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quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Estudo da Parashá Re'e (Observe ou vejam)

 


Estudos da Torá


Parashá nº 47 – Re’eh (Observe ou vejam)

Devarim/Deuteronômio Dt 11:26-16:17

Haftará (Separação) Is 54:11-55:5; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) 1Co 5:9-13.


1 - INTRODUÇÃO

Como normalmente fazemos vamos ao resumo da parashá, para que possamos ter uma visão geral.

Na Parashá Reê, Moshê continua a exortar o povo de Yisrael a seguir os caminhos da Torá, e a confiar em D’us. Moshê começa a colocar as mitsvot em perspectiva, sem ambiguidade, declarando que o povo de Yisrael será abençoado se cumprir a Torá, e amaldiçoado se não o fizer.

Ele começa então uma longa revisão de várias mitsvot, compreendendo a maior parte do livro Devarim. Primeiro discute alguns dos mandamentos que são relevantes à iminente conquista da Terra de Yisrael pelo povo, conclamando-os novamente a remover qualquer vestígio de idolatria.

Após ensinar-lhes certos detalhes sobre a oferenda e o consumo de corbanot (sacrifícios) a Torá ordena que o povo de Yisrael se abstenha de imitar as nações que os circundam. A eles é dito que permaneçam atentos aos falsos profetas e outras pessoas que poderiam afastá-los de D’us, e não aprendem as leis de uma cidade que tornou-se tão corrupta que a maioria de seus cidadãos sucumbiu à idolatria, recebendo por isso a pena de morte.

A Torá faz uma revisão sobre quais animais são casher, permitidos para consumo, e quais não o são, seguida pelas leis de ma’aser sheni – o segundo "dízimo", que é consumido por seus proprietários, mas apenas na cidade de Jerusalém.

Após ordenar que todas as dívidas sejam canceladas ao final de cada sétimo ano (Shemitah), e que devemos ser calorosos e caridosos com nossos irmãos, a Torá repete as leis relativas ao servo judeu. Ele deve ser libertado incondicionalmente no sétimo ano e coberto de presentes generosos por seu antigo amo.

A Parashat Reê conclui com uma breve descrição das três festas de peregrinação – Pêssach, Shavuot e Sucot – quando todos deveriam ir a Jerusalém e ao Templo com oferendas, para celebrar sua prosperidade.


2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

A porção dessa semana é “Reê”, que significa “observa” ou “vede”. Ela é tão profunda quanto a palavra “shemá” que fala de ouvir e obedecer. Perceba que ela está em modo imperativo. Ela tem a ver com uma percepção mais profunda, uma visão interior, com os “olhos” do coração. Veja o texto de Devarim (Dt) 11:26-28:


Observa(reê) que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Eterno, vosso Elohim, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Eterno, vosso Elohim, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.”


Vemos o Eterno apresentando dua opções para o homem, a fim de que ele tenha a oportunidade de escolher. Para que ele possa usufruir do livre arbítrio. O homem pode escolher viver desligado ou ligado ao Eterno. Por isso, essa parashá inicia com a palavra “Reê” ou seja, “observa”. O que temos que observar é as opções que nos são colocadas à frente, e tomar a decisão correta. Se o homem tivesse sido criado sem o poder de escolha seria um autômato, como uma máquina, porém, cada um de nós temos o poder ou a liberdade de escolher. Ninguém é obrigado a obedecer ou a pecar (desobedecer), porque o Eterno nos criou para sermos pessoas que podem escolher servir de livre e espontânea vontade.

O homem pode optar pelo caminho da transgressão, do pecado, no entanto essa liberdade não o isenta da responsabilidade e das consequências de suas escolhas. A indicação da liberdade de opção que o Eterno disponibiliza ao ser humano em escolher o bem ou o mal, que devido às consequências se tornarão em bênçãos ou em maldições. Veja o texto:


Reê anochi noten lifneichem haiom bracha ukelala

Veja que ponho diante de vós, hoje, a benção e a maldição” Dt 30: 19.


Segundo o site Britolam, as “brachot” seriam consequências da obediência à Torá e a maldição, o efeito e resultado da desobediência e rebeldia à Torá, quando o homem se desvia dos caminhos e vontade do Eterno.

Podemos então notar, que esta parashá comprova o livre arbítrio que HaShem deu ao ser humano, notamos também que indica o caminho da obediência para que se possa alcançar o êxito e as “brachot” (bênçãos).

