Estudos
da Torá
Parashá
nº 38
– Korach
(Coré)
Bamidbar/Números
Nm 16:1-18:32,
Haftará
(Separação) 1Sm
11:14-12:22;
e
B’rit
Hadashah (Nova Aliança) Lc
19:1-30:47
1
- INTRODUÇÃO
Na
parashá (porção) desta semana vamos tratar do assunto da rebeldia,
rebelião e questionamento de autoridade. Veremos que isso aconteceu
com Moshê e quais foram as consequências destes atos, e
refletiremos sobre o resultado disso nas nossas vidas.
2
- ESTUDO DAS PALAVRAS
“Korach,
o filho de Yitz’har, netode K’hat, bisneto de Levi, junto com
Datan e Aviram, os filhos de Eli’av, e On, o filho de Pelet,
descendentes de Re’uven, reuniram homens e se rebelaram contra
Mosheh. Aliaram-se a eles 250 homens de Yisrael, líderes da
comunidade, membros importantes do conselho, homens de bom conceito.”
(Nm 16:1-2
- BJC)
O
comentário da Torá nos diz o seguinte a respeito do primeiro verso
dessa porção:
“Esta
porção semanal registra a primeira revolta contra a autoridade de
Moisés e Aarão. Os interesses pessoais de Côrach motivaram a sua
rebeldia. O descontentamento deste, nos diz o Midrash, surgiu porque
Elitsafan, seu primo irmão, obteve um cargo ao qual Côrach se
achava no direito de ocupar. Porém, Elitsafan tinha mais méritos:
ele era mais apto que Côrach para as funções que lhe eram
confiadas e Moisés não podia sacrificar o interesse geral em nome
de idade e de família. Quanto a Datan e Abiram, a tradição nos
ensina serem aqueles dois hebreus que brigaram no Egito e disseram
então a Moisés: “Quem te pôs por homem, principe e juiz sobre
nós?” (Ex 2:13-14) Eles eram também os mesmos homens que
infringiram a prescrição de Deus relativa ao Maná (Ex 16:20).
Côrach, conhecendo as más disposições destes, apoiou-se sobre
essa classe de gente na sia revolta injusta.” (Torá – A
Lei de Moisés, Ed. Sefer, 2001, Página 436)
Na
leitura dessa porção, podemos perceber que o nome da parashá é o
primeiro nome que aparece no texto, Korach (Coré), assim como também
encontramos o nome de outros três. Segundo o que lemos no comentário
da Torá transcrito acima, onde nos é informado o motivo pelo qual
levou este homem a questionar a autoridade de Mosheh, e isso nos é
confirmado mais à frente no texto, no verso 8-9.
Podemos
assim, perceber que a Torá que nos apontar algo sobre o caráter
deste homem chamado Korach. Embora fosse rico, estimado entre sua
tribo e honrado com a tarefa de cuidar da Arca da Aliança, conforme
Nm
4:15:
“Quando
Arão e os seus filhos terminarem de cobrir os utensílios sagrados e
todos os artigos sagrados, e o acampamento estiver pronto para
partir, os Coatitas
virão carregá-los. Mas não tocarão nas coisas sagradas; se o
fizerem, morrerão. São esses os utensílios da Tenda do Encontro
que os coatitas carregarão.”
Korach
não tinha sido nomeado líder dos Coatitas, mas sim Elisafã, um
primo mais jovem. O avô de Korach,
era Kehat
(Coate),
cf. Êxodo 6:18-22.
“Os
filhos de Coate foram Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Coate viveu cento
e trinta e três anos.
Os
filhos de Merari foram Mali e Musi. Esses foram os clãs de Levi, por
ordem de nascimento. Anrão tomou por mulher sua tia Joquebede, que
lhe deu à luz Arão e Moisés. Anrão viveu cento e trinta e sete
anos.
Os
filhos de Isar foram Corá, Nefegue e Zicri.
Os
filhos de Uziel foram Misael, Elizafã
e Sitri.”
O
pai de Korach
era Izar, irmão de Uziel. E
este era
o pai de Elisafã. O pai de Korach
era mais velho que o pai de Elisafã. Uziel mesmo
sendo mais novo,
seu
filho
Elisafâ
foi
eleito para ser o líder dos Coatitas, Conforme
Nm 3:29-31.
“Os
clãs coatitas tinham que acampar no lado sul do tabernáculo. O
líder das famílias dos clãs coatitas era Elisafã, filho de Uziel.
Tinham a responsabilidade de cuidar da arca, da mesa, do candelabro,
dos altares, dos utensílios do santuário com os quais ministravam,
da cortina e de tudo o que estava relacionado com esse serviço.”
A
inveja desses homens os levaram a dizer coisas que tinham aparência
de verdade, como por exemplo o que Korach disse a Mosheh:
“Vocês
se valorizam em demazia! Afinal, toda a comunidade é sagrada, todas
as pessoas, e Adonai está entre eles. Porque, então, vocês se
elevam acima da assembléia de Adonai?”(Nm
16:3)
Toda
a comunidade é santa, todas as pessoas, disse Korach, ou seja, todos
poderiam exercer o ministério, mas isso contrariava a ordem de
Adonai, que disse que somente os levitas poderiam servir.
