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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Estudo da Parashá Toldot - Seja uma fonte de água limpa.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 6 – Toldot (Gerações)

Bereshit/Gênesis 25:19-28:9

Haftará (separação) Ml 1:1-2:7 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Rm 9:6-16; Hb 11:20; 12:14-17


Tema: Seja uma fonte de água limpa.


Vivemos em tempos de desafios, onde obedecer aos mandamentos e perseverar nas promessas do Eterno parecem ser atitudes quase impossíveis, apesar de não ser. Muitas vezes, os obstáculos geram desanimo, e o peso das lutas podem conduzir ao pensamento de desistir da caminhada. Mas é justamente nesses momentos que a Palavra do Eterno, a Torah, nos inspira a buscar força e direção. Nessa porção, a história de Yitschak, narrada na parashá Toldot, nos oferece um ensinamento poderoso: assim como ele cavou poços em meio a conflitos, persistiu diante da oposição e encontrou paz em Rechovot (alargou), também somos chamados a sermos fontes de água limpa em um mundo árido.

Neste estudo, exploraremos algumas lições práticas ensinadas nessa narrativa sobre perseverança, fé e obediência ao Eterno. Veremos como essa passagem ecoa nas palavras dos profetas e se cumpre de maneira profeticamente no Messias e em seus seguidores. Por fim, observaremos também os ensinamentos de Yeshua e seus emissários para descobrir como podemos nos tornar poços de água limpa que trazem vida e renovação aos que estão ao nosso redor.

Se você deseja encontrar inspiração para superar as dificuldades, renovar sua confiança no Eterno e compreender como as Escrituras se conectam de forma prática e profética, este estudo é para você. Descubra como Yitschak nos ensina a caminhar em direção a um "Rechovot" - alargamento em nossas vidas - um lugar de paz, abundância e espaço amplo sob a bênção do Eterno, em um futuro vindouro.



RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Toldot nos leva a mergulhar na vida de Yitschak e Rivca, revelando como o plano do Eterno começa a tomar forma através de suas descendências. Esta é a única porção semanal dedicada integralmente a Yitschak, mas sua mensagem é profundamente rica e cheia de ensinamentos, tanto éticos quanto proféticos.

O texto nos apresenta o clamor de Yitschak e Rivca, um casal unido pela confiança no Eterno, que, após vinte anos de esterilidade e insistente interseção, vê suas orações atendidas. Rivca descobre que sua gravidez não era comum devido à agitação que sentia dentro de si: havia uma batalha no ventre, representando dois filhos que darão origem a duas nações. O Eterno revela que o mais novo prevalecerá sobre o mais velho.

Essav, o primogênito, nasce forte e peludo, enquanto Yakov, agarrado ao calcanhar do irmão, já mostra sinais de sua determinação. Enquanto Essav se torna um caçador, um homem do campo, Yakov cresce nos caminhos da integridade, habitando nas tendas. A narrativa nos apresenta uma reviravolta: faminto após uma caçada, Essav despreza sua primogenitura e vende a Yakov por um prato de lentilhas, revelando as diferenças profundas entre eles.

Em outro episódio, Yitschak revive a experiência de Avraham ao enfrentar o medo em Gerar, chamando Rivca de irmã para envolvê-la. Apesar das dificuldades, ele prosperou, reabrindo os poços de seu pai e cavando novos, até encontrar paz em um lugar chamado Rechovot.

Já na velhice, cego e desejando abençoar Essav, Yitschak é surpreendido pela astúcia de Rivca e Yakov. Em um ato que une fé e ousadia, Rivca veste Yakov com as roupas de Essav, e ele recebe uma vitória proveniente do primogênito. Este evento muda para sempre o curso da história.

A tensão entre os irmãos explode, e Yakov precisa fugir. Ele parte rumo a Haran, onde buscará refúgio e também uma esposa na casa de Lavan, irmão de sua mãe. Enquanto isso, Essav, em uma tentativa de apaziguar seus pais, toma uma esposa da linhagem de Ismael.

