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quinta-feira, 24 de abril de 2025

Estudo da Parashá Shemini - O Silêncio que Fala

 


Estudos da Torá

Parashá nº 26Shemini (Oitavo)

Vayikra/Levítico 9:1-11:47

Haftará (separação) 2Sm 6:1-19 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mc 7:1-23, Atos 5:1-11, e 2Co 6:14-7:1.


Tema: O Silêncio que Fala


Na parashá dessa semana vemos que em um mundo onde palavras muitas vezes transbordam antes que o coração compreenda, o silêncio pode parecer estranho, até incômodo. Mas há silêncios que falam mais alto do que qualquer discurso. Um desses silêncios ecoa das Escrituras, na parashá Shemini, quando Aharon, o sacerdote escolhido, vê dois de seus filhos — Nadav e Avihu — serem consumidos por fogo que saiu de diante do Eterno. Ele vê, ouve as palavras de Moshê... e se cala. Um silêncio que não brota da apatia, mas da reverência. Um silêncio que não é vazio, mas cheio de temor diante da santidade. Eu mesmo me senti muito tocado ao me atentar para esse fato de uma forma mais específica. Este texto e todo seu contexto periférico mexeram comigo de uma forma profunda, não pelo fato de eu ser um murmurador contumaz, mas pôr as vezes, não conseguir ficar calado em determinadas situações. Dependendo do momento acabo falando e, nem sempre isso é bom, ainda mais se for na hora errada. Aprendo com Aharon e com Yeshua nessa parashá, que o silêncio é uma atitude sábia de reconhecimento do poder, da sabedoria e da justiça do Eterno, além de em muitos momentos em nossas vidas, evitar problemas. Abra seu coração e vamos entender que o silêncio pode falar.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Shemini, encontrada em Vayicrá 9 a 11, é um poderoso ensinamento sobre a santidade, a obediência e o discernimento que o Eterno exige do Seu povo. Ela marca o início do serviço sacerdotal por Aharon e seus filhos, revelando que a presença do Eterno se manifesta quando Suas instruções são seguidas com precisão e reverência. No entanto, também demonstra, com severidade, as consequências da desobediência, como no caso de Nadav e Avihu, que ofereceram “fogo estranho” e foram consumidos por um fogo vindo de diante do Eterno. Esse episódio ilustra que não se pode buscar intimidade com o Eterno segundo a própria vontade, mas unicamente conforme Suas palavras.

Além disso, a porção Shemini introduz a distinção entre os alimentos puros e impuros, revelando que até no comer e no beber, o povo de Yisrael deve ser separado. A dieta estabelecida pelo Eterno não é apenas uma questão de saúde ou tradição, mas um mandamento que expressa a identidade de um povo santo. Ao listar detalhadamente os animais que podem ou não ser consumidos, o Eterno ensina que tudo na vida deve ser discernido segundo os Seus critérios, não segundo o coração do homem. Assim, essa separação entre o que é tahor (limpo) e tamê (impuro) não é arbitrária, mas uma expressão de santidade.

Por fim, a parashá enfatiza que a santidade não é uma opção, mas uma exigência para todos os que se aproximam do Eterno. Como está escrito: “Sede santos, porque Eu sou santo” (Vayicrá 11:44). A obediência aos mandamentos do Eterno é o caminho da vida, da comunhão e da bênção. O povo de Yisrael foi chamado para ser distinto entre as nações, e isso começa pela fidelidade aos mandamentos, inclusive naquilo que parece cotidiano, como o alimento. A parashá Shemini, portanto, é um chamado claro: quem ama o Eterno deve obedecer com temor, com discernimento e com um coração dedicado a Ele.

ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

No entanto, Nadav e Avihu, filhos de Aharon, pegando cada um seu incensário, acenderam-lhe o fogo, colocaram incenso nele e ofereceram um fogo não autorizado diante do Eterno, algo que ele não lhes ordenara fazer. Por causa disso, saiu um fogo da presença do Eterno e os consumiu, para que morressem na presença do Eterno. Moshê disse a Aharon: Isto é o que o Eterno disse: Eu serei consagrado por meio de quem está perto de mim, e serei glorificado na presença de todo o povo. Aharon ficou em silêncio. Vayicra 10:1-3


Segundo o comentário de rodapé do Chumash Plaut, Nadav e Avihu não estavam apresentando a oferta regular de incenso da manhã, de acordo com Ex 30:7, pois ela não teria exigido dois incensários. Evidentemente eles estavam tentando algo original, algo diferente do que tinha sido estabelecido pelo Eterno. O fogo estranho é o fogo que não vem do altar de sacrifícios.

