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sábado, 31 de agosto de 2019

Estudo das Parashiot Êkev e Reê (Pois que / Observe)


Estudos da Torá

Parashá nº 46 e 47Êkev / Reê (Pois que / Observe)
Devarim/Deuteronômio Dt 7:12-11:25 e Dt 11:26-16:17
Haftará (Separação) Is 54:11-55:5; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 7:1-8:59.


1 - INTRODUÇÃO

Semana passada estávamos no trabalho missionário Aliança Radical e por isso não tivemos estudo, sendo assim, veremos um resumo do estudo que não tivemos e o desta semana. Veremos parte da Parashá Êkev de forma resumida e falaremos também um pouco da parashá Reê, bem como os seus significados literais e práticos para nossas vidas.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Parashá Êkev

Em primeiro lugar vejamos o que significa a palavra Êkev, que dá nome a esta porção. Segundo o comentarista da Torá a palavra Êkev, em hebraico, que significa nesse versículo “por causa, pois que”, tem uma grande semelhança com a palavra Akêv, cuja tradução literal é “calcanhar do pé”. De acordo com o Midrash (Ialcut 846), se guardamos os preceitos que nos parecem insignificantes, e aos quais pisamos, por assim dizer, com os calcanhares, o Eterno, nosso Deus, também guardará a aliança e a bondade prometida sob juramento a nossos pais. Ainda de acordo como o comentário da Torá, toda essa parashá é uma vibrante e veemente elocução de Moisés ao povo de Israel; em todo esse fervoroso discurso, ele acentua a relação existente entre a Torá como doutrina de vida e o estilo de viver judaico; entre a felicidade humana e as boas ações; entre a obediência aos ensinamentos da Torá como filosofia de vida judaica e a recusa à inércia, e tudo isso serve para cada um de nós.

Os versos de Devarim (Dt) 7:12-16 ensinam que há condições para que o Eterno mantenha a aliança que jurou aos patriarcas e aos filhos de Israel. Eles também falam sobre as consequências da fidelidade à aliança, ou seja, as bençãos relacionadas à obediência. Então devemos entender que existem condições e consequências. Vejamos então as condições:

- ouvir e obedecer aos mishpatim (juízos, regras (leis sociais));
- guardar os mishpatim; e
- cumprir os mishpatim.

Vejamos também as consequências:

- YHWH guardará a sua aliança com Israel;
- YHWH guardará a sua miseriórdia com Israel;
- YHWH amará Israel;
- YHWH abençoará Israel;
- YHWH multiplicará Israel;
- YHWH abençoará os filhos de Israel;
- YHWH abençoará os produtos agrícolas;
- YHWH abençoará a produção de animais dos israelitas;
- Os israelitas usufruirão mais do bem estar que os outros povos;
- Não haverá esterilidade em israelitas ou nos seus animais;
- Não heverá enfermidades entre o povo;
- Doenças vão atingir os inimigos de Israel; e
- Os israelitas serão capazes de exterminar as sete nações.

Entendamos que ao ler os textos dessa porção vemos que as condições de obtenção dos benefícios da aliança, primeiramente, tem a ver com a fidelidade às leis que têm a ver com o amor ao próximo, ou seja, as leis sociais. A obediência aos mishpatim que são leis sociais, é uma condição para receber o amor de YHWH. E assim, temos a oportunidade de aprender que o amor que YHWH nos demonstra está relacionado com o amor que demonstramos ao próximo.

Esse mesmo princípio pode ser encontrado em textos apostólicos no chamado Novo Testamento, onde vemos que o amor que mostramos ao próximo é um reflexo do amor que temos para com o Pai, conforme lemos em: 1Jo 3:14, 23; 4:8,12, 20.

A relação entre cada um de nós e nosso próximo determina como é o nosso relacionamento com o Pai. Não é possível servir ao Eterno, sem amar os irmãos, os nossos semelhantes. É impossível obter os benefícios da aliança sem estar bem uns com os outros.

Parashá Reê

A porção dessa semana é “Reê”, que significa “observa” ou “vede”. Ela é tão profunda quanto a palavra “shemá” que fala de ouvir e obedecer. Perceba que ela está em modo imperativo. Ela tem a ver com uma percepção mais profunda, uma visão interior, com os “olhos” do coração. Veja o texto de Devarim (Dt) 11:26-28:

Observa(reê) que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos de YHWH, vosso Elohim, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos de YHWH, vosso Elohim, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.”

