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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Estudo da Parashá Shoftím (juízes)


Estudos da Torá

Parashá nº 48 - Shoftím (Juízes)
Devarim/Deuteronômio Dt 16:18-21:9
Haftará (Separação) Is 51:12-52:12; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 11:1-57.


1 - INTRODUÇÃO

A parashá Shoftim trata principalmente a respeito da justiça dentre o povo de D’us. Juízes e oficiais ou policiais deveriam ser apontados dentre as tribos, e os procedimentos judiciais são estabelecidos, a fim de que o povo de Israel trilhasse o caminho que os tornariam uma “nação de sacerdotes e um povo santo”, de acordo com Shemot/Êxodo 19:6. Moshê estava agora instruindo o povo como eles deveriam agir para que isso acontecesse, mostrando que a justiça é o ingrediente essencial para se atingir este objetivo, e alerta Israel de que a “justiça, e somente a justiça seguirás” (Devarim/ Dt 16:20). Esse texto quer dizer que o povo de Adonai deveria perseguir a justiça, ou seja, ansiar por agir de acordo com os preceitos do Senhor. Vejamos então nesse estudo o que a Torá, por meio de Moshé nos instrui a esse respeito.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Como sempre temos feito no decorrer deste ano, vamos iniciar com o significado do nome da parashá. O termo é a primeira palavra que aparece no primeiro verso dessa porção.

Shoftim veshoterim titen lecha…
Juízes e polícias designarás para ti...

Perceba que aparecem duas palavras “shoftim” (juízes) e “shoterim” (polícias ou oficiais), onde segundo o comentário da Torá, os shoftim eram os responsáveis pela administração da justiça e por resolver os assuntos judiciais, enquanto os shoterim eram responsáveis por cumprir as ordens e disposições dos tribunais ou sinédrios. Nesse sentido, o nome da parashá vem, mais uma vez a partir dessa primeira palavra, “shoftim” (juízes), pois o que se quer passar é a idéia de justiça.

De acordo com o que podemos depreender do texto bíblico, o juiz não podia fazer diferença entre o rico e o pobre, não se poderia agradar com presentes a um juiz com o intuito de conseguir favores, ou seja, todos deveriam agir com justiça e equilíbrio. E o objetivo desse mandamento é que, por meio da justiça, o mundo pudesse ser convertido no que a Torá e os profetas haviam sonhado: o reino do Eterno sobre a Terra.

“...designarás para ti...”
Isso transmite a idéia de um outro tipo de juízo, ou seja, a necessidade de julgarmos a nós mesmos, pois as pessoas costumam ser muito rápidas para julgar os outros e lentas para julgarem a sim mesmas. Portanto, cada um deverá ser, em primeiro lugar, juiz de si mesmo, de suas próprias ações, e condenar-se, caso seja necessário. Veja o texto de Devarim 17:5-7 e compare com Jo 8:1-11, o primeiro trata de transgressão da Torá por idolatria, e o segundo é o da mulher adultera. Há pelo menos, dois pontos de ligação entre esses dois textos, o primeiro ponto em comum é a forma como a justiça deveria ser aplicada, e o segundo como a pena deveria ser aplicada. Yeshua mostrou de forma prática como a justiça deveria ser aplicada através da demonstração da aplicação da pena.

Agora, olhando para o texto dentro do seu contexto geral, poderemos entender mais alguns princípios aos quais Moshê estava passando ao povo.

Juízes e oficiais porás para ti em todas as tuas cidades que YHWH, teu Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com juízo de justiça.” Dt 16:18

Estamos falando de juízes nesse estudo, mas você já parou para se perguntar o que significa ser um juiz nas Escrituras? Já demos uma noção nos primeiros parágrafos deste estudo, mas vamos tentar entender melhor agora.

De acordo com o site “emunah a fé dos santos”, um juiz é uma pessoa que recebeu autoridade para pronunciar sentenças de acordo com a Torá, sobre as obras ou palavras de outras pessoas. O juiz tem que condenar o culpado e absolver o inocente sendo imparcial e justo, seguindo tudo o que a Torá determina, a partir dos princípios dela. Podemos observar o próprio livro dos Juízes, que foram homens e mulheres levantados por Adonai para administrar a Torá e guiar o povo no seu cotidiano, mas quando eles não agiam de acordo com o que a lei prescreve, as coisas davam errado, exatamente como esta parashá nos mostra.

