filho de Ebiasafe, filho de Corá, filho de Isar, filho de Coate, filho de Levi, filho de Israel.”


Quando se está feliz e fiel na posição e no chamado que o Eterno lhe colocou, no tempo certo receberá a devida recompensa. Conforme está dito pelo Apóstolo Pedro, se nos humilhamos debaixo da mão poderosa do Eterno, ele nos exaltará no devido tempo, de acordo com 1Pe 5:5-6. Que tenhamos a atitude dos descendentes de Korach.


A questão da Autoridade de Yeshua


Nessa parashá, a porção referente a este assunto no Novo Testamento está em Lc 19:1-20:47. Entretanto, quero me ater a parte do capítulo 20, onde alguns sacerdotes, mestres da lei e anciãos vem questionar à Yeshua e a sua autoridade. Para que se possa entender bem o contexto, leia desde o verso 45 do capítulo 19 até o verso 19 do capítulo 20, que transcreverei abaixo.


Então ele entrou no templo e começou a expulsar os que estavam vendendo. Disse-lhes: "Está escrito: ‘A minha casa será casa de oração’; mas vocês fizeram dela ‘um covil de ladrões’". Todos os dias ele ensinava no templo. Mas os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes do povo procuravam matá-lo. Todavia, não conseguiam encontrar uma forma de fazê-lo, porque todo o povo estava fascinado pelas suas palavras. Certo dia, quando Yeshua estava ensinando o povo no templo e pregando as boas novas, chegaram-se a ele os chefes dos sacerdotes, juntamente com os mestres da lei e os líderes religiosos, e lhe perguntaram: "Com que autoridade estás fazendo estas coisas? Quem te deu esta autoridade? " Ele respondeu: "Eu também lhes farei uma pergunta: Digam-me: O batismo de Yochanan era do céu, ou dos homens? " Eles discutiam entre si, dizendo: "Se dissermos: ‘do céu’, ele perguntará: ‘Então por que vocês não creram nele? ’ Mas se dissermos: ‘dos homens’, todo o povo nos apedrejará, porque convencidos estão de que Yochanan era um profeta". Assim, responderam: "Não sabemos de onde era". Disse então Yeshua: "Tampouco lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas". Então Yeshua passou a contar ao povo esta parábola: "Certo homem plantou uma vinha, arrendou-a a alguns lavradores e ausentou-se por longo tempo. Na época da colheita, ele enviou um servo aos lavradores, para que lhe entregassem parte do fruto da vinha. Mas os lavradores o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. Ele mandou outro servo, mas a esse também espancaram e o trataram de maneira humilhante, mandando-o embora de mãos vazias. Enviou ainda um terceiro, e eles o feriram e o expulsaram da vinha. "Então o proprietário da vinha disse: ‘Que farei? Mandarei meu filho amado; quem sabe o respeitarão’. "Mas quando os lavradores o viram, combinaram entre si dizendo: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa’. Assim, lançaram-no fora da vinha e o mataram. "O que lhes fará então o dono da vinha? Virá, matará aqueles lavradores e dará a vinha a outros". Quando o povo ouviu isso, disse: "Que isso nunca aconteça! " Yeshua olhou fixamente para eles e perguntou: "Então, qual é o significado do que está escrito? ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular’. Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó". Os mestres da lei e os chefes dos sacerdotes procuravam uma forma de prendê-lo imediatamente, pois perceberam que era contra eles que ele havia contado essa parábola. Todavia tinham medo do povo.” Lc 19:45 - 20:19


Tendo lido todos os versos acima, podemos perceber que o questionamento aqui é o mesmo, de Korach, Datan e Abiram, ou seja: Quem é o escolhido de D’us? De quem é a autoridade de Yeshua?

Assim, como aqueles homens questionaram a autoridade de Mosheh sobre as decisões tomadas, os líderes religiosos hipócritas na época de Yeshua estavam questionando o que ele tinha feito no templo, ao expulsar os vendilhões da Beit Hamikdash (Casa da Santidade ou Templo Sagrado), conforme lemos em Lc 20:1-2. Ao que Yeshua responde com uma outra pergunta, sobre o batismo de Yochanan (João). Eles não respondem pois entendiam que se dissessem que o batismo era do céu, Yeshua os questionariam o porquê eles perseguiam Yochanan, mas se dissessem que era dos homens, então o povo os apedrejariam, porque era bem visto pelo povo. E, Yeshua então, diz que não lhes diria de onde vinha sua autoridade, e começa a contar uma Parábola (Agadá), sobre os lavradores maus.

