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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Paralelos entre os Samaritanos e a Igreja




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Texto: Jo 4.6-29

Havia ali o poço de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Isto se deu por volta do meio-dia.
Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: "Dê-me um pouco de água". (Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.)
A mulher samaritana lhe perguntou: "Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?" (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.)
Jesus lhe respondeu: "Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva".
Disse a mulher: "O senhor não tem com que tirar a água, e o poço é fundo. Onde pode conseguir essa água viva?
Acaso o senhor é maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, bem como seus filhos e seu gado? "
Jesus respondeu: "Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna".
A mulher lhe disse: "Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água". Ele lhe disse: "Vá, chame o seu marido e volte".
"Não tenho marido", respondeu ela. Disse-lhe Jesus: "Você falou corretamente, dizendo que não tem marido.
O fato é que você já teve cinco; e o homem com quem agora vive não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade". Disse a mulher: "Senhor, vejo que é profeta.
Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar".
Jesus declarou: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.
Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.
No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.
Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade".
Disse a mulher: "Eu sei que o Messias (chamado Cristo) está para vir. Quando ele vier, explicará tudo para nós".
Então Jesus declarou: "Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você".
Naquele momento os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: "Que queres saber? " ou: "Por que estás conversando com ela? "
Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo:
"Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Cristo? "

         Em uma conversa com um irmão chamado Anderson de Carvalho, este também servo do Eterno no messias Yeshua, falávamos sobre essa passagem da mulher samaritana, e sobre os aspectos e paralelos que há com a igreja cristã. Daí a motivação para este pequeno artigo, pois se nos atentarmos bem naquela mulher, poderemos tirar algumas lições importantes a respeito da igreja cristã.

         Quando lemos essa passagem do evangelho segundo escreveu João, temos uma bela oportunidade de aprender mais a respeito de nós mesmos, enquanto gentios pertencentes à comunidade dos que crêem no Messias Yeshua. Bem como perceber os paralelos que existem entre a igreja ou cristianismo atual e aquela mulher samaritana, que se encontrou com Yeshua naquele poço.

         Em primeiro lugar devemos nos localizar historicamente e geograficamente. Aquele poço encontrava-se na região onde habitavam os samaritanos, próximo à cidade de Samaria. Essa era a região ao norte, onde dez das doze tribos de Israel habitavam desde que tomaram posse da terra. A animosidade entre os dois povos, no entanto, já vinha de muito tempo, devido à divisão que houve já desde a época de Jeroboão (IRs 11), que acabou dividindo a nação em duas partes, Israel formada por dez tribos ao norte e Judá com duas tribos ao sul. E mais tarde com a derrota de Israel para Senaqueribe, rei da Assíria, que enviou muitos israelitas para diversas regiões sob seus domínios e permitiu que pessoas de outros povos passassem a habitar ali, gerando uma população mista. Por sua vez, este povo passa a se voltar sempre contra o povo de Judá, em diversos momentos da história os encontramos aliando-se a diversos inimigos de Judá, constatamos a esse respeito nos textos de Flávio Josefo, o historiador judeu. Tudo isso, somente aumentou a rivalidade entre os dois povos até a época de Yeshua. Hoje em dia eles são poucos, sim, eles ainda existem, e devido a rigidez de suas tradições em relação ao casamento com pessoas de outras culturas e religiões estiveram à beira da extinção, a liderança está mudando isso a fim de evitar seu desaparecimento.

         Entretanto, é muito interessante quando estudamos a história, pois verificamos que a igreja dita cristã, desde sua “fundação” no século IV, pelo imperador romano Constantino, está sempre indo contra o povo Judeu, assim como os samaritanos daquela época mais antiga. Podemos notar isso em um artigo do Rabino Messiânico Matheus Zandona Guimarães, entitulado “O terceiro templo”[1], onde em um dos parágrafos menciona que, devido à falsa “teologia da substituição”, muitos líderes cristãos foram contra a criação do estado de Israel, em 1948, pois estavam convencidos que o Israel não poderia mais existir, uma vez que a Igreja agora representa o “Israel espiritual” de Deus. Esse autor ainda menciona em outro parágrafo do mesmo artigo que, “no final do século XIX, enquanto judeus de toda Europa se reuniam sob a liderança de Theodor Herzl para decidirem sobre a criação do Estado de Israel, muitos cristãos entenderam que a criação de um estado judacio seria algo profético e, … Por outro lado, grandes foram as manifestações cristãs contra a criação do Estado de Israel. Muitos pastores evangélicos, padres católicos e outros, se aliaram aos árabes nas campanhas anti-Israel,...”. Apesar de tudo o Eterno cumpriu sua Palavra e Israel tornou-se novamente uma nação. Porém, vimos e veremos mais à frente essa contrariedade contra o povo judeu por parte também do cristianismo. Mas há algo misterioso nas Escrituras, a respeito dos samaritanos. Encontramos nos escritos do Novo Testamento, além dessa mulher, a menção a dois outros samaritanos, o da parábola do bom samaritano e o samaritano leproso que foi curado e voltou para agradecer.

         Com relação à parábola do bom samaritano (Lc 10.29-36), Yeshua quis ilustrar para um doutor da Lei sobre quem é o próximo de alguém. E para isso utilizou-se de algo comum em sua época, uma parábola. Em específico, nessa contada pelo Mestre, o samaritano representava alguém de bom coração e que tinha amor, demonstrando isso ao ajudar um judeu caído à beira do caminho. Aqui, Yeshua apresenta uma característica que, bem poucas pessoas poderiam perceber em um samaritano. Temos também o encontro do Messias com dez leprosos(Lc 17.12-19), que clamaram por cura e a receberam, mas apenas um voltou para agradecer a Yeshua, e este era samaritano. Essas três passagens são muito peculiares, e têm representações importantes para nós, mas vamos nos ater aqui neste texto, àquela mulher que Yeshua encontrou no poço.

