Estudos da Torá
Parashá nº 36 – Bahaalotecha (Quando subires)
Bamidbar/Números Nm 8:1-12:16,
Haftará (Separação) Zc 2:10-4:7; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 15:1-16:31
1 - INTRODUÇÃO
A parashá desta semana inicia com
uma breve discussão a respeito do acendimento diário da menorá de ouro
(candelabro de sete braços) no tabernáculo, aborda os fatos concernentes ao
restante das obrigações sacerdotais e a consagração dos levitas, os toques dos
shofarot (trombetas) e as ocasiões, e também a revolta de Mirian e Aharon
contra Moshê.
2 - ESTUDO DAS PALAVRAS
“E
falou a Moshê, dizendo: Fala a Aharon, e dize-lhe: quando acenderes as
lâmpadas, as sete lâmpadas iluminarão o espaço em frente do candelabro.” (Nm
8:1 e 2)
Encontramos
no verso 2 do início desta porção o Eterno falando sobre o acendimento das
lâmpadas do candelabro. A palavra “lâmpadas” em hebraico é “NIR”. Esta
palavra refere-se aos pequenos objetos em forma de tigela que tinha óleo e o
pavio aceso a fim de proporcionarem luz. E a palavra “candelabro” vem do
termo “MENORAH”, ela é o conjunto da haste mais os sete “copinhos” onde era
depositado o óleo a fim de proporcionar luz no Mishkan (tabernáculo) e depois
no Beit HaMikdash (templo sagrado). Estas sete lâmpadas traziam uma conotação
de algo completo, pleno.
Assim, quando a Menorah era
acendida certamente os israelitas estavam recebendo a plenitude de luz que
tinha o objetivo de iluminá-los até chegarem à presença do Eterno. Isso
apontava para o messias que haveria de vir, pois ele é a luz central, que
ilumina o caminho dos homens, mas que ao mesmo tempo também deve ser iluminado
para que os homens o vejam. Perceba o que Yeshua diz acerca dele ser a luz:
“Nele
estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”(Jo
1:4)
“A
luz verdadeira que ilumina a todos os homens estava vindo ao mundo.”(Jo
1:9)
“Jesus
continuou a dizer à multidão: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará
em trevas, mas terá a luz da vida.”(Jo 8:12)
“Então
Jesus lhes disse: A luz ainda está convosco por um pouco. Andai enquanto tendes
luz, para que as trevas não vos apanhem. Quem anda nas trevas não sabe para
onde vai. Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz.
Terminando de dizer estas coisas, Jesus se retirou e ocultou-se deles.”(Jo
12:35-36)
Devemos refletir aqui o porquê de
aparecer o contexto da Menorah (candelabro) justamente após o relato das
ofertas dos líderes das doze tribos? Qual a relação entre ambas?
A tribo de Levi não tinha
participado nas ofertas dos líderes de cada tribo. Por isso a Torá continua a
falar do ministério de Aharon para assim incluí-lo entre os demais.
Sobre
o Nome da Parashá
O nome dessa parashá, “Behaalotechá”,
significa literalmente “quando fizeres subir”, fazendo referência às
chamas de fogo do candelabro que faziam subir, ou que ardiam. Também se entende
que, quando se ia acender a Menorah, subia-se em uma plataforma com escadas
para poder acender as lâmpadas, por isso, o termo quando subires.
Aharon acende a Menorah conforme
a ordem de Adonai. Podemos perceber que o conjunto que proporciona luz está
aceso de acordo com a ordem daquele que é o Eterno, que deseja ser a luz para
todos os homens através de seu Mashiach. Observe que a palavra “ordenar” em
hebraico é “TSAW” significando “ordenar, incumbir”. A raiz dessa
palavra designa a instrução de um pai para seu filho, de um fazendeiro a seus
lavradores, de um rei a seus servos, ou seja, de alguém que tem autoridade
sobre outro. O acendimento da Menorah era uma incumbência que fora dada pelo
Eterno aos levitas, pois a eles seria dado o privilégio de trazerem a luz ao
Mishkan, iluminando assim a Palavra do Eterno. E do mesmo modo que aos levitas
foram designadas esta incumbência, a nós hoje como sacerdotes do Eterno em
Yeshua, devemos também trazer luz à Palavra do Eterno, para que as pessoas
possam vir ao conhecimento dessa Palavra que é a luz a todos os homens,
conforme lemos em:
Sl 119:105
- “A tua palavra é lâmpada para os meus passos e luz que clareia o meu
caminho.”