O livre arbítrio deve ser visto como uma das dádivas preciosas que o ser humano recebeu. Permite o homem viver sua liberdade e fazer sua própria opção de vida. HaShem disponibiliza a vida e não impede que o ser humano tenha liberdade de escolha, entretanto, o Eterno como um Pai zeloso e amoroso indica e instrui o caminho da vida, da excelência e do melhor para seus filhos. Assim sendo, a Torá no mostra que o Eterno não criou uma máquina programada, mas um ser com capacidade de criar sistemas que tenham sua própria autonomia e competência para administrar sua própria vida e estar apto a tomar suas próprias decisões, arcando com as consequências dela, sejam boas ou más.

Pelo estudo do texto, podemos ver também que as bençãos eram pronunciadas por aqueles que estavam no monte Guerizim, enquanto as maldições pelas pessoas que estavam no monte Ebal. Agora perceba uma coisa, o monte Ebal, onde se pronunciaram as maldições, era mais alto que monte Guerizim. Isso é uma relação interessante, pois o topo do monte, representa juízo sobre a pessoa a qual cai a maldição. Ou seja, a maldição é aplicada após uma jornada mais longa do que a jornada que se percorre para subir o monte Guerizim. Isso quer dizer que, possivelmente, essa relação demonstra que o Eterno espera até ao último momento para que o ímpio se arrependa. O Eterno dá-lhe o máximo de tempo possível para que possa vir a se arrepender, mas se isso não ocorrer, ao final de sua jornada, a maldição ou juízo recairá sobre ele.

A porção “Reê” ou “ver” implica em compreender não só o aspecto da escolha mas o que está revelado, o caminho correto para a vida, assim também como crer e ter consciência de que, esta bem-aventurança procede de Deus.

Outra coisa, é que consiste ainda em considerar sobre as consequências desastrosas, conforme já mencionamos antes, da desobediência, como também as recompensas que o cumprimento dos mandamentos proporcionam, para que através delas o homem possa ter uma vida plena e abundante e servir melhor ao Eterno.

Yeshua fala sobre estes dois caminhos, da obediência e da rebeldia e suas consequências “Eu sou a porta, se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância;” (Yochanan/João 10:9-10). O site britolam.com.br no estudo dessa parashá diz que, estes são como dois caminhos alegóricos que se localizam no meio exterior, ao longo de toda a extensão da vida humana, onde obrigatoriamente se escolhe uma opção em detrimento da outra em meio a constante luta interior, na submissão do ser à vontade Divina.

Em nossas vidas muitas destas opções que surgem diariamente são de fácil escolha, ou seja, podemos prever suas consequências benéficas ou maléficas com muita clareza e evidência, sem haver uma tensão, um conflito interno, pois trata-se de uma escolha que condiz com o nosso caráter ou com nossa visão de mundo, como por exemplo, a escolha entre roubar ou não roubar. Contudo algumas escolhas não são tão simples assim, e dessa forma exigem certo discernimento para saber qual é o caminho correto a seguir, a fim de estar de acordo com a justiça de D’us. Isto portanto, requer o conhecimento das Escrituras, como também um relacionamento mais íntimo com o Eterno, com o exercício das disciplinas toraístas que constam na santidade, na adoração e tefilá (oração), no estudo da Torá, e comunhão constante com o povo de D’us.

Vede que ponho diante de vós, hoje, a bênção e a maldição.” Dt 11:26


O comentário da Torá da Editora Sêfer no início dessa porção, diz que os dois primeiros versos dessa parashá e mais adiante na parashá Nitsavim, em Dt 30:19, sintetizam muito bem a ideia do livre arbítrio e da responsabilidade moral do homem, conforme mencionamos acima. O comentário continua dizendo que a Torá, que é a fonte da misericórdia, mostra ao povo os dois caminhos: o do bem e o do mal, pois é difícil para o homem escolher entre eles pelo fato de que um destes caminhos parece fácil, claro e confortável para o viajante; porém, à medida que avança, percebe que a via se torna tortuosa, com obstáculos, obscura e triste. O outro, entretanto, de acordo com o referido comentário, que aparenta ser acidentado, é na realidade o mais seguro, aquele que conduz ao objetivo supremo, ao cumprimento do destino do homem sobre a terra. As aparências enganam muitas vezes, por isso a Torá adverte e nos aconselha a escolher o caminho verdadeiro, que conduz à bênção e à vida.

Com tudo isso, essa porção compreende em retornar à pureza da essência da Torá rompendo com as tradições que impedem a percepção e o entendimento da vontade Divina expressa nas Escrituras. Veja que Yeshua fala sobre isso no seguinte texto:


Vocês negligenciam os mandamentos de D’us e se apegam às tradições dos homens. E disse-lhes: Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de D’us, a fim de obedecer às suas tradições!” Marcos 7:8 e 9.