Vemos Adonai apresentando dua opções para o homem, a fim de que ele tenha a oportunidade de escolher. Para que ele possa usufruir do livre arbítrio. O homem pode escolher viver desligado ou ligado ao Eterno. Por isso, essa parashá inicia com a palavra “Reê” ou seja, “observa”. O que temos que observar é as opções que nos são colocadas à frente, e tomar a decisão correta. Se o homem tivesse sido criado sem o poder de escolha seria um autômato, como uma máquina, porém, cada um de nós temos o poder ou a liberdade de escolher. Ninguém é obrigado a obedecer ou a pecar (desobedecer), porque o Eterno nos criou para sermos pessoas que podem escolher servir de livre e espontânea vontade.

O homem pode optar pelo caminho da transgressão, do pecado, no entanto essa liberdade não o isenta da responsabilidade e das consequências de suas escolhas.

As bençãos eram pronunciadas por aqueles que estavam no monte Guerizim, enquanto as maldições pelas pessoas que estavam no monte Ebal. Agora perceba uma coisa, o monte Ebal, onde se pronunciaram as maldições, era mais alto que monte Guerizim. Isso é uma relação interessante, pois o fato de que o topo do monte, representa juízo sobre a pessoa a qual cai a maldição. Ou seja, a maldição é aplicada após uma jornada mais longa do que a jornada que se percorre para subir o monte Guerizim. Isso quer dizer que, possivelmente, essa relação demonstra que o Eterno espera até ao último momento para que o ímpio se arrependa. O Eterno dá-lhe o máximo de tempo possível para que possa vir a se arrepender, mas se isso não ocorrer, ao final de sua jornada, a maldição ou juízo recairá sobre ele.

A porção “Reê” ou “ver” implica em compreender não só o aspecto da escolha mas o que está revelado, o caminho correto para a vida, assim também como crer e ter consciência de que esta bem aventurança procede de Deus. Outra coisa, é que consiste ainda em considerar sobre as consequências desastrosas, conforme já mencionamos antes, da desobediência, como também as recompensas que o cumprimento dos mandamentos proporcionam, para que através delas o homem possa ter uma vida plena e abundante e servir melhor ao Eterno.

Yeshua  fala sobre estes dois caminhos, da obediência e da rebeldia e suas consequências “Eu sou a porta, se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância;” (Yochanan/João 10:9-10). O site britolam.com.br no estudo dessa parashá diz que, estes são como dois caminhos alegóricos que se localizam no meio exterior, ao longo de toda a extensão da vida humana, onde obrigatoriamente se escolhe uma opção em detrimento da outra em meio a constante luta interior, na submissão do ser à vontade Divina.

Em nossas vidas muitas destas opções que surgem diariamente são de fácil escolha, ou seja, podemos prever suas consequências benéficas ou maléficas com muita clareza e evidência, sem haver uma tensão, um conflito interno, pois trata-se de uma escolha que condiz com o nosso caráter ou com nossa visão de mundo, como por exemplo, a escolha entre roubar ou não roubar. Contudo algumas escolhas não são tão simples assim, e dessa forma exigem certo discernimento espiritual para saber qual é o caminho certo a seguir, a fim de estar de acordo com a justiça de D’us. Isto portanto, requer o conhecimento das Escrituras, como também um relacionamento mais íntimo com o Eterno, com o exercício das disciplinas espirituais que consta na santidade, na adoração e tefilá (oração), no estudo da Torah, e comunhão constante com o povo de D’us.

Com tudo isso, essa porção compreende em retornar à pureza da essência da Torá rompendo com as tradições que impedem a percepção e o entendimento da vontade Divina expressa nas Escrituras. Veja Marcos 7:9. Assim, é muito importante e urgente que retornemos a observação das prescrições da Torá, considerando que a Palavra de Deus é imutável, e nos garante tomar a opção certa, não para entrada na Aliança, que é concedida pela graça Divina mediante o sacrifício de Yeshua HaMashiach, mas para permanecer nela, em santidade constante, como o próprio Yeshua disse em Mt 5:18-19.