         A samaritana falou com Yeshua de forma questionadora, talvez estranhando o fato de um rabino judeu dirigir a palavra a ela, o que não era nem um pouco comum devido à mencionada richa. E isso provavelmente a levou ao questionamento, fazendo com que sua pergunta fosse muito pertinente ao momento, como se ela falasse por todo o povo samaritano. Yeshua percebendo isso leva a conversa também de forma generalizada, falando a respeito do povo judeu e da salvação.

         Tendo essas coisas sem mente, tracemos um paralelo entre os samaritanos e a igreja cristã, sendo assim vejamos:

         1 - O povo samaritano, conforme pontuei no início deste texto era um povo misturado. E atualmente, a igreja cristã também está assim, devido às várias denominações, tradições e seguimentos. Atualmente vemos tantas “inovações” na igreja, que às vezes não temos como discernir se é igreja ou mundo. Há igrejas que no intuito de “evangelizar” fazem cada coisa que pode espantar. Colocam nos templos rings de MMA, fazem bailes e festas diversas, promovem desfiles de moda e muito mais. Está uma mistura generalizada;

         2 - Samaritanos tinham e ainda tem sua própria Toráh, e a forma de interpretá-la. A igreja cristã têm a Escritura, e diversas formas de interpretá-la. Hoje há Bíblias para todos os gostos, de todos os formatos e tamanhos. Até aí nenhum problema, a coisa estreita mesmo é com as diversas interpretações. Há ainda Bíblias de “Vitória Financeira”, Bíblia “Inclusiva”, onde ensinam sobre a inclusão dos homossexuais no meio cristão sem precisar se arrepender de seus pecados e onde os textos referentes relações sexuais ilícitas foram deturpados, e muitas outras;

         3 - Os samaritanos eram independentes de Israel e do povo judeu, e a igreja cristã é independente de Israel e do povo judeu. Muitos cristãos, se não a maioria está totalmente distantes de Israel. Ensinam que a Aliança de Deus agora é com a Igreja e por isso o povo judeu não significa mais nada. Ensinam que a igreja é o Israel agora. Essa linha de pensamento e interpretação vem da “Teologia da Substituição”, que ensina a substituição de Israel pela Igreja por Deus, devido à rejeição deles ao messias;

         4 - Eles se consideravam melhores do que os judeus, e a igreja nutre um sentimento triunfalista em relação aos judeus. Por causa de doutrinas dispensacionalistas e substitucionalistas o cristianismo se vê acima de Israel;

         5 - Aquele povo pensava que serviam a D`us da forma correta, e a igreja pensa que é a detentora da Verdade. Por interpretarem as Escrituras distantes do contexto judaico, a igreja vê a Bíblia de forma diferente e por isso, anula tudo que diz respeito a Israel e sua forma de adoração. E isso leva a um entendimento diferenciado, fazendo-os pensar que sua forma de adoração é a correta;

         6 - Os samaritanos negligenciavam a origem de sua fé, que vinha de Israel e o povo judeu; da mesma forma a igreja negligencia a origem da sua fé, que vem de Israel e o povo judeu. Com isso negligenciam também a origem judaica do messias, dos profetas e dos apóstolos, consequentemente aos escritos deles (Rm 9.4,5);

         7 - Eles não tinham comunhão com os judeus, assim como a igreja não tem comunhão com os judeus. Quase não vemos judeus e cristãos juntos, mesmo em se tratando de judeus messiânicos, e isso é devido aos dogmas cristãos que atrapalham o relacionamento entre ambos;

         8 - Os samaritanos adoravam a quem não conheciam, e a igreja cristã adora a quem não conhece. Isso parece estranho, mas devido aos fatos já mencionados, os cristãos acabam por adorar a um Deus que eles não conhecem. Se o cristianismo conhecesse mesmo a quem adoram não distorceriam tanto a interpretação das Escrituras, colocando seus dogmas e pensamentos totalmente diferentes do que se pode encontrar nas Escrituras. As interpretações seriam de acordo com o pensamento judaico que é o contexto correto; e

         9 - Eles pensavam que a salvação pudesse vir deles, a igreja também  pensa que a salvação vem dela mesma. Ou seja, a igreja entende que somente se tornando cristão alguém pode ser salvo, mas a Escritura afirma que encontram salvação aqueles que confiam no messias e obedecem a sua palavra. Não basta somente pertencer à religião, é preciso viver o que o mestre ensinou.

         Dessa forma, concluindo esse texto, convido você a rever sua forma de pensar sua crença em Yeshua(Jesus). Convido a você a observar com atenção a conversa de Yeshua com aquela mulher de Samaria, e o que ele quis que ela entendesse. Que possamos viver a salvação que vem dos judeus através do Messias Yeshua, o filho de Deus. Que nós deixemos de lado os dogmas e tradições criados ao longo dos séculos pela igreja, nos afastando da verdadeira forma de agradar a Deus. Que possamos contextualizar a Bíblia do jeito correto, ou seja, como um livro judaico, escrita para judeus e seguidores do Messias, para que venhamos ter o entendimento correto acerca do que é o Reino de Deus. Restauremos as raízes da fé no Eterno e no Messias Yeshua, a mesma fé que os apóstolos e discípulos seguiam no princípio da comunidade dos seguidores de Yeshua.

         Restauração já



[1]http://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-estudos/o-terceiro-templo/

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A Torá Oral

 Olá, li este artigo no site da Sinagoga Beit Miklat, e achei muito interessante, por isso estou compartilhando, as devidas referências ao site estão no fim do artigo.