Já os oficiais, nesse contexto são aqueles que executam as ordens do juiz. Sem eles o juiz não poderia fazer executar as suas ordens, e no caso não teria como controlar quem obedecia e quem não obedecia a Torá. Os oficiais ou a polícia não funciona bem sem os juízes porque precisam saber quais ordens devem executar. Por isso, o texto menciona esses dois tipos de funcionários ou de servos, e eles devem trabalhar paralelamente para que a sociedade seja beneficiada. E com isso, podemos perceber que o objetivo do Eterno através das palavras de seu servo Moshê, sempre foi o de instruir a sociedade para que vivessem de forma digna e justa.

Continuando nosso estudo, o texto ainda fala que esses indivíduos mencionados, ou seja os juízes, deveriam ser escolhidos “em todas as cidades.” Vamos entender isso à luz do que o povo de Israel viveu na época e como a tradição nos conta.

Haviam três tipos de tribunais em Israel, o tribunal com 3 juízes, o com 23 juízes e o com 71 juízes. Vajamos como era a distribuição desses tribunais. Nas cidades com menos de 120 habitantes tinham um tribunal chamado de Beit Din (casa de julgamentos), que era composta por três juízes. As cidades com mais de120 habitantes tinham um tribunal com 23 juízes, que eram chamados de “pequeno sinédrio”. E mais tarde, conforme a população cresceu, em Jerusalém foi estabelecido o tribunal com 71 juízes, chamado de “grande sinédrio”.

Agora, como eles funcionavam? Vamos lá! As cortes de três juízes somente podiam dar sentenças sobre assuntos monetários. Já para dar uma sentença de vida e morte, seria necessário um tribunal de 23 juízes. Em Jerusalém, por ser muito habitada, haviam três tribunais, sendo dois de 23 juízes e um de 71 juízes, no qual o sumo sacerdote era o principal líder. Os membros do grande sinédrio reuniam-se num lugar designado para eles no templo. Para esse tribunal iam as causas de difícil resolução, as quais não haviam condições comuns de análise, ou que eram desconhecidas.

No verso 19 lemos: Não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno, porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos.” O termo no texto hebraico que foi traduzido como “justiça” ou “juízo”, é “mishpat”. Com o propósito de não se torcer um veredicto, é necessário que não siga-se uma justiça humanista, ou que ao homem pareça justo, mas sim a que o Eterno manda na Sua Torá. Vejamos alguns textos do apóstolo Paulo que aponta essa idéia.

Em Romanos 2:20b: “...tens na Torá a expressão do conhecimento e da verdade;” (é recomendável que se leia desde o verso 17)

Em Romanos 7:7:Que diremos, pois? É a Torá pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela Torá; porque eu não conheceria a concupiscência, se a Torá não dissesse: Não cobiçarás…”

Em Romanos 7:12: “Assim, a Torá é santa; e o mandamento, santo, justo e bom.”
Podemos ainda dar uma olhada em Mt 23:23b, pois também está dentro desse mesmo entendimento. “...o mais importante da Torá, o juízo, a misericórdia e a fé...”

Percebemos que o testemunho da própria Escritura é de que a Torá expressa a justiça de YHWH que é a base de um veredicto correto. A Torá deve ser sempre a base para que o sistema judicial de qualquer país seja justo, não se regendo por critérios humanistas nem pelo que pensa a maioria da população. Mesmo que a maioria de um povo tenha um certo tipo de comportamento, isso não significa que seu comportamento seja correto. De acordo com o site “Emunah a fé dos santos”, comum e normal são conceitos diferentes. Um comportamento comum não tem necessariamente que ser normal, segundo as normas estabelecidas pelo homem. Só há uma justiça verdadeira e ela foi revelada de duas formas, na Torá de Moshê e em Yeshua haMashiach, conforme podemos ler em Romanos 3:21:

Mas, agora, se manifestou, além da Torá, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Torá e dos Profetas.”