Concluindo, ao aprender com a porção “observa” ou “vede” que o Eterno nos dá a liberdade de escolha sobre qual caminho seguir devemos ter em mente onde esse caminho nos levará, ou qual será as consequências dele. Adonai coloca para escolhermos o caminho da obediência, cuja consequência são as bençãos, e também coloca o caminho da desobediência, cuja consequência são as maldições ou juízos. Devemos saber escolher, pois quando se entra pelo caminho da desobediência, mesmo que depois nos arrependamos e sejamos perdoados, e retornemos para o caminho da obediência, algumas consequências de nossas escolhas erradas nos acompanharão por muitos anos em nossas vidas. Então, como diz o texto: “Cuidem de seguir todas as leis e regras que ponho hoje diante de vocês.” Dt 11:32

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha_46-_ekev_consequncia.pdf
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha_47-_re.pdf
- https://www.britolam.com.br/parashat-ree

sábado, 17 de agosto de 2019

Estudo da Parashá Vaetchanan (E eu supliquei)

Estudos da Torá

Parashá nº 45Vaetchanan (E eu supliquei)
Devarim/DeuteronômioDt 3:23-7:11,
Haftará (Separação) Is 40:1-26; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 6:1-71.

1 - INTRODUÇÃO
Esta porção da Torá, a parashá “Vaetchanan” continua o relato de Moshê no discurso a respeito de tudo o que o povo de Israel viveu até aquele momento, e acerca das palavras que o Eterno havia dito como mandamentos. Entre outras coisas, Moshê fala ao povo que suplicou a D’us para permitir sua entrada na terra de Israel (erets Israel), mas o Eterno recusou seu pedido.

Ensinamentos há para cada um de nós nesta porção, que possamos aproveitar a oportunidade, e avançar no conhecimento de D’us e de suas palavras, pois podemos perceber que no decorrer dos capítulos desta parashá Moshê continua a exortar e a advertir o povo de Israel a obedecer à Torá e aos mandamentos de D’us.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS
Começando este estudo, devemos entender o significado do nome da porção. Ela é chamada de “Vaetchanan”, que significa “e eu supliquei, roguei, implorei”. Isso, novamente dizendo, porque é uma das palavras que estão logo no início da porção, e na verdade, esta é a primeira palavra, veja:

וָאֶתְּחַםַן אֶל יַהְּוֶה בָעֵת הַהִוא לֵאמ ֹר
Vaetchanan el Adonai baet hahiv lemor
E eu supliquei a Adonai naquele tempo dizendo:

Devemos entender que Moshê queria muito entrar na terra de Canaã. Ele sabia que seria muito bom viver no lugar que o Senhor prometera a seus antepassados, esse era o motivo que o levou a suplicar a D’us. Era a esperança de uma vida inteira que o levava a rogar ou implorar para que o Eterno revogasse seu decreto conta ele.

Suplicar ou Determinar
Com vistas na reação de Moshê e para a realidade dele podemos tentar trazer essa perspectiva para o nosso tempo. Atualmente as pessoas estão mais focadas em ter, do que em ser. Moshê demonstra ter contato com o Eterno de forma íntima, reconhecendo sua grandeza e poderio, e ainda assim, age de forma humilde, como um bom servo pode fazer.

Entretanto, não é assim que se tem agido na atualidade, pois as pessoas estão mais preocupadas em ter o que D’us pode dar, do que em ser o que ele deseja de nós. Elas não tem intimidade com o Senhor, mas anseiam pelo que ele pode dar. E com isso, os teólogos acabaram por colocar D’us em uma caixa, onde ele só faz o que dizem que ele pode fazer. Por esse motivo, acham-se em condições de mandar no que o Eterno deve fazer por elas mesmas. Determinando que o Eterno faça isso ou aquilo, e na hora em que eles querem, e tudo isso em nome de Jesus. Como se o Pai fosse subordinado ao filho, ou se o nome de Yeshua fosse uma palavra mágica para se conseguir de D’us tudo o que se quer.