 A Torá Oral

-Introdução

         A Brit Chadashá (Novo Testamento) fala em muitos lugares (Mateus 15:2; Marcos 7:3; Marcos 7:5) acerca da "Tradição dos Anciãos" (מסורת הזקנים - Massoret haZekenim), e muitas pessoas desconhecem o que viriam a ser estas palavras, que em sua essência significa um dos principais códigos de leis do Judaísmo. Nosso objetivo neste estudo é descrever as divisões e explicações (como também o surgimento) àqueles que desconhecem esses pormenores.
         A maior parte do Judaísmo acredita ser o Talmud o que é chamado de "Torá Oral" (תורה שבעל פה - Torá sh'beal pê); e desde o segundo século da era comum tem sido um dos guias religiosos que norteiam a religião de Israel. Nos tempos de Yeshua a "Tradição dos Anciãos" já era a base para o culto farisaico, apesar de ainda não estar codificada em livro, coisa que só ocorreria dois séculos depois; mas, desde esse tempo já persistiam as discussões que dariam origem ao estabelecimento do Talmud. Yeshua, e seus discípulos, no decorrer dos séculos, atacaram muitas vezes algumas leis da "Tradição dos Anciãos", acusando-as de intransigentes, outras, de insensíveis; mas, sabemos que existem outras leis e ensinamentos que valem-se de muito, como o próprio Yeshua disse: "Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam" (Mateus 23:2), portanto trazemos esse estudo para que, com a ajuda dos Céus, possamos ter discernimento sobre os ensinamentos milenares do povo judeu, o qual vêm mantendo a unidade e comunhão do mesmo, e que assim seja desde agora e para sempre, amen!


-A Torá Oral no Novo Testamento

         Junto com as Escrituras Hebraicas desenvolveram-se tradições paralelas dos Anciãos de Israel. No período que vai desde a reconstrução do Templo com Ezra HaSofer (Esdras, o escriba) e Neemias, até os dias de Yeshua, a Bíblia Hebraica se cristalizou como livro sagrado dos judeus, e ganhou até traduções para o grego (Septuaginta) e o aramaico (Targum Onkelos, Yonatan, Neofiti, Yerushalmi e outros). Mas também apareceram muitos livros apócrifos outros explicativos acerca da própria Bíblia Hebraica. Dentro da comunidade judaica (dos fariseus, principalmente) permanecia um código interpretativo das palavras da Torá, a Tradição Oral. Esse corpo de tradições foi, gradativamente, moldado e trabalhado ao longo dos séculos, e isso foi o que gerou a estruturação e o conteúdo da Mishná posteriormente.
        Não obstante, vê-se a presença de tal Tradição Oral no Novo Testamento; como exemplo, citaremos Mateus 1:5, onde se lê: "e Salmon gerou de Raabe a Boaz"; ou seja, aqui está provado que os próprios autores da Brit Chadashá se valeram da Tradição dos Anciãos para redigirem seus relatos, já que em nenhum lugar das Escrituras Hebraicas está escrito que Raabe, a prostituta de Jericó, se tornou esposa do príncipe Salmon de Judá. Também Paulo cita os magos egípcios que confrontaram Moshé pelos seus nomes (Janes e Jambres), coisa que a Bíblia Hebraica não contém. E onde esses autores buscaram esse material se não na "Tradição dos Anciãos"?

-Origem da Torá Oral

       A existência da Torá Oral é baseada na própria Torá, como está escrito:


ואתנה לך את לחת האבן והתורה והמצוה

"E dar-te-ei tábuas de pedra, e a Lei, e os mandamentos" (Êxodo 24:12)

E daqui aprendemos que "a Lei", se refere à Torá Escrita, e "os mandamentos", se refere à sua explicação, ou seja a Torá Oral (Vide Mishnei Torá, em sua Introdução, em Transmissão da Torá Oral, parágrafo primeiro).
       E também, outra referência:

ויקהל משה את כל עדת ישראל ויאמר אלהם אלה הדברים אשר צוה ה׳ לעשות אתם

"E Moshé convocou (congregou) toda a congregação dos filhos de Israel, e disse-lhes: Estas são as palavras que o Eterno ordenou que cumprísseis." (Êxodo 35:1)

        Ou seja, vemos aqui Moisés dizendo "Estas são as palavras", i.e., ele convocou os filhos de Israel para que ouvissem as palavras que o Eterno disse, e os seus entendimentos (ou seja, a compreensão) para que conseguissem cumprir.
         E outra é:

כי המצוה הזאת אשר אנכי מצוך היום לא נפלאת הוא ממך ולא רחקה הוא


"Porque este mandamento, que hoje vos ordeno, não te é difícil demais, nem tampouco está longe de ti." (Deuteronômio 30:11)

         E alguém poderia perguntar: "Mas como não me é difícil, se não consigo entendê-los, para cumprí-los? Por exemplo a mitzvá do Tsitsit, a Torá não explica como fazer os nóis, e o número de fios! Então como Moisés pode me dizer que não me é tão difícil?" A partir dessa pergunta, concluímos que para Moisés nos dizer que os mandamentos não são tão difíceis, mesmo existindo ordenanças sem explicações, é que ele as explicou!
        Em outras palavras, vêmo-nos, a partir destes versos, forçados a concluir que a Torá Escrita foi dada junto com suas explicações, que é a Torá Oral.

-Transmissão da Torá Oral

        Teoricamente, de acordo com o Rambam (רמב״ם - Rabi Moshé ben Maimon), temos a seguinte sucessão do tipo mestre-discípulo:

Moisés transmitiu as explicações a Josué, Josué aos Anciãos e Finéias. Os Anciãos e Finéias transmitiram a Eli e a sua corte. Eli e sua corte transmitiram a Samuel. Samuel e sua corte transmitiram a David. David e sua corte transmitiram a a Aías, o Silonita. Aías e sua corte transmitiram a a Elias. Elias e sua corte transmitiram a Eliseu. Eliseu e sua corte transmitiram a Jeoiada, o Sacerdote. Jeoiada e sua corte transmitiram a Zacarias. Zacarias e sua corte transmitiram a Oséias. Oséias e sua corte transmitiram a Amós. Amós e sua corte transmitiram a Isaías. Isaías e sua corte transmitiram a Miquéias. Miquéias e sua corte transmitiram a Joel. Joel e sua corte transmitiram a Naum. Naum e sua corte transmitiram a Habacuque. Habacuque e sua corte transmitiram a Sofonias. Sofonias e sua corte transmitiram a Jeremias. Jeremias e sua corte transmitiram a Baruque, filho de Neriá. Baruque e sua corte transmitiram a Esdras, o Escriba.
A corte de Esdras era chamada de "Homens da Grande Assembleia", e esta era composta por: Ageu, Zacarias, Malaquias, Daniel, Ananias, Misaías, Azarias, Neemias (filho de Chachlia), Mordecai, Zerubavel e outros grandes homens que junto com estes, somam 120 Anciãos. O último deles foi Shimon haTsadik (Simeão, o Justo) que se tornou Sumo-Sacerdote depois da geração de Esdras. Shimon haTsadik transmitiu a Antígonos de Sôco. Antígonos de Sôco e sua corte transmitiram a Yosef ben Yoezer (de Tsereda) e a Yosef ben Yochanan (de Jerusalém). Yosef de Tsereda e Yosef de Jerusalém e suas cortes transmitiram a Yehoshua ben Prachiá e a Nitai de Arbeli. Yehoshua ben Prachiá e Nitai de Arbeli e suas cortes transmitiram a Yehudá ben Tavai e a Shimon ben Shetach. Yehudá ben Tavai e Shimon ben Shetach e suas cortes transmitiram a Shemaia e Avtalion. Shemaia e Avtalion e suas cortes transmitiram a Hilel e Shamai. Hilel e Shamai e suas cortes transmitiram a Rabi Yochanan ben Zakai e a Rabi Shimon ben Hilel.
Rabi Yochanan ben Zakai tinha 5 discípulos, que eram: Rabi Eliezer HaGadol, Rabi Yehoshua, Rabi Yose haCohen, Rabi Shimon ben Netanel e Rabi Eliezer ben Arach .
Rabi Eliezer HaGadol transmitiu a Rabi Akiva ben Yosef. Rabi Akiva transmitiu a Rabi Yishmael e a Rabi Meir.
Rabi Akiva tinha 3 colegas: Rabi Tarfon, Rabi Shimon e Rabi Yochanan ben Nuri.
Rabi Shimon transmitiu a Raban Gamaliel haZaken (filho de Rabi Shimon). Raban Gamaliel transmitiu a Raban Shimon. Raban Shimon transmitiu a Rabi Yehudá haNasi. E Rabi Yehudá haNasi compôs a Mishná (em 189 a.e.c).

- Funções adicionais da Torá Oral e outros grupos no séc. I

        A Tradição servia também como um regulamento, ou seja, os mestres da época se utilizavam dela para explicarem (ou relerem) as Escrituras às pessoas, já que era tida como de difícil interpretação. O outro maior partido religioso da época de Yeshua, era os saduceus. Era mais cético, pelo fato de seus membros não reconhecerem a canonicidade sequer dos livros dos profetas e os salmos, aceitavam apenas a Lei de Moisés como realmente autêntica; e rejeitavam também as tradições dos Anciãos e as doutrinas acerca da imortalidade da alma, julgamento futuro e etc. Os samaritanos, além de serem de origem diferente, seguiam também uma religião diversa: tinham sua própria versão da Torá, e sacrificavam a sua Páscoa sobre o monte de Samaria, ou Gerizim. Esses dois grupos, saduceus e samaritanos, e outros menores, foram perdendo campo depois de guerras que atingiram a Terra Santa naqueles tempos. Os samaritanos ainda hoje existem, numa comunidade muito reduzida ao norte, e praticam seu culto tradicional que incluem os sacrifícios. Os saduceus deram origem ao movimento denominado Caraíta, que hoje também tem alguns milhares de membros tanto em Israel, como em outros países. Os fariseus formaram o grupo religioso que conseguiu furar os séculos como a maior identidade judaica; guardaram a Tradição Oral que deu origem ao texto mishnáico. Com a dispersão dos judeus pelo mundo, os rabinos se viram na iminência de muitos judeus abjurarem sua fé se a Torá Oral não fosse codificada para dar maior simplicidade à liturgia e ao culto.
        Uma reunião dos principais rabinos de Israel, comandados por Rabi Yehudá haNasi, deu origem ao grande trabalho de escrever as leis e tradições que foram a gênese da primeira parte do Talmud: a Mishná.
        Começaram-se a ser redigidos, quase que simultaneamente, dois comentários da Mishná: um em Israel (Guemará Yerushalmi), a partir do século IV; e um na Babilônia (Guemará Bavli), a partir dos séculos VI e VII. O texto de ambos é demasiado parecido, sendo o Comentário Babilônico considerado mais completo, e, consequentemente, o mais usado. Essas discussões legais (chamadas de Guemará) em torno da Mishná foram adicionadas ao texto mishnáico, formando o que se conhece hoje como Talmud.

-Biografia de Rabi Yehudá haNasi

       De acordo com o Talmud Yerushalmi Sanhedrin 5a (no comentário de Tosafot Yom Tov), ele era da descendência Davídica, da linhagem real, por isso o título de Nasi (Príncipe). Esse título "Nasi" também era usado para os presidentes do Sanhedrin na época dos Zugot (pares), por exemplo Shemaia e Avtalion; e Hilel e Shamai (um era chamado de Nasi [Presidente do Sanhedrin] e o outro de Av Beit Din [Chefe de Justiça]) (Vide Mishná Chaguigá 2:2).
       Yehudá haNasi nasceu em 135 d.e.c.. De acordo com um Midrash (Bereshit Rabá 53; Eicha Rabá 1:10), ele nasceu no mesmo dia do martírio de Rabi Akiva.
       Sua juventude passou na cidade de Usha (Oeste da Galiléia). Aprendeu a Torá e também estudos gerais (linguagens, principalmente) com seu pai (Rabi Shimon ben Gamaliel II).