Observe que, normalmente, na maioria das bíblias, esse trecho traz a palavra “sem” no lugar de “além”, até mesmo na Bíblia Judaica Completa, o termo que aparece é “à parte”, no entanto, esse termo no texto grego é χωρίς “choris”, que segundo o dicionário STRONG, pode significar “sem, para além de, aparte”. No contexto Rm 3:21, não significa “ao contrário da Torá” ou “sem a Torá”, mas significa “além da Torá”, querendo dar o entendimento de que a Torá manifestou a justiça do Eterno, e para além da Torá, também Yeshua haMashiach revela a mesma justiça de uma forma diferente, mas não é outra justiça, ou uma justiça contraditória e contrária. O Messias Yeshua é a justiça de YHWH, como lemos em 1Coríntios 1:30:

Mas vós sois dele, em Yeshua haMashiach, o qual para nós foi feito por YHWM sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.”

Aqui a palavra grega que foi traduzida como “justiça” é dikayosúne que pode significar tanto justiça como justificação.

Assim, a expressão “além da Torá”, em Rm 3:21, não significa que seja outra justiça diferente da Torá, mas sim que a justiça do Eterno se manifestou de uma outra forma possível que não seja somente através das Escrituras, conforme Hb 1:1-2. Então, devemos entender que são duas revelações da Sua justiça, a justiça do Eterno, que é a Torá e o Messias, mas é a mesma justiça revelada de duas formas distintas. Entretanto, elas são próximas, e harmonizam-se.

Que venhamos buscar como alvo de nossa vida a justiça do Eterno, pois ela se manifesta em nossas vidas através da obediência à Torá e nas obras e práticas do Messias. Nossa vida deve ser sempre pautada pela justiça, não é à toa que Yeshua fala sobre a nossa justiça ser superior à de alguns religiosos hipócritas em Mt 5:20, e o apóstolo Paulo compara a justiça a uma couraça quando fala da armadura de D’us em Ef 6:14. Vivamos sempre de forma justa e acima de tudo exercendo a justiça.


Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://shemaysrael.com/shoftim/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha__48_-_shoftim_juzes.pdf
- http://judeu-autonomo.blogspot.com/2012/08/parashat-shoftim-juizes.html
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/923476/jewish/Nomear-Juzes.htm

sábado, 31 de agosto de 2019

Estudo das Parashiot Êkev e Reê (Pois que / Observe)


Estudos da Torá

Parashá nº 46 e 47Êkev / Reê (Pois que / Observe)
Devarim/Deuteronômio Dt 7:12-11:25 e Dt 11:26-16:17
Haftará (Separação) Is 54:11-55:5; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 7:1-8:59.


1 - INTRODUÇÃO

Semana passada estávamos no trabalho missionário Aliança Radical e por isso não tivemos estudo, sendo assim, veremos um resumo do estudo que não tivemos e o desta semana. Veremos parte da Parashá Êkev de forma resumida e falaremos também um pouco da parashá Reê, bem como os seus significados literais e práticos para nossas vidas.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Parashá Êkev

Em primeiro lugar vejamos o que significa a palavra Êkev, que dá nome a esta porção. Segundo o comentarista da Torá a palavra Êkev, em hebraico, que significa nesse versículo “por causa, pois que”, tem uma grande semelhança com a palavra Akêv, cuja tradução literal é “calcanhar do pé”. De acordo com o Midrash (Ialcut 846), se guardamos os preceitos que nos parecem insignificantes, e aos quais pisamos, por assim dizer, com os calcanhares, o Eterno, nosso Deus, também guardará a aliança e a bondade prometida sob juramento a nossos pais. Ainda de acordo como o comentário da Torá, toda essa parashá é uma vibrante e veemente elocução de Moisés ao povo de Israel; em todo esse fervoroso discurso, ele acentua a relação existente entre a Torá como doutrina de vida e o estilo de viver judaico; entre a felicidade humana e as boas ações; entre a obediência aos ensinamentos da Torá como filosofia de vida judaica e a recusa à inércia, e tudo isso serve para cada um de nós.

Os versos de Devarim (Dt) 7:12-16 ensinam que há condições para que o Eterno mantenha a aliança que jurou aos patriarcas e aos filhos de Israel. Eles também falam sobre as consequências da fidelidade à aliança, ou seja, as bençãos relacionadas à obediência. Então devemos entender que existem condições e consequências. Vejamos então as condições:

- ouvir e obedecer aos mishpatim (juízos, regras (leis sociais));
- guardar os mishpatim; e
- cumprir os mishpatim.