Toldot nos desafia a reflexão sobre escolhas, fé e os designs do Eterno. É uma história de conflitos, reconciliações e promessas que se estendem por gerações, mostrando que mesmo os caminhos mais difíceis estão sob a soberania do Eterno. Que esta narrativa inspire sua busca pelas Escrituras e fortaleça sua confiança nas promessas do Eterno!


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Iniciando o estudo propriamente dito, dessa parashá, vamos fazer a leitura da passagem que nos encaminha ao assunto. Leiamos Bereshit/Gn 26:13-22.

Nessa parashá, a passagem em que Yitschak reabre os poços que Avraham tinha aberto, cava novos recebendo resistência e encontra paz em Rechovot, é um marco na parashá Toldot. Mais do que um relato histórico, ela nos ensina sobre a perseverança em meio às dificuldades, sobre a necessidade de manter viva a esperança na promessa em obediência aos mandamentos, profeticamente, aponta para os tempos de restauração e justiça no plano do Eterno. Por meio de um estudo reflexivo, veremos como essa narrativa inspira práticas diárias, oferece uma visão profética sobre o Messias e está profundamente conectada aos ensinamentos de Yeshua e seus emissários.


1. Reabrindo os poços: perseverança em tempos de dificuldade

Dos três patriarcas Yitschak foi o que teve a vida mais tranquila, e mesmo assim, enfrentou desafios importantes. Em Gerar, terra tomada pelos filisteus, que historicamente vieram de ilhas do mediterrâneo, Yitschak teve de lidar com conflitos constantes. Mesmo assim, seguiu cavando, reabrindo os poços que seu pai Avraham havia escavado. Esses poços, fonte de água em uma terra árida, representam a continuidade da herança e da bênção do Eterno. Profeticamente, assim como dos poços fluem água limpa e pura, pessoas que recebem a Torah em sua vida, fluem água pura e limpa, ou seja, os poços representam pessoas que de seu interior fluem ações práticas de Torah, veremos mais à frente, as palavras de Yeshua para a mulher samaritana. E essas pessoas começam a praticar o que aprenderam e se tornam fonte para outas pessoas também.

A cada novo poço, Yitschak demonstrava resiliência, paciência e confiança no Eterno. Porém mesmo assim, encontrou resistência externa, pessoas que não queriam deixar os poços com o patriarca. Apenas no terceiro poço, chamado Rechovot, ele encontrou tranquilidade e espaço para prosperar. Esse poço é uma representação das atividades das pessoas no reino do Eterno depois do sétimo milênio.


Yitschak abriu outra vez os poços cavados durante os dias de Avraham, seu pai, os que os p’lishtim fecharam após a morte de Avraham, e chamou-os pelos nomes que seu pai lhes deu. Os servos de Yitschak cavaram no vádi e descobriram uma fonte de água. Contudo, os pastores de Gerar discutiram com os pastores de Yitshcak, afirmando: Essa água é nossa! Por isso ele chamou o poço Esek – discussão, pois eles discutiram com ele. Eles cavaram outro poço, e houve discussão por causa desse também. Assim, ele o chamou Sitnah – inimizade. Ele partiu dali e cavou outro poço, e não houve discussão por causa dele. Então, ele o chamou Rechovot – amplos espaços abertos, e disse: Agora Adonai preparou-nos um espaço, e seremos produtivos na terra. Gn 26:18-22


Este relato nos desafia a perseverar em nossas próprias vidas. Muitas vezes, enfrentamos “filisteus modernos”, isto é, obstáculos que tentam impedir nosso progresso. Este progresso diz respeito a crescer em obediência e nos aproximar cada vez mais da vontade do Eterno.

Yitschak não desistiu, mas trabalhou diligentemente, confiando que o Eterno abriria um caminho de paz. Assim como ele, somos chamados a preservar a herança da fé, escavando "poços", ou seja pessoas, por meio de oração, obediência, confiança e, principalmente, instrução da Torah, mesmo quando confrontados por adversidades. Esse poços após serem limpos tornam-se fontes de águas limpas que purificam e matam a sede de outros.