-Mishná (משנה - chamada também de Shas - ש״ס)

       A Mishná é a primeira parte do Talmud, e sua compilação foi chefiada por Rabi Yehudá haNasi (135 - 217 d.e.c.), filho de Shimon ben Gamaliel II, aproximadamente no ano 189 d.e.c.. A palavra Mishná significa "repetição", e é um termo que já se encontra nas Escrituras Hebraicas.
       Esta se divide em seis Sedarim (ordens, seções): Zeraim (Sementes), Moed (Festividades), Nashim (Mulheres), Nezikin (Danos), Kodashin (Santificados), Tehorot (Purificações).
       E estas, por sua vez, são dívidas em Masechtot (Tratados), que são 63 tratados. Estes, por sua vez, dividem-se em Perakim (Capítulos), que são 525 capítulos. E estes são subdivididos em Mishnaiot (Parágrafos), que totalizam 4224 mishnaiot.

       Zeraim: 75 capítulos, com total de 683 mishnaiot;
       Moed: 88 capítulos, com total de 681 mishnaiot;
       Nashim: 71 capítulos, com total de 570 mishnaiot;
       Nezikin: 74 capítulos, com total de 685 mishnaiot;
       Kodashin: 91 capítulos, com total de 590 mishnaiot;
       Tehorot: 126 capítulos, com total de 1015 mishnaiot.

        Ordem de Especificação:

        Seder -> Masechet -> Pérek -> Mishná

- Eras dos Sábios (תקופת החכמים - Tekufat haChachamim)


1) Patriarcas (אבות - Avot)

       Período: Desde a saída de Abraão, nosso pai, de Ur dos Caldeus, até a entrada do povo de Israel na Terra de Canaã.
       Principais: Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Josué, Finéias, Aarão e etc.

2) Juízes (שופטים - Shoftim)

       Período: Desde a morte de Josué até a posse de Saul, através das mãos de Samuel (último dos juízes).
       Principais: Otniel ben Kenaz, Ehud ben Guerá, Devorá, Guideon, Avimelech, Shimshon, e Shmuel.

3) Profetas (נביאים - Neviím)

       Período: Desde a divisão do reino de Salomão, com o profeta Aías (o Silonita) até o período em que profetizou Malaquias.
       Principais: Obadias, Joel, Jonas, Amós, Oséias, Isaías, Ezequiel, Miquéias e etc.

4) Anciãos da Grande Assembleia (אנשי כנסת הגדולה - Anshei Kenesset haGuedolá)

       Período: Desde a conclusão da construção do Segundo Beit HaMikdash (Templo) até a morte de Shimon haTsadik, filho de Chonyo, filho de Yadua, filho de Yochanan, filho Eliashev, filho de Yehoshua, filho de Yehotsedek (primeiro Sumo-Sacerdote do Segundo Templo), que era sobrinho de Esdras.
       Principais: Ageu, Zacarias, Malaquias, Daniel, Ananias, Misaías, Azarias, Mardoqueu e etc.

5) Pares (זוגות - Zugot)

       Período: Desde a nomeação de Yosi ben Yoezer haCohen como Nasi, Presidente do Sanhedrin, para manter a ordem social, função que o Sumo-Sacerdote não cumpria (lembrando que nesse período já estava no domínio cultural grego, antes do Milagre de Chanucá, porém já depois da tradução da Torá para o grego com os 70 rabinos), até a morte de Hilel no ano 8 d.e.c..
       Principais:  Yosi ben Yoezer e Yosi ben Yochanan; Yehoshua ben Prachiá e Nitai haArbeli; Yehudá ben Tavai e Shimon ben Shetach; Shemaia e Avtalion; Hilel e Menachem (porém Menachem foi deposto, e Shamai o substituiu);

6) Repetidores, Professores (תנאים - Tanaim)

       Período: Desde a morte de Hilel, até o término da compilação da Mishná em 189 d.e.c..
       Principais: Yochanan ben Zakai, Yosi haGlali, Rabi Tarfon, Rabi Meir, Rabi Akiva, Rabi Yehudá haNasi, Rabi Shimon bar Yochai e etc.

7) "Aqueles que falam" (אמוראים - Amoraim)

       Período: Desde a saída de Rav (Rabi Abba Aricha) da Terra de Israel e seu estabelecimento na Babilônia no ano 219 d.e.c., até o término da compilação do Talmud Bavli quando Ravina II faleceu no ano 475 d.e.c..
       Principais: Rabi Yehoshua ben Levi, Bar Kapará, Rav Huna, Resh Lakish, Hilel ben Gamaliel III, Adda bar Ahavá, Shemuel ben Nachman, Rabba, Rav Zeira, Rav Abbahu, Hamnuna, Chanina ben Papa, Rav Shemuel bar Yehudá, Abaye, Rava, Rav Papa, Rav Kahana, Mar bar Rav Ashi, Ravina II e etc.

8) Explicadores, Pensadores (סבוראים - Savoraim)

       Período: Desde a proclamação do auto-governo judaico na Babilônia por Mar Zutra em 551 d.e.c., até a reconstituição da Metivta de Sura (Academia Talmúdica em Sura) em 609 d.e.c..
       Principais: Raban Savorai e etc (Rabinos anônimos).

9) Gênios (גאונים - Gueonim)

       Período: Desde a conquista árabe de Israel em 637 d.e.c, até a morte de Rav Hai Gaon e a decadência das Yeshivot (Escolas Rabínicas) da Babilônia em 1038 d.e.c..
       Principais: Achai Gaon, Amram Gaon, Hai Gaon, Saadia Gaon, Sherira Gaon e etc.

10) Os primeiros (ראישונים - Rishonim)

       Período: Desde o falecimento de Rabeinu Guershon ben Yehudá em Mainz (Alemanha atual) em 1040 d.e.c., até a completa compilação do Shulchan Aruch por Rabi Yosef Caro em 1563 d.e.c..
       Principais: Abba Mari (Minchat Kenaot), Don Yitzchak Abravanel, Avraham ibn Ezrah, Rabi Asher ben Yechiel (Rosh), Rabi David Kimchi (Radak), Rabi Ovadia ben Avraham (Bartenura), Rabi Levi ben Guershon (Ralbag), Rabi Yitzchak Alfasi (Rif), Rabi Yehudá haLevi, Rabi Yaakov ben Asher (Baal haturim), Rabi Moshé ben Maimon (Rambam), Rabi Moshé ben Nachman (Ramban), Rabi Shlomo ben Yitzchak (Rashi), Rabi Yitzchak Sagui Nehor (Yitzchak, o cego), Rabi Shlomo ben Aderet (Rashba), Rabi Yom Tov Asevilli (Ritva), Rabi Shmuel ben Meir (Rashbam, neto de Rashi), Rabi Yaakov ben Meir (Rabênu Tam, irmão de Rashbam, neto de Rashi) e etc.