De acordo com o comentário de rodapé da Torá da Editora Sefer, nesse capítulo é relatado a trágica morte de Nadav e Avihu, os filhos de Aharon. Segundo o versículo, o pecado deles foi haver oferecido um fogo estranho perante o Eterno, pois apesar Dele recomendar em Vayicrá 1:7 aos filhos de Aharon pôr o fogo sobre o altar, Moshê e todo o povo esperavam que viesse fogo do céu, como de fato aconteceu em Vayicrá 9:24, como também mais tarde, com o profeta Eliahu em 1Rs 18:38, e assim o nome do Eterno seria santificado.

No entanto, vamos nos voltar agora para Aharon e sua atitude. O verso 3 diz: “...Aharon ficou em silêncio.” Nos comentários das duas edições da Torá citadas anteriormente, fica claro que essa atitude foi um reconhecimento da justiça do Eterno. O Chumash Plaut diz que “ele absteve-se de lamentar e de se queixar contra o Eterno. Na formulação rabínica, “reconheceu a justiça do decreto”.” E na Torá da Sefer diz: “Como sinal de justificação da suprema justiça de D’us.”

Humanamente falando, nos colocando no lugar de Aharon, não deve ter sido fácil ver aquilo ocorrer, principalmente em um momento alegre como aquele, de inauguração do Mishkan, a presença do Eterno estava ali, e fogo tinha vindo do céu para queimar a oferta que estava no altar. Por isso, precisamos reconhecer que esse é um momento profundamente marcante da parashá Shemini. O silêncio de Aharon diante da morte de seus filhos Nadav e Avihu é um dos momentos mais densos e significativos das Escrituras.

Esse silêncio não é um silêncio de indiferença, nem de fraqueza. É o silêncio de quem compreende, com temor, a santidade do Eterno. É o silêncio de quem reconhece que o juízo do Eterno é justo, ainda que seja profundamente doloroso. Aharon, como pai, sentiu a dor da perda. Mas como servo do Eterno, entendeu que seus filhos agiram em desobediência, trazendo algo que o Eterno não ordenou. Ele não tentou justificar, nem protestar. Ele se calou. Provavelmente será como agiremos no futuro, depois do milênio, quando os da segunda ressurreição tiverem que se decidir se servirão ao Eterno ou não, se for uma decisão negativa, ao serem destruídos junto com os ímpios, vamos ficar em silêncio ao ver a justiça do Eterno em ação. Talvez com nossos parentes e amigos, que não quiserem servir ao Eterno, ou mesmo com outras pessoas, estaremos em silêncio.

Esse silêncio é um testemunho. Ele revela o reconhecimento de que o serviço ao Eterno exige santidade absoluta e obediência plena. O fogo que consumiu os filhos de Aharon não foi apenas punição, mas também uma lição pública de que não se pode misturar o santo com o profano, nem inventar formas próprias de adorar ao Eterno. Não é como queremos, mas como o Eterno estabeleceu em sua palavra.

O silêncio de Aharon também nos ensina sobre humildade diante da justiça do Eterno. Em vez de murmurar, ele se curva ao juízo divino. Em vez de se rebelar, ele se cala. E, nesse silêncio, há reverência, temor e aceitação. O verdadeiro servo do Eterno não é aquele que entende tudo, mas aquele que se submete a tudo o que o Eterno determina, confiando que Suas decisões são santas e justas. Como está escrito:


O Eterno é justo em todos os seus caminhos e bondoso em todas as suas obras. Tehilim /Sl 145:17


Portanto, o silêncio de Aharon é uma lição eterna para todos que se aproximam do Eterno: temor, obediência e reverência são a base de toda verdadeira adoração. Vamos ampliar essa reflexão, olhando também para os nevi'im (profetas) e para os ensinos de Yeshua e seus shlichim (enviados), e também para os sábios do povo de Yisrael, sempre à luz das Escrituras e com base nos mandamentos do Eterno, como Ele mesmo nos instrui.