Como servos de Adonai, pertencemos a um reino, que tem um Rei instituído, que é Yeshua o regente de todo o universo, e esse reino tem suas leis, que foram estabelecidas pelo seu Criador, o Eterno de Israel. Não temos e não podemos como meros seres humanos e servos, pretender mandar no que Ele como D’us possa fazer. Nosso papel é bater, buscar, clamar a D’us a todo o momento, a fim de que Ele faça a vontade dele em nossas vidas, e se nossos sonhos estão alinhados com a vontade dele poderão ser realizados, ou não, afinal Ele é o Senhor do Universo. Encontramos textos bíblicos de pessoas que suplicaram ao Eterno no lugar de determinar. Veja 2Sm 12:15-23:
Depois que Natã foi para casa, o Senhor fez adoecer o filho que a mulher de Urias dera a Davi. E Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão. Os oficiais do palácio tentaram fazê-lo levantar-se do chão, mas ele não quis, e recusou comer. Sete dias depois a criança morreu. Os conselheiros de Davi estavam com medo de dizer-lhe que a criança estava morta, e comentavam: "Enquanto a criança ainda estava viva, falamos com ele, e ele não quis escutar-nos. Como vamos dizer-lhe que a criança morreu? Ele poderá cometer alguma loucura!" Davi, percebendo que seus conselheiros cochichavam entre si, compreendeu que a criança estava morta e perguntou: "A criança morreu?" "Sim, morreu", responderam eles. Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no santuário do Senhor e adorou. E voltando ao palácio, pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu. Seus conselheiros lhe perguntaram: "Por que ages assim? Enquanto a criança estava viva, jejuaste e choraste; mas, agora que a criança está morta, te levantas e comes! " Ele respondeu: "Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei. Eu pensava: ‘Quem sabe? Talvez o Senhor tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver’. Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim".”

Outro exemplo de súplica ao Senhor é do próprio Rab. Sh’aul (Apóstolo Paulo) em 2 Co 12:8-9.

Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.”

Sendo assim, devemos compreender que somos servos e precisamos ter intimidade e temor ao nosso Senhor, além de saber que Ele é quem decide a partir de sua própria vontade e não da nossa, apenas suplicamos e rogamos.

Entendimentos judaicos

No estudo da parashá Vaetchanan do site “Emunah a fé dos Santos” encontamos o seguinte:
““3:23 “Também supliquei a YHWH, no mesmo tempo, dizendo:”
Segundo o Midrash, Moisés terá suplicado ao Eterno 515 vezes para que o deixasse entrar na terra, isto porque a palavra traduzida como “supliquei”, segundo a guematria, tem o valor numérico de 515. A sua oração não foi ouvida antes da sua morte, contudo, durante o ministério de Yeshua, é contado um episódio de que Moisés esteve com ele num dos montes de Israel (possivelmente o Monte Tabor), juntamente com Elias, cf. Mateus 17.

Mas quando analisamos a Palavra, concluímos, segundo o nosso entendimento, que essa não terá sido uma experiência física, visto que o corpo de Moisés não tinha ainda ressuscitado, pois todos os que morreram desde Adão, aguardam ainda pela sua ressurreição.

Terá sido então uma aparição numa dimensão celestial profética, ou seja, onde o tempo é relativo e profético no sentido de que pode englobar o passado, presente e o futuro. Por isso teremos que perguntar se verdadeiramente era Moisés que estava ali presente, ou se a aparição foi numa dimensão profética fora do tempo do espaço, semelhante à revelação que o apóstolo João experienciou na ilha de Patmos.”

Sobre este mesmo Midrash o site “Chabad.org esclarece o seguinte:

Moshê continuou: "Insisti: ‘Por favor, D’us, podes anular Teu decreto Quando um rei muda de idéia, deve pedir aos ministros que concordem. Mas Tu não precisas da permissão de ninguém para mudares de idéia. Por Tua grande misericórdia, perdoa-me por favor!’

"D’us respondeu: ‘Meu decreto não pode ser anulado porque Eu jurei!"

"Rezei: D’us, podes cancelar um juramento! Não prometeste destruir Benê Yisrael após o pecado do bezerro de ouro? Anulaste tua promessa então! Por que deveria eu sofrer o mesmo destino dos espiões que falaram mal de Êrets Yisrael? Tenho louvado a Terra Santa por toda minha vida!’

"’Moshê,’ respondeu D’us – todos os homens de sua geração morreram no deserto. Você será enterrado com eles; seu mérito os protegerá. Eles precisam de você! Após a vinda de Mashiach, eles serão revividos, e você os levará a Êrets Yisrael!’

(D’us também fez com que outros grandes tsadikim fossem sepultados fora de Êrets Yisrael para que seus méritos protegessem os judeus enterrados na Diáspora. Como por exemplo, o túmulo de Mordechai encontra-se na Pérsia).