11) Os últimos (אחרונים - Acharonim)

       Período: Desde a compilação do Shulchan Aruch em 1563 d.e.c., até os dias de hoje.
       Principais: Rabi Chaim Yosef David Azulay (Chida), Rabi Yosef Chaim de Bagdá (Ben Ish Chai), Rabi Moshé ben Yaakov Cordovero (Ramak), Rabi Yitzchak Luria (Ari), Rabi Yehudá Loew ben Betsalel (Maharal), Rabi Chaim Vital (principal discípulo do Ari), Rabi Eliezer haLevi Eidels (Maharsha), Rabi Baruch haLevi Epstein (Torá Temimá), Rabi Eliahu ben Shlomo Zalman (Vilna Gaon), Rabi Baruch Shalom haLevi Ashlag (Rabash), Rabi Moshé Chaim Luzzatto (Ramchal), Rabi Meir Leib ben Yechiel Michel (Malbim), Rabi Yisrael ben Eliezer (Baal Shem Tov), Rabi Dovber de Mezeritch (Maguid de Mezeritch, principal discípulo do Baal Shem Tov), Rabi Menachem Mendel Schneerson (Rebe), Rabi Meir Eliahu, Rabi Yisrael Abuchatsera (Baba Sali), Rabi Ovadia Yosef, Rabi Mordechai Eliahu, Rabi Eliahu Eliezer Dessler e etc.

- Descrição suscinta de todos os 63 tratados da Mishná de acordo com seus Sedarim

       1) Seder Zeraim (Ordem das sementes)

       Esta é a primeira Ordem da Mishná e é composta por 11 tratados, e se preocupa principalmente sobre a formação das bençãos, o cultivo da terra, plantação de árvores frutíferas, criação de animais, juntamente com as ofertas no serviço do Templo, e outros assuntos ligados a esses temas.


1.1) Massechet Brachot (bênçãos) (contém 9 capítulos)

       Trata-se, primeiramente, sobre a ordem das três orações diárias (Shacharit, Minchá e Arvit) e as diversas bênçãos, especialmente, o Shemá e a Amidá.


1.2) Massechet Peá (canto, ângulo) (contém 8 capítulos)

       Trata-se quase que exclusivamente sobre as leis dos cantos das colheitas que deveriam ser deixados para que os pobres e estrangeiros pudessem respigá-los.


1.3) Massechet Demai (produto duvidoso) (contém 7 capítulos)

       Aborda, principalmente, os diversos casos em que não têm-se certeza se os dízimos dos sacerdotes foram dados de uma certa produção ou não.


1.4) Massechet Kilaim (misturados) (contém 9 capítulos)

       Fala, majoritariamente, sobre os produtos (plantas) que podem ou não ser plantados juntos na agricultura. Aborda também a mitzvá de Sha'atnez e a proibição de reprodução entre animais de diferentes espécies (Levítico 19:19; Deuteronômio 22:9-11).


1.5) Massechet Sheviít (ano sabático) (contém 10 capítulos)

       Aborda as leis sobre agricultura e regulamentos de fiscalização concernentes ao ano da Shemitá (sabático) (Levítico 25:2-7).


1.6) Massechet Terumot (ofertas) (contém 11 capítulos)

        Fala sobre as leis que compõem a Terumá (oferta para os sacerdotes) (Números 18:8-20; Deuteronômio 18:4).


1.7) Massechet Ma'asserot (dízimos) (contém 5 capítulos)

       Trata das leis referentes aos dízimos que eram para os levitas (Números 18:21-24).


1.8) Massechet Ma'sser Sheni (o segundo dízimo) (contém 5 capítulos)

       Aborda as leis concernentes ao dízimo que deveria ser consumido em Jerusalém (Deuteronômio 14:22-26).


1.9) Massechet Chalá (primícias das massas) (contém 4 capítulos)

       Fala sobre as leis referentes às ofertas das primícias das massas para os cohanim (sacerdotes) (Números 15:20-21).


1.10) Massechet Orlá (incircuncisão das árvores) (contém 3 capítulos)

       Fala sobre a proibição do consumo imediato do fruto de uma árvore recém plantada na Terra de Israel (Levítico 19:23-25).


1.11) Massechet Bicurim (primeiros frutos) (contém 3 capítulos)

       Trata da primícias do campo para os cohanim (Êxodo 23:19; Deuteronômio 26:1-11).


       2) Seder Moed (Ordem das festas bíblicas e judaica)

       A segunda Ordem da Mishná apresenta 12 tratados e concentra-se em legislar sobre todas as festas da Torá e Tradição Judaica (Purim e Chanucá).


2.1) Massechet Shabat (sábado) (contém 24 capítulos)

       Trata de todas as leis pertinentes ao dia do Shabat, tanto as leis da Torá quanto as leis rabínicas, como múctse, acendimento de fogo, e também a definição de trabalho proibido.


2.2) Massechet Eruvin (campo delineado) (contém 10 capítulos)

        Aborda as regulamentações sobre as construções/delineações em que se permite carregar certos objetos no Shabat.


2.3) Massechet Pessachim (páscoa judaica) (contém 10 capítulos)

       Fala sobre as leis concernentes ao Korban Pêssach (sacrifício da páscoa judaica) e a Agadá de Pêssach.


2.4) Massechet Shekalim (meio ciclo de prata) (contém 8 capítulos)

       Trata sobre a arrecadação de meio shékel, bem como as despesas do Templo.


2.5) Massechet Yomá (Yom Kipur) (contém 8 capítulos)

       Tratado que foca na preparação do Suma-Sacerdote para o dia de Yom Kipur, incluindo o tipo de serviço feito no Templo. Juntamente a isso, aborda o jejum feito em Yom Kipur e outras proibições.