Alguns detalhes dessa parábola:

- certo homem;

- uma vinha;

- arrendar;

- lavradores;

- 3 servos;

- o filho; e

- outros.

O significado de cada um deles:

- certo homem - o Eterno;

- uma vinha - Israel;

- arrendar - autoridade para cuidar (ensinar);

- lavradores - autoridades religiosas;

- 3 servos - os profetas do Eterno;

- o filho - Yeshua; e

- outros - Yeshua em sua volta.

Alguns ali que ouviram a Agadá disseram que não fosse assim, então Yeshua cita as Escrituras, fazendo um Midrash. E os religiosos entenderam que era deles que estava sendo falado.

O que podemos e devemos aprender com essa porção é que o Eterno enviou Yeshua seu filho, para receber sua porção dos lavradores a quem ele tinha arrendado a vinha, mas ele foi morto e ressuscitado, e retornará para tomar a vinha para si mesmo, ou seja Israel, e ele mesmo cuidará dela. A autoridade de Yeshua, assim como a de Mosheh no deserto, foi dada por HaShem, e aqueles que questionaram sabiam disso, mas mesmo assim, levantaram-se contra. E enquanto nós formos humildes e reconhecermos a autoridade da Torá e de Yeshua em nossas vidas, seguiremos em frente, em direção à vontade do Eterno.

Concluindo, devemos viver em nossas vidas de acordo com os filhos de Korach, que em detrimento de seu pai estar errado, eles tomaram a decisão de viver a verdade da vontade do Eterno. Assim, como o Mashiach Yeshua viveu de acordo com a vontade do Eterno abrindo o caminho para nos aproximar do Pai, e nos afastar do caminho da rebeldia e dos questionamentos, vivamos segundo o que Adonai estabeleceu para cada um de nós, pois a cada um ele deu um talento, conforme Mt 25:14-30.

Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva - Moshê Ben Yosef)

Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771045/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822858/jewish/Mensagem-da-Parash.htm

- http://shemaysrael.com/parasha-korach/

- http://www.yeshuachai.org/forums/topic/parasha-korach-cora-rebeldes/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/38-_korach_cor.pdf

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Estudo da Parashá Shelach Lechá(envie para você)

 



Estudos da Torá


Parashá nº 37 – Shelach Lechá (Envie para você)

Bamidbar/Números Nm 13:1-15:41,

Haftará (Separação) Js 2:1-24; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 17:1-18:43


1 - INTRODUÇÃO

Iniciando com o resumo da parashá da semana conforme sempre fazemos, mais uma vez busquei este no site do Chabad. A parashá Shelach Lechá começa com o incidente principal do mau relatório dos espiões sobre a Terra de Israel. Enquanto o povo hebreu se preparava para entrar na Terra de Canaã, doze importantes líderes são enviados para pesquisar a Terra Prometida, dos quais dez retornam e fazem um relatório muito negativo ao povo, dizendo que seria impossível conquistar as poderosas nações que lá viviam.

Recusando-se a dar ouvidos ao relatório positivo de Calev e Yehoshua, a nação inteira chora e reclama por toda uma noite em uma total histeria. O Eterno ameaça o povo de extermínio, quando então Moshê suplica com sucesso para que não sejam totalmente aniquilados. Mesmo assim, D'us declara que serão punidos com quarenta anos vagando pelo deserto, e durante este tempo toda aquela geração morrerá. Percebendo seu grave erro, um grupo insiste em avançar imediatamente na direção do país, contra a vontade do Eterno, sendo completamente aniquilado pelas famosas nações de Amalec e Canaã.

