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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A Torá Oral

 Olá, li este artigo no site da Sinagoga Beit Miklat, e achei muito interessante, por isso estou compartilhando, as devidas referências ao site estão no fim do artigo.

 A Torá Oral

-Introdução

         A Brit Chadashá (Novo Testamento) fala em muitos lugares (Mateus 15:2; Marcos 7:3; Marcos 7:5) acerca da "Tradição dos Anciãos" (מסורת הזקנים - Massoret haZekenim), e muitas pessoas desconhecem o que viriam a ser estas palavras, que em sua essência significa um dos principais códigos de leis do Judaísmo. Nosso objetivo neste estudo é descrever as divisões e explicações (como também o surgimento) àqueles que desconhecem esses pormenores.
         A maior parte do Judaísmo acredita ser o Talmud o que é chamado de "Torá Oral" (תורה שבעל פה - Torá sh'beal pê); e desde o segundo século da era comum tem sido um dos guias religiosos que norteiam a religião de Israel. Nos tempos de Yeshua a "Tradição dos Anciãos" já era a base para o culto farisaico, apesar de ainda não estar codificada em livro, coisa que só ocorreria dois séculos depois; mas, desde esse tempo já persistiam as discussões que dariam origem ao estabelecimento do Talmud. Yeshua, e seus discípulos, no decorrer dos séculos, atacaram muitas vezes algumas leis da "Tradição dos Anciãos", acusando-as de intransigentes, outras, de insensíveis; mas, sabemos que existem outras leis e ensinamentos que valem-se de muito, como o próprio Yeshua disse: "Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam" (Mateus 23:2), portanto trazemos esse estudo para que, com a ajuda dos Céus, possamos ter discernimento sobre os ensinamentos milenares do povo judeu, o qual vêm mantendo a unidade e comunhão do mesmo, e que assim seja desde agora e para sempre, amen!


-A Torá Oral no Novo Testamento

         Junto com as Escrituras Hebraicas desenvolveram-se tradições paralelas dos Anciãos de Israel. No período que vai desde a reconstrução do Templo com Ezra HaSofer (Esdras, o escriba) e Neemias, até os dias de Yeshua, a Bíblia Hebraica se cristalizou como livro sagrado dos judeus, e ganhou até traduções para o grego (Septuaginta) e o aramaico (Targum Onkelos, Yonatan, Neofiti, Yerushalmi e outros). Mas também apareceram muitos livros apócrifos outros explicativos acerca da própria Bíblia Hebraica. Dentro da comunidade judaica (dos fariseus, principalmente) permanecia um código interpretativo das palavras da Torá, a Tradição Oral. Esse corpo de tradições foi, gradativamente, moldado e trabalhado ao longo dos séculos, e isso foi o que gerou a estruturação e o conteúdo da Mishná posteriormente.
        Não obstante, vê-se a presença de tal Tradição Oral no Novo Testamento; como exemplo, citaremos Mateus 1:5, onde se lê: "e Salmon gerou de Raabe a Boaz"; ou seja, aqui está provado que os próprios autores da Brit Chadashá se valeram da Tradição dos Anciãos para redigirem seus relatos, já que em nenhum lugar das Escrituras Hebraicas está escrito que Raabe, a prostituta de Jericó, se tornou esposa do príncipe Salmon de Judá. Também Paulo cita os magos egípcios que confrontaram Moshé pelos seus nomes (Janes e Jambres), coisa que a Bíblia Hebraica não contém. E onde esses autores buscaram esse material se não na "Tradição dos Anciãos"?

-Origem da Torá Oral

       A existência da Torá Oral é baseada na própria Torá, como está escrito:


ואתנה לך את לחת האבן והתורה והמצוה

"E dar-te-ei tábuas de pedra, e a Lei, e os mandamentos" (Êxodo 24:12)

E daqui aprendemos que "a Lei", se refere à Torá Escrita, e "os mandamentos", se refere à sua explicação, ou seja a Torá Oral (Vide Mishnei Torá, em sua Introdução, em Transmissão da Torá Oral, parágrafo primeiro).
       E também, outra referência:

ויקהל משה את כל עדת ישראל ויאמר אלהם אלה הדברים אשר צוה ה׳ לעשות אתם

"E Moshé convocou (congregou) toda a congregação dos filhos de Israel, e disse-lhes: Estas são as palavras que o Eterno ordenou que cumprísseis." (Êxodo 35:1)

        Ou seja, vemos aqui Moisés dizendo "Estas são as palavras", i.e., ele convocou os filhos de Israel para que ouvissem as palavras que o Eterno disse, e os seus entendimentos (ou seja, a compreensão) para que conseguissem cumprir.
         E outra é:

כי המצוה הזאת אשר אנכי מצוך היום לא נפלאת הוא ממך ולא רחקה הוא


"Porque este mandamento, que hoje vos ordeno, não te é difícil demais, nem tampouco está longe de ti." (Deuteronômio 30:11)

         E alguém poderia perguntar: "Mas como não me é difícil, se não consigo entendê-los, para cumprí-los? Por exemplo a mitzvá do Tsitsit, a Torá não explica como fazer os nóis, e o número de fios! Então como Moisés pode me dizer que não me é tão difícil?" A partir dessa pergunta, concluímos que para Moisés nos dizer que os mandamentos não são tão difíceis, mesmo existindo ordenanças sem explicações, é que ele as explicou!
        Em outras palavras, vêmo-nos, a partir destes versos, forçados a concluir que a Torá Escrita foi dada junto com suas explicações, que é a Torá Oral.

-Transmissão da Torá Oral

        Teoricamente, de acordo com o Rambam (רמב״ם - Rabi Moshé ben Maimon), temos a seguinte sucessão do tipo mestre-discípulo:

Moisés transmitiu as explicações a Josué, Josué aos Anciãos e Finéias. Os Anciãos e Finéias transmitiram a Eli e a sua corte. Eli e sua corte transmitiram a Samuel. Samuel e sua corte transmitiram a David. David e sua corte transmitiram a a Aías, o Silonita. Aías e sua corte transmitiram a a Elias. Elias e sua corte transmitiram a Eliseu. Eliseu e sua corte transmitiram a Jeoiada, o Sacerdote. Jeoiada e sua corte transmitiram a Zacarias. Zacarias e sua corte transmitiram a Oséias. Oséias e sua corte transmitiram a Amós. Amós e sua corte transmitiram a Isaías. Isaías e sua corte transmitiram a Miquéias. Miquéias e sua corte transmitiram a Joel. Joel e sua corte transmitiram a Naum. Naum e sua corte transmitiram a Habacuque. Habacuque e sua corte transmitiram a Sofonias. Sofonias e sua corte transmitiram a Jeremias. Jeremias e sua corte transmitiram a Baruque, filho de Neriá. Baruque e sua corte transmitiram a Esdras, o Escriba.
A corte de Esdras era chamada de "Homens da Grande Assembleia", e esta era composta por: Ageu, Zacarias, Malaquias, Daniel, Ananias, Misaías, Azarias, Neemias (filho de Chachlia), Mordecai, Zerubavel e outros grandes homens que junto com estes, somam 120 Anciãos. O último deles foi Shimon haTsadik (Simeão, o Justo) que se tornou Sumo-Sacerdote depois da geração de Esdras. Shimon haTsadik transmitiu a Antígonos de Sôco. Antígonos de Sôco e sua corte transmitiram a Yosef ben Yoezer (de Tsereda) e a Yosef ben Yochanan (de Jerusalém). Yosef de Tsereda e Yosef de Jerusalém e suas cortes transmitiram a Yehoshua ben Prachiá e a Nitai de Arbeli. Yehoshua ben Prachiá e Nitai de Arbeli e suas cortes transmitiram a Yehudá ben Tavai e a Shimon ben Shetach. Yehudá ben Tavai e Shimon ben Shetach e suas cortes transmitiram a Shemaia e Avtalion. Shemaia e Avtalion e suas cortes transmitiram a Hilel e Shamai. Hilel e Shamai e suas cortes transmitiram a Rabi Yochanan ben Zakai e a Rabi Shimon ben Hilel.
Rabi Yochanan ben Zakai tinha 5 discípulos, que eram: Rabi Eliezer HaGadol, Rabi Yehoshua, Rabi Yose haCohen, Rabi Shimon ben Netanel e Rabi Eliezer ben Arach .
Rabi Eliezer HaGadol transmitiu a Rabi Akiva ben Yosef. Rabi Akiva transmitiu a Rabi Yishmael e a Rabi Meir.
Rabi Akiva tinha 3 colegas: Rabi Tarfon, Rabi Shimon e Rabi Yochanan ben Nuri.
Rabi Shimon transmitiu a Raban Gamaliel haZaken (filho de Rabi Shimon). Raban Gamaliel transmitiu a Raban Shimon. Raban Shimon transmitiu a Rabi Yehudá haNasi. E Rabi Yehudá haNasi compôs a Mishná (em 189 a.e.c).