Mt
5:14-16 – “Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade
construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca
debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim
ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos
homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que
está nos céus.”
Voltando ao termo “Behaalotechá”,
o Eterno usou esse termo, que não é muito usual no contexto de acender a Menorah,
dizendo: “Behaalotechá – quando você fizer subir” em vez de “behadlicchá – ao
acender”. Dentre outras implicações, este termo denota: “Você será elevado”
Cumprindo a mitsvá, os servos do Eterno tornam-se espiritualmente elevados. Mas
e o porquê disso?
Segundo a tradição, Moshê não
conseguia compreender porque D’us desejava que uma Menorah fosse acesa no
Santuário, pois toda vez que ele entrava, encontrava o Mishkan brilhando com o
esplendor da Shechiná (Presença) do Eterno. Então, como poderiam as luzes da
pobre Menorah terrestre serem comparadas ao esplendor que a Shechiná irradiava?
Por esse motivo Adonai disse a Moshê a palavra “Behaalotecha”, ou seja, você se
tornará espiritualmente elevado acendendo a Menorah.
Assim, nunca pense que o Eterno
precisa de nossa luz! Pelo contrário, nós precisamos da luz dele. Por isso,
para demonstrar isso, o Todo Poderoso, ordenou que os três braços de cada lado
fosse inclinado para o centro e não para fora. Demonstrando assim, que nós
dependemos dele, mas também como falamos anteriormente, que nós precisamos
trazer luz sobre o Eterno para que os outros a vejam.
Sobre
a separação dos Levitas
“Assim
você os purificará: faça aspersão com água da purificação sobre eles, faça-os
raspar todo o corpo com lâmina, lavar suas roupas e se limpar. Em seguida, eles
pegarão um novilho com a oferta de grãos, que será farinha pura amassada com
azeite de oliva, enquanto você pega outro novilho para a oferta pelo pecado.”(Nm
8:7-8)
Para que os levitas pudessem
exercer seu serviço ao Eterno no santuário havia uma condição, eles deveriam
ser purificados. E vamos estudar um pouco sobre isso agora. A palavra “purificar”
aqui, vem do hebraico “TEHAR” e significa “ser (estar) puro, limpo”. A raiz
dessa palavra é “TOHAR” que significa “claridade” e também “TEHAR” que
significa “limpeza”. Podemos então entender que os levitas precisavam
ser e estar puros pra ser luz e revelação ao povo de Israel e esse ato
dissiparia todas as trevas, trazendo então claridade ao povo, tudo isso porque
eles fizeram uma limpeza em sua vida.
Entretanto,essa limpeza deveria
seguir o padrão dado pelo Eterno (v. 7-8). A limpeza deveria ser feita não
através de água, mas de águas, pois a palavra que aparece no texto original é
“MAYM” e ela está no plural, da mesma forma a palavra expiação ali não tem este
significado, pois a palavra “HATÁ” ali no texto significa “errar, sair do
caminho, pecar, tornar-se culpado, perder”. A intenção aqui é que as águas
purificariam o pecado que porventura eles pudessem ter cometido. A água aqui
como muitas outras coisas, aparece em um sentido profético, pois já apontava
para o futuro e é descrita na Brit Hadashá (Nova Aliança) como: “Para a
santificar, purificando-a com a lavagem das águas, pela palavra”(Ef 5.26).
A água simboliza a Palavra do Eterno que traz limpeza à nossa vida (corpo, alma
e espírito). O que foi feito com os levitas não era nada mais que um ato
profético que seria executado no futuro através da Palavra, onde já começou a
ser executado e finalizará como retorno do Messias Yeshua.