1. A Santidade que Consome

Em um mundo onde palavras muitas vezes transbordam antes que o coração compreenda, o silêncio pode parecer estranho, até incômodo. Mas há silêncios que falam mais alto do que qualquer discurso. Um desses silêncios ecoa das Escrituras, nesta parashá, quando Aharon, o sacerdote escolhido, vê dois de seus filhos — Nadav e Avihu — serem consumidos por fogo que saiu de diante do Eterno. Ele vê, ouve as palavras de Moshê... e se cala. Um silêncio que não brota da apatia, mas da reverência. Um silêncio que não é vazio, mas cheio de temor diante da santidade. Aharon, como pai, certamente sentiu uma dor indescritível. Seus filhos, que haviam sido ungidos para o serviço no Mishkan, foram fulminados por trazerem “fogo estranho” — algo que o Eterno não havia ordenado (Vayicrá 10:1). Mas Aharon, o kohen gadol, não se revolta, não questiona. Está escrito: “E Aharon calou-se” (Vayicrá 10:3). Esse silêncio é uma declaração de submissão à vontade do Eterno, de aceitação do fato de que a proximidade com Ele exige santidade absoluta. Ele compreendeu o peso do chamado e respondeu com reverência.

Moshê reconhece isso quando diz: “Serei santificado naqueles que se aproximam de Mim, e diante de todo o povo serei glorificado”. Assim, a tragédia torna-se também uma lição: diante da santidade do Eterno, não há espaço para iniciativas próprias. Tudo deve ser feito conforme Suas instruções. Precisamos compreender que não posso fazer as coisas do jeito que eu quero dizendo que para D’us o que vale é o coração, ou que ele não é um D’us de regras, que isso era para o passado. O Eterno não muda, e o que ele estabeleceu e como estabeleceu ainda valem. Veja:


Porque eu, o Eterno, não mudo. Por isso vocês, descendentes de Yaakov, não foram destruídos. Ml 3:6


A santidade do Eterno em nós, quando vivemos de acordo com seus mandamentos, nos consome, e nos leva a viver cada vez mais conforme sua vontade. Nos faz querer sempre acertar, e quando erramos só pode ser por acidente, pois nossa kavanah sempre será de fazer o certo.


2. O Silêncio nos Profetas: Um Eco de Submissão

Esse padrão não se limita a Aharon podemos perceber ele se repetindo em outras parte do TaNaK, por exemplo em Yechezkel 24:15-17. Neste relato o profeta perde a esposa por determinação do Eterno, e recebe a ordem de não lamentar publicamente. Ele obedece em silêncio, como sinal ao povo. Já em Chavakuk 2:20, lemos:


O Eterno está em Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a terra.

Silêncio, aqui, não é ausência de fé, é a mais pura expressão dela. É o reconhecimento de que o Eterno é justo em todos os Seus caminhos, como lemos em Tehilim/Sl 145:17:


Justo é o Eterno em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras.


3. Yeshua: Silêncio que Redime

Nos escritos dos emissários ou apóstolos, o mestre Yeshua também revela esse mesmo padrão ficando em silêncio durante seu julgamento e condenação pelos religiosos hipócritas, cumprindo assim, o que fora dito pelo profeta Yesha’yahu 53:7:


Foi oprimido, mas não abriu a boca...


Quando falsamente acusado, ele não se defendeu. Seu silêncio não era fraqueza, mas confiança firme no Eterno, como ovelha levada ao matadouro, não por covardia, mas por obediência. Ele compreendeu que, mesmo na injustiça humana, o Eterno reina.


4. Os Sábios de Yisrael e a Sabedoria do Silêncio

Os sábios do povo de Yisrael também comentam essa passagem e seu ensino para nossas vidas. O Midrash Rabá sobre Vayicrá 10 revela que Aharon foi recompensado por seu silêncio, pois o Eterno, logo em seguida, dirige-Se diretamente a ele, algo raro e precioso. O Talmud (Eruvin 63a) ensina que Nadav e Avihu erraram ao agir por conta própria diante de Moshê, mostrando que nem mesmo boas intenções justificam a desobediência às instruções divinas.

Rashi, comentando Vayicrá 10:3, observa que o silêncio de Aharon foi aceito como expressão de fé e honra ao Eterno. Esse foi o único momento em que o Eterno se dirige diretamente a Aharon, sem intermediários, indicando uma recompensa por sua submissão e aceitação da vontade divina. E o Midrash Pliah destaca que, mesmo no “oitavo dia”, o dia da plenitude e consagração, Aharon se curva à vontade divina sem murmurar.