- Funções adicionais da Torá Oral e outros grupos no séc. I

        A Tradição servia também como um regulamento, ou seja, os mestres da época se utilizavam dela para explicarem (ou relerem) as Escrituras às pessoas, já que era tida como de difícil interpretação. O outro maior partido religioso da época de Yeshua, era os saduceus. Era mais cético, pelo fato de seus membros não reconhecerem a canonicidade sequer dos livros dos profetas e os salmos, aceitavam apenas a Lei de Moisés como realmente autêntica; e rejeitavam também as tradições dos Anciãos e as doutrinas acerca da imortalidade da alma, julgamento futuro e etc. Os samaritanos, além de serem de origem diferente, seguiam também uma religião diversa: tinham sua própria versão da Torá, e sacrificavam a sua Páscoa sobre o monte de Samaria, ou Gerizim. Esses dois grupos, saduceus e samaritanos, e outros menores, foram perdendo campo depois de guerras que atingiram a Terra Santa naqueles tempos. Os samaritanos ainda hoje existem, numa comunidade muito reduzida ao norte, e praticam seu culto tradicional que incluem os sacrifícios. Os saduceus deram origem ao movimento denominado Caraíta, que hoje também tem alguns milhares de membros tanto em Israel, como em outros países. Os fariseus formaram o grupo religioso que conseguiu furar os séculos como a maior identidade judaica; guardaram a Tradição Oral que deu origem ao texto mishnáico. Com a dispersão dos judeus pelo mundo, os rabinos se viram na iminência de muitos judeus abjurarem sua fé se a Torá Oral não fosse codificada para dar maior simplicidade à liturgia e ao culto.
        Uma reunião dos principais rabinos de Israel, comandados por Rabi Yehudá haNasi, deu origem ao grande trabalho de escrever as leis e tradições que foram a gênese da primeira parte do Talmud: a Mishná.
        Começaram-se a ser redigidos, quase que simultaneamente, dois comentários da Mishná: um em Israel (Guemará Yerushalmi), a partir do século IV; e um na Babilônia (Guemará Bavli), a partir dos séculos VI e VII. O texto de ambos é demasiado parecido, sendo o Comentário Babilônico considerado mais completo, e, consequentemente, o mais usado. Essas discussões legais (chamadas de Guemará) em torno da Mishná foram adicionadas ao texto mishnáico, formando o que se conhece hoje como Talmud.

-Biografia de Rabi Yehudá haNasi

       De acordo com o Talmud Yerushalmi Sanhedrin 5a (no comentário de Tosafot Yom Tov), ele era da descendência Davídica, da linhagem real, por isso o título de Nasi (Príncipe). Esse título "Nasi" também era usado para os presidentes do Sanhedrin na época dos Zugot (pares), por exemplo Shemaia e Avtalion; e Hilel e Shamai (um era chamado de Nasi [Presidente do Sanhedrin] e o outro de Av Beit Din [Chefe de Justiça]) (Vide Mishná Chaguigá 2:2).
       Yehudá haNasi nasceu em 135 d.e.c.. De acordo com um Midrash (Bereshit Rabá 53; Eicha Rabá 1:10), ele nasceu no mesmo dia do martírio de Rabi Akiva.
       Sua juventude passou na cidade de Usha (Oeste da Galiléia). Aprendeu a Torá e também estudos gerais (linguagens, principalmente) com seu pai (Rabi Shimon ben Gamaliel II).

-Mishná (משנה - chamada também de Shas - ש״ס)

       A Mishná é a primeira parte do Talmud, e sua compilação foi chefiada por Rabi Yehudá haNasi (135 - 217 d.e.c.), filho de Shimon ben Gamaliel II, aproximadamente no ano 189 d.e.c.. A palavra Mishná significa "repetição", e é um termo que já se encontra nas Escrituras Hebraicas.
       Esta se divide em seis Sedarim (ordens, seções): Zeraim (Sementes), Moed (Festividades), Nashim (Mulheres), Nezikin (Danos), Kodashin (Santificados), Tehorot (Purificações).
       E estas, por sua vez, são dívidas em Masechtot (Tratados), que são 63 tratados. Estes, por sua vez, dividem-se em Perakim (Capítulos), que são 525 capítulos. E estes são subdivididos em Mishnaiot (Parágrafos), que totalizam 4224 mishnaiot.

       Zeraim: 75 capítulos, com total de 683 mishnaiot;
       Moed: 88 capítulos, com total de 681 mishnaiot;
       Nashim: 71 capítulos, com total de 570 mishnaiot;
       Nezikin: 74 capítulos, com total de 685 mishnaiot;
       Kodashin: 91 capítulos, com total de 590 mishnaiot;
       Tehorot: 126 capítulos, com total de 1015 mishnaiot.

        Ordem de Especificação:

        Seder -> Masechet -> Pérek -> Mishná

- Eras dos Sábios (תקופת החכמים - Tekufat haChachamim)


1) Patriarcas (אבות - Avot)

       Período: Desde a saída de Abraão, nosso pai, de Ur dos Caldeus, até a entrada do povo de Israel na Terra de Canaã.
       Principais: Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Josué, Finéias, Aarão e etc.

2) Juízes (שופטים - Shoftim)

       Período: Desde a morte de Josué até a posse de Saul, através das mãos de Samuel (último dos juízes).
       Principais: Otniel ben Kenaz, Ehud ben Guerá, Devorá, Guideon, Avimelech, Shimshon, e Shmuel.

3) Profetas (נביאים - Neviím)

       Período: Desde a divisão do reino de Salomão, com o profeta Aías (o Silonita) até o período em que profetizou Malaquias.
       Principais: Obadias, Joel, Jonas, Amós, Oséias, Isaías, Ezequiel, Miquéias e etc.

4) Anciãos da Grande Assembleia (אנשי כנסת הגדולה - Anshei Kenesset haGuedolá)

       Período: Desde a conclusão da construção do Segundo Beit HaMikdash (Templo) até a morte de Shimon haTsadik, filho de Chonyo, filho de Yadua, filho de Yochanan, filho Eliashev, filho de Yehoshua, filho de Yehotsedek (primeiro Sumo-Sacerdote do Segundo Templo), que era sobrinho de Esdras.
       Principais: Ageu, Zacarias, Malaquias, Daniel, Ananias, Misaías, Azarias, Mardoqueu e etc.

5) Pares (זוגות - Zugot)

       Período: Desde a nomeação de Yosi ben Yoezer haCohen como Nasi, Presidente do Sanhedrin, para manter a ordem social, função que o Sumo-Sacerdote não cumpria (lembrando que nesse período já estava no domínio cultural grego, antes do Milagre de Chanucá, porém já depois da tradução da Torá para o grego com os 70 rabinos), até a morte de Hilel no ano 8 d.e.c..
       Principais:  Yosi ben Yoezer e Yosi ben Yochanan; Yehoshua ben Prachiá e Nitai haArbeli; Yehudá ben Tavai e Shimon ben Shetach; Shemaia e Avtalion; Hilel e Menachem (porém Menachem foi deposto, e Shamai o substituiu);

6) Repetidores, Professores (תנאים - Tanaim)

       Período: Desde a morte de Hilel, até o término da compilação da Mishná em 189 d.e.c..
       Principais: Yochanan ben Zakai, Yosi haGlali, Rabi Tarfon, Rabi Meir, Rabi Akiva, Rabi Yehudá haNasi, Rabi Shimon bar Yochai e etc.