A Torá então muda para a descrição das libações de vinho que acompanhavam muitas das oferendas levadas ao Mishkan (Tabernáculo), conforme lemos no livro de Vayicrá/Levítico. Após ensinar os detalhes da chalá (não confundir com o pão que comemos no Shabat), esta refere-se à porção a ser separada de cada fornada de massa e doada a um Cohen. A Torá menciona ainda, várias leis tratando da proibição de adoração de ídolos, e o infeliz caso do homem que recebeu a pena de morte por profanar o Shabat.

A Parashá Shelach termina com o terceiro parágrafo da prece do Shemá, contendo a mitsvá de colocar tsitsit, que serve como um constante lembrete para nós, de D'us e Seus mandamentos.

Esta parashá trás uma carga emocional muito forte, pelo menos ao meu ver. Aqui a Torá já nos mostrou tudo o que o Eterno Criador dos céus e da terra, o Libertador, fez por este povo e agora prestes a entrar na terra a qual herdariam cometem algo que os impedem de seguir em frente e conquistar a vitória. O que me deixa emocionado nessa porção são os motivos do povo de Israel para agirem da forma que agiram, e ainda a suas atitudes após o que fizeram. Vamos seguir neste estudo pois ele é maravilhoso!

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Adonai D’us disse a Mosheh: “Envie alguns homens para fazer o reconhecimento da terra de kena’an, que dou ao povo de Yisrael. De cada tribo ancestral, envie alguém que seja líder da tribo”. Mosheh enviou-os do deserto de Pa’ran, como Adonai lhe tinha ordenado; todos eles eram homens da liderança dentre o povo de Yisrael.” (Nm 13:1-3 - BJC)

A porção anterior da Torá finaliza no verso 16 com o Eterno guiando o povo até o deserto de Paran, onde acampam mais uma vez. E ali, no deserto de Paran, o Eterno manda que Moisés envie doze homens para espiarem, ou melhor observarem a terra, conforme lemos nos versos acima, o termo espiar não é muito correto aqui, conforme é tradicionalmente entendido e veremos mais adiante. Veremos também, que a idéia inicial de enviar homens até a terra de Canaãn não vem originalmente de D’us, como o texto parece mostrar. Também poderemos entender que o objetivo destes doze homens era trazer um relatório de suas observações e explorações.


Sobre o Nome da Parashá e o de Yehoshua (Josué)


Em primeiro lugar, vejamos as palavras iniciais que dão nome a nossa porção da semana.

VAY’DABER HASHEM EL-MOSHEH LEMOR: SHELACH-LECHAH...”

Falou o Eterno a Moshe dizendo: “Envia para ti...”

Repare que a palavra que traduziram meramente para o português como “envia”, no original hebraico significa mais que isso. O original é “shelach lechah” que significa “envia para ti”, apontando para o fato de que o Eterno não queria ou não desejava enviar, ou não via necessidade de enviar, mas estava mandando eles enviarem por eles mesmos.

Entenda uma coisa importante, a tradição judaica diz que há um Midrash (comentário rabínico, ensino) sobre essa questão. Tal Midrash sugere que os filhos de Israel ficaram temerosos com a possibilidade de deixar o Sinai para a conquista da Terra Prometida. Isso porque as sete nações que haviam em Canaã tinham uma reputação de serem muito violentas, maléficas e extremamente depravadas.

Sendo assim, de acordo com o referido Midrash, foram os filhos de Israel quem pediram a Mosheh que enviassem os homens para observarem, a fim de que pudessem avaliar a terra e a resistência do inimigo, mas também podemos ler sobre isso na própria Torá em Dt 1:21 e 22:

Vejam: Adonai, seu D’us, pôs a terra diante de vocês. Subam, tomem posse, como o Eterno, o D’us de seus antepassados, disse a vocês. Não temam, não se assustem. Vocês se aproximaram de mim, cada um, e disseram: Vamos enviar homens à nossa frente para explorar a terra por nós e nos trazer uma palavra sobre a rota a ser usada para subirmos até lá e nos revelar como são as cidades que encontraremos.”


Por isso o Eterno usa a palavra “shelach lechá” - envia por ti ou por sua conta. Outros sábios judeus também dizem que este termo significava “enviá-los para seu próprio benefício”.

Uma coisa que fica bem clara nisso tudo é que podemos ver Mosheh indo até o Santo e Bendito, para perguntar sobre a solicitação, e assim temos o texto dos versos que estamos analisando, onde Ele manda enviar por eles mesmos.