O silêncio de Aharon é um exemplo profundo de submissão à vontade do Eterno. Ele nos ensina que, diante da santidade e dos juízos divinos, a resposta apropriada é a reverência e a aceitação. Como está escrito:​


Sede santos, porque Eu sou santo. Vayicrá 11:44


Aharon nos ensina que, diante da santidade do Eterno, a melhor resposta pode ser o silêncio. Não um silêncio vazio, mas cheio de temor, de humildade, de confiança. É um silêncio que reconhece que o Eterno é rei, justo e santo. É o silêncio dos que conhecem o valor da obediência, mesmo quando o coração sangra. Nós, que desejamos nos achegar ao Eterno, devemos refletir: será que estamos nos aproximando com temor? Ou estamos oferecendo “fogo estranho” — ideias, vontades, práticas que Ele não ordenou?

Aharon não questionou, não reclamou. Ele se calou… e esse silêncio ecoa até hoje como um louvor à santidade do Eterno. Quem ama o Eterno, segue os Seus mandamentos. E quem O reverencia, sabe que há momentos em que calar-se é a mais profunda forma de dizer: "אָמֵן - Elohim Melech Neeman/O Eterno é Rei fiel, que significa Amen!" Estamos prontos para nos calar diante do Eterno, como fez Aharon, e confiar que Ele é justo em todos os seus caminhos?


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


sexta-feira, 5 de abril de 2024

Estudo da Parashá Shemini - A Torah não é instantânea.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 26 – Shemini (Oitavo)

Vayicrá/Levítico Lv 9:1-11:47,

Haftará (Separação) 2Sm 6:1-19, e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) 2Co 6:14-7:1


Tema: A Torah não é instantânea.


No estudo dessa semana trataremos a respeito da situação atual vivida por muitas pessoas que, devido ao mundo atual pensam que a Torah é instantânea, ou seja, acham que pode simplesmente aprender a Torah de forma instantânea assim como o sistema religioso tem praticado. Veremos que o aprendizado e a prática de Torah é constante e leva a vida toda, pois nunca poderemos saber tudo, devido a profundidade de sabedoria contida na Lei de Deus.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


No nosso resumo, vemos que a Parashá Shemini começa discutindo os eventos que ocorreram no oitavo e último dia de melu'im, o serviço de inauguração do Mishkan/tabernáculo. Após meses de preparação e antecipação, Aharon e seus filhos são finalmente instalados como cohanim/sacerdote, em um serviço elaborado.

Aharon abençoa o povo, e toda a nação se rejubila quando a presença de D’us paira sobre eles. Entretanto, o entusiasmo é interrompido abruptamente quando os dois filhos mais velhos de Aharon, Nadav e Avihu, são consumidos por um fogo celestial e morrem no Mishkan, enquanto ofereciam ketoret/incenso, sobre o altar. A Torá declara que eles morreram porque trouxeram um "fogo estranho" no santuário interior do Mishkan, cujo significado é discutido pelos comentaristas à exaustão.

Aharon recebe ordens de que os cohanim são proibidos de entrar no Mishkan enquanto impuros, e a Torá continua a relatar os eventos que ocorreram imediatamente após a morte trágica de Nadav e Avihu. A porção termina com uma lista dos animais casher/permitido e não-casher/não permitido, com detalhes a respeito do assunto com apontamentos de alguns animais, e também várias leis sobre tumá, ou seja, impureza.

ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO


Pretendo iniciar a reflexão desta semana com algo que o Rei Salomão escreveu que tem íntima relação com o tema que trataremos. Observe o seguinte texto:


Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todos os propósitos debaixo dos céus. Há tempo de nascer e tempo de morrer, há tempo de plantar e tempo de colher. Ec 3:1-2


O tempo é algo que se repete nas palavras do Rei, isso por que ele é muito importante, e é uma pena que muitos não percebam isso. Para falar sobre nosso tema, o tempo é uma característica importante a ser observada. No povo de Yisrael o tempo é considerado um bem muito importante, mas ao mesmo tempo finito. E há ensinos que dizem que antes da criação esse termo não tinha sentido, pois esse conceito só assumiu algum significado em relação aos eventos posteriores à criação. Segundo Bruno Summa, enquanto havia apenas o Eterno, não havia necessidade de criar o tempo. Já depois que iniciou o processo da criação e vemos que o dia se tornou um ponto muito importante em relação ao qual os eventos podem ser medidos e cronometrados. Ele diz que os conceitos de “antes” e “depois” passaram a existir desde que houve o “bereshit”, ou seja, um começo.