2.6) Massechet Sucá (Tabernáculos) (contém 5 capítulos)

        Ocupa-se em legislar sobre a festa de Sucót (Tabernáculos), somando-se a isso também os serviços e sacrifícios específicos dos sete dias. Aborda leis sobre a construção da Sucá (cabana).


2.7) Massechet Beitsa (ovo) (contém 5 capítulos)

        Esse nome curioso deve-se à primeira palavra do Massechet, mas originalmente era conhecido como "Yom Tov", devido a seu assunto principal tratar sobre os dias (exceto o Shabat) em que é proibido fazer trabalho.


2.8) Massechet Rosh haShaná (início do ano judaico) (contém 4 capítulos)

       Aborda certos regulamentos do Calendário luno-solar (calendário judaico), e também sobre os serviços feitos em Rosh haShaná.


2.9) Massechet Ta'anit (jejum) (contém 4 capítulos)

        Trata sobre as leis que envolvem os dias de jejum ao longo do ano judaico, como 9 de Av, 17 de Tamuz e etc.


2.10) Massechet Meguilá (rolo de Ester) (contém 4 capítulos)

        Contém prescrições com relação à leitura da Meguilat Ester (rolo de Ester) em Purim, mas também aborda sobre outras passagens da Torá e dos Profetas que também são lidos na sinagoga.


2.11) Massechet Moed Katan (pequena festa) (contém 3 capítulos)

        Fala sobre Chol hamoed (os dias intermediários das festas de Pêssach e Sucót).


2.12) Massechet Chaguigá (sacrifícios festivos) (contém 3 capítulos)

        Trata sobre as três festas de peregrinação (Pêssach, Shavuot e Sucót) e também sobre as ofertas (primícias) que eram levadas ao Templo.


        3) Seder Nashim (Ordem sobre as mulheres)

        A terceira Ordem da Mishná tem 7 tratados e atenta sobre os assuntos relacionados às mulheres, isto é, as mitzvot que as mulheres são obrigadas ou que as relacionam.


3.1) Massechet Yevamot (levirato) (contém 16 capítulos)

      Trata sobre as leis de Yibum (Levirato) como está em Deuteronômio 25:5-10. E também aborda tópicos que envolvem o status de "menor" (isto é, o indivíduo que ainda não está obrigado a cumprir as mitzvot).


3.2) Massechet Ketubot (noivado) (contém 13 capítulos)

       Fala sobre assuntos de virgindade e obrigações mútuas entre o casal.


3.3) Massechet Nedarim (votos) (contém 11 capítulos)

        Aborda os diversos tipos de votos e suas consequências legais.


3.4) Massechet Nazir (nazireu) (contém 9 capítulos)

        Fala, especificamente, do voto de Nazireu (Números 6:1-21).


3.5) Massechet Sotá (caso da mulher "adúltera") (contém 9 capítulos)

        Trata sobre todo o ritual que envolve o assunto de Sotá, como está descrito em Números 5:11, bem como outras espécies de rituais como a leitura anual que o Rei de Israel deve fazer, e o ritual em que desloca-se o pescoço de uma novilha, como está em Deuteronômio 21:1-9.


3.6) Massechet Guitin ("documentos") (contém 9 capítulos)

        Aborda as leis bíblicas e rabínicas concernentes ao divórcio, e também os detalhes do documento de divórcio.


3.7) Massechet Kidushin (noivado) (contém 4 capítulos)

         Fala sobre o estágio inicial do casamento (noivado), e detalha as leis sobre linhagem judaica.


        4) Seder Nezikin (Ordem dos danos)

       A quarta Ordem da Mishná contém 10 tratados e se ocupa com todas as leis (e seus detalhes) sobre o sistema judicial judaico, isto é, todo o tipo de procedência que o Sanhedrin (Sinédrio) deve tomar frente aos possíveis casos de danos e remunerações de acordo com a Torá.


4.1) Massechet Bava Kama ("primeira porta") (contém 10 capítulos)

        Concentra-se em questões de nível civil, que na sua maioria são danos e seus respectivos remunerações.


4.2) Massechet Bava Metsia ("porta do meio") (contém 10 capítulos)

        Esse Tratado resume-se em solucionar outras possíveis questões civis, porém sobre delitos. E também detalha as leis sobre propriedade.


4.3) Massechet Bava Batra ("último portão") (contém 10 capítulos)

        Fala das questões civis sobre propriedades de terra.


4.4) Massechet Sanhedrin (sinédrio) (contém 11 capítulos)

         Fala sobre as leis de procedência da côrte do Sanhedrin; sobre penas capitais, e sobre alguns aspectos criminais.


4.5) Massechet Macot (chicotadas) (contém 3 capítulos)

         Trata das leis relacionadas ao falso testemunho, cidades de refúgio e punição por chicotadas.


4.6) Massechet Shevuot (votos) (contém 8 capítulos)

         Aborda os vários tipos de votos e suas consequências.


4.7) Massechet Eduiot (Testemunhos) (contém 8 capítulos)

         Apresenta algumas análises com relação às disputas legais da Mishná e também apresenta algumas miscelâneas que ilustram alguns teste,unhas dos Sábios; e alguns aspectos de Halachá.


4.8) Massechet Avodá Zará ("trabalho estranho" - idolatria) (contém 5 capítulos)

        Trabalha algumas leis de interação entre judeus e idólatras (com, obviamente, a perspectiva judaica).


4.9) Massechet Avot (pais) (contém 6 capítulos)

        Um dos tratados mais conhecidos da Mishná. É uma coleção de máximas éticas dos Sábios desde os Homens da Grande Assembleia.


4.10) Massechet Horaiot (decisões) (contém 3 capítulos)

        Trabalha alguns aspectos sobre os sacrifícios de pecado necessários para expiar os erros de decisão do Sanhedrin (em alguns casos).