Moshê disse a Benê Yisrael:
"Mesmo assim, não desisti. Implorei a D’us de 515 maneiras diferentes para que me deixasse entrar em Êrets Yisrael". (Isto está aludido na palavra vaet’chanan, o nome desta Parashá, cujo valor numérico equivale a 515).

"Rezei: ‘Por favor, D’us, deixe-me então ver a cidade de Jerusalém e o Bêt Hamicdash!’

"’Rav, basta!’ exclamou D’us: ‘Não reze mais! As pessoas dirão que sou inflexível por recusar suas orações e que você é obstinado por continuar a argumentar’. (A palavra rav significa chega, basta; mas também pode ser traduzida como "muito").

‘Rav lach’, muito mais do que isto está reservado para você. A recompensa que preparei para você no Mundo Vindouro é bem maior que entrar em Êrets Yisrael. Diga a Yehoshua que ele marchará à frente de Benê Yisrael e os liderará durante a guerra.’

"Mesmo assim, minhas orações conseguiram algo. D’us me disse: ‘Acederei ao seu desejo de ver a Terra Santa. Deixarei escalar a colina, e mostrarei a você todo Êrets Yisrael, até os locais mais distantes!’”

O que podemos entender do Midrash é que quando nos arrependemos de nossos pecados somos perdoados pelo Senhor, no entanto as consequências permanecem. No entanto, isso não quer dizer que o Eterno não vá preparar algo importante para sua vida. Devido aos erros de Moshê, ele foi impedido de entrar na terra de Canaã, podendo apenas olha-la, mas segundo a tradição judaica o Eterno teria ainda uma missão para ele. E nós podemos aprender com essa tradição, pois o Eterno tem uma missão para cada um de nós agora nessa vida, assim como Moshê teve, mas não sabemos qual a missão que teremos no mundo vindouro, podemos vislumbrar de longe pelo que os apóstolos nos dizem:

Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida!” 1Co 6:2,3

Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as nações. "Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará a um vaso de barro" Ap 2:26,27

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parash_45_-_vaetchann_supliquei.pdf
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921367/jewish/Mosh-Implora-para-Entrar-Na-Terra-de-Israel.htm
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822834/jewish/Resumo-da-Parash.htm

sábado, 10 de agosto de 2019

Estudo da Parashá Devarim (Palavras)


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Estudos da Torá

Parashá nº 44Devarim (Palavras)
Devarim/Deuteronômio Dt 1:1-3:22,
Haftará (Separação) Is 1:1-27; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 4:1-5:47.


1 - INTRODUÇÃO

A parashá desta semana aborda o início do livro de Devarim, conhecido como Deuteronômio, onde Moshê faz os relatos sobre a história do povo de Israel, enquanto peregrinavam no deserto. Este é o quinto e último livro da Torá, e ele é conhecido na literatura rabínica como Mishnê Torá, ou seja, repetição da Torá. O conteúdo desse livro foi falado por Moshê aos filhos de Israel durante as cinco semanas finais de sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar em erets Israel (terra de Israel).

Este relato faz uma retrospectiva dos fatos que ocorreram desde o momento em que Israel vê a derrota e morte dos egípcios no Mar de Juncos (Mar Vermelho), até o fim dos 40 anos que viveram no deserto. Muito há que ser lembrado, aprendido e observado por cada um de nós ao estudar essa porção.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Antes de iniciar o estudo propriamente dito, é necessário primeiro trazer uma informação muito importante. Neste último final de sábado, dia 10 de agosto, até o domingo dia 11 de agosto de 2019, celebrou-se um dia de muita reflexão para os judeus e para os que se aproximam deles através de Yeshua. Esse dia é o Tishá be Av (dia 9 de Av). Pelo calendário judaico o mês de Av, é o quinto mês. Talvez você se pergunte: O que há de especial nesse dia? Há algum texto bíblico que comprove que os judeus observavam esse dia? Leia o seguinte texto: “Chorei eu no quinto mês, fazendo abstinência, como tenho feito por tantos anos?” Zc 7:3.

