Estudos da Torá
Vayicrá/Levítico Lv 16:1-18:30,
Haftará (Separação) Ez 22:1-19, e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Rm 3:10-28, 9:30-10:13
1 - INTRODUÇÃO
As duas últimas porções da Torá,
Tazria e Metzora, discutiu as leis da Tumah (impureza) e tahanah (pureza).
Nesta semana, a Torá começa com
avisos de Deus sobre a entrada no Kedosh Hakedoshim (Santo dos Santos) após a
morte (acharei mot) de Nadab e Abiú, os filhos de Arão que pereceram quando
trouxeram “fogo estranho” diante de Adonai. Nesta parashá, parece que Adonai está
tentando evitar mais “mortes acidentais” devido ao bem – que de acordo com o
site ShemaYsrael.com, significa que os israelitas chegaram muito perto da
santidade de D’us.
Assim, veremos no estudo dessa
porção o que o Eterno fez para que nós possamos nos aproximar da santidade
dele, sem sermos mortos, por causa dos nossos pecados, e qual ligação tudo isso
tem com Pessach (páscoa) e Yom Kipur (dia do perdão).
2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
O Entendimento
Profético
O capítulo 16 de Levítico é considerado,
pelos judeus, um dos capítulos mais importantes da Torá. É neste capítulo que
encontramos instruções acerca do dia da expiação (Yom Kippur) ou dia do perdão,
que cai no 10º dia do sétimo mês.
Esse era o único dia de todos os
dias do ano em que o sumo-sacerdote podia entrar no lugar santíssimo e
apresentar incenso e sangue diante da presença do Eterno. Como já mencionei, o
eterno não queria que houvesse mais mortes acidentais, por isso estabeleceu
estes princípios.
“O
IHVH falou a Moshe após a morte dos dois filhos de Arão que morreram quando se
aproximou do IHVH” O IHVH disse a Moshe: Diga a seu irmão Arão que
ele não virá sempre que ele escolher o lugar mais sagrado atrás da cortina na frente
da tampa da expiação na arca, ou então ele morrerá” (Lv 16:1-2).
No
verso 3 em diante lemos que Adonai estabeleceu a forma como Arão deveria entrar
ante a presença do Senhor. O propósito desse ato, ou seja, entrar no lugar
santíssimo, é fazer uma limpeza geral dos pecados e das impurezas dos filhos de
Israel que se tinham acumulado no tabernáculo durante todo o ano.
Apesar
do Eterno ter dado instruções claras acerca de como os filhos de Israel tinham
que se manter longe das impurezas rituais para não contaminar o santuário, era
inevitável que o tebernáculo fosse contaminado por elas.
Se
alguém entrasse no tabernáculo estando impuro, contaminava-o. Poderiam ter
entrado lá sem dar conta de que estavam impuros, ou alguém poderia ter-se
esquecido que estava impuro no momento de entrar.
Essa é
uma das razões pelas quais o Eterno institui este dia de expiação para
justificar o tabernáculo terreno. Este é também o dia em que o Eterno demonstra
de que forma o homem pode se reconciliar com Ele.
É o
Grande dia de Reconciliação. A reconciliação entre o Eterno e o homem é o tema
central de toda a Escritura e este capítulo mostra como esta reconciliação pode
ser feita. A ira do Eterno está sobre o homem por causa dos seus pecados, e
sabemos que pecado é transgressão da Lei (1Jo 3:4). Essa ira é mortal para o
ser humano. E a única coisa que acalma essa ira é a misericórdia do Eterno. Essa
misericórdia é mostrada ao homem mediante a reconciliação sobre a base dos
sacrifícios sangrentos de vidas inocentes, como está escrito em Levítico 17:11
“Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo
tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o
sangue que fará expiação pela alma.”
Nos
textos desta porção, podemos ver a explicação daquilo que aconteceu com o
Messias Yeshua antes e depois da sua ressurreição ao ser introduzido no
ministério sumo sacerdotal celestial segundo a ordem de Melquisedeque. Ele
entrou no tabernáculo celestial e purificou-o com seu próprio sangue, como
lemos em Hebreus 9:22-26.
“E
quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem
derramamento de sangue não há remissão. De sorte que era bem necessário que as
figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias
coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Porque Cristo não
entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu,
para agora comparecer por nós perante a face de Deus; Nem também para a si
mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo-sacerdote cada ano entra no
santuário com sangue alheio; De outra maneira, necessário lhe fora padecer
muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma
vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.”
Com
isso precisamos refletir sobre o dia da expiação, no dia 10 do sétimo mês, pois
está ligado ao dia 10 do primeiro mês. Neste dia foi tomado um cordeiro para
cada casa no Egito onde se ia celebrar Pêssach (Páscoa) para logo poder sair da
escravidão sob o domínio do Faraó. O cordeiro de Pessach foi escolhido no dia
10 para ser sacrificado no dia 14. O décimo dia do sétimo mês tem uma conexão
com o cordeiro de Pessach. Perceba: o sangue do cordeiro de Pessach protegeu os
primogênitos da morte, e a carne do cordeiro produziu vitalidade e sanidade nos
corpos débeis e enfermos daqueles que até então eram escravos. Semelhantemente,
os sacrifícios do Yom Kippur (Dia da Expiação/Perdão) fazem expiação pelos
pecados dos filhos de Israel para os salvar da morte, como está escrito em Levítico
16:30.
“Porque
naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados
de todos os vossos pecados perante YHWH”.