O termo estação, no hebraico Z’MAN, de acordo com o autor, refere-se ao tempo como uma trama geral de eventos, o termo hebraico ET - tempo, significa um período de tempop específico para acontecimentos claramente definidos. Já o termo “sob os céus” é aplicado a tudo o que ocorre em nosso universo físico, que por definição é móvel, em constante movimento.

Como no reino de HaShem não há essa variação, Rabbi Meir aconselha as pessoas a minimizar suas atividades terrenas e maximizar seu estudo de Torah, uma vez que o tempo foi concedido com o propósito de ocupar-se com o estudo de Torah. Veja o que diz o Eterno a Josué:


Não permita que a Torah saia de suas lábios, a estude noite e dia. Js 1:8


Com isso percebemos como é importante aproveitar seu tempo ao estudar a Torah. No entanto, o conhecimento que se adquire ao estudar a Torah não é instantâneo, ele leva tempo. As pessoas acreditam que podem começar a estudar a Torah e como em um passe de mágica já saber tudo, mas o conhecimento exige tempo, ele é adquirido em estágios, em níveis. O mencionado autor diz que, se alguém perguntar como é possível obter bens mundanos que exigem muito trabalho e tempo para acumular, a resposta é ser de espírito humilde diante de um homem e confiar no Eterno. Se alguém rejeitar a Torah em favor da aquisição de valores transitórios, seu próprio fim será tão finito quanto o das mercadorias as quais foram adquiridas com tempo e esforço. O contrário também se aplica; se a pessoa se concentrar na aquisição dos valores da Torah, tudo que conquistar estará desvinculado da realidade transitória humana. A cada nível que se atinge, uma gama de conhecimento e prática é desenvolvido. Isso requer paciência e dedicação no estudo das Escrituras Sagradas e na prática dos mandamentos. E a própria Torah demonstra isso nessa parashá que estamos estudando, há muito a ser dito sobre o assunto e a relação com a parashá shemini, mas selecionamos apenas alguns. Veja o texto abaixo:


E aconteceu, ao dia oitavo, que Moisés chamou a Arão e seus filhos, e os anciãos de Israel” Lv 9:1


Pergunto, ao oitavo dia depois de quê? Depois de que os sacerdotes aguardaram 7 dias à entrada da Tenda da Congregação, para iniciarem o serviço no Mishkan. Percebe como tudo nas Escrituras tem um motivo? E nesse estudo terá a oportunidade de confirmar ainda mais isso. Aharon e seus filhos tiveram que ter paciência de esperar o tempo certo para iniciarem seu trabalho de sacerdote. Não foi instantâneo! E há pessoas atualmente que pensam ser instantâneo fazer o serviço ao Eterno. Começam a teshuvah hoje e já querem ensinar as Escrituras, sem um mínimo de conhecimento básico da Torah.

O site Emunah a fé dos santos nos diz que segundo Rashi e um Midrash, este oitavo dia coincidia com o primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, ou seja, era 1 de Aviv, conforme lemos em Ex 40:2 e 17, estava se aproximando o pessach após saírem do Egito.


No primeiro mês, no primeiro dia do mês, levantarás o tabernáculo da tenda da congregação,

E aconteceu no mês primeiro, no ano segundo, ao primeiro do mês, que o tabernáculo foi levantado;


O oitavo dia, o shemini, que se segue a um período de sete dias é um dia especial nas Escrituras, ele aponta para o reinício, o recomeço, e entre eles mencionamos alguns abaixo:

- o dia da circuncisão dos meninos;

- o oitavo dia depois da festa de Sukot, chamado Shemini Atseret (O oitavo grande dia, que inclusive Yeshua se levanta para dizer quem tem sede venha a mim e beba);

- Como um dia representa mil anos, o oitavo dia simboliza o oitavo milênio depois da criação do homem, quando ao final desse tempo, serão instituídos os novos céus e nova terra, e o Reino será entregue pelo Messias ao Pai, reiniciando tudo.