De acordo com o artigo “Tishá be AV – Lamento e Arremendimento” do Rab. Matheus Zandona, do Ministério Ensinando de Sião, Tishá be Av (dia 9 do mês de Av) é o segundo jejum mais importante do calendário judaico. Neste dia, jejua-se e lamenta-se por vários eventos que trouxeram calamidade para o povo de Israel, que por coincidência ou não, ocorreram todos no mesmo dia, no dia 9 de av. Ainda segundo o rabino, geralmente este dia cai no início do mês de agosto, no calendário gregoriano, o nosso calendário. Encontramos em referências do Tanach (Zc 7:3), que neste dia já era costume o jejum e o lamento. O Talmud (taanit 29a) e a Mishná (Taanit 4:6), também fazem referência ao Tishá be Av. Os judeus lamentam e lembram dos seguintes eventos que ocorreram neste dia:

- O relatório catastrófico dos espias enviados por Moshê além do Jordão (que fez com que D’us punisse o povo com a proibição da entrada em Canaã) – Nm 13;

- A Destruição do 1º e do 2º Templo em Jerusalém (586 a.C e 70 d.C);

- A derrota da revolta de Bar Kochba e a destruição de Jerusalém (135 d.C);

- O Decreto de Alhambra, promulgado em 31 de março de 1492, ordenando que todo judeu deixasse o território espanhol até 31 de julho de 1492, dando início ao terrível período inquisitorial (31 de julho de 1492 equivale a 9 de Av); e

- Também lembra-se do período das Cruzadas e do Holocausto, onde grande parte do povo judeu pereceu.

E também, segundo o artigo, os judeus fazem jejuns completos como em Yom Kippur, e é o único dia onde se coloca uma cortina preta sobre o Aron Há Kodesh (uma espécie de arca onde o rolo da Torá é guardado) e a Torá não é estudada, pois esse é um dia de grande luto.

Essa porção da Torá tem muito a ver com esse dia, pois inicia o livro com o relato dos erros do povo de Israel.

O nome do livro

O termo “deteronômio” vem do grego “deuteron+nómos” que significa Segunda Lei. Este nome foi colocado ao traduzirem a Torá para o grego, a Septuaginta.

Maimônides, um grande rabino também conhecia este livro como משני תורה (Mishnê Torah) – Repetição da Torá), por servir de influência para a criação das leis judaicas conhecidas como “halachá” הלכה (o andar). O livro que começamos a estudar em hebraico é chamado: דברים - Devarim – Palavras. E assim como em todos os livros anteriores, a primeira porção recebe o nome do livro. Conforme dissemos no início dos estudos da Torá desse ano, isso ocorre por se utilizar uma das primeiras palavras que aparecem no texto em hebraico.

As palavras de Moshê

Vamos observar o texto original que inicia essa porção, para que possamos entender algumas coisas a respeito dessa parashá e deste livro em si.

אלה הדברים אשר דבר משה אל-כל ישראל
Eilê hadevarim asher diber Moshê El kol Israel
Estas são as palavras que falou Moshê a todo Israel.

De acordo com essa tradução, podemos seguir para o entendimento dos fatos que o texto nos descreve.

Em primeiro lugar devemos compreender que, assim como os outros livros, Moshê também escreveu esse, como está escrito em Dt 31:24:

Tendo Moshê acabado de escrever, integralmente, as palavras desta Torá num livro.”
Percebemos com isso que Devarim/Deuteronômio é uma reafirmação daquela Torá que já havia sido dada no Monte Sinai e nas planícies de Moabe. Este é diferente dos outros quatro livros da Torá, porque não reorganiza as palavras ditadas diretamente pelo Eterno, mas sim as que foram transmitidas por meio de Moshê, o maior profeta depois de Yeshua, conforme Hebreus 3:3-6.

Yeshua, porém, merece mais honra que Moshê, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa. Pois toda casa é construída por alguém, mas Deus construiu todas as coisas. Moshê foi fiel na casa de Deus, como o servo dá testemunho das coisas que Deus mais tarde tornaria públicas. Entretanto, o Messias, como Filho, foi fiel sobre acasa de Deus. E nós somos essa casa pertencente a ele, contanto que sustentemos com firmeza a coragem e a confiança inspiradas na esperança que temos.”

Sendo assim, este livro constitui uma repetição e explicação, através do profeta, da Torá que já tinha sido dada e entregue uma vez desde o céu. Por isso o livro começa dizendo: “São estas as palavras que Moshê falou a todo o Israel...”.