Assim, é muito importante e urgente que retornemos a observação das prescrições da Torá, considerando que a Palavra de Deus é imutável, e nos garante tomar a opção certa, não para entrada na Aliança, que é concedida pela misericórdia ou graça Divina, mediante a vida justa de Yeshua HaMashiach, mas para permanecer nela, em santidade constante, como o próprio Yeshua disse em Mt 5:18-19.


Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus.”


O irmão Metushelach Cohen, autor do Blog Judeu Autônomo, sobre esta parashá, diz que essa porção nos leva refletir sobre como podemos obedecer alguns mandamentos cujos significados vão muito além de nosso entendimento, assim sendo os obedecemos não por entendermo-los mas por temor ao Eterno. Mas o que significa ter Temor ao Senhor?

Ele continua com o seguinte questionamento: Será que significa que devemos ter medo da desaprovação de D-us sobre nós? Deveremos viver no medo sobre uma perspectiva de um futuro julgamento pelos nossos pecados?

A fim de considerar tais questões, vamos refletir sobre um versículo da Torah:


Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temas ao Senhor, teu D-us, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu D-us, de todo o teu coração e de toda a tua alma” Devarim/Dt 10:12


Nesta declaração sumária do que D-us exige de nós, vemos que o Temor ao Senhor - Yirat HaShem: é mencionado em primeiro lugar. Assim, temos de aprender a TEMER corretamente ao Senhor, e só então poderemos ser capazes de andar em Seus caminhos, para amá-lo, e para servi-lo com todo nosso coração e alma. Mais uma vez, o requisito de TEMER ao Senhor teu D-us é colocado em primeiro na lista.

Na verdade, o Temor ao Senhor é dito ser o princípio da sabedoria conforme o Salmo abaixo:


O Temor ao SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.” Tehilim/Salmos 111:10


As Escrituras claramente declaram que o Temor ao Eterno leva a vida, conforme vemos no texto abaixo:


O Temor ao Senhor conduz à vida; aquele que o tem ficará satisfeito, emal nenhum o visitará.” Mishlei/Provérbios 19:23


Ainda segundo o Blog do Judeu Autônomo, a palavra hebraica “Yirat” יראת que foi traduzida em muitas versões da Bíblia é “temor”, mas “Yirat” tem um significado muito maior nas Escrituras Sagradas. Às vezes refere-se ao medo que nós sentimos em antecipação de algum perigo ou de sofrimento, mas também pode indicar admiração ou reverência. Neste último sentido, a palavra “Yirat” inclui a ideia de maravilha, espanto, admiração, gratidão, e até mesmo adoração (igual a um sentimento que começa quando nós admiramos algo maravilhoso).

Então, ainda segundo o referido blog, “O Temor ao Senhor”, inclui uma esmagadora sensação de glória, dignidade, e a beleza do único verdadeiro D-us.

Alguns dos Sábios Rabinos da antiguidade ligaram a palavra “YIRAT” com a palavra ‘Ver’ - quando nós realmente ‘vemos’ a vida como ela é, nós seremos preenchidos com a admiração e temor sobre a glória de tudo isso. Cada sarça será iluminada com a presença de D-us e o solo onde caminhamos, de repente, será visto como sendo Santo, de acordo com Êxodo 3:2-5.

Nada vai parecer comum, ou trivial ou insignificante. Neste sentido, ‘temor e tremor’ diante a D-us é uma descrição da consciência interna da santidade da vida em si, conforme podemos ler nos textos a seguir:


Adorem ao Senhor com temor; exultem com tremor.” Salmo 2:11


Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor,” Filipenses 2:12.


O autor Abraham Joshua Heschel escreveu: “Temor é uma intuição para a dignidade de todas as coisas, uma percepção de que as coisas não só são o que são, mas também têm, no entanto remotamente, algo supremo. Temor é um sentido para a transcendência, para o mistério para além de todas as coisas. Isso nos permite perceber no universo as insinuações do Divino, ao sentir a grandeza no comum e no simples: sentir-se na agitação da passagem da quietude do que é eterno. O que nós não podemos compreender por análise, nós nos tornamos conscientes de temor” (Heschel: D-us em busca do Homem, ARX, 2006)

Hershel continua: “O temor ao Senhor é o início da sabedoria” (Salmo 111:10) e observa que tal temor não é o objetivo da sabedoria, mas seu meio. Começamos com temor que nos leva à sabedoria.

Então, o que significa a palavra YIRAT – Temor em Devarim/Dt 10:12? Devemos considerar como medo ou temor? Nós devemos temer a D-us através de uma sensação de que estaremos sendo ameaçado por ELE por causa dos nossos pecados e transgressões, ou devemos considerá-lo no temor na reverência por causa da Sua magnitude?

Esta pergunta é vital, pois dependendo de como responderemos isso afetará como caminharemos nos caminhos de D-us, se vamos amá-lo, e como vamos servi-lo, se, com todo o nosso coração e alma ou não.