        5) Seder Kodashin (Ordem das coisas santificadas)

        A quinta Ordem da Mishná contém 11 tratados. Aborda todos os aspectos gerais dos serviços, rituais e purificações feitos no Templo.


5.1) Massechet Zevachim (sacrifícios) (contém 14 capítulos)

        Fala sobre os animais que eram oferecidos no Templo, bem como a natureza de cada sacrifício em si.


5.2) Massechet Menachot (ofertas de farinha) (contém 13 capítulos)

        Aborda leis sobre as várias ofertas de cereais oferecidas no Templo.


5.3) Massechet Chulin (coisas ordinárias/comuns) (contém 12 capítulos)

        Fala sobre leis de shechitá e consumo de animais (casher) que não oferecidos no Templo (isto é, para o consumo familiar).


5.4) Massechet Bechorot (primogênitos) (contém 9 capítulos)

        Aborda aspectos de santificação e resgate de primogênitos, tanto dos judeus quanto de alguns de seus animais.


5.5) Massechet Arachin (dedicações) (contém 9 capítulos)

        Trata sobre as ofertas por pessoas ao Templo, e também sobre ofertas por campos.


5.6) Massechet Temurá (substituição) (contém 7 capítulos)

        Aponta as leis sobre a substituição de um animal que seria oferecido no Templo por outro em lugar desse.


5.7) Massechet Keritot (ser cortado do povo) (contém 6 capítulos)

       Fala sobre os casos de punição que envolvem karet (banimento do povo de Israel), e também sobre quais sacrifícios deveriam ser feitos nesses casos.


5.8) Massechet Me'ilá (sacrilégio) (contém 6 capítulos)

        Trata sobre as leis de restituição por algum possível desvio (roubo) nas propriedades do Templo.


5.9) Massechet Tamid (constante, contínuo) (contém 6 capítulos)

        Aborda as leis sobre o Korban Tamid (sacrifício contínuo/diário).


5.10) Massechet Midot (medidas) (contém 4 capítulos)

        Trata sobre as medidas do Segundo Templo.


5.11) Massechet Kinim (ninho) (contém 3 capítulos)

        Apesar do seu título, em verdade, aborda algumas leis complexas sobre situações em que havia, ocasionalmente, uma mistura de ofertas de aves (rolinhas ou pombas).


        6) Seder Tehorot (Ordem de purificações)

         O sexta e última Ordem da Mishná contém 12 tratados, e ocupa-se em sua esmagadora maioria sobre os processos e os rituais de purificação tanto ocorridos no Templo, quanto no cotidiano do judeu.


6.1) Massechet Kelim (recipientes) (contém 30 capítulos)

        Este Tratado é o mais longo de toda a Mishná; e aborda leis de purificação de recipientes e outras caracterizações.


6.2) Massechet Ohalot (tendas) (contém 18 capítulos)

        Fala sobre algumas leis de impurificação de tendas onde se encontrava um cadáver e os seus métodos de purificação.


6.3) Massechet Nega'im (pragas) (contém 14 capítulos)

        Aborda todas as leis sobre Tsara'at ("lepra").


6.4) Massechet Pará (vaca) (contém 12 capítulos)

        Trata sobre as leis da Pará Adumá (vaca vermelha).


6.5) Massechet Tehorot (purificações) (contém 10 capítulos)

        Traz uma miscelânea de leis sobre casos gerais de impureza alimentícia.


6.6) Massechet Mikvaot (banhos rituais) (contém 10 capítulos)

        Fala sobre as leis de Micvê, isto é, a maneira de banhar-se, a quantidade mínima de água de um Micvê, o tipo de água apropriada para o Micvê e etc.


6.7) Massechet Nidá (separação) (contém 10 capítulos)

        Aborda assuntos sobre Nidá (ciclo mensal de separação da mulher) e leis sobre impureza pós-parto.


6.8) Massechet Machshirim (coisas preliminares à preparação da comida) (contém 6 capítulos)

        Aborda leis sobre alguns líquidos que são usados para preparar ração de alimentos que são suscetíveis à impureza ritual.


6.9) Massechet Zavim (emissão de sêmen) (contém 5 capítulos)

        Traz leis e prescrições sobre um Zav (aquele que se impurificou com sua própria emissão seminal).


6.10) Massechet Tevul Yom (imersão do dia) (contém 4 capítulos)

        Fala sobre certas impurezas em que a pessoa se purifica no pôr-do-sol do mesmo dia que se impurificou.


6.11) Massechet Yadaim (mãos) (contém 4 capítulos)

        Fala sobre prescrições rabínicas com relação à impureza das mãos, e, consequentemente, à ablução das mãos.


6.12) Massechet Uktsin (talos de fruta) (contém 3 capítulos)

        Fala sobre impurezas rabínicas com relação aos talos das frutas em geral.

- Conclusão para o leitor

Ao analisarmos os aspectos que envolvem tanto a Torá Oral, no seu conceito primitivo,(passada de geração à geração), quanto a sua base atual (Mishná), temos que ter em mente que: ao lermos e estudarmos tais textos, devemos sempre pô-los em prova com os Sagrados Escritos do Tanach (Antigo Testamento). Portanto, não podemos, prontamente, tê-los como verdades absolutas sobre nossas vidas visto que muitas dessas leis nem se aplicam aos nossos dias, como a grande maioria das leis concernentes à purificação e sacrifícios. Por conseguinte, exige-se daquele que lê tais textos um discernimento cristalino dos conceitos de leis rabínicas e leis bíblicas, e a diferença de seus pesos espirituais.
Portanto, seja da Sua vontade que possamos discernir os assuntos espirituais nos dias de hoje. Possamos estar adquirindo o "colírio" do Mashiach Yeshua, como está escrito:

"Aconselho-te que DE MIM compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e COLÍRIO, a fim de ungires os teus olhos, para que VEJAS." (Apocalipse 3:18)

Amén! Seja da Sua vontade!

........................................ Shemuel ben Avraham (Marcos)

Extraído de: http://www.sinagogabeitmiklat.com.br/2017/03/introducao-brit-chadasha-novo.html