2. Os poços e a visão profética do futuro

A escavação e reabertura dos poços por Yitschak, conforme disse acima possui significado profundo, e amplia o entendimento nos escritos dos profetas. Em Yeshayahu/Isaías, lemos sobre a água como símbolo de justiça e salvação:


Com alegria tirareis águas das fontes da salvação” Yeshayahu 12:3.


Este versículo aponta para um tempo em que o povo do Eterno encontrará restauração e refrigério, tornando-se fontes de salvação, ao levarem a palavra do Eterno aos perdidos, Leia todo o capítulo mencionado acima, e confirme esses apontamentos proféticos.

Rechovot, que significa “espaço amplo”, também ecoa o que os profetas disseram sobre a vinda de dias em que haverá espaço para a paz e justiça entre as nações.

Em Mikhah/Miqueias está escrito:


E julgará entre muitos povos e resolverá problemas de nações poderosas; converterão suas espadas em arados e suas lanças em foices. Nenhuma nação erguerá a espada contra outra, e não aprenderão mais a guerra Mikhah 4:3.


O encontro de paz em Rechovot reflete a esperança de um tempo em que o Messias traz restauração total à terra, inaugurando uma era de harmonia e prosperidade. É uma clara referência ao período do sétimo milênio, tempo que o messias governará o mundo e os remanescentes serão reis e sumo sacerdotes, e assim, levarão a verdade às pessoas, transformando-as em fontes de água.

Essa visão profética não se limita ao povo de Yisrael, mas se estende a pessoas de todos os povos. Assim como Yitschak abriu os poços para que todos se beneficiassem, o Messias trouxe a verdadeira água viva que saciará a sede de justiça de todas as nações.


3. A água viva nos ensinamentos de Yeshua e seus emissários

Yeshua HaMashiach utilizou a água como um dos símbolos centrais de seu ensino. Em uma ocasião, disse:


Quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” Yochanan 4:14.


Este ensino encontra paralelos profundos com a narrativa de Yitschak. E isso demonstra com clareza a ampliação da revelação profética e seu cumprimento no decorrer dos tempos. Assim como Yitschak cavou poços que trazem vida, Yeshua oferece água-viva que sacia a necessidade de justiça e confiança nas promessas do Eterno para seu povo e para os que desejam se unirem a ele. Observe mais um texto:


E se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhes asseguro que não perderá a sua recompensa. Mt 10:42


Os emissários também ampliaram essa ideia, ensinando sobre a necessidade de purificação e renovação. Em Efessiyim/Efésios, Shaul escreve:


Ele nos purifica pela lavagem da água, pela palavra” Efessiyim 5:26.


Assim como Yitschak persistiu em abrir fontes de água limpa, somos chamados a manter nossas vidas como fontes puras, oferecendo aos outros a vida que vem por meio da obediência e da confiança no Eterno, Yakov, irmão de Yeshua, também destaca a importância de sermos fontes de bênçãos para outros. Em Yaakov 3:11, ele pergunta:


Pode uma fonte jorrar do mesmo lugar água doce e amarga?”


Este ensino se conecta à prática diária de sermos pessoas que promovem paz, justiça e fidelidade, como Yitschak fez em sua busca até alcançar Rechovot, espaço amplo.


Um pouco de Gematria

Confirmando que devemos ser uma fonte de água limpa, vamos usar um pouco de gematria.


Yitschak abriu outra vez os poços cavados durante os dias de Avraham, seu pai, os que os p’lishtim fecharam após a morte de Avraham, e chamou-os pelos nomes que seu pai lhes deu. Os servos de Yitschak cavaram no vádi e descobriram uma fonte de água. Contudo, os pastores de Gerar discutiram com os pastores de Yitshcak, afirmando: Essa água é nossa! Por isso ele chamou o poço Esek – discussão, pois eles discutiram com ele. Eles cavaram outro poço, e houve discussão por causa desse também. Assim, ele o chamou Sitnah – inimizade. Ele partiu dali e cavou outro poço, e não houve discussão por causa dele. Então, ele o chamou Rechovot – amplos espaços abertos, e disse: Agora Adonai preparou-nos um espaço, e seremos produtivos na terra. Gn 26:18-22