Concluindo, ao aprender com a porção Re’eh - “observa” ou “vede”, que o Eterno nos dá a liberdade de escolha sobre qual caminho seguir, devemos ter em mente onde esse caminho nos levará, ou qual será as consequências dele. HaShem coloca para escolhermos o caminho da obediência, cujas consequências são as bençãos, e também coloca o caminho da desobediência, cujas consequências são as maldições ou juízos. Devemos saber escolher, pois quando se entra pelo caminho da desobediência, mesmo que depois nos arrependamos e sejamos perdoados, e retornemos para o caminho da obediência, algumas consequências de nossas escolhas erradas nos acompanharão por muitos anos em nossas vidas. Então, como diz o texto:


Cuidem de seguir todas as leis e regras que ponho hoje diante de vocês.” Dt 11:32


Que o Eterno os abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)


Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822836/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha_47-_re.pdf

- https://www.britolam.com.br/parashat-ree

- http://judeu-autonomo.blogspot.com/2012/08/parashat-ree-observem-vejam-parashat.html

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

O motivo de eu não pronunciar o nome cristão do Messias, o JC.

 O motivo de eu não pronunciar o nome cristão do Messias, o JC.

Fui cristão durante muitos anos em minha vida, no entanto, há vários anos isso mudou. Aprendi muito enquanto estava lá, mas com o tempo, dedicação nos estudos, o Eterno por sua infinita misericórdia (chessed) começo a me mostrar a verdade. Isso foi me transformando aos poucos, trazendo mudanças em minha forma de ver e entender o que está em nossas Bíblias.
Comecei a estudar hebraico e ver que algumas traduções e informações nas Bíblias estavam equivocadas. E aprendi que nomes não se traduzem. Então comecei a chamar o nome correto do messias, principalmente depois que comecei a me dedicar ainda mais ao estudo da Torá.
Me lembrei com o tempo que o JC, o messias cristão, é visto como divindade, algo que já havia deixado de crer há muitos anos.
Então, estudando a Torá percebi que há um mandamento muito sério a respeito de nomes de divindades. Veja o texto abaixo:
Êxodo 23:13. "Tenham o cuidado de fazer tudo o que lhes ordenei. *Não invoquem o nome de outros deuses; não se ouçam tais nomes dos seus lábios.* "
Veja que o Eterno, o criador dos céus e da terra manda que não haja em nossa boca o nome de deuses pagãos. E se JC é adorado, reconhecido e louvado como uma divindade, logo esse mandamento de D'us está também indicado para o nome dele. E sabendo que nome não se traduz, então acabei deixando de falar esse nome.
Procuro sempre ter cuidado ao transcrever textos dos escritos nazarenos, conhecidos como Novo Testamento, para não incorrer em erro diante do Eterno, e nem levar meus irmãos a pecarem.
Algumas pessoas e até alguns irmãos em teshuvah acreditam que não tem problema, mas diante da Torá de HaShem, eu pessoalmente, creio que haja sim, problema em pronunciar esse nome.
E vou mais além! Esses dias atrás estava pensando que às vezes falamos sem perceber nomes de divindades pagãs, ou deixamos eles serem falados em casa, quando mencionamos ou assistimos a alguns filmes.
Por isso, devemos sempre vigiar para estar de pé diante de Adonai, nosso Elohim. Assim, recomendo que tenham cuidado, mas cada um segue conforme lhe apráz. Eu fui despertado para isso e já há alguns anos vivo assim.
Grande abraço a todos. Shalom!
Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva - Moshê Ben Yossef)

domingo, 21 de agosto de 2022

Estudo de Mateus 5 - Parte Final

 


Estudo de Mateus 5 – Parte Final


Mt 5:33-48


O propósito desse estudo é continuar trazendo entendimento a respeito do que o messias Yeshua ensinou e mostrar que todos os seus ensinos tinham como base as Escrituras Sagradas, ou seja, em sua época o TaNaK (Torá, Neviím-profetas e os Ketuvim-escritos). Por isso mostraremos aqui os princípios claros e escriturísticos das palavras do mestre da Galil (Galiléia), Yeshua Natseret, HaMashiach.


Se você ainda não viu os estudos anteriores recomendo buscar e acessá-los para maior absorção do conteúdo, principalmente em relação ao capítulo 5, que estamos estudando, as partes 1, 2, 3 e 4 trouxeram muitos entendimentos importantes.


Recapitulando

Vimos nos estudos anteriores o Sermão do Monte, as “bem-aventuranças”, e que elas são apenas o começo do ensino de Yeshua naquela ocasião, o ensino abrange do capítulo 5 ao 7. Vimos também como os servos do Eterno devem viver, e como é ser desse reino e quais as obrigações e responsabilidades com as pessoas deste mundo. Estudamos também que Yeshua mencionou mandamentos das 10 palavras e clareou o entendimento a respeito deles. Vimos também a respeito do adultério, do divórcio e do assassinato.