7) "Aqueles que falam" (אמוראים - Amoraim)

       Período: Desde a saída de Rav (Rabi Abba Aricha) da Terra de Israel e seu estabelecimento na Babilônia no ano 219 d.e.c., até o término da compilação do Talmud Bavli quando Ravina II faleceu no ano 475 d.e.c..
       Principais: Rabi Yehoshua ben Levi, Bar Kapará, Rav Huna, Resh Lakish, Hilel ben Gamaliel III, Adda bar Ahavá, Shemuel ben Nachman, Rabba, Rav Zeira, Rav Abbahu, Hamnuna, Chanina ben Papa, Rav Shemuel bar Yehudá, Abaye, Rava, Rav Papa, Rav Kahana, Mar bar Rav Ashi, Ravina II e etc.

8) Explicadores, Pensadores (סבוראים - Savoraim)

       Período: Desde a proclamação do auto-governo judaico na Babilônia por Mar Zutra em 551 d.e.c., até a reconstituição da Metivta de Sura (Academia Talmúdica em Sura) em 609 d.e.c..
       Principais: Raban Savorai e etc (Rabinos anônimos).

9) Gênios (גאונים - Gueonim)

       Período: Desde a conquista árabe de Israel em 637 d.e.c, até a morte de Rav Hai Gaon e a decadência das Yeshivot (Escolas Rabínicas) da Babilônia em 1038 d.e.c..
       Principais: Achai Gaon, Amram Gaon, Hai Gaon, Saadia Gaon, Sherira Gaon e etc.

10) Os primeiros (ראישונים - Rishonim)

       Período: Desde o falecimento de Rabeinu Guershon ben Yehudá em Mainz (Alemanha atual) em 1040 d.e.c., até a completa compilação do Shulchan Aruch por Rabi Yosef Caro em 1563 d.e.c..
       Principais: Abba Mari (Minchat Kenaot), Don Yitzchak Abravanel, Avraham ibn Ezrah, Rabi Asher ben Yechiel (Rosh), Rabi David Kimchi (Radak), Rabi Ovadia ben Avraham (Bartenura), Rabi Levi ben Guershon (Ralbag), Rabi Yitzchak Alfasi (Rif), Rabi Yehudá haLevi, Rabi Yaakov ben Asher (Baal haturim), Rabi Moshé ben Maimon (Rambam), Rabi Moshé ben Nachman (Ramban), Rabi Shlomo ben Yitzchak (Rashi), Rabi Yitzchak Sagui Nehor (Yitzchak, o cego), Rabi Shlomo ben Aderet (Rashba), Rabi Yom Tov Asevilli (Ritva), Rabi Shmuel ben Meir (Rashbam, neto de Rashi), Rabi Yaakov ben Meir (Rabênu Tam, irmão de Rashbam, neto de Rashi) e etc.

11) Os últimos (אחרונים - Acharonim)

       Período: Desde a compilação do Shulchan Aruch em 1563 d.e.c., até os dias de hoje.
       Principais: Rabi Chaim Yosef David Azulay (Chida), Rabi Yosef Chaim de Bagdá (Ben Ish Chai), Rabi Moshé ben Yaakov Cordovero (Ramak), Rabi Yitzchak Luria (Ari), Rabi Yehudá Loew ben Betsalel (Maharal), Rabi Chaim Vital (principal discípulo do Ari), Rabi Eliezer haLevi Eidels (Maharsha), Rabi Baruch haLevi Epstein (Torá Temimá), Rabi Eliahu ben Shlomo Zalman (Vilna Gaon), Rabi Baruch Shalom haLevi Ashlag (Rabash), Rabi Moshé Chaim Luzzatto (Ramchal), Rabi Meir Leib ben Yechiel Michel (Malbim), Rabi Yisrael ben Eliezer (Baal Shem Tov), Rabi Dovber de Mezeritch (Maguid de Mezeritch, principal discípulo do Baal Shem Tov), Rabi Menachem Mendel Schneerson (Rebe), Rabi Meir Eliahu, Rabi Yisrael Abuchatsera (Baba Sali), Rabi Ovadia Yosef, Rabi Mordechai Eliahu, Rabi Eliahu Eliezer Dessler e etc.

- Descrição suscinta de todos os 63 tratados da Mishná de acordo com seus Sedarim

       1) Seder Zeraim (Ordem das sementes)

       Esta é a primeira Ordem da Mishná e é composta por 11 tratados, e se preocupa principalmente sobre a formação das bençãos, o cultivo da terra, plantação de árvores frutíferas, criação de animais, juntamente com as ofertas no serviço do Templo, e outros assuntos ligados a esses temas.


1.1) Massechet Brachot (bênçãos) (contém 9 capítulos)

       Trata-se, primeiramente, sobre a ordem das três orações diárias (Shacharit, Minchá e Arvit) e as diversas bênçãos, especialmente, o Shemá e a Amidá.


1.2) Massechet Peá (canto, ângulo) (contém 8 capítulos)

       Trata-se quase que exclusivamente sobre as leis dos cantos das colheitas que deveriam ser deixados para que os pobres e estrangeiros pudessem respigá-los.


1.3) Massechet Demai (produto duvidoso) (contém 7 capítulos)

       Aborda, principalmente, os diversos casos em que não têm-se certeza se os dízimos dos sacerdotes foram dados de uma certa produção ou não.


1.4) Massechet Kilaim (misturados) (contém 9 capítulos)

       Fala, majoritariamente, sobre os produtos (plantas) que podem ou não ser plantados juntos na agricultura. Aborda também a mitzvá de Sha'atnez e a proibição de reprodução entre animais de diferentes espécies (Levítico 19:19; Deuteronômio 22:9-11).


1.5) Massechet Sheviít (ano sabático) (contém 10 capítulos)

       Aborda as leis sobre agricultura e regulamentos de fiscalização concernentes ao ano da Shemitá (sabático) (Levítico 25:2-7).


1.6) Massechet Terumot (ofertas) (contém 11 capítulos)

        Fala sobre as leis que compõem a Terumá (oferta para os sacerdotes) (Números 18:8-20; Deuteronômio 18:4).


1.7) Massechet Ma'asserot (dízimos) (contém 5 capítulos)

       Trata das leis referentes aos dízimos que eram para os levitas (Números 18:21-24).


1.8) Massechet Ma'sser Sheni (o segundo dízimo) (contém 5 capítulos)

       Aborda as leis concernentes ao dízimo que deveria ser consumido em Jerusalém (Deuteronômio 14:22-26).


1.9) Massechet Chalá (primícias das massas) (contém 4 capítulos)

       Fala sobre as leis referentes às ofertas das primícias das massas para os cohanim (sacerdotes) (Números 15:20-21).


1.10) Massechet Orlá (incircuncisão das árvores) (contém 3 capítulos)

       Fala sobre a proibição do consumo imediato do fruto de uma árvore recém plantada na Terra de Israel (Levítico 19:23-25).


1.11) Massechet Bicurim (primeiros frutos) (contém 3 capítulos)

       Trata da primícias do campo para os cohanim (Êxodo 23:19; Deuteronômio 26:1-11).


       2) Seder Moed (Ordem das festas bíblicas e judaica)

       A segunda Ordem da Mishná apresenta 12 tratados e concentra-se em legislar sobre todas as festas da Torá e Tradição Judaica (Purim e Chanucá).


