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domingo, 9 de junho de 2019

Estudo da Parashá Bamidbar (No deserto)


Estudos da Torá

Parashá nº 34 – Bamidbar (No deserto)
Bamidbar/Números Nm 1:1-4:20,
Haftará (Separação) Os 2:1-22; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 1:1-12:59

1 - INTRODUÇÃO
                  
               Nesta semana iniciamos o estudo no livro de Bamidbar - rbdmb (No deserto), o quarto livro da Torá foi assim intitulado em hebraico, porque nele é narrada a história dos israelitas em sua longa jornada no deserto. Um outro nome que o povo de Israel dá a esse livro é “Chumash Hapecudim” (Livro dos Censos), pelos diversos censos incluídos em seus primeiros capítulos. A bíblia na “Versão dos Setenta” chamou este livro de “Aritmói”, palavra grega que significa Números.

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
              
“E falou o Eterno a Moshé no deserto de Sinai, na tenda da reunião, no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, dizendo:” (Nm 1:1)

               Nessa parashá (porção) estaremos iniciando o livro de Bamidbar (Números) e as lições que serão aprendidas com o povo de Israel durante sua estadia no deserto. Na verdade esse é o motivo do nome desse livro, o povo estava no deserto recebendo as instruções de Adonai. Podemos perceber nesse primeiro verso que Israel serve a um D’us vivo, pois diz que Ele “falou a Moshe”. Neste período de caminhada do povo pelo deserto do Sinai esta é uma característica fundamental do Eterno, pois Ele como o Criador de todas as coisas poderá guiar o seu povo através de caminhos que Ele mesmo traçou e conhece. Enquanto o povo obedecê-lo não haverá erros.

               A palavra que foi traduzida como deserto é “midbar”, e vem da raiz “davar”, que por sua vez significa “falar”. Porém “midbar” não significa somente “deserto” em todo o seu sentido literal da palavra em português, pois ela denota “uma área árida, geralmente cheia de areia e com muito pouca ou nenhuma vegetação”. A palavra original pode apontar para um sítio deserto no sentido de desabitado, e isso fará mais sentido na medida em que o povo de Israel trouxe muito gado consigo quando saiu do Egito.          

               Observe que a Torá não nos diz que os animais comeram o maná no deserto. Logo podemos inferir que haveria pasto suficiente para eles durante os 40 anos naquele lugar, conforme Números 32:1.

“E muito gado tinham os filhos de Rubem e os filhos de Gad, e era em grande quantidade; e viram a terra de Ya’zêr e a terra de Guilead, e eis que o lugar era lugar de gado.”

               Como o “midbar” se encontra fora da civilização, constitui-se como um lugar adequado para falar em privado, sem ter que correr o risco de ser ouvido pelos outros povos. Portanto, este lugar,onde se pode falar em privado, chegou a ser chamado midbar que literalmente significa “conversação”. O midbar é o lugar onde se pode falar de coisas íntimas sem ser molestado por outros, como lemos em Oseias 2:14:

“Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração.”

               Veja como o plano de Adonai de tomar uma noiva, Israel, segue desde a Torá, passando pelos profetas, como lemos em Oseias acima, e finaliza em Apocalipse 12:6:

“E ela fugiu para o deserto, para um lugar que lhe havia sido preparado por Deus, para que ali fosse cuidada durante 1.260 dias.”

               Então porque razão o Eterno levou Israel ao deserto? Para falar pessoalmente com a sua noiva, entrar no pacto matrimonial com ela e ali entregar-lhe o contrato de casamento (ketubah), a Torá. É um excelente momento para lembrar que a outorga da Torá foi no deserto, na festividade de Shavuot (semanas), cinquenta dias depois de Pessach, e considerando tudo o que aconteceu nessa ocasião, conforme lemos em Ex 19:16-19; e 20:18, podemos perceber os mesmos sinais no que aconteceu em Atos 2.
               Esse contrato de casamento (ketubáh), a Torá, não foi entregue na terra de qualquer um, mas sim na terra de ninguém, para mostrar que não pertence somente ao povo de Israel, mas sim a todos os homens da terra.
               Em nossas vidas, quando passamos por um deserto, não devemos encarar isso como algo negativo, mas como uma possibilidade de podermos nos aproximar do Eterno, e receber as palavras e instruções do Pai que nos ama e cuida de nós. Nesses lugares, onde aprendemos a depender de D’us e não de nossas próprias forças e capacidades é onde temos mais contato íntimo com nosso Elohim.