Vejamos também as consequências:

- YHWH guardará a sua aliança com Israel;
- YHWH guardará a sua miseriórdia com Israel;
- YHWH amará Israel;
- YHWH abençoará Israel;
- YHWH multiplicará Israel;
- YHWH abençoará os filhos de Israel;
- YHWH abençoará os produtos agrícolas;
- YHWH abençoará a produção de animais dos israelitas;
- Os israelitas usufruirão mais do bem estar que os outros povos;
- Não haverá esterilidade em israelitas ou nos seus animais;
- Não heverá enfermidades entre o povo;
- Doenças vão atingir os inimigos de Israel; e
- Os israelitas serão capazes de exterminar as sete nações.

Entendamos que ao ler os textos dessa porção vemos que as condições de obtenção dos benefícios da aliança, primeiramente, tem a ver com a fidelidade às leis que têm a ver com o amor ao próximo, ou seja, as leis sociais. A obediência aos mishpatim que são leis sociais, é uma condição para receber o amor de YHWH. E assim, temos a oportunidade de aprender que o amor que YHWH nos demonstra está relacionado com o amor que demonstramos ao próximo.

Esse mesmo princípio pode ser encontrado em textos apostólicos no chamado Novo Testamento, onde vemos que o amor que mostramos ao próximo é um reflexo do amor que temos para com o Pai, conforme lemos em: 1Jo 3:14, 23; 4:8,12, 20.

A relação entre cada um de nós e nosso próximo determina como é o nosso relacionamento com o Pai. Não é possível servir ao Eterno, sem amar os irmãos, os nossos semelhantes. É impossível obter os benefícios da aliança sem estar bem uns com os outros.

Parashá Reê

A porção dessa semana é “Reê”, que significa “observa” ou “vede”. Ela é tão profunda quanto a palavra “shemá” que fala de ouvir e obedecer. Perceba que ela está em modo imperativo. Ela tem a ver com uma percepção mais profunda, uma visão interior, com os “olhos” do coração. Veja o texto de Devarim (Dt) 11:26-28:

Observa(reê) que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos de YHWH, vosso Elohim, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos de YHWH, vosso Elohim, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.”

Vemos Adonai apresentando dua opções para o homem, a fim de que ele tenha a oportunidade de escolher. Para que ele possa usufruir do livre arbítrio. O homem pode escolher viver desligado ou ligado ao Eterno. Por isso, essa parashá inicia com a palavra “Reê” ou seja, “observa”. O que temos que observar é as opções que nos são colocadas à frente, e tomar a decisão correta. Se o homem tivesse sido criado sem o poder de escolha seria um autômato, como uma máquina, porém, cada um de nós temos o poder ou a liberdade de escolher. Ninguém é obrigado a obedecer ou a pecar (desobedecer), porque o Eterno nos criou para sermos pessoas que podem escolher servir de livre e espontânea vontade.

O homem pode optar pelo caminho da transgressão, do pecado, no entanto essa liberdade não o isenta da responsabilidade e das consequências de suas escolhas.

As bençãos eram pronunciadas por aqueles que estavam no monte Guerizim, enquanto as maldições pelas pessoas que estavam no monte Ebal. Agora perceba uma coisa, o monte Ebal, onde se pronunciaram as maldições, era mais alto que monte Guerizim. Isso é uma relação interessante, pois o fato de que o topo do monte, representa juízo sobre a pessoa a qual cai a maldição. Ou seja, a maldição é aplicada após uma jornada mais longa do que a jornada que se percorre para subir o monte Guerizim. Isso quer dizer que, possivelmente, essa relação demonstra que o Eterno espera até ao último momento para que o ímpio se arrependa. O Eterno dá-lhe o máximo de tempo possível para que possa vir a se arrepender, mas se isso não ocorrer, ao final de sua jornada, a maldição ou juízo recairá sobre ele.

A porção “Reê” ou “ver” implica em compreender não só o aspecto da escolha mas o que está revelado, o caminho correto para a vida, assim também como crer e ter consciência de que esta bem aventurança procede de Deus. Outra coisa, é que consiste ainda em considerar sobre as consequências desastrosas, conforme já mencionamos antes, da desobediência, como também as recompensas que o cumprimento dos mandamentos proporcionam, para que através delas o homem possa ter uma vida plena e abundante e servir melhor ao Eterno.