2.1) Massechet Shabat (sábado) (contém 24 capítulos)

       Trata de todas as leis pertinentes ao dia do Shabat, tanto as leis da Torá quanto as leis rabínicas, como múctse, acendimento de fogo, e também a definição de trabalho proibido.


2.2) Massechet Eruvin (campo delineado) (contém 10 capítulos)

        Aborda as regulamentações sobre as construções/delineações em que se permite carregar certos objetos no Shabat.


2.3) Massechet Pessachim (páscoa judaica) (contém 10 capítulos)

       Fala sobre as leis concernentes ao Korban Pêssach (sacrifício da páscoa judaica) e a Agadá de Pêssach.


2.4) Massechet Shekalim (meio ciclo de prata) (contém 8 capítulos)

       Trata sobre a arrecadação de meio shékel, bem como as despesas do Templo.


2.5) Massechet Yomá (Yom Kipur) (contém 8 capítulos)

       Tratado que foca na preparação do Suma-Sacerdote para o dia de Yom Kipur, incluindo o tipo de serviço feito no Templo. Juntamente a isso, aborda o jejum feito em Yom Kipur e outras proibições.


2.6) Massechet Sucá (Tabernáculos) (contém 5 capítulos)

        Ocupa-se em legislar sobre a festa de Sucót (Tabernáculos), somando-se a isso também os serviços e sacrifícios específicos dos sete dias. Aborda leis sobre a construção da Sucá (cabana).


2.7) Massechet Beitsa (ovo) (contém 5 capítulos)

        Esse nome curioso deve-se à primeira palavra do Massechet, mas originalmente era conhecido como "Yom Tov", devido a seu assunto principal tratar sobre os dias (exceto o Shabat) em que é proibido fazer trabalho.


2.8) Massechet Rosh haShaná (início do ano judaico) (contém 4 capítulos)

       Aborda certos regulamentos do Calendário luno-solar (calendário judaico), e também sobre os serviços feitos em Rosh haShaná.


2.9) Massechet Ta'anit (jejum) (contém 4 capítulos)

        Trata sobre as leis que envolvem os dias de jejum ao longo do ano judaico, como 9 de Av, 17 de Tamuz e etc.


2.10) Massechet Meguilá (rolo de Ester) (contém 4 capítulos)

        Contém prescrições com relação à leitura da Meguilat Ester (rolo de Ester) em Purim, mas também aborda sobre outras passagens da Torá e dos Profetas que também são lidos na sinagoga.


2.11) Massechet Moed Katan (pequena festa) (contém 3 capítulos)

        Fala sobre Chol hamoed (os dias intermediários das festas de Pêssach e Sucót).


2.12) Massechet Chaguigá (sacrifícios festivos) (contém 3 capítulos)

        Trata sobre as três festas de peregrinação (Pêssach, Shavuot e Sucót) e também sobre as ofertas (primícias) que eram levadas ao Templo.


        3) Seder Nashim (Ordem sobre as mulheres)

        A terceira Ordem da Mishná tem 7 tratados e atenta sobre os assuntos relacionados às mulheres, isto é, as mitzvot que as mulheres são obrigadas ou que as relacionam.


3.1) Massechet Yevamot (levirato) (contém 16 capítulos)

      Trata sobre as leis de Yibum (Levirato) como está em Deuteronômio 25:5-10. E também aborda tópicos que envolvem o status de "menor" (isto é, o indivíduo que ainda não está obrigado a cumprir as mitzvot).


3.2) Massechet Ketubot (noivado) (contém 13 capítulos)

       Fala sobre assuntos de virgindade e obrigações mútuas entre o casal.


3.3) Massechet Nedarim (votos) (contém 11 capítulos)

        Aborda os diversos tipos de votos e suas consequências legais.


3.4) Massechet Nazir (nazireu) (contém 9 capítulos)

        Fala, especificamente, do voto de Nazireu (Números 6:1-21).


3.5) Massechet Sotá (caso da mulher "adúltera") (contém 9 capítulos)

        Trata sobre todo o ritual que envolve o assunto de Sotá, como está descrito em Números 5:11, bem como outras espécies de rituais como a leitura anual que o Rei de Israel deve fazer, e o ritual em que desloca-se o pescoço de uma novilha, como está em Deuteronômio 21:1-9.


3.6) Massechet Guitin ("documentos") (contém 9 capítulos)

        Aborda as leis bíblicas e rabínicas concernentes ao divórcio, e também os detalhes do documento de divórcio.


3.7) Massechet Kidushin (noivado) (contém 4 capítulos)

         Fala sobre o estágio inicial do casamento (noivado), e detalha as leis sobre linhagem judaica.


        4) Seder Nezikin (Ordem dos danos)

       A quarta Ordem da Mishná contém 10 tratados e se ocupa com todas as leis (e seus detalhes) sobre o sistema judicial judaico, isto é, todo o tipo de procedência que o Sanhedrin (Sinédrio) deve tomar frente aos possíveis casos de danos e remunerações de acordo com a Torá.


4.1) Massechet Bava Kama ("primeira porta") (contém 10 capítulos)

        Concentra-se em questões de nível civil, que na sua maioria são danos e seus respectivos remunerações.


4.2) Massechet Bava Metsia ("porta do meio") (contém 10 capítulos)

        Esse Tratado resume-se em solucionar outras possíveis questões civis, porém sobre delitos. E também detalha as leis sobre propriedade.


4.3) Massechet Bava Batra ("último portão") (contém 10 capítulos)

        Fala das questões civis sobre propriedades de terra.


4.4) Massechet Sanhedrin (sinédrio) (contém 11 capítulos)

         Fala sobre as leis de procedência da côrte do Sanhedrin; sobre penas capitais, e sobre alguns aspectos criminais.


4.5) Massechet Macot (chicotadas) (contém 3 capítulos)

         Trata das leis relacionadas ao falso testemunho, cidades de refúgio e punição por chicotadas.


4.6) Massechet Shevuot (votos) (contém 8 capítulos)

         Aborda os vários tipos de votos e suas consequências.


4.7) Massechet Eduiot (Testemunhos) (contém 8 capítulos)

         Apresenta algumas análises com relação às disputas legais da Mishná e também apresenta algumas miscelâneas que ilustram alguns teste,unhas dos Sábios; e alguns aspectos de Halachá.


4.8) Massechet Avodá Zará ("trabalho estranho" - idolatria) (contém 5 capítulos)

        Trabalha algumas leis de interação entre judeus e idólatras (com, obviamente, a perspectiva judaica).


4.9) Massechet Avot (pais) (contém 6 capítulos)

        Um dos tratados mais conhecidos da Mishná. É uma coleção de máximas éticas dos Sábios desde os Homens da Grande Assembleia.


4.10) Massechet Horaiot (decisões) (contém 3 capítulos)

        Trabalha alguns aspectos sobre os sacrifícios de pecado necessários para expiar os erros de decisão do Sanhedrin (em alguns casos).


        5) Seder Kodashin (Ordem das coisas santificadas)

        A quinta Ordem da Mishná contém 11 tratados. Aborda todos os aspectos gerais dos serviços, rituais e purificações feitos no Templo.


5.1) Massechet Zevachim (sacrifícios) (contém 14 capítulos)

        Fala sobre os animais que eram oferecidos no Templo, bem como a natureza de cada sacrifício em si.


5.2) Massechet Menachot (ofertas de farinha) (contém 13 capítulos)

        Aborda leis sobre as várias ofertas de cereais oferecidas no Templo.


5.3) Massechet Chulin (coisas ordinárias/comuns) (contém 12 capítulos)

        Fala sobre leis de shechitá e consumo de animais (casher) que não oferecidos no Templo (isto é, para o consumo familiar).


5.4) Massechet Bechorot (primogênitos) (contém 9 capítulos)

        Aborda aspectos de santificação e resgate de primogênitos, tanto dos judeus quanto de alguns de seus animais.


5.5) Massechet Arachin (dedicações) (contém 9 capítulos)

        Trata sobre as ofertas por pessoas ao Templo, e também sobre ofertas por campos.