Agora, a respeito do nome de Josué, que foi mudado por Mosheh, ao ser escolhido para ser um dos doze homens que seriam enviados para explorar a terra. O nome dele antes de ser escolhido era “Hoshea - הושׁע(Oseias), que significa “Salvação”. Ao seu nome, Mosheh acrescentou no início, a letra “Yud” (י), a fim de fazer com que o nome de Josué começasse com parte do nome de D’us, sendo assim, ficou “Yehoshua - יהושׁע(Josué), que significa “O Eterno Salva”.

Dessa forma, vemos que o nome de Josué/Yehoshua é forma completa e a forma abreviada desse nome é “Yeshua”. Essa forma surge tanto nos textos hebraicos antigos como nos escritos aramaicos do Tanach, conhecido como Antigo Testamento. Também é importante mencionar que o nome Yeshua, também significa “O Eterno Salva”, uma vez que é abreviação de Yehoshua.

De acordo com o Talmud (a tradição oral compilada em livros), os rabinos de Israel ensinaram que Mosheh previa a infidelidade e falta de fé dos homens que foram escolhidos para explorar a terra, por isso mudou o nome de Hoshea para Yeshoshua para lembrar-lhes que o Eterno deve sempre vir em primeiro lugar (Talmud Sotah 34b).

Espias ou Exploradores?


Quando olhamos para o texto de Nm 13:1-2 lemos o seguinte:


Adonai Deus disse a Mosheh: “Envie alguns homens para fazer o reconhecimento da terra de kena’an, que dou ao povo de Yisrael. De cada tribo ancestral, envie alguém que seja líder da tribo.”


Nesse trecho a Torá utiliza o verbo raiz “TAR”, pois a palavra que aparece no texto em hebraico é “VEYATURU”. Essa palavra significa “Excursionar, observar, viajar com um propósito, explorar, examinar e investigar. O verbo “TAR” ocorre 12 vezes neste capítulo e mais 10 vezes em todo o TaNaCh (Escrituras Sagradas).

Podemos então perceber através da observação dessa palavra no original, que o objetivo dos homens não era o de espiar, mas sim de explorar, observar. Repare que a palavra hebraica para “Espião” é “Ragel – רגל", e ela não aparece em nenhuma parte do texto desta parashá (porção), no entanto, a raiz “TAR”, conforme já mencionamos, é encontrada 10 vezes. Sendo assim, os homens enviados por Mosheh devem ser compreendidos ou chamados de Exploradores, e não de espiões; as duas palavras não são idênticas.

A primeira vez que a palavra “Ragel” (Espião ou espionar) é usada nas Escrituras, foi uns 40 anos mais tarde já na história de Josué e na preparação da batalha de Jericó, quando espiões são enviados. A diferença está na natureza e propósito da viagem. No caso em que estamos estudando o propósito era saber como eram as terras que receberiam, como eram os povos e as cidades. Já em Josué o propósito era estritamente militar, pois estavam se preparando para a batalha.


Fatos a entender sobre os doze exploradores:

Antes que Israel entrasse na terra, houve dois tipos de informações:

- A natureza da terra; e

- A praticabilidade de conquista militar.

Este não era um trabalho a ser feito por espiões militares, pois os espiões são enviados somente depois que uma nação decidiu iniciar a guerra. Os espiões são enviados para das informações de como atacar o inimigo, mostrando seus pontos vulneráveis, e relatariam somente ao seu líder militar. Já no caso dos nossos doze homens, os exploradores ou observadores, se fossem espiões militares, não haveria razão para publicar seus nomes e Mosheh para isso não escolheria líderes ou pessoas importantes de cada tribo, conforme Nm 13:1-3.

A missão dos doze:

Sua missão era recolher a informação, de acordo com o texto, em seis categorias:

- Como o lugar era?

- Como eram os povos do lugar?

- A terra era apropriada para agricultura?

- Que tipo de vegetação está no lugar?

- Quais os fatos sobre as cidades?

- Trazer algumas amostras dos produtos da terra.