Isto não significa que não fossem as palavras do Eterno, mas sim que em vez de ter ditado as palavras diretamente, agora são filtradas pelo instrumento humano que havia chegado ao maior nível de profecia que existe. São as palavras do Eterno através de Moshê, como podemos ler no verso 3: “Falou Moshê aos filhos de Israel, segundo tudo o que o SENHOR lhe mandara a respeito deles”; contudo, não são palavras ditadas diretamente pelo Eterno, pois a base para as palavras do quinto livro de Moshê já está estabelecida nos primeiros livros.

É importante lembrar que o fundamento de uma casa é aquele que sustenta toda a casa. Então, olhando por esse prisma os quatro primeiros livros da Torá foram completamente ditados letra por letra a Moisés e escritos com exatidão para serem o fundamento para este quinto e último livro. E sendo assim, os cinco livros, denominados de Torá de YHWH (que muitas vezes são chamados de Torá de Moisés, uma vez que ele foi o canal para que o povo pudesse recebê-la) são por sua vez, o fundamento para o restante das Escrituras. Os livros proféticos que logo foram acrescentados, começando com o livro de Josué, não mudam nada do fundamento, nem acrescentam nada ao fundamento, como está escrito em Dt 4:2:

Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos de YHWH, vosso D’us, que eu vos mando”, ver também Dt 12:32.

Por esse motivo podemos entender que os livros dos profetas anteriores (Josué até 2 Reis) e dos profetas posteriores (Isaías até Malaquias), o escritos anteriores (Salmos até 2 Crônicas) e os Escritos posteriores (Mateus até Revelação), não podem acrescentar nada às palavras da Torá que YHWH deu a Moshê, nem tirar nada dela.

O fundamento da revelação Escrita foi dado um vez, e os demais livros não podem tirar nada ou acrescentar a esse fundamento. Todos os demais livros inspirados divinamente, vão explicando e trazendo luz sobre o que já estava escrito no fundamento, que é a Torá, conforme Ef 3:5. Com isso, deve-se ter cuidado com conceitos novos que supostamente são tirados de alguma parte das Escrituras, que não são respaldados pela Torá, pois toda revelação que veio depois de Moshê, deve estar em conformidade com a Torá, de acordo com o que lemos em Jo 5:46:

Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito.”

Veja Romanos 3:21: “Mas agora, além da Torá (escrita), se manifestou a justiça de D’us (a Torá Viva – o Messias) testemunhada pela lei e pelos profetas;”

Também Atos 26:22: “Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer”.

No estudo desta parashá do site “emunah a fé dos santos”, o autor diz que em uma carta que líderes messiânicos-israelitas na Guatemala enviaram às suas comunidades, consta o seguinte:

Consideramos que os livros que constam no Tanach (AT), assim como a Brit cHadashá (NT), foram escritos sob autoridade divina. Estes livros foram entregues a Israel para todo o mundo. Reconhecemos que a Torá de Moisés é o fundamento da fé e a máxima autoridade das Escrituras. O resto das Escrituras – os Profetas e os Escritos, incluindo a Brit Hadashá – não contradizem, acrescentam, ou retiram à Torá de Moisés, mas sim desenvolvem-na, explicando e revelando os mistérios que foram dados uma vez, para sempre”

O livro de Devarim, divide-se em três partes que correspondem aos três livros Êxodo, Levítico e Números, e é por esse motivo que é chamado de Mishné Torá (repetição da Torá).

Ainda falando sobre o verso 1, vemos que os lugares ali mencionados são os mesmos lugares onde os filhos de Israel se rebelaram contra o Eterno durante a viagem.

Outro detalhe importante, nesta porção é que neste período os israelitas já estavam subjugando seus inimigos de uma forma muito fácil. E assim, aprendemos que enquanto estamos sendo provados pelo Eterno em nossos desertos, com certeza veremos os milagres de D’us, mas também teremos vitórias sobre os nossos inimigos e sobre todos aqueles que se levantam contra nós. Porém, isso só ocorrerá se houver obediência de nossa parte, mesmo em meio aos desertos e provações de nossas vidas.

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://shemaysrael.com/parasha-devarim/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/44_-_devarim.pdf
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822833/jewish/Resumo-da-Parash.htm
- http://talmidd.blogspot.com/2011/08/parasha-devarim-deut-11-322.html
- https://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-estudos/tisha-be-av-lamento-e-arrependimento/