5.6) Massechet Temurá (substituição) (contém 7 capítulos)

        Aponta as leis sobre a substituição de um animal que seria oferecido no Templo por outro em lugar desse.


5.7) Massechet Keritot (ser cortado do povo) (contém 6 capítulos)

       Fala sobre os casos de punição que envolvem karet (banimento do povo de Israel), e também sobre quais sacrifícios deveriam ser feitos nesses casos.


5.8) Massechet Me'ilá (sacrilégio) (contém 6 capítulos)

        Trata sobre as leis de restituição por algum possível desvio (roubo) nas propriedades do Templo.


5.9) Massechet Tamid (constante, contínuo) (contém 6 capítulos)

        Aborda as leis sobre o Korban Tamid (sacrifício contínuo/diário).


5.10) Massechet Midot (medidas) (contém 4 capítulos)

        Trata sobre as medidas do Segundo Templo.


5.11) Massechet Kinim (ninho) (contém 3 capítulos)

        Apesar do seu título, em verdade, aborda algumas leis complexas sobre situações em que havia, ocasionalmente, uma mistura de ofertas de aves (rolinhas ou pombas).


        6) Seder Tehorot (Ordem de purificações)

         O sexta e última Ordem da Mishná contém 12 tratados, e ocupa-se em sua esmagadora maioria sobre os processos e os rituais de purificação tanto ocorridos no Templo, quanto no cotidiano do judeu.


6.1) Massechet Kelim (recipientes) (contém 30 capítulos)

        Este Tratado é o mais longo de toda a Mishná; e aborda leis de purificação de recipientes e outras caracterizações.


6.2) Massechet Ohalot (tendas) (contém 18 capítulos)

        Fala sobre algumas leis de impurificação de tendas onde se encontrava um cadáver e os seus métodos de purificação.


6.3) Massechet Nega'im (pragas) (contém 14 capítulos)

        Aborda todas as leis sobre Tsara'at ("lepra").


6.4) Massechet Pará (vaca) (contém 12 capítulos)

        Trata sobre as leis da Pará Adumá (vaca vermelha).


6.5) Massechet Tehorot (purificações) (contém 10 capítulos)

        Traz uma miscelânea de leis sobre casos gerais de impureza alimentícia.


6.6) Massechet Mikvaot (banhos rituais) (contém 10 capítulos)

        Fala sobre as leis de Micvê, isto é, a maneira de banhar-se, a quantidade mínima de água de um Micvê, o tipo de água apropriada para o Micvê e etc.


6.7) Massechet Nidá (separação) (contém 10 capítulos)

        Aborda assuntos sobre Nidá (ciclo mensal de separação da mulher) e leis sobre impureza pós-parto.


6.8) Massechet Machshirim (coisas preliminares à preparação da comida) (contém 6 capítulos)

        Aborda leis sobre alguns líquidos que são usados para preparar ração de alimentos que são suscetíveis à impureza ritual.


6.9) Massechet Zavim (emissão de sêmen) (contém 5 capítulos)

        Traz leis e prescrições sobre um Zav (aquele que se impurificou com sua própria emissão seminal).


6.10) Massechet Tevul Yom (imersão do dia) (contém 4 capítulos)

        Fala sobre certas impurezas em que a pessoa se purifica no pôr-do-sol do mesmo dia que se impurificou.


6.11) Massechet Yadaim (mãos) (contém 4 capítulos)

        Fala sobre prescrições rabínicas com relação à impureza das mãos, e, consequentemente, à ablução das mãos.


6.12) Massechet Uktsin (talos de fruta) (contém 3 capítulos)

        Fala sobre impurezas rabínicas com relação aos talos das frutas em geral.

- Conclusão para o leitor

Ao analisarmos os aspectos que envolvem tanto a Torá Oral, no seu conceito primitivo,(passada de geração à geração), quanto a sua base atual (Mishná), temos que ter em mente que: ao lermos e estudarmos tais textos, devemos sempre pô-los em prova com os Sagrados Escritos do Tanach (Antigo Testamento). Portanto, não podemos, prontamente, tê-los como verdades absolutas sobre nossas vidas visto que muitas dessas leis nem se aplicam aos nossos dias, como a grande maioria das leis concernentes à purificação e sacrifícios. Por conseguinte, exige-se daquele que lê tais textos um discernimento cristalino dos conceitos de leis rabínicas e leis bíblicas, e a diferença de seus pesos espirituais.
Portanto, seja da Sua vontade que possamos discernir os assuntos espirituais nos dias de hoje. Possamos estar adquirindo o "colírio" do Mashiach Yeshua, como está escrito:

"Aconselho-te que DE MIM compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e COLÍRIO, a fim de ungires os teus olhos, para que VEJAS." (Apocalipse 3:18)

Amén! Seja da Sua vontade!

........................................ Shemuel ben Avraham (Marcos)

Extraído de: http://www.sinagogabeitmiklat.com.br/2017/03/introducao-brit-chadasha-novo.html

Reflexão em Efésios 2

Reflexão em Efésios 2

Leia o texto bíblico com atenção, e reflita sobre o que ele fala, repare nos parênteses adicionados para facilitar o entendimento.

"Vocês(crente gentios) estavam mortos em suas transgressões e pecados,
nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.

Anteriormente, todos nós(judeus) também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros(gentios), éramos por natureza merecedores da ira.
Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos(judeus) amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês(gentios) são salvos.

Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus.

Pois vocês(gentios) são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês(getnios), é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.

Porque somos(judeus e gentios crentes) criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós(judeus e gentios crentes) as praticássemos.

Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês(gentios) eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão(judeus), feita no corpo por mãos humanas, e que naquela época vocês(gentios) estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo.

Mas agora, em Cristo Jesus, vocês(gentios), que antes estavam longe, foram aproximados(de Deus e dos judeus) mediante o sangue de Cristo.

Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos(judeus e gentios) fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade,
anulando em seu corpo a lei dos mandamentos expressa em ordenanças(legalismo). O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade.

Ele veio e anunciou paz a vocês(gentios) que estavam longe e paz aos que estavam perto(judeus), pois por meio dele tanto nós(judeus) como vocês(getnios) temos acesso ao Pai, por um só Espírito.

Portanto, vocês(gentios) já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus(nos tornamos um com os judeus crentes em Yeshua), edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas(a toráh), tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor.

Nele vocês(gentios crentes) também estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito(ser verdadeiramente igreja)."
Efésios 2:1-22

A Palavra de Deus é a verdade, sem dogmas, sem doutrinas humanas.

Voltando às raízes da fé. Restauração já!

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Refletindo nas Escrituras...Efésios 1

Refletindo nas Escrituras...

Utilizando um método bem simples de interpretação Bíblica, a saber: descobrir quem escreve, quem fala, do que se fala e para quem se fala. Note que quando o Apóstolo Paulo falava "nós ou nosso", estava falando dele e do povo judeu, e quando falava "vós, vocês ou vossos" estava falando dos crentes gentios. Sendo assim, vamos ler o primeiro capítulo da carta aos Efésios, observando os destaques que estão entre parênteses, e veja o que o texto fala contigo.

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso:
A vocês (crentes gentios), graça e paz da parte de Deus nosso (crentes judeus) Pai e do Senhor Jesus Cristo.
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos (crentes judeus) abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo.
Porque Deus nos (judeus) escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.
Em amor nos (judeus) predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade,
para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos (judeu) deu gratuitamente no Amado.
Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus,
a qual ele derramou sobre nós(judeus) com toda a sabedoria e entendimento.
E nos(judeus) revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo,
isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos.
Nele fomos (judeus) também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade,
a fim de que nós(judeus), os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória.
Nele, quando vocês(crentes gentios) ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês(gentios) foram selados com o Espírito Santo da promessa,
que é a garantia da nossa(judeus) herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória.
Por essa razão, desde que ouvi falar da fé que vocês(gentios) têm no Senhor Jesus e do amor que demonstram para com todos os santos,
não deixo de dar graças por vocês(gentios), mencionando-os em minhas orações.
Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes(gentios) dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele.
Oro também para que os olhos do coração de vocês(gentios) sejam iluminados, a fim de que vocês(gentios) conheçam a esperança para a qual ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dele nos santos
e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos (todos), conforme a atuação da sua poderosa força.
Esse poder ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais,
muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir.
Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés e o designou como cabeça de todas as coisas para a igreja,
que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância.
Efésios 1:1-23

Entendendo a Bíblia em seu contexto original.
Restaurando as Raízes da fé.

