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terça-feira, 4 de junho de 2019

Estudo da Parashá Emôr (Fala)


Estudos da Torá

Parashá nº 31 – Emôr (Fala)
Vayicrá/Levítico Lv 21:1-24:23,
Haftará (Separação) Ez 44:15-31; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 5:1-6:49

1 - INTRODUÇÃO
                  
               No estudo da parashá desta semana veremos alguns aspectos da Torá a respeito dos sacerdotes e sobre as coisas santas. Teremos a oportunidade de observar mais uma vez como uma vida de santidade deve ser vivida e como isso influencia em nossas vidas.

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
              
               Inicialmente, vamos entender o significado da palavra que dá nome a essa porção.
            Emôr
               Essa palavra significa “fala” ou “dize”, são verbos no imperativo, que expressam ordem. Como Vá e fale ou vá e dize.
               No primeiro verso do texto em estudo encontramos a frase: “emor el hakohanim beney aharon...” “...Fale aos sacerdotes, filhos de Aharon...”.
               Na parashá anterior, a “kedoshim”, estudamos sobre a santidade do povo, agora nesta porção, Moshê recebe a ordem de D’us de falar só para os sacerdotes, por isso o termo “emôr” aparece, para intensificar que Adonai queria que Moisés falasse aos sacerdotes. Claro que o povo precisa viver em santidade diante de D’us, porém os sacerdotes têm a responsabilidade de viver num nível de santidade superior ao povo, porque têm o direito de estar mais perto do Eterno no serviço do santuário. Como aprendemos que os mandamentos trazem santidade, aos sacerdotes são aplicados mais mandamentos do que ao povo.

“Adonai disse a Moshê: Fale aos kohanin, os filhos de Aharon; diga-lhes: Nenhum kohen se tornará impuro por nenhum membro de seu povo que morrer,” (Lv 21:1 – BJC)
               Perceba que nessa parte, o Eterno está dando instruções aos sacerdotes para que possam se manter no seu estado de santidade, não tocando em um morto dos filhos de Israel. Aharon e seus filhos não deveriam contaminar-se por causa de um morto entre seu povo. Note que a palavra “contaminar-se” em hebraico é “tamé” e significa “ser (ficar) impuro, imundo”. A raiz dessa palavra é o termo “tumá” que significa “impureza”, estudamos sobre isso na parashá Metsorá, que falava sobre lepra. Mas o que então seria essa impureza? Porque um corpo morto é considerado uma impureza?
               A impureza está justamente no contato com a morte, pois ao sacerdote havia sido delegado o ministério de ter contato com o Eterno, que é a fonte e a origem de toda a vida, e o sacerdote por consequência seria também o portador da vida, não podendo assim, ter contato com outra fonte (que não fosse a da vida) para não se contaminar ficando impuro, por causa da morte.
                Encontramos ainda neste texto a palavra “nefesh” que significa vida, alma, criatura, mente, indivíduo, ser, pessoa. E também o termo “am” que é povo, específicamente para o povo de Israel. Ou seja, o sacerdote não deveria contaminar-se por qualquer alma, criatura, pessoa, mesmo que faça parte do seu povo. E podemos ainda entender que essa contaminação não fica somente a um nível físico e espiritual, mas também emocional. A nefesh do homem pode ser atingida e abalada de diversas formas e em vários momentos de sua existência. Por isso o Eterno cuida para o sacerdote não se contaminar ao se expor a determinadas situações, porque ele seria responsável pelo bem estar espiritual de todo o seu povo e por isso deveria receber cuidados especiais.