Mas
também disseram mentiras como Datan e Abiram:
“Nós
não subiremos! É algo sem importância ter-nos tirado da terra em
que sobejam leite e mel para nos matar no deserto, a tal ponto que
você se arroga o papel de ditador sobre nós?”
(Nm 16:13)
Por
acaso no Egito, para eles que eram escravos, era um lugar que emanava
leite e mel? Eles eram bem tratados no Egito? Claro que não! Mas a
inveja os cegou,assim como cega a todos os que vivem assim.
O
tratamento
do Eterno para a inveja
Alguns
estudiosos defendem que Adonai deveria ter dado a Korach um cargo
importante para que não se aborrecesse e assim, não se revoltaria.
No entanto, com D’us não é dessa
maneira
que as coisas funcionam, pois o Eterno vê o coração do homem. E
assim,
como ele viu em Caim seu descontrole em relação a seu irmão Abel,
estava olhando o coração de
Korach e vendo seus reais motivos. O problema não está no cargo que
D’us não deu àquele homem, mas na inveja e na falta de humildade
dele. Por isso, a solução não seria dar a um homem ambicioso um
cargo de responsabilidade, mas sim fazer com que ele se humilhe e
aprenda a submeter-se aos líderes que YHWH instituiu sobre ele. E
devemos aprender
essa lição, e trazer para nossas vidas, pois não é porque
entendemos que temos o direito, mais condições, ou mais
conhecimento, que receberemos
algum cargo ou autoridade no
reino do Eterno. É ele quem planeja e estabelece quem vai usar e
como vai usar, a nós cabe apenas aceitar sua vontade com humildade,
e orar para que nosso irmão, que foi escolhido exerça com zelo e
amor a autoridade que recebeu. Em Korach havia uma fonte insaciável,
uma inveja implacável, que o levou à loucura e a autodestruição.
Ele foi alcançado por sua própria inveja, arrogância e despeito.
Devemos
perceber que essa escolha de outro líder que não Korach, era um
tratamento de Adonai para curar a alma dele, porém ele se recusou
tratar o pecado em sua alma, e desenvolveu um sentimento de revolta
que cresceu de tal maneira que lhe custou a vida. Temos no entanto,
nas Escrituras exemplos contrários que mostram que não houve ciúmes
quando um irmão mais novo foi elevado a uma posição superior, como
Moisés e Aarão; Efraim e Manassés.
Não
devemos seguir os pensamentos errados
Outra
coisa que devemos aprender é que, não é só porque alguém da
nossa família tem um tipo de pensamento, que devemos seguir. Nessa
situação de Korach, percebemos que seus filhos não estavam do lado
dele, não tomaram partido, não penderam para o lado errado. Ao
contrário dos filhos de Datan e Abiram, veja em Nm 16:27-32:
“Eles
se afastaram das tendas de Corá, Datã e Abirão. Datã e Abirão
tinham saído e estavam de pé, à entrada de suas tendas, junto com
suas mulheres, seus filhos e suas crianças pequenas. E disse Moisés:
"Assim vocês saberão que o Senhor me enviou para fazer todas
essas coisas e que isso não partiu de mim. Se estes homens tiverem
morte natural e experimentarem somente aquilo que normalmente
acontece aos homens, então o Senhor não me enviou. Mas, se o Senhor
fizer acontecer algo totalmente novo, e a terra abrir a sua boca e os
engolir, junto com tudo o que é deles, e eles descerem vivos ao
Sheol, então vocês saberão que estes homens desprezaram o Senhor".
Assim que Moisés acabou de dizer tudo isso, o chão debaixo deles
fendeu-se e a terra abriu a sua boca e os engoliu juntamente com suas
famílias, com todos os seguidores de Corá e com todos os seus
bens.”
Se
olharmos com cuidado as Escrituras perceberemos que a família de
Datan e Abiram estavam ao lado dele quando o povo se afastou deles,
mas a Torá não fala da família de Korach. Porque
seus filhos não o seguiram, e
por isso não tiveram o mesmo destino dos filhos de Datan e Abiram.
“e
os filhos de Eliabe foram Nemuel, Datã e Abirão. Estes, Datã e
Abirão, foram os líderes da comunidade que se rebelaram contra
Moisés e contra Arão, estando entre os seguidores de Corá quando
se rebelaram contra o Senhor. A terra abriu a boca e os engoliu
juntamente com Corá, cujos seguidores morreram quando o fogo devorou
duzentos e cinqüenta homens, que serviram como sinal de advertência.
A descendência de Corá, contudo, não desapareceu.”