Se tomarmos os versos que analisamos acima em hebraico, e somarmos todos os versos teremos um valor gemátrico total de 22083, somando esse número teremos o valor 15, e se por último somarmos 1+5 teremos a raiz 6. Agora notem, 6 é a letra ו Vav, que nos pictogramas antigos representa prego, gancho, adicionar ou acrescentar. Daí que entendemos que o número 6 é um número que aponta para o homem, pois mostra atividades humanas. Mas repare que um dos significados do pictograma é adicionar, o que nos aponta para o fato de o homem que vive de acordo com a vontade do Eterno, seguindo os ensinos do messias, torna-se uma fonte de águas limpas, ou seja, uma fonte de ensino de Torah.

Observe ainda que o termo רְחֹבֹ֔ות rechovot tem o valor gemátrico de 616. Isso é interessante, pois esse valor aponta para o que dissemos acima. Veja:

- 6 aponta para homem;

- 1 é o valor da letra א Alef, que aponta para o Eterno;

- 6 aponta para homem.

Sendo assim, 616 aponta para o homem (6) que vive de acordo com o Eterno (1) transforma outros homens (6). Se somarmos 6+1+6 = 13, que tem a raíz 4. O número 4 é a letra ד Dálet, cujo significado nos pictogramas é porta, caminho. Se levarmos em conta que Yeshua teve seu início de ministério no 4 milênio, e que ele disse que é a porta e o caminho que leva as pessoas ao Eterno, então entendemos que a palavra rechovot na parashá, cujo significado é alargar, nos revela os propósitos do Eterno. Tudo está conectado!

Concluindo nosso estudo, podemos perceber que a narrativa de Yitschak nos inspira a sermos fontes de água limpa em nossas gerações. Ela nos ensina a perseverar, mesmo em meio aos conflitos, a garantir as bênçãos do Eterno, que mesmo durante aflições podem ser alcançadas e a confiar que Ele nos conduzirá a um tempo de paz. Profeticamente, os poços apontam para as pessoas que vivendo segundo a vontade do Eterno, ajudam a restaurar vidas e a estabelecer o Reino de D’us que o Messias inaugurará, oferecendo vida e abundância a todos os que perseverarem no Eterno.

Finalmente, os ensinamentos de Yeshua e de seus emissários reforçam a importância de vivermos como fontes puras e benéficas, espalhando a água viva do Eterno em um mundo sedento. Que possamos, assim como Yitschak, continuar escavando e encontrando Rechovot, um lugar de espaço amplo e paz, tanto em nossas vidas quanto nas pessoas ao nosso redor.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)




quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Estudo da Parashá Chayei Sarah - Você é desse mundo?

 


Estudos da Torá

Parashá nº 5 – Chayei Sarah (Vida de Sarah)

Bereshit/Gênesis 23:1-25:18

Haftará (separação) Ml 1:1-2:7 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Rm 9:6-16; Hb 11:20; 12:14-17


Tema: Você é desse mundo?


Essa semana estudamos a Parashá Chayei Sarah, uma das porções mais significativas da Toráh. Nela, encontramos a narrativa da compra de Mearat Hamachpelá, a caverna de Macpelá, por Avraham, um evento aparentemente simples, mas carregado de simbolismos profundos e lições eternas. Nosso estudo terá como objetivo explorar como esse episódio reflete a confiança inabalável de Avraham no Eterno, mesmo diante de situações que poderiam parecer se contrapor às promessas divinas. Vamos analisar o contexto histórico e espiritual dessa passagem, conectando-a às mensagens dos profetas e de Yeshua, a fim de entender como ela aponta de forma profética para o Mashiach.

Veremos como a submissão e a obediência de Avraham se tornam um padrão mencionado pelos profetas, é repetido pelo Mashiach e ensinado pelos emissários. A narrativa da Torah nos convida a refletir sobre nossa própria confiança nas promessas do Eterno e nos ensina a viver com paciência e fidelidade, mesmo quando os resultados não são imediatos.