“com exceção de seus parentes mais próximos – mãe, pai, filho, filha e irmão, ele poderá também tornar-se impuro pela irmã virgem que nunca se casou, e portanto, era dependente dele.” (Lv 21:2-3 – BJC)

               O sacerdote somente poderia tocar em um morto se fosse um de seus seguintes familiares: esposa, mãe, pai, irmão, irmã solteira, filho e filha. Por estes ele poderia guardar luto e interromper o serviço no templo no dia do seu enterro.
               Pela tradição judaica esta lei tem uma exceção chamada “met mitsvá”, ou seja, quando um cadáver é encontrado num lugar deserto ou quando aquele que morre não tem parentes que se possam ocupar do funeral. Quando não há outra pessoa para realizar o sepultamento, o sacerdote deve fazê-lo mesmo que se contamine. E isso não fará que perca seu ministério sacerdotal.
               Pensando nisso, talvez possamos entender as reações do sacerdote e do levita na parábola do bom samaritano, em Lucas 10:30-35. É provável que eles não saberiam se o homem estava ferido ou morto, o texto nos dá uma ideia, ele diz que o homem foi deixado quase morto. Se o homem estivesse morto tinham que evitar o contato com o seu cadáver para não se contaminarem e perderem seu ministério, segundo a Torá, e como era um caminho como muito tráfego de pessoal, não podia ser considerado um lugar deserto. Por esse motivo, de acordo com a tradição, não havia a responsabilidade de o enterrar segundo a lei do “met mitsvá”.
               Entretanto, caso o homem estivesse vivo, era o seu dever ajudá-lo. Parece que o sacerdote e o levita não estavam sequer interessados em saber se o ferido estava vivo ou morto, e isso por si só, já é uma falta muito grave. E caso soubessem que o homem estava vivo, seu delito seria mais grave ainda, por não o ajudarem, segundo o mandamento que lemos em Lv 19.16b onde diz: “não ficarás sem reação perante o sangue do teu próximo. Eu sou YHWH.”
               O mais importante nesse contexto é que o sacerdote deveria ser santo a seu D’us. Conforme já vimos em outras ocasiões, a palavra “santo” em hebraico é “kadosh” e significa ser consagrado, separado, ser santo, santificado, preparar, dedicar. Os kohanim deveriam manter-se consagrado, dedicado, santificado ao seu D’us! Uma das palavras que definem o Eterno é Elohim e significa que o sacerdote precisa obedecer ao seu Criador para não tornar-se “halal”, profano, profanando assim o nome daquele que se tornara seu Criador. Esta condição permitiria que eles assim pudessem continuar a oferecer as ofertas ao Senhor e o pão de seu D’us!
               O sacerdote tinha também a função de receber o alimento no santuário! Um outro ponto interessante é que a palavra pão em hebraico é “lechem” e significa “comida”, “pão cereal” e o termo que define o Eterno em hebraico, novamente, Elohim. Isso nos aponta a respeito da provisão diária que viria sobre a vida dos sacerdotes que receberiam também o seu alimento enquanto estivessem oficiando ao Eterno. O Eterno não desampara nem abandona aos seus!

3 – RESUMO
     
               Seguindo os passos da ordem dada na porção da semana anterior a toda a população judaica para ser santa, a Parashá Emor começa discutindo várias leis dirigidas especificamente aos Cohanim e ao Cohen Gadol, cujo serviço Divino exige que mantenham um alto padrão de pureza. Ela contém a ordem para que o Cohen abstenha-se de ficar ritualmente impuro através do contato com um corpo morto (exceto parentes próximos) e aumenta as restrições sobre quem poderiam desposar.
               A porção cita defeitos físicos que impedem um cohen de realizar seu trabalho no Templo Sagrado, a menos que se cure. O assunto então volta-se à nação inteira: qualquer um que esteja tamê, impuro, recebe ordens de afastar-se dos locais e coisas que sejam especialmente sagradas. Após discutir as leis de terumá (a pequena porcentagem de comida que deve ser separada da colheita na Terra de Israel e dada a um Cohen, antes que a porção restante possa ser comida) e as várias imperfeições que tornam uma oferenda inadequada, somos advertidos a ser cuidadosos para não profanar o nome de D’us e, ao contrário, santificá-Lo a todo custo.
               A Torá continua a discutir as festas do ano (Pêssach, Shavuot, Rosh Hashaná, Yom Kipur, Sucot e Shemini Atsêret), seguidas pelas duas mitsvot constantes mantidas no Mishcan: o acendimento da menorá todos os dias e a exibição de lechem hapanim (pão da proposição) a cada semana. A porção termina com o horrível incidente de um homem que amaldiçoou o nome de D’us e foi punido com a pena de morte por ordem Divina.

Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.


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