Ainda estamos na terceira seção, e temos observado que Yeshua deu aos talmidim uma profunda perspectiva sobre a Torá de HaShem. Esta seção é muito mal compreendida no sistema religioso, pois conforme já falei antes, muitos acham que Yeshua está trazendo ensinamentos contrários à Torá, devido às supostas “antíteses (oposições)” ao apresentar casos que aparentemente são contraditórios, mas estamos vendo que ele estava na verdade ensinando a mais pura Torá do Eterno.


Leitura do Texto

Façamos a leitura do Evangelho de Mateus 5:33-48 e depois, como sempre fazemos comentaremos os versos específicos com seus entendimentos corretos.


Os Juramentos

E, ainda, vocês ouviram que foi dito aos nossos pais: ‘Não descumpra um juramento’, e ‘Cumpra todos os seus votos feitos a Adonai’. Mas eu lhes digo que não jurem de jeito nenhum – nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o apoio dos pés dele; nem por Yerushalayim, por ser a cidade do grande rei. E não jurem pela cabeça de vocês, porque não podem tornar branco ou preto um único fio de cabelo. Mas que o ‘sim’ de vocês signifique apenas ‘sim’, e o ‘não’ seja ‘não’; qualquer coisa além disso tem origem no maligno.” Mt 5:33-37


Temos visto uma série de aparentes contradições e antíteses, como as duas primeiras que vimos antes, que falaram de assassinato e adultério, onde sua base estava nas Dez palavras. Perceba que a antítese do divórcio e as que lhe sucedem são retiradas de seções da Torá, incluindo esta sobre jurar falsamente e fazer votos ao Eterno.


E aqui, mais uma suposta contradição entre o que a Torá diz e o que Yeshua ensina. Para os ensinos do sistema religioso Yeshua proíbe os juramentos e a Torá os permite, no entanto não é bem assim, e podemos conferir de acordo com os seguintes textos:


"Não furtem. Não mintam. Não enganem uns aos outros. Não jurem falsamente pelo meu nome, profanando assim o nome do seu D’us. Eu sou o Eterno.” Lv 19:11 e 12


Quando um homem fizer um voto ao Eterno ou um juramento que o obrigar a algum compromisso, não poderá quebrar a sua palavra, mas terá que cumprir tudo o que disse.” Nm 30:2


Temam o Eterno, o seu D’us, e sirvam-no. Apeguem-se a ele e façam os seus juramentos somente em nome dele.” Dt 10:20.


Se um de vocês fizer um voto ao Eterno, ao seu D’us, não demore a cumpri-lo, pois o Eterno, o seu D’us, certamente lhe pedirá contas, e você será culpado de pecado se não o cumprir.” Dt 23:21


Será que aqui Yeshua está realmente sendo contra ao que a Torá prescreve como instrução? Será que esse é um ensino realmente contraditório? Bom, vejamos algumas informações importantes que muito nos ajudarão no entendimento do contexto geral desse ensino de Yeshua.


A parte da Torá que Yeshua está mencionando em seu ensino é localizada em uma seção de Lv 19:11-13, que condena práticas enganosas, assim como os demais versos citados. E podemos notar que a preocupação de Yeshua é com a “kavanáh” ou seja, as intenções. Pois está implícito que qualquer pessoa que faz uma promessa sem a intenção de cumprir tomou a decisão consciente de pecar. E mesmo que a primeira ordem contra o falso juramento tenha a ver com as promessas feitas a outra pessoa, a segunda ordem envolve promessas feitas a D’us.


Ao lermos o texto de Dt 23:21, percebemos que tem plena ligação com as palavra de Yeshua em Mt 5:33-37, e mais ainda, tem também ligação com a situação de Ananias e Safira em Atos 5:1-11, onde agiram justamente com a intenção de enganar.


O fato é que a Torá não impede os juramentos, mas proíbe os falsos juramentos, conforme pode ser visto em Lv 19:12. Partindo deste entendimento o judaísmo desenvolveu um conceito de que não seria necessário firmar um voto, uma vez que o indivíduo deve ter uma idoneidade ilibada a ponto de que suas palavras já valessem como juramento.


De acordo com Filo de Alexandria, um filósofo judeu contemporâneo de Yeshua (25 A.EC a 50 D.E.C), “a palavra de um homem bom… deveria ser um juramento, firme, inabalável, completamente livre de falsidade, firmemente plantado na verdade.” (Decálogo, 84).