Pessach
está intimamente ligado com o Yom Kippur. Também, a morte e a ressurreição de
Yeshua, que sucede na Páscoa, cumpriu também grande parte do serviço de Yom
Kippur no tabernáculo celestial. Ele entrou no lugar santíssimo no céu e se
mantém lá até o dia de hoje. Da mesma forma que o sumo-sacerdote não se
limitava somente a entrar no lugar santíssimo no tabernáculo terreno, mas logo
saía e abençoava o povo, assim sabe-se que o Messias não permanecerá no lugar
santíssimo no céu definitivamente sem sair de lá para abençoar os filhos de
Israel.
Então,
de acordo com o que vimos até aqui, percebemos que o Messias cumpriu apenas
metade do culto de Yom Kippur. O seu retorno à terra cumprirá o restante. Nesse
dia, todo o pecado será eliminado naqueles que depositaram a sua confiança
nEle, como lemos em Hebreus 9:27-28.
“E,
como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,
Assim também o Mashiach, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos,
aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.”
O Acesso à Santidade de Deus
“O IHVH disse a Moshe: Diga a seu irmão Arão que ele não virá sempre que
ele escolher o lugar mais sagrado atrás da cortina na frente da tampa da
expiação na arca, ou então ele morrerá” (Lv 16:1-2).
Não
apenas qualquer pessoa não poderia entrar nesta parte do santuário, apenas o
sumo sacerdote (Cohen HaGadol), mas ele só poderia entrar um dia no ano, o dia
da expiação (Iom Kippur). Observando este fato, podemos perceber um notável
contraste com o acesso ilimitado que os crentes em Yeshua agora têm para o
próprio trono do D’us todo-poderoso a nova aliança.
“Portanto, uma vez que temos um grande sumo sacerdote que ascendeu ao
céu, Yeshua o filho de Elohim, vamos manter firmemente a fé que professamos. Pois
não temos um sumo sacerdote que é incapaz de empatia com as nossas fraquezas,
mas temos um que tem sido tentado em todos os sentidos, assim como nós somos –
mas ele não pecou” (Hb
4:14–15).
Assim,
quando Yeshua morreu sem pecado como uma oferenda para o pecado, o próprio céu
se colocou de luto, como é o costume judaico de um pai que perde um filho. “E
Yeshua gritou novamente com uma voz alta, e rendeu o seu espírito. E eis que o
véu do templo foi rasgado em dois de cima para baixo; e a terra tremeu e as
rochas foram divididas.” (Mt 27:50-51)
Agora
que a libertação em pessach e parte da expiação foi feita através do sangue de
Yeshua, e o véu foi rasgado, cada homem, mulher ou criança pode ter acesso
contínuo a D’us. Agora nós temos acesso ilimitado à santidade de Adonai,
devemos nos tornar santos, pois ele é santo.
3 – RESUMO
Os
mandamentos descritos na Parashá Acharê Mot , seguem cronologicamente as mortes
trágicas dos dois filhos mais velhos de Aharon, Nadav e Avihu, sobre as quais
lemos na Parashá Shemini há algumas semanas.
A
porção desta semana começa com uma longa descrição do serviço especial de Yom
Kipur, a ser realizado no Mishcan pelo Cohen Gadol. O serviço incluía a
confissão do Cohen Gadol em seu próprio nome e em nome de toda a nação; a
seleção por sorteio entre duas cabras, uma das quais seria a oferenda pelo
pecado nacional, e a outra seria empurrada de um penhasco no deserto, como
portadora dos pecados do povo; e as complicadas cerimônias de aspersão de
incenso e sangue a serem realizadas no Codesh HaKedoshim (Santo dos Santos).
Seguindo a ordem de que Yom Kipur e suas leis de jejum e
abstinência de trabalho seriam observadas eternamente pelo povo judeu como um
dia de perdão, a Torá proíbe a oferenda de corbanot (ofertas) fora das
instalações do Mishcan. O sangue não pode ser ingerido, e durante o processo da
shechitá (abate ritual), uma porção do sangue derramado deve ser coberta. A
porção da Torá conclui com uma lista dos relacionamentos sexuais imorais e
proibidos, e a ordem de que o povo judeu mantenha e assegure a santidade da
terra de Israel.
Kedoshim
inicia-se com a ordem de D’us para toda a nação de Israel para ser santa,
imitando a suprema santidade do próprio Criador. A Torá prossegue delineando
uma infinidade de mitsvot através das quais podemos atingir a santidade,
abrangendo uma grande variedade de assuntos, tanto mandamentos positivos como
inferências negativas, lidando com nosso relacionamento ímpar com D’us e com
nosso próximo.
Recebemos ordens de temer nossos pais, guardar o Shabat e
abstermo-nos da adoração de ídolos. D’us nos instrui a deixar vários presentes
de nossa colheita para os pobres e oprimidos, incluindo o canto dos campos e os
feixes que caíram por acaso ao serem juntados. Devemos manter a justiça, fazer
negócios honestos com nossos vizinhos, não praticar a maledicência, e de forma
geral ter pelos outros a mesma consideração que temos por nós mesmos.
Segue-se
uma descrição de várias categorias de kilayim (misturas proibidas) – hibridação
de animais e plantas, e vestir shatnez (uma mistura de lã e linho em uma mesma
peça de roupa) – a Torá discute orlá, a proibição de consumir frutas nos
primeiros três anos após o plantio de uma árvore. A porção continua com uma
lista das punições a serem impostas às pessoas que transgridem e participam das
várias relações proibidas relacionadas na porção da semana anterior. A Parashá
Kedoshim conclui com o mandamento, mais uma vez, para que sejamos um povo santo
e distinto dentre as nações do mundo.
Bibliografia:
- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/29-_acharei_mot_depois_da_morte.pdf
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