Yeshua  fala sobre estes dois caminhos, da obediência e da rebeldia e suas consequências “Eu sou a porta, se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância;” (Yochanan/João 10:9-10). O site britolam.com.br no estudo dessa parashá diz que, estes são como dois caminhos alegóricos que se localizam no meio exterior, ao longo de toda a extensão da vida humana, onde obrigatoriamente se escolhe uma opção em detrimento da outra em meio a constante luta interior, na submissão do ser à vontade Divina.

Em nossas vidas muitas destas opções que surgem diariamente são de fácil escolha, ou seja, podemos prever suas consequências benéficas ou maléficas com muita clareza e evidência, sem haver uma tensão, um conflito interno, pois trata-se de uma escolha que condiz com o nosso caráter ou com nossa visão de mundo, como por exemplo, a escolha entre roubar ou não roubar. Contudo algumas escolhas não são tão simples assim, e dessa forma exigem certo discernimento espiritual para saber qual é o caminho certo a seguir, a fim de estar de acordo com a justiça de D’us. Isto portanto, requer o conhecimento das Escrituras, como também um relacionamento mais íntimo com o Eterno, com o exercício das disciplinas espirituais que consta na santidade, na adoração e tefilá (oração), no estudo da Torah, e comunhão constante com o povo de D’us.

Com tudo isso, essa porção compreende em retornar à pureza da essência da Torá rompendo com as tradições que impedem a percepção e o entendimento da vontade Divina expressa nas Escrituras. Veja Marcos 7:9. Assim, é muito importante e urgente que retornemos a observação das prescrições da Torá, considerando que a Palavra de Deus é imutável, e nos garante tomar a opção certa, não para entrada na Aliança, que é concedida pela graça Divina mediante o sacrifício de Yeshua HaMashiach, mas para permanecer nela, em santidade constante, como o próprio Yeshua disse em Mt 5:18-19.

Concluindo, ao aprender com a porção “observa” ou “vede” que o Eterno nos dá a liberdade de escolha sobre qual caminho seguir devemos ter em mente onde esse caminho nos levará, ou qual será as consequências dele. Adonai coloca para escolhermos o caminho da obediência, cuja consequência são as bençãos, e também coloca o caminho da desobediência, cuja consequência são as maldições ou juízos. Devemos saber escolher, pois quando se entra pelo caminho da desobediência, mesmo que depois nos arrependamos e sejamos perdoados, e retornemos para o caminho da obediência, algumas consequências de nossas escolhas erradas nos acompanharão por muitos anos em nossas vidas. Então, como diz o texto: “Cuidem de seguir todas as leis e regras que ponho hoje diante de vocês.” Dt 11:32

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha_46-_ekev_consequncia.pdf
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha_47-_re.pdf
- https://www.britolam.com.br/parashat-ree

sábado, 17 de agosto de 2019

Estudo da Parashá Vaetchanan (E eu supliquei)

Estudos da Torá

Parashá nº 45Vaetchanan (E eu supliquei)
Devarim/DeuteronômioDt 3:23-7:11,
Haftará (Separação) Is 40:1-26; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 6:1-71.

1 - INTRODUÇÃO
Esta porção da Torá, a parashá “Vaetchanan” continua o relato de Moshê no discurso a respeito de tudo o que o povo de Israel viveu até aquele momento, e acerca das palavras que o Eterno havia dito como mandamentos. Entre outras coisas, Moshê fala ao povo que suplicou a D’us para permitir sua entrada na terra de Israel (erets Israel), mas o Eterno recusou seu pedido.

Ensinamentos há para cada um de nós nesta porção, que possamos aproveitar a oportunidade, e avançar no conhecimento de D’us e de suas palavras, pois podemos perceber que no decorrer dos capítulos desta parashá Moshê continua a exortar e a advertir o povo de Israel a obedecer à Torá e aos mandamentos de D’us.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS
Começando este estudo, devemos entender o significado do nome da porção. Ela é chamada de “Vaetchanan”, que significa “e eu supliquei, roguei, implorei”. Isso, novamente dizendo, porque é uma das palavras que estão logo no início da porção, e na verdade, esta é a primeira palavra, veja:

וָאֶתְּחַםַן אֶל יַהְּוֶה בָעֵת הַהִוא לֵאמ ֹר
Vaetchanan el Adonai baet hahiv lemor
E eu supliquei a Adonai naquele tempo dizendo:

Devemos entender que Moshê queria muito entrar na terra de Canaã. Ele sabia que seria muito bom viver no lugar que o Senhor prometera a seus antepassados, esse era o motivo que o levou a suplicar a D’us. Era a esperança de uma vida inteira que o levava a rogar ou implorar para que o Eterno revogasse seu decreto conta ele.