De acordo com o documento chamado Regra de Damasco, os Essênios diziam: “Não jurará pelo Álef e o Lamed, nem pelo Álef e o Dálet” (Col. XIV, 1). Álef, Lamed e Dálet são letras do alfabeto hebraico. Álef e Lamed são as letras que formam a palavra “EL”, uma das designações do Eterno, e o Álef e Dálet são as iniciais de “Adonai”, que significa “meu Senhor”. Assim, o que podemos ver é que os essênios, da mesma forma que Yeshua, não recomendavam que fossem proferidos juramentos usando o nome do Eterno. E isso pode ser confirmado por Flávio Josefo, o historiador judeu, que também viveu no primeiro século, e escreveu sobre a abstenção de juramentos por parte dos essênios dizendo: “...e cumprem tão inviolavelmente o que prometem que se pode prestar fé às suas simples palavras, como a juramentos. Eles os consideram mesmo como perjúrios, porque não podem crer que um homem não seja um mentiroso quando tem necessidade, para que nele se creia, de tomar a Deus por testemunha.” (História dos Hebreus, CPAD, 8ª edição, página 1130).


Com o que mostramos até aqui, podemos notar que os essênios pensavam que a palavra de um homem deveria ter naturalmente, a força de um juramento, por isso não seria necessário invocar o nome do Eterno. Assim como semelhantemente, o Talmud, em uma de suas passagens em que os rabinos discutem se um contrato verbal teria força obrigatória entre as partes, quer dizer, a palavra deveria ser cumprida, veja:


O rabino Yosef filho de Yehudá disse: ...é para ensinar-lhe que o seu ‘sim’ deve ser apenas sim e que seu ‘não’ deveria ser apenas não. Abaye disse: Isso significa que não se deve falar uma coisa com a boca e outra com o coração.” (Talmud Bavli, m. Bava Metsia, 49a).


Com isso podemos perceber que o ensino de Yeshua a respeito dos juramentos é compatível principalmente com a Torá, mas também com a interpretação dos principais mestres de sua época.


Yeshua queria ensinar com essas palavras, que é proibido, dentro do contexto dos mencionados versos da Torá, a pessoa falar algo que não vá cumprir, ou falar uma palavra à toa, pois segundo esse entendimento o Eterno é testemunha de tudo o que se diz, conforme vimos no estudo da Parashá Matot, recentemente. Exatamente por isso, o mestre diz no verso 37: Seja, porém, o vosso sim, sim e o vosso não, não, pois o que passa disso é de procedência maligna (Yestser Hará – Carnalidade).”


Olho por olho

Vocês ouviram o que foi dito aos nossos pais: ‘Olho por olho e dente por dente’, mas eu lhes digo: não se oponham a quem age errado contra vocês. Ao contrário, se alguém bater na sua face direita do seu rosto, permita-lhe bater também na esquerda! Se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a camisa, deixe-lhe também o casaco! E se um soldado forçar você a carregar a sua carga por um quilômetro e meio, carregue-a por mais três quilômetros! Quando alguém lhe pedir alguma coisa, dê o que foi pedido; quando alguém quiser pedir algo emprestado a você, empreste.” Mt 5:38-42


Será que o justo mestre da Galiléia, Yeshua Natzeret, estava aqui de forma amorosa anulando uma lei tão rígida, que permitia as pessoas se vingarem daqueles que lhes faziam mal?


Aprendemos no sistema religioso, com os que são adeptos da graça sem a lei, como também um dia fomos, que “Yeshua anulou a lei, pondo fim à crueldade dela, que preconizava olho por olho e dente por dente”. Mas vejamos o que realmente Yeshua estava dizendo e de onde ele tirou seu ensino.


De fato, a Torá do Eterno, conhecida também como Lei de Moisés ou ainda Lei Mosaica, contém uma cláusula ou instrução conhecida nos meios teológicos como Lei de Talião, o famoso “olho por olho, e dente por dente”, conforme podemos verificar em um de seus textos, veja Shemot/Êxodo 21:23-25:


Mas, se houver danos graves, a pena será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, contusão por contusão.”


Note que, aqueles que pensam ser isto uma instrução para a vingança ou paga na mesma moeda, está cometendo um erro, pois não compreendem o contexto cultural e textual, do que significa o “olho por olho e dente por dente”. De forma equivocada, pensam que na época de Moshê o Eterno teria autorizado que alguém arrancasse o olho de outra pessoa, de forma selvagem e vingativa.


O “olho por olho e dente por dente” não pode ser interpretado na sua literalidade, pois dentro do contexto onde ele se encontra textualmente e culturalmente, trata-se de uma expressão idiomática para dizer que, se alguém causar um dano qualquer a outro, deverá compensá-lo por meio de uma indenização que seja proporcional ao prejuízo causado. Ou seja, se em uma discussão acalorada que leve a uma briga, um indivíduo arranca o dente do outro, este terá o direito de receber a compensação financeira devida e correspondente ao dano que lhe foi causado.