Este estudo pretende ser uma oportunidade de aprofundarmos nossa compreensão das Escrituras e fortalecermos nossa confiança e firmeza no Eterno. Vamos mergulhar juntos nessa jornada de aprendizado e edificação!

Bendito seja o Eterno, que nos ensina por meio de Sua Torá!


A PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Chayei Sarah, a quinta porção semanal da Torah, traz acontecimentos importantes na vida de Avraham e de sua família, destacando a continuidade da aliança do Eterno com sua descendência.

Essa porção inicia dizendo que Sarah viveu 127 anos, e após sua morte, Avraham buscou um local para sepultá-la. Ele negociou com Efron, o hitita, para adquirir a caverna de Macpelá em Hebron, pagando o preço de 400 moedas de prata, recusando ofertas de gratuidade. Esse ato localizou o primeiro pedaço de terra comprado e pertencente à descendência de Avraham na terra de Kena'an.

Avraham envia seu servo, chamado Elazar/Eliezer, com um juramento para buscar uma esposa para Yitschak entre seus parentes em Charam. Elazar orou ao Eterno, pedindo um sinal para identificar a mulher correta que fosse de sua vontade para o filho de seu senhor Avraham: ela deveria oferecer água a ele e a seus camelos. Rivka, uma jovem de bom coração e grande caráter, passou no teste. Elazar explicou sua missão à família de Rivka, depois pediu permissão para levá-la a Yitschak. Após a bênção da família, Rivka parte com o servo de Avraham em direção a Kenaan. Ao chegarem, ela encontrou Yitschak e tornou-se sua esposa, confortando-o após a morte de Sarah.

Avraham tomou outra esposa, Keturá, com quem teve outros filhos. Contudo, ele garantiu que a herança da aliança permaneceria, exclusivamente, com Yitschak, enviando os outros filhos para longe. Aos 175 anos, Avraham faleceu e foi sepultado por Yitschak e Ismael ao lado de Sarah em Mearat Hamachpelá.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A narrativa da parashá Chayei Sarah é mais um de tantos momentos marcantes na história de Avraham e, por extensão, para o entendimento do plano do Eterno na redenção da humanidade. Embora o Eterno tenha prometido toda a terra de Kenaan como herança a Avraham e sua descendência, o patriarca precisou adquirir por alto preço um pequeno pedaço de terra, a caverna de Macpelá, para enterrar Sarah. Esse ato de confiança inabalável e submissão à vontade do Eterno é visto por muitos como um apontamento profético para o Mashiach. Nesse estudo abordaremos o contexto da narrativa, sua conexão com os profetas e, finalmente, como aponta para Yeshua e seus ensinamentos.


Uma confiança inabalável

גֵּר־וְתוֹשָׁ֥ב אָנֹכִ֖י עִמָּכֶ֑ם תְּנ֨וּ לִ֤י אֲחֻזַּת־קֶ֨בֶר֙ עִמָּכֶ֔ם וְאֶקְבְּרָ֥ה מֵתִ֖י מִלְּפָנָֽי

Ger-vetoshav anokhy imakhem tenu ly achuzat-gever imakhem veeqebrah mety milefanay


Peregrino e morador sou eu entre vós; dai-me posse de um terreno para sepultura, entre vós, e enterrarei minha morta que está diante de mim. Bereshit 23:4


É interessante que o patriarca tenha alegado ser duas coisas na terra de Kenaan, ele diz ser “ger-vetoshav” – estrangeiro e morador. Ora, ou você é estrangeiro ou é morador! Aqui há algo que devemos refletir melhor. E poderemos entender que a submissão e confiança no Eterno estão ligadas nessas palavras. Os rabinos comentam muito sobre isso e chegam à conclusão que o ensino aqui nessa porção indica que quem serve ao Eterno como Avraham não é desse mundo, ou melhor, não segue as leis desse sistema mundano. Quem serve ao Eterno vive de acordo com as leis que vem do céu, ou seja, a Torah, pois confiam plenamente em HaShem. Para confirmar isso vamos comprovar com a gematria dessas palavras ditas por Avraham.