Suplicar ou Determinar
Com vistas na reação de Moshê e para a realidade dele podemos tentar trazer essa perspectiva para o nosso tempo. Atualmente as pessoas estão mais focadas em ter, do que em ser. Moshê demonstra ter contato com o Eterno de forma íntima, reconhecendo sua grandeza e poderio, e ainda assim, age de forma humilde, como um bom servo pode fazer.

Entretanto, não é assim que se tem agido na atualidade, pois as pessoas estão mais preocupadas em ter o que D’us pode dar, do que em ser o que ele deseja de nós. Elas não tem intimidade com o Senhor, mas anseiam pelo que ele pode dar. E com isso, os teólogos acabaram por colocar D’us em uma caixa, onde ele só faz o que dizem que ele pode fazer. Por esse motivo, acham-se em condições de mandar no que o Eterno deve fazer por elas mesmas. Determinando que o Eterno faça isso ou aquilo, e na hora em que eles querem, e tudo isso em nome de Jesus. Como se o Pai fosse subordinado ao filho, ou se o nome de Yeshua fosse uma palavra mágica para se conseguir de D’us tudo o que se quer.

Como servos de Adonai, pertencemos a um reino, que tem um Rei instituído, que é Yeshua o regente de todo o universo, e esse reino tem suas leis, que foram estabelecidas pelo seu Criador, o Eterno de Israel. Não temos e não podemos como meros seres humanos e servos, pretender mandar no que Ele como D’us possa fazer. Nosso papel é bater, buscar, clamar a D’us a todo o momento, a fim de que Ele faça a vontade dele em nossas vidas, e se nossos sonhos estão alinhados com a vontade dele poderão ser realizados, ou não, afinal Ele é o Senhor do Universo. Encontramos textos bíblicos de pessoas que suplicaram ao Eterno no lugar de determinar. Veja 2Sm 12:15-23:
Depois que Natã foi para casa, o Senhor fez adoecer o filho que a mulher de Urias dera a Davi. E Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão. Os oficiais do palácio tentaram fazê-lo levantar-se do chão, mas ele não quis, e recusou comer. Sete dias depois a criança morreu. Os conselheiros de Davi estavam com medo de dizer-lhe que a criança estava morta, e comentavam: "Enquanto a criança ainda estava viva, falamos com ele, e ele não quis escutar-nos. Como vamos dizer-lhe que a criança morreu? Ele poderá cometer alguma loucura!" Davi, percebendo que seus conselheiros cochichavam entre si, compreendeu que a criança estava morta e perguntou: "A criança morreu?" "Sim, morreu", responderam eles. Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no santuário do Senhor e adorou. E voltando ao palácio, pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu. Seus conselheiros lhe perguntaram: "Por que ages assim? Enquanto a criança estava viva, jejuaste e choraste; mas, agora que a criança está morta, te levantas e comes! " Ele respondeu: "Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei. Eu pensava: ‘Quem sabe? Talvez o Senhor tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver’. Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim".”

Outro exemplo de súplica ao Senhor é do próprio Rab. Sh’aul (Apóstolo Paulo) em 2 Co 12:8-9.

Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.”

Sendo assim, devemos compreender que somos servos e precisamos ter intimidade e temor ao nosso Senhor, além de saber que Ele é quem decide a partir de sua própria vontade e não da nossa, apenas suplicamos e rogamos.

Entendimentos judaicos

No estudo da parashá Vaetchanan do site “Emunah a fé dos Santos” encontamos o seguinte:
““3:23 “Também supliquei a YHWH, no mesmo tempo, dizendo:”
Segundo o Midrash, Moisés terá suplicado ao Eterno 515 vezes para que o deixasse entrar na terra, isto porque a palavra traduzida como “supliquei”, segundo a guematria, tem o valor numérico de 515. A sua oração não foi ouvida antes da sua morte, contudo, durante o ministério de Yeshua, é contado um episódio de que Moisés esteve com ele num dos montes de Israel (possivelmente o Monte Tabor), juntamente com Elias, cf. Mateus 17.