E há entendimentos rabínicos acerca desse assunto que vem da Torá oral, observe:


Segundo o Talmud, na verdade, o Legislador não quis dizer ‘olho por olho’, e aqui vamos dar dois exemplos para demonstrar que sua aplicação nem sempre é possível. Supondo que Simão tenha só um olho e que, numa briga com Rubem, este o tire, ficando Simão completamente cego, não se faria justiça tirando um olho de Rubem; o castigo seria insuficiente, pois cegou completamente um homem e ele (o que cegou) não ficou cego. Vejamos o caso contrário: Simão, que tem um olho só, tira um olho de Rubem. Se, para castigar Simão, Rubem lhe tira o seu único olho, ele ficará cego, e desta forma o castigo não terá a mesma proporção do delito, porque simão não cegou completamente Rubem. Portanto, essa lei chamada de ‘Lei de Talião’ não tem o sentido que se lhe atribui, senão que é uma questão de danos e prejuízos, na qual aquele que danifica sofre ou paga segundo o critério dos juízes.” (Torá – A Lei de Moisés, Editora Sêfer, 2001, página 222).


Há ainda menções sobre essa compensação monetária em caso de dano causado por um indivíduo, por Flávio Josefo, e também na Mishná.


Com isso, podemos reler o texto dos versos 38-40, e ver as palavras do mashiach entendendo que ele ensinou na verdade, que seus discípulos quando fossem injustiçados deveriam, no lugar de exigir a compensação financeira do dano sofrido, “oferecer a outra face”, ou seja, demonstrar bondade a seus agressores e nunca buscar a vingança.


Portanto, Yeshua não estava abolindo o sistema judicial de reparação de danos do “olho por olho”, mas estava instruindo aos seus talmidim que não buscassem se vingar daqueles que lhes ofendesse, da mesma forma que também diz a Torá:


Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Eterno.” Vayicrá/Levítico 19:18


Segundo o rabino John Fischer, o ponto que Yeshua enfatiza é a resposta adequada para o insulto de ‘levar um tapa da face’. Uma pessoa não deve buscar a reparação ou retaliação, mas suportar o insulto com humildade. Assim, os rabinos concordam e aconselham que se alguém recebeu um golpe na face deve perdoar o ofensor, mesmo que ele não peça perdão. E o Talmud elogia a pessoa que aceita ofensa sem retaliação e se submete ao sofrimento e ao insulto alegremente, no Yoma 23a.


Finalmente, dar a outra face não é um ensino novo de Yeshua, uma vez que essa instrução já constava no TaNak, conforme lemos em Eikhah/Lamentações 3:30:


Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta.”


Mais uma vez, vimos que Yeshua não anulou a Torá, pelo contrário, clareou seu entendimento com lições fundamentadas também no restante do TaNaK e nos midrashim dos sábios.


Ame o próximo

Vocês ouviram o que foi dito aos nossos pais: ‘Ame seu próximo – e odeie seu inimigo’. Mas eu lhes digo: amem seus inimigos; orem por quem os persegue! Então vocês se tornarão filhos do Pai celestial. Porque ele faz seu sol brilhar, da mesma forma, sobre pessoas boas e más e envia chuva, igualmente, para justos e injustos. Que recompensa obterão se amarem só quem ama vocês? Por que a teriam, se até os coletores de impostos agem assim? E se vocês forem amáveis só com seus amigos, o que há de extraordinário? Até os goyim fazem isso! Portanto, sejam perfeitos, como o Pai celestial de vocês é perfeito.” Mt 5:43-48


E aqui neste ensino, será que Yeshua estava mesmo trazendo um ensino contrário ao da Torá?

Quando os teólogos do sistema religioso leem este trecho do ensino de Yeshua, afirmam que a Torá ensinava tanto o amor ao próximo como também o ódio aos inimigos, e que por isso, Yeshua veio para mudar esta situação, ensinando que seus discípulos (talmidim) amassem a todas as pessoas, incluindo os inimigos. E aqui está o erro destes “doutores da lei” modernos. A Torá de HaShem mandou amar a todos os homens, e nunca mandou odiar aos inimigos. Essa parte do ódio não é vindo da Torá, mas da tradição, da halachá, das cercas levantadas pelos religiosos da época que deturparam as palavras do Eterno descumprindo o que Moshê falou em Dt 4:2, que diz:


A fim de obedecer às mitsvot de Adonai, o seu Deus, que estou dando a vocês, não acrescentem nada ao que digo, e nada subtraiam delas.