Restauração já!

sábado, 26 de agosto de 2017

Liderar segundo a Lei de Deus.


Nesse Shabat, dia 26 de agosto de 20197, a porção de estudo chamada de Parashah, está no livro de D'varim(Deuteronomio) 16.18-21.9. No entanto, vamos nos ater somente aos versos finais do capítulo 16 para essa reflexão.
16.18-22 (Texto da Bíblia Judaica Completa)

"Designem juízes e oficiais para todos os seus portões (nas cidades) que Adonai, seu Deus, dá a vocês, tribo por tribo; eles devem julgar o povo com justiça. Não distorçam a justiça nem demonstrem favoritismo; não aceitem suborno, pois um presente cega os olhos do sábio e torce as palavras da pessoa mais correta. Procurem a justiça, apenas a justiça, para que vivam e herdem a terra que Adonai, seu Deus, dá a vocês. Não plantem nenhum tipo de árvore como um (tipo de ) poste sagrado ao lado do altar de Adonai, seu Deus, que vocês construirão. Da mesma forma, não erijam nenhuma coluna; Adonai seu Deus, odeia isso."

Deus por meio de Moisés estava definindo as bases para o trabalho dos juízes, bem determinando ao povo que não fizessem póstes ídolos e plantassem árvores com intuito religioso.

Sobre os juízes, é interessante perceber que eles deveriam agir com "justiça". O que seria agir com justiça? Julgar segundo a lei, ou seja, de acordo com as prescrições de Deus. Sem distorcer a justiça e nem demonstrar favoritismo. Sem entrarmos no assunto político da atualidade, mas trazendo para dentro de nossas vidas com Deus, infelizmente, muitos estão agindo de forma contrária ao que está escrito nesse texto. À medida que hoje, muitos se acham na posição de juízes no meio do povo, e não estou me referindo aos que se sentem no direito de sair julgando as pessoas, mas me refiro aos líderes nas congregações e igrejas. Estes estão sim, na posição mencionada no texto, e sim acabam errando naquilo que o texto manda que acertem. Porque não lideram com justiça (leis, mandamentos, estatutos e ordenanças) e ainda distorcem a justiça (leis, mandamentos, estatutos e ordenanças), e muitas vezes demonstram favoritismos.

Quantos têm dito ao povo, por meio de interpretações erradas e fora do contexto das Escrituras, que as Leis de Deus não são mais para serem obedecidas. Mas Jesus nos diz a todo tempo que devemos obedecer, basta lermos Mt 5.19; Mt 28.20; Mc 7.1-13;Jo 14.15; Jo 15.10 e muitos outros, mas para entendermos temos que ler dentro do seu contexto correto. O grande problema da atualidade é que não se isso. Estamos cheios de teologias. Temos teologia romana, teologia reformada, teologia da prosperidade, teologia pentecostal, teologia da libertação, e etc, mas nenhuma teologia voltada para o contexto original, que é a compreensão dos textos pela cultura em que foram escritos e na cultura. Hoje, tira-se um texto de seu contexto usando o pretexto de que a igreja não é Israel. Nada mais fora da realidade!

Precisamos conforme o texto nos diz, julgar tudo pelo viés da justiça, que é a palavra de Deus, que é a lei para nos mostrar a vontade de Deus para nós. Pense nisso e estude a Bíblia com o olhar certo. Então perceberá que muito da sabedoria do Eterno lhe será revelado.
Restauração já!

Marcelo Peregrino Silva - Israel, a Nova Aliança e a Igreja

sábado, 5 de agosto de 2017

Marcelo Peregrino Silva - Aula 5 - A identidade do Espírito Santo

A terra santa que nos deu a lei e a graça

 Imagem relacionada


Tenho revisto minha teologia, conforme já mencionei em artigos anteriores. Consequentemente, minha posição a respeito das leis de Deus é que devemos obedecer justamente porque fomos salvos. E algumas pessoas me questionam. Ou simplesmente dizem quem não devemos mais cumprir as leis bíblicas. Por isso, também como já falei em um artigo anterior, precisamos entender que a Bíblia é um livro judaico, para o povo judeu, nós recebemos a palavra por causa da graça. 

Sendo assim, por estar revendo muito do que aprendi, tenho escrito artigos tanto aqui como em outras redes sociais. Como faço meus estudos Bíblicos, e busco o contexto original das escrituras, tenho também buscado referências boas dentro do contexto judaico messiânico. Eles são judeus que crêem no Messias Yeshua, ou seja, Jesus Cristo. E tenho aprendido muito com os artigos e vídeos do Ministério Ensinando de Sião.  

Assim, como esse olhar, buscando o conhecimento mais profundo e no intuito de aprender mais, li o artigo abaixo, que mostra a importância da terra e povo que Deus usou para que a lei e a graça viesse até nós. Por isso aproveite, leia este artigo com a Bíblia aberta para ler as referências e ore, tenho certeza que Deus vai abrir seus olhos.


A terra santa que nos deu a lei e a graça

Se observarmos bem, somente uma nação, uma terra e um povo do mundo nos trouxe o grande legado da Lei de Deus e, sobretudo, a Graça da salvação pela fé em Yeshua: – a terra de Israel e o povo da Bíblia, o povo hebreu.Não podemos olhar para Israel sem distinguir este grande legado para a humanidade: Imaginem um mundo, onde não se mata, não se furta, onde homens e mulheres honram seus pais e seus cônjuges, onde não há cobiça, mentira, inveja e outras coisas mais! Não estaríamos já vivendo num pequeno paraíso? Imaginem agora toda humanidade crendo no Messias, Yeshua, conquistando a vida eterna. Não estaríamos diante de uma redenção fantástica?