Podemos perceber que shemini, o oitavo dia, é um reinício depois de um ciclo de 7 dias, sete anos ou até sete milênios. Segundo Bruno Summa, tendo em vista que o homem tende a perder de vista a rápida passagem do tempo e a brevidade de sua estada na terra, a Torah nos ordena a contar ciclos de 7 e ciclos de cinquenta anos para nos lembrar da rapidez com que passa o tempo que nos foi concedido e para nos alertar para usar esse tempo com sabedoria. Há um dito dos sábios de Yisrael a respeito disso, veja:


O homem se preocupa com a perda de seu dinheiro, mas deixa de se preocupar com a perda de seu tempo. Enquanto ele procura ajuda de seu dinheiro, seu tempo é irremediavelmente perdido. Sefer Hachayim 10:1


Os rabinos entendem que quando a Torah legisla a contagem dos ciclos, ela diz “você deve contar para si mesmo”, ou seja, para seu próprio benefício. O já mencionado autor diz que os ciclos de sete anos simbolizam diferentes estágios de vida do homem. Assim, os setes dias de consagração que Aharon e seus filhos passaram em isolamento, longe de suas respectivas famílias antes de assumirem suas funções sacerdotais, foram para sua tarefa. Embora tivessem de permanecer no limiar, não deviam entrar no santuário nem deixar o pátio sagrado. Segundo o autor, isso demonstra claramente que esses sete dias eram preparatórios para sua tarefa sagrada, mas que até o oitavo dia seus preparativos não estariam completos. O que podemos aprender com isso?

O autor nos diz que simbolicamente, esses sete dias representam todo o ciclo da vida. Assim como a vida nesta terra é vista como uma antecâmara para o mundo vindouro, Aharon e seus filhos deveriam se ver como se dedicando ao destino de suas vidas. Assim, onde e quando encontrarmos o número sete é para nos lembrar que a perfeição pode ser alcançada ao final de um ciclo de sete, pois quando chega o shemini, o oitavo, teremos um outra chance de crescer, de melhorar, de acertar e de nos desenvolver.

Assim, a lição que podemos tirar é que realmente, não existe “Torah instantânea”. A Torah não pode ser absorvida instantaneamente, embora a observância das mitsvot possa começar repentinamente, sua compreensão somente vem como tempo. O autor mencionado diz que nos tornamos bons seguidores de Torah apenas passo a passo. Embora muitos achem que pode ser tudo muito rápido, na verdade é preciso muita paciência e persistência no estudo da Torah.


Meditarei nos teus preceitos e darei atenção às tuas veredas. Sl 119:15


Fico acordado nas vigílhas da noite, para meditar nas tuas promessas. Sl 119:148


Retornando ao primeiro verso desta parashá, observe:


E aconteceu, ao dia oitavo, que Moisés chamou a Arão e seus filhos, e os anciãos de Israel” Lv 9:1


Podemos perceber que a parashá shemini inicia relatando como foi a inauguração do Mishkan e dos serviços sacerdotais. E todo o capítulo 9 mostra como foi esse primeiro dia do Mishkan, e define esse dia como o oitavo dia. O termo shemini, oitavo no hebraico é a representação desse ciclo se iniciando, conforme vimos até aqui.

No entanto, esse é um dia muito, muito profético e falaremos um pouco sobre isso. Na manhã daquele oitavo dia, aconteceram coisas importantes, mas que uma leitura desatenta pode passar sem a devida percepção. Burno Summa diz que aconteceram naquele dia, coisas que são sentidas até os dias de hoje. Na manhã daquele dia, Moshê iniciou algumas ações que apontam para o futuro perpassando por nós e indicando ainda mais no futuro. São oito ações importantíssimas com apontamentos proféticos claros: Vejamos:

1 – Colocou as tábuas dentro da Arca da Aliança.

Ao fazer isso Moshê criou uma ponte entre o terreno e o espiritual, ou seja, o meio de obedecer ao Eterno pelos mandamentos. Isso era a oportunidade do ser humano de se tornar habitação da presença divina. À partir dali todo ser humano recebeu a oportunidade de se conectar diretamente com HaShem, de onde ele estiver.

Devemos estudar a Torah para que seus mandamentos vivam dentro de nós.

2 – Imergiu Aharon e o vestiu

Se observarmos os detalhes das vestes sacerdotais perceberemos que cada uma peça das vestes representa a expiação por um tipo diferente de pecado. Note que são oito peças e oito pecados diferentes. À partir desse dia expiações por diversos tipos de pecados passam a ser feitos, apontando para o serviço e chamado do messias.