Vejamos o que a Torá realmente instrui sobre o amor e o ódio nos versos abaixo:


Não odeiem seu irmão no seu coração, e repreendam seu vizinho com franqueza, para não incorrerem em pecado por causa dele. Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Eterno. (…) O estrangeiro residente que viver com vocês deverá ser tratado como o natural da terra. Amem-no como a si mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito. Eu sou o Eterno, o Elohim de vocês.” Vayicrá/Levitico 19:17,18 e 34


Podemos notar com isso, que a Torá ensina a amar o próximo como a si mesmo e proíbe o ódio. Assim, compreendemos claramente que Yeshua queria mostrar o erro que os religiosos cometeram ao deturpar algo que a Torá dava instrução contrária.


Então as palavras de Yeshua poderiam ser lidas assim: “Vocês ouviram o que foi dito aos nossos pais: ‘Ame seu próximo (conforme consta na Torá em Lv 19:17,18 e 34), e odeie seu inimigo’(isto não está na Torá, porque foi ensinado erroneamente como se fosse um mandamento, mas é uma tradição de homens, e não do Eterno). Mas eu lhes digo: amem seus inimigos; orem por quem os persegue!(porque estes mandamentos estão no TaNak, em Lv 19:34 e Pv 20:22) Então vocês se tornarão filhos do Pai celestial. Porque ele faz seu sol brilhar, da mesma forma, sobre pessoas boas e más e envia chuva, igualmente, para justos e injustos. Que recompensa obterão se amarem só quem ama vocês? Por que a teriam, se até os coletores de impostos agem assim? E se vocês forem amáveis só com seus amigos, o que há de extraordinário? Até os goyim fazem isso! Portanto, sejam perfeitos, como o Pai celestial de vocês é perfeito.”


Observe agora, que este ensino de Yeshua sobre o amor ao próximo, tirado da Torá conforme mostramos acima, se assemelha com o ensino do grupo farisaico de Hilel, que viveu entre 60 A.E.C a 9 D.E.C, pois ele ensinava o amor a todos os seres humanos, incluindo os inimigos, de acordo com o que podemos ver na passagem da Mishná abaixo:


Hilel dizia: procurai ser como os discípulos de Aharon, amai a paz, procurai a paz, amai as pessoas e aproximai-as da Torá.” Avot 1:12


Outra coisa, de acordo com Filo de Alexandria, já mencionado aqui, o judaísmo praticado pelos essênios também davam ênfase ao amor, conforme podemos perceber no trecho abaixo:


Nisso usam uma regra e uma definição tríplice, isto é: amor a Deus, amor à virtude e amor à humanidade” (Philonis Opera, Ed. Mangey, London, 1742).


Segundo o rabino Mario Javier Saban (El judaísmo de Jesus), Yeshua jamais confrontou com sua própria opinião a “palavra de D’us”. Esta conclusão é uma argumentação típica do cristianismo, que querem nos fazer acreditar e tentam comprovar que Yeshua estava criando uma nova lei. Posso demonstrar, diz o mencionado rabino, que Yeshua disse o que disse, baseando-se no texto da Torá. Se você estiver atento poderá comprovar ao ler os versos de Mateus 5:48 e de Lucas 6:36 que cito abaixo.


O mencionado autor continua em seu livro, no texto de Mateus 5:48, Yeshua diz: “Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.” E no texto de Lucas 6:36, Yeshua diz: “Sede misericordiosos, como vosso Pai celestial é misericordioso.” Tanto o texto de Mt 5:48 como o de Lc 6:36 são equivalências rabínicas do texto da Torá contido no livro de Levítico 19:2, que diz: “Sereis santos, porque eu sou santo, eu Adonai, vosso D’us”.


Finalmente, mais uma vez, vimos que os ensinos de Yeshua sobre o amor ao próximo como a si mesmo possui respaldo na Torá, e se desenvolveu doutrinariamente, mesmo antes do período à vinda do Mashiach, destacando-se nas lições da casa de Hilel e dos essênios. Por isso, após termos analisado cada um desses ensinos de Yeshua, podemos chegar ao entendimento de que as palavras do mestre não violaram ou aboliram a Lei de Moisés, a Torá do Eterno, mas as explicaram de maneira clara e limpa para mostrar qual era a vontade de HaShem.


Os versos finais, 45-48, são a explicação de Yeshua sobre a consequência de se viver no caminho da verdade e o que o Eterno deu justamente para todos indistintamente, mas os que obedecem tornam-se filhos do Pai Celestial, que é perfeito.


Estude as Escrituras corretamente, afaste-se dos dogmas e entenderá corretamente os princípios bíblicos.


Que o Eterno lhes abençoe! Até o próximo.


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)