Um dos importantes temas da fé judaico-cristã que enfocaremos nesta edição se refere ao correto entendimento sobre a Graça e a Lei. É muito comum ouvir da boca de um crente: “estou debaixo da graça e não debaixo da lei”. Realmente, podemos encontrar este versículo na Carta de Paulo aos Romanos (Rm 6:14). Mas, este versículo tem sido interpretado erroneamente pelos pais da Igreja cristã até nos dias de hoje, infelizmente. Alguns crêem, por incrível que pareça, que o Antigo Testamento é um livro de lendas e história de Israel. O pior é que muitos usam ou citam este versículo como se fosse um “passaporte” para o crente, na graça, fazer quase tudo o que deseja. Agem como se a graça de Jesus abrisse todas as portas quanto aos “antigos” mandamentos, estatutos ou ordenanças dados por Deus sob a forma de leis. Outros pensam: – se estamos debaixo da graça não há fronteiras ou limites que nos cercam. Como por exemplo, pode-se comer e beber tudo o que se deseja de modo irrestrito; trabalhar o tanto, como e quando quisermos; relacionar com quem quisermos; sentar e conviver com quem quisermos; envolver-se intensivamente com as coisas profanas do mundo; não respeitar os limites de um relacionamento íntimo conjugal; criar filhos e educá-los sem os impor limites e punições, enfim, estamos na graça e “livres” de qualquer lei que nos oprime, nos incomoda ou nos aborreça. “Lei é para os desobedientes judeus ou para aqueles que buscam para si um peso ou um neurótico estilo de vida”, dizem alguns cristãos. O que vale é só a graça de Deus! Em grande engano está aquele que pensa assim.Afinal, “Estamos ou não debaixo da graça e não debaixo da lei”? Será que Paulo anulou a lei que Jesus não aboliu (Mt 5:17) quando citou este versículo? Não é difícil perceber que o contexto que Paulo aqui se refere, como judeu zeloso e cumpridor da lei (At 25:8;28:17), não é que a graça de ser salvo anulou a lei, mas sim, aquele que teve a experiência do novo nascimento em Cristo, ou seja, a natureza do pecado que habitava em nós deu lugar ao Espírito de Deus, não estando mais sob o jugo da lei do pecado (natureza do pecado), que oprime, amarra e destrói o homem, o separando de Deus. Uma coisa é entender o mal uso da lei, como o legalismo, o fanatismo, e a outra, é viver sob os princípios da lei. Se este versículo continua sendo entendido erroneamente pelos cristãos, então, é melhor que estes cristãos risquem todas as cartas de Paulo, os escritos dos profetas e toda a Torá de suas Bíblias, pois, encontramos nas Escrituras os inefáveis benefícios da lei, a qual o próprio Paulo como salvo em Yeshua (Jesus) se refere a ela chamando-a de santa, justa e boa e que nela se encontra prazer (Rm 7:12;22). Ele disse isto, não só porque ele era um judeu zeloso, mas, sobretudo, porque os gentios também deviam ter consciência que a lei é santa, justa e boa, como escrito no verso 12 da sua carta endereçada aos Romanos. Devemos, então, rever nossos conceitos bíblicos e abolir de vez frases como: “não temos nenhum compromisso com a lei”, “Cristo nos resgatou dessa maldição ou a lei é para judeus e a graça é para os crentes” ou ainda “ o fim da lei é Cristo” no sentido que Ele terminou com a lei, etc. Estes são versículos, infelizmente, mal interpretados por muitos cristãos. Tal má interpretação irá cada dia mais afastar a Igreja do verdadeiro propósito, distanciando-a ainda mais de suas raízes bíblicas e judaicas e, principalmente, de Israel e de seu povo que ainda precisam ser salvos, reconhecendo Yeshua como o seu esperando Messias. Ainda encontramos, infelizmente, em nosso meio cristão, raízes anti-semitas e pré-conceitos contra o povo judeu e a terra de Israel.
 Em II Tm 3: 16,17 lemos: “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça…”. Ora, que Escritura é esta a que Paulo se refere? Naquela época não existia ainda o que se chama de Novo Testamento. Assim, a expressão “Toda Escritura” se refere obviamente ao Antigo Testamento, ou seja, a Torá (o Pentateuco de Moisés), os profetas (Niviim) e os santos Escritos (Ketuvim). Este conjunto de livros é chamado pelos rabinos de Tanach ( se pronuncia “tanarr”) que é um acróstico formado pela abreviação das primeiras letras das palavras Torá, Niviim e Ketuvim. Há um mal costume dos primeiro líderes da Igreja de Roma de chamar a Tanach de “Velho” ou “Antigo” Testamento, dando a entender que existe um novo e que o velho se tornou fora de uso ou obsoleto (O bispo Marcião foi quem inventou esta terminologia de velho e novo Testamentos no início do século IV). Mas, sabemos que isto não é verdadeiro, pois o que Deus inspirou as Escrituras é santo, bom, justo, fiel e Sua Palavra é válida para sempre.

O fato de Jesus ter morrido numa cruz cumpriu profecias, sem dúvidas, e com certeza não precisamos mais, por exemplo, realizar sacrifícios de animais para remissão dos pecados. Mas, tal fato não anulou os bons e sadios princípios da lei, que visam, sobretudo, a qualidade de vida.

Veja você, caro leitor que precisamos rever os conceitos de lei e de graça que nos foram ensinados.
Mas, o que é então a graça de Deus?
Esta palavra no hebraico é “Hen”, pode também ser traduzida como o amor de Deus, ou “Hessed” (a misericórdia) e até mesmo pelo perdão de Deus. A palavra graça no conceito hebraico ainda inclui o conceito de perdão de uma dívida, onde o credor usa de uma graça para abater parte de uma dívida. Por exemplo, se uma pessoa deve R$100 a alguém e este resolve perdoar R$80,00, essa dívida então foi totalmente liquidada por R$20,00. A parcela perdoada é que se chama de “graça”, no conceito judaico. Ou seja, é como se Deus estivesse nos ensinando que Ele deseja que façamos também a nossa parte, pois Ele quer uma aliança bilateral, onde nossa participação torna-se primordial. Muitos vêem a graça de ser salvo algo totalmente unilateral por parte de Deus e que agora, uma vez conquistada não precisamos fazer mais nada. Pois já “garantimos” nossa salvação.
Qual seria, então, a maior graça de Deus? A maior graça é crer em Yeshua como filho de Deus, ser salvo e alcançar a vida eterna através Dele. Ou seja, Deus enviou seu Filho como graça para quitar nossa dívida. Mas, o fato de ser salvo pela fé no sangue de Yeshua que nos redime da natureza do pecado que habitava em nós, não torna a lei inválida. Pois, se eu nego a lei, estou negando o pecado. Não é a transgressão da lei o pecado? Se eu nego o pecado, eu nego a morte e, como conseqüência, a necessidade da morte de Yeshua que traz vida, e vida em abundância. O próprio Yeshua disse em Mt. 5:17 – “ não pensais que vim revogar a lei ou os profetas, não vim para revogar, vim para cumprir”. Se Ele tivesse anulado a lei estaria negando a si mesmo.
Muitos cristãos também acham que a graça foi inventada no Novo Testamento. Mas, esta palavra (Hen) já aparece nos primeiros livros da bíblia. Não seria, por exemplo, a criação do homem a manifestação da graça de Deus? O cuidado na preparação de um lugar para colocar o homem, criar o sol, as estrelas, os astros para enfeitarem a sua noite, não seria a manifestação de Sua graça? Quando o homem se separou de Deus (Gn2:15) vemos a manifestação de Sua graça ao prover, ainda no jardim, a promessa da vitória sobre o mal, através de Yeshua? Tudo o que Deus fez foi pela sua graça, pelo seu amor incondicional. O mar Vermelho que se abriu; o maná que caiu dos céus; as sandálias que não se gastaram durante a travessia do deserto; as muralhas que ruíram-se, milagrosamente, não seriam manifestações também da graça de Deus?Se observarmos a natureza em seus mínimos detalhes – as plantas com suas cores e tons variados, o ciclo da natureza, o mover dos astros em suas definidas órbitas – tudo isso não seria a manifestação da graça de Deus? A multiplicação das sementes e seus os frutos não são todos resultantes da graça de Deus? Quando Deus coloca o homem no jardim e cria para o homem o trabalho (o cultivo do jardim) não é essa manifestação da graça de Deus? Isso é muito bonito e profundo!
É interessante ver no hebraico a palavra usada para designar o trabalho. A palavra “abad” significando trabalhar (produzir algo) para louvar e adorar a Deus. Observe que é o ato de trabalhar deveria ser uma forma agradável de produzir algo, glorificando o Criador de todas as coisas, pois afinal, o homem foi criado para refletir a Sua imagem e semelhança. Mas, pode haver um outra pessoa que trabalha sob pressão ou aborrecida, amaldiçoando o trabalho. É muito interessante notar que a palavra hebraica para este tipo de trabalho não produtivo tem a mesma grafia da palavra “Avad”, mas agora se pronuncia “Eved”, pois em hebraico as vogais não são escritas. Isto nos induz que conceito da graça de Deus nos conduz a sabedoria de viver no livre-arbítrio. As coisas são neutras em si mesmas, mas quem define o lado bom ou o lado mau das coisas somos nós mesmos. Esta é a vontade de Deus para nós, sabermos valer-nos do livre arbítrio, com inteligência, perseverança e destreza.