Daí percebemos a necessidade de que tinham que ser representantes influentes de cada tribo, e porque relataram tudo a nação inteira e não somente a Mosheh.

Os observadores foram enviados e quarenta dias depois retornam, no dia 9 de Av, carregando um enorme aglomerado de uvas, uma romã gigante no tamanho e um enorme figo. Segundo o Midrash Rabínico, os frutos eram tão grandes que necessitavam de um homem para carregar a romã, outro para levar o figo e de oito homens para levar o cacho de uvas.

Podemos aprender com esta passagem que os filhos de Israel cometeram dois erros muito comuns:

- Não conseguiram ver que possuir a terra era um ato de fé (emunah – confiança, fidelidade em D’us). Os 10 observadores foram pessimistas (realistas). O pessimismo deles contagiou todo o povo, cegando-os para a realidade da aliança, e os mantendo na realidade do que os homens estavam dizendo.

- Não apreciaram as bênçãos que D’us tinha prometido se obedecessem a seus mandamentos (Mitsvot).

Devemos reconhecer que as dificuldades eram reais na terra, haviam gigantes, cidades fortificadas e tantas outras coisas, os 10 observadores eram realistas, mas eles também esqueceram de serem realistas em relação ao Eterno, pois não olharam para a realidade de que o Eterno já havia feito por eles e o que já havia prometido fazer por eles.

Portanto, entendamos que eles cometeram Lashom Hará (maledicência) ao reportar o pessimismo em relação a Terra, na verdade contra o próprio D-us, pois era como se tivessem reportado que o povo da terra era maior do que as promessas de D’us. O pessimismo é uma das grandes barreiras construídas por nós mesmos que nos impendem de caminhar nas bençãos e nas promessas de D’us. (Nm 14:2) A fé move-se adiante na base da fidelidade de D’us, não em nossas próprias forças e habilidades, ou na ‘realidade’.

A realidade depende do ponto de vista do observador, então a Fé do observador muda a perspectiva da realidade ou a realidade em si. Além disso, nós nunca podemos dizer que acreditamos ou temos fé em D’us, se não nos submetemos a Sua Torá, ou seja, aos seus mandamentos. Ela reflete nossa condição interna, para que possamos fazer os reajustes, a Teshuvá (arrependimento, retorno, conversão). Vejamos os textos abaixo:


Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha...” Mt 7:24


Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.” Jo 14:21


Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes meus mandamentos será chamado grande no Reino dos céus.” Mt 5:19-20


Como vimos acima, a Torá são os mandamentos do Eterno, e a ela aponta para o Messias, é por isto que a rejeição aos ensinos do Messias é considerada a mais alta traição, para todos os mandamentos de D’us. Uma vez que o messias Yeshua ensinava a Torá, pura e limpa de chalachot ou dogmas. Rejeitar a Torá de HaShem é rejeitar o Seu Messias, que por fim, é rejeitar a D’us, aquele que o enviou, conforme lemos em Lc 10:16:


Aquele que lhes dá ouvidos, está me dando ouvidos; aquele que os rejeita, está me rejeitando; mas aquele que me rejeita, está rejeitando aquele que me enviou.”


Sobre Kalev, filho de Yefuneh


Calebe foi um dos doze observadores que foram enviados a Canaã, conforme Nm 13:6. Seu nome em hebraico “Kalev” pode significar “cachorro” que é “Kelev”, mas também pode aludir a “coração” que é “Lev”. Ele foi líder da tribo de Judá, ou pelo menos uma pessoa muito influente ali.

Entretanto, perceba que Calebe não era um israelita. Ele era um, “Ex Goy” (gentio) convertido ao D’us de Israel, e tornou-se um membro influente em Judá. Jefuneh, nome de seu pai, não era um nome propriamente hebreu, o Tanach (Escrituras) nos aponta o caminho para compreendermos isso. Veja o que diz o texto de Josué 14:6:


Então, os filhos de Judá chegaram a Josué em Gilgal; e Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, lhe disse: Tu sabes o que o Senhor falou a Moisés, homem de Deus, em Cades-Barnéia, por causa de mim e de ti.”