Um Midrash na Parashá

               De acordo com o site Chabad.org, na parashá desta semana, encontramos um Midrash (Ensino) fascinante no primeiro versículo: "E D'us falou a Moshê no deserto do Sinai.". Esse Midrash explica que a Torá foi outorgada em associação com três coisas - fogo, água e no deserto.
               Esse site ainda diz que, Rabi Meir Shapiro dá uma bela explicação sobre a importância destas três coisas. Segundo ele, o traço de caráter que destacou o povo judeu desde o início é o espírito de auto-sacrifício. Isso tem sido sempre evidente no cumprimento das leis da Torá e em nossa aderência à sua fé.
               Avraham, o primeiro dos Patriarcas, segundo a tradição judaica, permitiu-se ser atirado a uma fornalha ardente por ter quebrado os ídolos de seu pai, e foi salvo apenas por um verdadeiro milagre de D'us. Por este ato, ele conferiu a todas as gerações futuras a vontade e a força de morrer por seu judaísmo. Algumas pessoas poderiam argumentar que este foi um ato de heroísmo isolado de um indivíduo notável. Deveriam então considerar um segundo exemplo envolvendo todo o povo de Israel. Quando o Mar Vermelho foi dividido, o povo marchou como uma só nação para as águas enraivecidas, a um comando do Criador.
               É claro que alguém poderia argumentar ainda que este teste ocorreu em um período de tempo relativamente curto. Deixemos então que considerem o terceiro exemplo, o fato de toda a nação israelita voluntariamente entrar no deserto sem comida ou bebida, não sabendo quanto tempo teriam de lá permanecer. Fizeram isso apenas por amor e lealdade a D'us, como está escrito em Yirmiyáhu/Jeremias "Lembro-Me da afeição de tua juventude... como seguiram-Me no deserto, numa terra que não era semeada" (2:1).
               Foi em virtude destes três testes - pelo fogo, água e deserto - que a Torá foi outorgada ao povo judeu como sua possessão eterna. A disposição para desistir de suas vidas pela sua crença em D'us, assegurou nossa sobrevivência até os dias de hoje.
               A passagem pelo deserto durante os 40 anos teve como um dos propósitos, preparar o povo para entrar na terra prometida, moldar e transformar os seus corações. Cada um de nós em algum momento da nossa vida, após reconhecermos Yeshua como Nosso Único e Suficiente Salvador, passamos pelo deserto, onde experienciamos o processo de santificação, de Teshuvá, isto é, o retorno ao caminho que nos leva ao Pai, caminho esse que foi reaberto pelo sangue derramado pelo Seu Filho, Yeshua.

3 – RESUMO
     
                   Segue abaixo um resumo da parashá extraído do site “pt.Chabad.org”.
         A Parashá Bamidbar, a primeira porção do quarto livro da Torá, está principalmente envolvida com o recenseamento do povo judeu feito no segundo mês de seu segundo ano no deserto. Após relacionarem os líderes das doze tribos de Israel, a Torá apresenta os totais de homens entre as idades de 20 e 60 anos para cada tribo, sendo que a contagem totalizou 603.550.
               A estrutura do acampamento é então descrita, com a tribo de Levi no meio, guardando o Mishcan, Tabernáculo, e cercada pelas doze tribos de Israel, cada uma na área que lhe foi designada. É feita a designação da tribo de Levi como os líderes espirituais do povo judeu, e seu próprio censo é realizado, à parte do restante de Israel.
               A porção da Torá conclui com as instruções dadas à família de Kehat, o segundo filho de Levi, pelo seu papel em lidar com as partes mais sagradas do Mishcan.

Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

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