Mas quando analisamos a Palavra, concluímos, segundo o nosso entendimento, que essa não terá sido uma experiência física, visto que o corpo de Moisés não tinha ainda ressuscitado, pois todos os que morreram desde Adão, aguardam ainda pela sua ressurreição.

Terá sido então uma aparição numa dimensão celestial profética, ou seja, onde o tempo é relativo e profético no sentido de que pode englobar o passado, presente e o futuro. Por isso teremos que perguntar se verdadeiramente era Moisés que estava ali presente, ou se a aparição foi numa dimensão profética fora do tempo do espaço, semelhante à revelação que o apóstolo João experienciou na ilha de Patmos.”

Sobre este mesmo Midrash o site “Chabad.org esclarece o seguinte:

Moshê continuou: "Insisti: ‘Por favor, D’us, podes anular Teu decreto Quando um rei muda de idéia, deve pedir aos ministros que concordem. Mas Tu não precisas da permissão de ninguém para mudares de idéia. Por Tua grande misericórdia, perdoa-me por favor!’

"D’us respondeu: ‘Meu decreto não pode ser anulado porque Eu jurei!"

"Rezei: D’us, podes cancelar um juramento! Não prometeste destruir Benê Yisrael após o pecado do bezerro de ouro? Anulaste tua promessa então! Por que deveria eu sofrer o mesmo destino dos espiões que falaram mal de Êrets Yisrael? Tenho louvado a Terra Santa por toda minha vida!’

"’Moshê,’ respondeu D’us – todos os homens de sua geração morreram no deserto. Você será enterrado com eles; seu mérito os protegerá. Eles precisam de você! Após a vinda de Mashiach, eles serão revividos, e você os levará a Êrets Yisrael!’

(D’us também fez com que outros grandes tsadikim fossem sepultados fora de Êrets Yisrael para que seus méritos protegessem os judeus enterrados na Diáspora. Como por exemplo, o túmulo de Mordechai encontra-se na Pérsia).

Moshê disse a Benê Yisrael:
"Mesmo assim, não desisti. Implorei a D’us de 515 maneiras diferentes para que me deixasse entrar em Êrets Yisrael". (Isto está aludido na palavra vaet’chanan, o nome desta Parashá, cujo valor numérico equivale a 515).

"Rezei: ‘Por favor, D’us, deixe-me então ver a cidade de Jerusalém e o Bêt Hamicdash!’

"’Rav, basta!’ exclamou D’us: ‘Não reze mais! As pessoas dirão que sou inflexível por recusar suas orações e que você é obstinado por continuar a argumentar’. (A palavra rav significa chega, basta; mas também pode ser traduzida como "muito").

‘Rav lach’, muito mais do que isto está reservado para você. A recompensa que preparei para você no Mundo Vindouro é bem maior que entrar em Êrets Yisrael. Diga a Yehoshua que ele marchará à frente de Benê Yisrael e os liderará durante a guerra.’

"Mesmo assim, minhas orações conseguiram algo. D’us me disse: ‘Acederei ao seu desejo de ver a Terra Santa. Deixarei escalar a colina, e mostrarei a você todo Êrets Yisrael, até os locais mais distantes!’”

O que podemos entender do Midrash é que quando nos arrependemos de nossos pecados somos perdoados pelo Senhor, no entanto as consequências permanecem. No entanto, isso não quer dizer que o Eterno não vá preparar algo importante para sua vida. Devido aos erros de Moshê, ele foi impedido de entrar na terra de Canaã, podendo apenas olha-la, mas segundo a tradição judaica o Eterno teria ainda uma missão para ele. E nós podemos aprender com essa tradição, pois o Eterno tem uma missão para cada um de nós agora nessa vida, assim como Moshê teve, mas não sabemos qual a missão que teremos no mundo vindouro, podemos vislumbrar de longe pelo que os apóstolos nos dizem:

Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida!” 1Co 6:2,3

Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as nações. "Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará a um vaso de barro" Ap 2:26,27

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parash_45_-_vaetchann_supliquei.pdf
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921367/jewish/Mosh-Implora-para-Entrar-Na-Terra-de-Israel.htm
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822834/jewish/Resumo-da-Parash.htm