- גֵּר־וְתוֹשָׁ֥ב

- Ger-vetoshav = 917 = 17 = 8

Isso nos revela a ligação que há em ser Ger-vetoshav – estrangeiro e morador, pois a palavra Torah tem raiz 8, assim como o Teragrama. O 8 é um apontamento também para Yeshua, e portanto seus ensinos e para o oitavo milênio que será quando todas as promessas ditas a Avraham se tornarão plenas. Sigamos para a continuação de nosso estudo, pois muito ainda há que ser entendido.

Avraham é conhecido como o amigo do Eterno, alguém cuja vida foi marcada pela obediência e confiança total nas promessas divinas. E vemos a Torah relatando o próprio Eterno dando testemunho da emunáh de Avraham.


Porque Avraham me obedeceu e guardou meus preceitos, meus mandamentos, meus decretos e minhas leis. Bereshit/Gn 26:5


Entretanto, de forma alguma isso significa que esse patriarca nunca tenha errado, ou desobedecido ao Eterno em algum momento. Pelo contrário, ele errou ao tentar acertar, durante o caminho de teshuvah, e isso demonstra que ele tinha uma kavanáh, ou seja, intenção do coração, perfeita e voltada para HaShem. Seu esforço e prática de obediência, além de suas atitudes corretas em relação às palavras do Eterno levaram a isso.

Apesar da promessa do Eterno de que toda a terra de Kenaan seria Avraham, ele não reivindicou a terra à força nem murmurou ao precisar comprar um pedaço de terra de Efron, o hitita para sepultar Sarah. Ele tinha motivos para murmurar, reclamar e se lamuriar por não ter onde sepultar sua esposa, já que o Eterno lhe prometera. E com certeza aqui é uma parte que nós precisamos ter muita atenção, e aprender com a Torah, pois infelizmente, muitos tem a tendência de murmurar, e questionar ao Eterno. Perguntam porque isso ou aquilo está acontecendo com elas e se amarguram. Entretanto, a paciência e a submissão demonstram a confiança de Avraham que o Eterno cumpriria Sua palavra no tempo devido. Esse tipo de entendimento faz toda a diferença na vida de quem serve ao Eterno, ao contrário daqueles que esperam todas as bênçãos para esse tempo de sua vida.

A compra da caverna de Macpeláh, portanto, simboliza a esperança em um futuro onde a promessa seria cumprida. Apesar de muitos afirmarem que a graça é de graça, toda aliança tem um preço. Avraham pagou o preço ao iniciar com o Eterno aquela aliança para seus descendentes, apontando que o mashiach prometido também pagaria um preço pela ampliação da aliança, veremos mais adiante sobre isso. O evento da compra da gruta e da terra que a circundava destaca o caráter de Avraham como alguém que vive pela confiança firme no Eterno, um traço essencial para o entendimento do Mashiach, que também caminharia em perfeita obediência à vontade divina. Há outro exemplo como esse figurado pelo profeta Yirmeyahu, quando ele compra a posse da terra de um parente, mesmo sabendo que toda a terra seria entregue nas mãos dos babilônicos. O fato aqui era que o profeta sabia que o Eterno cumpriria suas promessas feitas ao patriarca sobre seu povo e sua terra, mesmo que alguns entraves viessem primeiro. Leia o capítulo 32 de Yirmeyahu.

As pessoas que são do Reino do Eterno tomam como base as leis que vem do céu, e por isso sabem que não devem confiar em esperanças fúteis desse mundo. HaShem nunca deixa de cumprir suas promessas, e as que foram feita a Avraham sobre sua descendência e sua terra, se cumprirão. O mashiach bem Yosef, conhecido por Yeshua, veio e cumpriu parte das profecias, mas ainda retornará para finalizar outras. Vejamos nos próximos tópicos a relação desses fatos e profecias no decorrer da história através dos profetas e também de Yeshua e dos shaliachim/apóstolos.


O sofrimento gera expiação

Os profetas frequentemente apresentam o tema do aparente fracasso ou demora no cumprimento das promessas do Eterno, apenas para revelar, ou descortinar, um segredo que estava oculto, o cumprimento de Seu plano soberano em momentos inesperados pelo homem.