De onde a tribo Quenezeu veio? As Escrituras nos dizem: das tribos Cananitas. Veja o que diz Gênesis 15:18-21:


Nessa mesma ocasião o SENHOR D’us fez uma aliança com Abrão. Ele disse: Prometo dar aos seus descendentes esta terra, desde a fronteira com o Egito até o rio Eufrates, incluindo as terras dos Queneus, dos Quenezeus, dos Cadmoneus, dos Heteus, dos Perizeus, dos Refains, dos Amorreus, dos Cananeus, dos Girgaseus e dos Jebuseus.”

Jefoné (Yefuneh) que pode significar “virou-se”, nos sugere o porquê Calebe se afastou dos esquemas pessimistas dos outros observadores. Podemos pensar que a família de Calebe vivia no Egito há anos e se juntaram aos filhos de Israel. E isso é mais uma prova de que uma multidão de povos saiu do Egito com Israel. Na verdade, Calebe era descendente de Esaú, de um dos filhos dele. Jefoné era possivelmente, descendente de Quenaz filho de Elifaz, filho mais velho de Esaú (Gn 36:15; 40-42). Há ainda outro texto que menciona Jefoné como “Quenezeu”, leia Nm 32:12.

Talvez alguém possa se perguntar: “Se ele não era hebreu, como veio a ser tão importante na tribo de Judá, a ponto de ser escolhido para ir observar a terra?” ou “Como veio a ser contado como um dos membros da casa de Judá?”

As Escrituras nos mostram como ele entrou na tribo de Judá. Leia 1Cr 2:3-5; 18.


Estes foram os filhos de Judá: Er, Onã e Selá. Ele teve esses três filhos com uma mulher cananéia, a filha de Suá. Mas o Senhor reprovou a conduta perversa de Er, filho mais velho de Judá, e por isso o matou. Tamar, nora de Judá, deu-lhe os filhos Perez e Zerá. A Judá nasceram ao todo cinco filhos. Estes foram os filhos de Perez: Hezrom e Hamul.” 1Cr 2:3-5


Calebe, filho de Hezrom, teve uma filha chamada Jeriote com sua mulher Azuba. Estes foram os filhos de Azuba: Jeser, Sobabe e Ardom.” 1Cr 2:5


Estes textos nos mostram duas possibilidades. A primeira é que esse pode não ser o mesmo Calebe que estamos estudando, e a segunda é que Calebe teria sido recebido como filho por Hesrom, filho de Perez, que era filho de Judá. Esse é meu palpite, principalmente, levando-se em consideração o tempo decorrido entre as gerações e a grande possibilidade disso ter acontecido e seguindo os textos das Escrituras.

Agora quanto a pergunta: “Se ele não era hebreu, como veio a ser tão importante na tribo de Judá? Podemos responder entendendo o texto de Nm 14:24, que diz:


Mas o meu servo Calebe, porque nele houve outro espírito, e porque ele perseverou em seguir-me, eu o introduzirei na terra em que entrou, e a sua posteridade a possuirá.”


Devemos observar que, se houve alguma vez um caráter de um ex-gentio nas Escrituras que expôs uma atitude positiva em relação ao Eterno ou inspiração diferente em direção ao Eterno e a sua Palavra, deveria ser Calebe. Na Torá encontramos três pessoas sendo definidas pelo Eterno como seus servos, e são eles: Abraão, Moisés e Calebe. Isso nos aponta o caráter de Calebe, e nos indica a direção para entendermos como ele havia sido transformado por haShem e assim, veio a fazer parte do povo de D’us e da tribo de Judá. E isso deve ser um exemplo para cada um de nós que somos seguidores de Yeshua, vindos das nações.

Em relação a esse assunto é importante lembrar que, por meio desse fato a Torá quer nos mostrar o “mistério” que Paulo (Rav. Shaul) diz em Efésios 3, ou seja, a entrada dos Gentios ao povo de Adonai, através do Messias e da obediência à Palavra.

Que haja em cada um de nós um mover do Eterno para confiar nas palavras da Torá, sem questionarmos ou duvidarmos. Que possamos viver segundo as instruções de vida de HaShem.


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva)


Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://www.yeshuachai.org/forums/topic/ שלח-לך -shlach-lecha-parasha-numeros-131-1541/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771044/jewish/Resumo-da-Parash.htm