Nm
26:9-11
Com
certeza,
os
filhos de Korach quiseram
acabar com essa maldição familiar, tendo nomes importantes como o
de Samuel, que foi um descendente de Korach, foram autores de vários
Salmos como 42-49; 84 e 85; 87 e 88, e chegaram a ter cargos
importantes no templo. Por isso encontramos os seus descendentes
sendo mencionados em 1Cr 6:31-38:
“Estes
são os homens a quem Davi encarregou de dirigir os cânticos no
templo do Senhor depois que a arca foi levada para lá. Eles
ministravam o louvor diante do tabernáculo, da Tenda do Encontro,
até quando Salomão construiu o templo do Senhor em Jerusalém. Eles
exerciam suas funções de acordo com as normas estabelecidas. Estes
são os que ministravam, junto com seus filhos: Dentre os coatitas: O
músico Hemã, filho de Joel, filho de Samuel, filho de Elcana, filho
de Jeroão, filho de Eliel, filho de Toá, filho de Zufe, filho de
Elcana, filho de Maate, filho de Amasai, filho de Elcana, filho de
Joel, filho de Azarias, filho de Sofonias filho de Taate, filho de
Assir, filho de Ebiasafe, filho de Corá, filho de Isar, filho de
Coate, filho de Levi, filho de Israel.”
Quando
se está feliz e fiel na posição e no chamado que o Eterno lhe
colocou, no tempo certo receberá a devida recompensa. Conforme está
dito pelo Apóstolo Pedro, se no humilhamos debaixo da mão poderosa
do Eterno, ele nos exaltará no devido tempo, de acordo com 1Pe
5:5-6. Que tenhamos a atitude dos descendentes de Korach.
A
questão da Autoridade de Yeshua
Nessa
parashá, a porção referente a este assunto no Novo Testamento está
em Lc 19:1-20:47. Entretanto, quero me ater a parte do capítulo 20,
onde alguns sacerdotes, mestres da lei e anciãos vem questionar a
Yeshua a sua autoridade. Para que se possa entender bem o contexto,
leia desde o verso 45 do capítulo 19 até o verso 19 do capítulo
20, que não transcreverei aqui para poupar espaço.
Tendo
lido todos os versos mencionados acima, podemos perceber que o
questionamento aqui é o mesmo, de Korach, Datan e Abiram, ou seja:
Quem é o escolhido de D’us? De quem é a autoridade de Yeshua?
Assim,
como aqueles homens questionaram
a autoridade de Mosheh sobre as decisões tomadas, os líderes
religiosos hipócritas na época de Yeshua estavam questionando o que
ele tinha feito no templo, ao expulsar os vendilhões da Beit
Hamikdash (Casa da Santidade ou Templo Sagrado), conforme lemos em Lc
20:1-2. Ao que Yeshua responde com uma outra pergunta, sobre o
batismo de Yohanan (João). Eles não respondem pois entendiam que se
dissessem que o batismo era do céu, Yeshua os questionariam o porquê
eles perseguiam Yohanan, mas se dissessem que era dos homens, então
o povo os apedrejariam, porque era bem visto pelo povo. E, Yeshua
então, diz que não lhes diria de onde vinha sua autoridade, e
começa a contar uma Parábola
(Agadá),
sobre
os lavradores maus.
Alguns
detalhes dessa parábola:
-
certo homem;
-
uma vinha;
-
arrendar;
-
lavradores;
-
3 servos;
-
o filho; e
-
outros.
O
significado de cada um deles:
-
certo homem - o Eterno;
-
uma vinha - Israel;
-
arrendar
- autoridade para cuidar (ensinar);
-
lavradores - autoridades religiosas;
-
3 servos - os profetas do Eterno;
-
o filho - Yeshua; e
-
outros - Yeshua em sua volta.
Alguns
ali que ouviram a Agadá disseram que não fosse assim, então Yeshua
cita as Escrituras, fazendo um Midrash. E os religiosos entenderam
que era deles que estava sendo falado.
O
que podemos e devemos aprender com essa porção é que o
Eterno enviou Yeshua seu filho, para receber sua porção dos
lavradores a quem ele tinha arrendado a vinha, mas ele foi morto e
ressuscitou, e retornará para tomar a vinha para si mesmo, e ele
mesmo cuidará dela. A autoridade de Yeshua, assim como a de Mosheh
no deserto, foi dada por Adonai, e aqueles que questionaram sabiam
disso, mas mesmo assim, levantaram-se contra. E enquanto nós formos
humildes e reconhecermos a autoridade da Torá e de Yeshua em nossas
vidas, estaremos seguindo em frente em direção à vontade do
Eterno.
Concluindo,
devemos viver em nossas vidas de acordo com os filhos de Korach, que
em detrimento de seu pai estar errado, eles tomaram a decisão de
viver a verdade da vontade de Adonai. Assim como o Mashiach Yeshua,
viveu de acordo com a vontade do Eterno e nos abriu o caminho para
nos aproximar do Pai, e nos afastar do caminho da rebeldia e dos
questionamentos. Vivamos segundo o que Adonai estabeleceu para cada
um de nós, pois a cada um ele deu um talento, conforme Mt 25:14-30.
Bibliografia:
-
Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
-
Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
-
http://shemaysrael.com/parasha-korach/
-
http://www.yeshuachai.org/forums/topic/parasha-korach-cora-rebeldes/
-
http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/38-_korach_cor.pdf
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