Yeshayahu, por exemplo, profetizou que o Mashiach seria "desprezado e rejeitado pelos homens", enfrentando humilhação antes de sua exaltação, conforme lemos em Yeshayahu 53. Assim como Avraham sofrendo pela perda de sua amada esposa teve que pagar caro por uma terra já prometida, vemos o profeta descrevendo que o Mashiach sofreria para garantir o pagamento do preço da redenção que já era garantida pelo plano do Eterno, providenciado de antemão, conforme lemos o que Rav Sha’ul diz em sua carta aos efésios.


Porque somos feitos por D’us, criados em união com o messias Yeshua para fazermos boas obras, as quais D’us preparou de antemão para que nós as praticássemos. Ef 2:10


O profeta também descreve o Mashiach como alguém que traria justiça e esperança ao mundo por meio de seu serviço fiel, conforme lemos em Yeshayahu 42:1-4, ecoando a submissão de Avraham ao plano divino. A fidelidade do messias profetizada é a clara relação com a submissão do patriarca que resulta no cumprimento da promessa, por ser o messias a representação da descendência de Avraham. E mais uma vez nos comprova que nossa esperança precisa estar baseada na vontade de HaShem.


O valor da Submissão e Confiança

Yeshua ensinou muitas vezes sobre o valor da submissão ao Eterno e da confiança em Suas promessas, independente da situação em que se encontre. Ele declarou: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mattityahu/Mt 5:5), refletindo a mesma espécie de confiança de Avraham no tempo e na vontade do Eterno. Tal como o que já falamos, o patriarca pagou caro por um pedaço de terra, que já havia lhe sido prometida, Yeshua dedicou sua vida justa como preço pela redenção de muitos, mesmo sendo escolhido como o mensageiro do Eterno e herdeiro de tudo. Ele também instruiu seus talmidim/discípulos a seguir o exemplo de obediência e paciência, demonstrando que o caminho para a glorificação e recebimento da herança, passa pela humildade e pelo serviço correto ao Eterno, conforme Mattityahu/Mt 20:26-28. O mestre também deixou uma dica de como perceber quando as profecias estiverem sendo cumpridas, leia Mt 24:32-35, ele faz isso usando um trocadilho da palavra hebraica para “verão” - קָּיִץkayts com a palavra para “fim” - קּץkets, ou seja, Yeshua estava falando que eles ao olharem para a figueira entenderiam quando o fim estivesse chegando, pois a figueira aponta para Yisrael.

Para um pouco mais de informações sobre a questão das profecias mencionadas nos livros da Brit Hadashá, chamada Novo Testamento, Assista ao vídeo da live de Comentário de Pirkei Shimon, sobre o capítulo 1:10-11.

Os escritos dos emissários também reverberam essa visão e ensino. Em suas cartas, Sha’ul menciona Avraham como o modelo de confiança firme no Eterno, dizendo que ele "creu contra a esperança" (Romiyim/Rm 4:16-22). Essa confiança é paralela à missão de Yeshua, que, mesmo enfrentando oposição e exclusão, permaneceu fiel ao plano do Eterno, apontando para a plenitude das promessas divinas. Por isso, cada um de nós como talmidim/discípulos de Yeshua devemos seguir esse exemplo deixado por Avraham, profetizado pelos profetas de Yisrael, ensinado por Yeshua e pelos seus talmidim.

Depois destas coisas que mencionamos, ao concluir nosso estudo, entendemos que a compra da caverna de Macpeláh por Avraham, mesmo em meio à promessa do Eterno, é um poderoso exemplo de confiança no plano divino, apontando para o papel do Mashiach como aquele que confia e obedece até o fim. Essa narrativa ecoa nos profetas e encontra seu cumprimento em Yeshua, cuja vida e ensinos refletem a mesma submissão ao Eterno. O exemplo de Avraham nos ensina que as promessas do Eterno não falham, mas se cumprem no tempo certo, e que a confiança nEle é a chave para participar do Seu plano redentor e do Reino. Mostrando para nós que é melhor ser do Reino de D’us do que desse mundo.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)