É maravilhoso ver o que Deus preparou para o homem. Deus queria o homem produzindo algo, criando, transformando idéias e planos em algo real, concreto como uma maneira de adorá-lo.Assim, se entendemos bem o conceito da graça de Deus derramada no “Antigo” Testamento podemos entender este conceito na Nova Aliança, como por exemplo, em Atos 15:11 : – “Mas cremos que fomos salvos pela graça de Deus…”. Qual graça? A mesma presente desde a criação do homem. A graça de Deus enviou Seu filho Yeshua, para morrer como pecador, para pagar todos os nossos débitos. Todo aquele que peca é devedor e seu fim é a morte. Mas pela graça de Deus nossos débitos, por falharmos em cumprir Sua lei, são quitados por Yeshua. Isto jamais colocou a lei ou a Torá inválida. Toda a graça de Deus converge para a pessoa de Yeshua.Nos parágrafos anteriores relacionamos a palavra graça com a lei e com a palavra trabalho, mas vamos encontrar na bíblia a correlação com a glória de Deus. Em Romanos (3:23,24) diz: – “Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”.
 A palavra glória no hebraico é “Kevod e que significa peso. O peso de Deus é Ele mesmo, sua essência, Seu Espírito. Então, o pecado tira de nós a essência de Deus, e nos coloca “pesados” de nós mesmos”. Para desfrutar da glória de Deus temos que despir de nossa própria glória. Nossa glória, o nosso “eu”, tem que ser colocado no “misbeah”, ou seja, no altar, que é lugar de morte da natureza adâmica ou do pecado. No altar de sacrifício é que podemos nos despojar do velho homem e encher-nos da essência de Deus. Só aí, então, vamos ser cheio da glória de Deus, do Seu conhecimento, recebendo capacitação e direcionamento Dele e, sobretudo, o Seu perdão.

Agora podemos ver algo maravilhoso – apesar de termos sido salvos pela maior graça, que foi o sacrifício de Yeshua, precisamos da lei para nos conduzir, capacitar, orientar, nos ensinar, nos adestrar, nos corrigir. Por quê? Porque Yeshua é a Palavra, o Verbo (a Torá), a Lei que fala e trata com o pecado.

Imaginemos que agora o governo deseja dar a graça aos adultos brasileiros de possuírem uma carteira de habilitação para dirigir veículos. O fato de possuir a carteira não isenta ninguém de observar as leis de trânsito, não é mesmo? Da mesma forma, uma vez remido pelo sangue de Yeshua e não podemos simplesmente esquecer toda a lei. Ao contrário, a redenção em Yeshua traz a cada um de nós maior peso de responsabilidade na observância da vontade de Deus. Só damos o devido valor a graça se conhecemos a lei e sua conseqüência. Na lei de Moisés o adultério é pecado (Dt. 5:18). Que diz a graça em Yeshua? – “ Se Olhar para uma mulher com uma intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt. 5:28). Na graça, o ódio ao irmão é semelhante ao homicídio. Vemos, então, que a graça embora seja recebida e dada pela fé e de graça, nos exige que andemos num nível e numa qualidade de vida muito mais alta que a lei. Mas, a lei continua sendo boa, pois ela nos delimita, marcando até onde podemos chegar. Em outras palavras, a lei nos estabelece limites e nos preserva e nos previne de conseqüências danosas.

Muitos cristãos dos dias atuais passam por cima de muitos mandamentos de Deus, alegando estar debaixo da graça e não sob o jugo da lei. Mas, a lei não foi anulada como foi dito! Imagine que no nosso exemplo didático, as leis de Deus são comparadas como às leis da placas de trânsito que orientam os motoristas. Estas placas (leis) são sinais de alerta de direcionamento e de orientação que nos levam em segurança ao nosso destino final. Temos a graça de dirigir, mas a lei nos conduz para não sairmos da estrada e não errarmos o alvo, o destino. Estar em Yeshua é estar na graça (no caminho certo), mas agora temos que caminhar pela a estrada do mundo, e aí então, é que precisamos da lei. Há uma única maneira de ser salvo: – crer no sacrifício e no sangue de Yeshua. Nada mais que façamos nos reconecta com Deus. Mas a lei existe para nos direcionar em nossa caminhada caminha, nos alertando que devemos guardar e permanecermos sempre na plena graça e misericórdia divina. Na carta de Paulo aos Gálatas ( 3:24) diz que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo. O aio é aquele instrui que direciona. Somente entendendo a lei temos o entendimento do que é a graça. Muitos dos chamados “crentes desviados” estão nessa situação porque não deram a devida importância à graça, não atentando para os mandamentos, estatutos e ordenanças de Deus. A graça disponível em Yeshua não pode ser usada como um passaporte para o pecado. A liberdade em Yeshua é plena da responsabilidade de obedecer as leis de Deus.

No Salmo 19:7 a lemos “ A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”. Assim, podemos entender que a lei também existe para as áreas não restauradas de nossa alma. O salmista diz: “Agrada-me fazer a tua vontade, o Deus meu; a tua lei está dentro do meu coração.” A vontade de Deus está expressa na sua palavra. A lei é muito mais prática do que pensamos, como por exemplo, ela lida com problemas comuns, como: – a quem emprestar dinheiro, como indenizar alguém por algum dano causado, como preservar o direito de propriedade, etc. Um outro bom exemplo é entender a lei judaica do dízimo. É ela uma lei para os judeus? Sim. Ela está citada como estatuto no “Antigo’ ou no “Novo” testamento? No “Antigo” Testamento. E por que, então, a igreja de hoje pratica a lei do dízimo se é uma lei judaica? É porque o princípio da lei do dízimo é uma benção para quem faz prática dessa lei. Nessa lei encontramos o princípio da semeadura e da colheita. Se dou, recebo muito mais. Temos que ser francos ao afirmar que não é sensato só escolhermos aquilo que nos agrada no “Antigo” Testamento, ignorando aquilo que não nos agrada. Isto é insensatez. Se somos capazes de entender a lei judaica do dízimo como benção, por que não somos capazes de observar outras leis que também abençoam nossa saúde, nossa vida familiar, nossa vida profissional, sentimental, o relacionamento com o próximo e tantas e tantas outras leis que foram criadas com o propósito de nos abençoar? Os crentes não devem se esquecer que em Cristo foram enxertados na Oliveira que é o Israel salvo de Deus. Assim, como enxertados eles podem livremente participar de todas as bênçãos e promessas dadas por Deus ao povo de Israel. Paulo diz que os gentios podem participar da mesma seiva da oliveira ( Rm 11;17).

No livro de Provérbios está escrito: “ Filho meu, atenta para as minhas palavras, aos meus ensinamentos inclina os ouvidos, não os deixe aparta-se dos teus olhos, guarda-os no mais íntimo do teu coração, porque são vida para quem os acha e saúde, para o corpo”.(Pv 4:20-22). Onde estão os ensinamentos e as palavras ditas no livro de Provérbios? Na lei. Em outra passagem no livro de Provérbios, encontramos: “O que guarda a lei é filho prudente, mas o companheiro de libertinos (comilões) envergonha a seu pai.” É falta de sabedoria comer de modo desenfreado. “ o que guarda a lei é bem aventurado” (Pv. 29:18b). “o que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável”.Mais uma vez vamos frisar: a lei em si não salva, a salvação é pela graça, mas a lei me capacita a viver no padrão de Deus, mostrando a todos os limites e delimitações até onde podemos chegar dentro da justiça e misericórdia de Deus.Agora que já sabemos um pouquinho sobre a Graça e Lei de Deus, podemos dizer, então, que a graça sem lei não ficaria sem graça?

Autor:

Líder e fundador do Ministério Ensinando de Sião-Brasil e da Congregação Judaico-Messiânica Har Tzion - Belo Horizonte - MG. www.ensinandodesiao.org.br – www.tvsiao.com – www.ccjm.org.br

Extraído de http://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-estudos/a-terra-santa-que-nos-deu-a-lei-e-a-graca/