Outra parte da purificação é
raspar o corpo com a lâmina, ou navalha. Esta representa a Torá que passa pela
nossa carne (o yetser hará, que é a nossa tendência para praticar o mal), e nos
prepara a fim de podermos servir ao Eterno de forma eficaz. Deixemos que essa
lâmina passe sobre nossa carne, para que venhamos a servir melhor ao Eterno em
obediência. Veja o que autores da Nova Aliança falam sobre isso:
“Porque
a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de
dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e
medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”(Hb
4.12)
“Toda
a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”(2
Tm 3:16-17)
Sobre
o segundo Pessach
Sabemos que Pessach (páscoa) é
uma festa obrigatória para todos os filhos de Israel e para aqueles que se
aproximaram deles através de Yeshua. Essa festa é muito importante, pois
representa libertação da escravidão no jugo de Faraó, bem como do pecado. Já
estudamos sobre tudo isso, e vimos também que essa mo’ed (festa) deveria ser
celebrada no primeiro mês, aos 14 dias, e tinha todo um contexto de preparação
para isso, reveja o estudo especial de Pessach. Entretanto, leia o texto de Números
9:6-12.
Podemos perceber que houve alguns
que não puderam participar da festa de Pessach porque estavam impuros, por haverem
tocado em um cadáver. Mas essas pessoas foram perguntar a Moshê o que fariam. E
este foi perguntar ao Eterno. E o Senhor respondeu que eles poderiam celebrar essa
festa em suas casas um mês depois. Porém aquele não seria um dia de shabat, como
é o primeiro. Daí aprendemos que o Senhor sempre nos dá uma oportunidade de celebrarmos
e obedecermos ao que Ele preescreve em sua Torá. E também confirmamos o porquê os
sacerdotes no tempo de Yeshua se apressavam tanto para o matar e sepultar, por que
queriam celebrar o Pessach e não queriam estar impuros. Que nós possamos ter sinceridade
em nossos desejos de servir ao Eterno, não sendo hipócritas e agindo apenas de forma
que os outros vejam.
3 - RESUMO
Este é um resumo dessa porção da Torá
extraído do site Chabad.org, para auxílio na compreensão do contexto geral do assunto.
Parashá Behaalotechá inicia-se
com uma breve discussão sobre o acendimento diário da menorá de ouro
(candelabro de sete braços) no Tabernáculo, seguida por uma descrição do ritual
de consagração dos Levitas.
A Torá então descreve a
celebração de Pêssach no segundo ano no deserto, completada com a oferenda do
corban Pêssach. Aqueles que estão impuros na data regular de Pêssach e,
portanto incapazes de participar na oferenda, são ordenados a celebrar Pêssach
Sheni, uma celebração similar a Pêssach realizada um mês mais tarde, quando o
cordeiro pascal é comido com matsá e ervas amargas.
Após mencionar a nuvem e o fogo
que pairavam alternadamente sobre o Tabernáculo, a Torá descreve o procedimento
padrão pelo qual os Filhos de Israel levantavam acampamento para continuar suas
viagens pelo deserto. Logo após deixar o Monte Sinai e viajar até o deserto de
Paran, o povo começa uma série de amargas reclamações. Espicaçados pelo erev
rav (a múltipla mistura de povos que juntou-se ao povo judeu na saída do
Egito), os Filhos de Israel ficaram insatisfeitos com o maná, sua miraculosa
porção diária de pão celestial.
Quando Moshê começa a se
desesperar, D'us ordena-lhe que selecione setenta anciãos para compor o
Sanhedrin, a corte que o ajudaria a liderar a nação. Quase imediatamente, dois
dos membros recém-eleitos anunciam uma profecia no acampamento. D'us envia um
enorme bando de codornas, que o povo junta para comer; aqueles que haviam
reclamado da falta de alimentos comem demais e morrem durante este fato
sobrenatural.
A porção conclui com Miriam
falando lashon hará, maledicência, a Aharon sobre seu irmão Moshê. Ela é punida
por D'us com lepra, e fica de quarentena fora do acampamento por sete dias.
Bibliografia:
- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
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