Devemos vestir as vestimentas sacerdotais para buscar expiação pelos nossos pecados.

3 – Acendeu a Menorah

A luz da menorah representa a luz que HaShem invocou à realidade terrena durante à criação, quando disse: “Haja luz e houve luz” (Gn 1:3). Essa luz que HaShem trouxe à existência é representada profeticamente pelas luzes da Menorah é a sabedoria oculta da Torah, sabedoria a qual colocou toda a criação sob a vontade divina. O citado autor diz que no oitavo dia, essa luz que até então havia sido possuída apenas por Adam, foi colocada à disposição do homem que a deseja encontrar. A luz que está oculta na Torah, quando obtida por um hopmem, colocará todaà criação à sua disposição da mesma forma que toda a criação esteve um dia à disposição de Adam, uma oportunidade dada a nós graças ao shemini, oitavo dia.

Está percebendo o motivo da paciência no estudo da Torah?

Devemos acender a Menorah para iluminar os caminhos daqueles que estão à nossa volta através de nosso conhecimento.


4 – Ofertou o primeiro Tamid e Ok’toret

Nesse dia, Moshê ofertou a primeira oferta Tamid, a oferta que era apresentada duas vezes ao dia. Essa oferta representa a oportunidade que recebemos de HaShem, de poder buscá-lo diariamente, algo que antes não era visto. Por falar nisso, quantas vezes mesmo no mínimo devemos rezar o shemah? Duas vezes né! Está entendendo como tudo está ligado? Um homem pode buscar o Eterno sempre que desejar.

Devemos ofertar o Tamid para buscar a HaShem diariamente.

5 – Estabeleceu a contagem dos shabatot

Neste dia da inauguração do Mishkan, que está oculto nas palavras da Torah e é altamente importante, pois foi nesse dia que ficou estabelecido a contagem dos tempos estabelecido para as celebrações da Torah, em complemento ao que já tinha dado no Egito antes do primeiro Pessach. Os dias em que celebramos as data importantes da Torah, como Pessach, Shavuot e até o shabat, inclusive nos dias de hoje, foram estabelecidos no shemini, oitavo dia.

Devemos estabelecer a contagem para guardar as festas e os dias santos de HaShem, pois ele nos espera neles.

6 – Colocou os pães sobre a mesa

O pão possui representação importante nas Escrituras, sendo a mais contundente entre elas e a primeira a ser mencionada é a maldição que foi imposta a Adam. Quando Moshê coloca os pães sobrea mesa e os santificou, ele anula a maldição lançada sobre Adam, e isso afeta a todos nós que buscamos obedecer ao Eterno. Com esse ato, nos foi dado a oportunidade de não ter mais que suar o rosto para obter o pão. O homem que entende esse segredo, através da obediência à Torah receberá do Eterno as bênçãos da obediência.

Devemos colocar o pão na mesa para que venhamos fazer Tzedakah, ou seja, ajudar a quem precisa.

7 – Santificou a si mesmo

Quando Moshê se santificou, ele mostrou que todos nós podemos nos santificar, uma ação que depende apenas de nós sem que necessitemos de terceiros para nos santificar. A nossa obediência e separação do erro nos santifica.

Devemos nos santificar para continuar buscando santificação através dos mandamentos da Torah.

8 – As dez coroas

Além de cada uma dessas ações de Moshê naquele dia, dez coisas aconteceram também ali, coisas que o Sefer Olam chama de “as dez coroas”.

O shemini, oitavo dia, não foi de forma alguma um dia comum, e seu relato não pode ser considerado apenas como fato histórico. O já mencionado autor diz que nada em nossa realidade aconteceu por acaso ou de forma natural. O número oito possui enormes segredos como vimos até aqui.

Então, depois de fazermos tudo isso relatado até agora com paciência e dedicação, receberemos as dez coroas, que são sabedorias divinas dadas pelos céus aos obedientes, conforme foi mencionado por dois Apóstolos:


Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida que D’us prometeu aos que o amam. Tg 1:12


Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam que o enganador lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida. Ap 2:10.


Compreendamos portanto, que a Torah não é instantânea e requer de cada um de nós paciência e dedicação no estudo e na obediência. Cada dia é um dia de aprender dela, pois cada dia faz parte do ciclo de shemini, preparado pelo Eterno para nos instruir e nos guiar.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)