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domingo, 2 de junho de 2019

Estudo da Parashá Tazría (Conceber/Semeai)


Estudos da Torá

Parashá nº 27 – Tazría (Conceber/Semeai)
Vayicrá/Levítico Lv 12:1-13:59,
Haftará (Separação) 2Rs 4:42-5:19, e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 15:1-16:20

1 - INTRODUÇÃO
                  
               Na parashá dessa semana estaremos estudando sobre algumas impurezas que podem afligir o ser humano, entre elas o fluxo de sangue da mulher ao dar a luz e a “tsaraát”, que foi equivocadamente traduzida como lepra. E o que essas impurezas significam nas vidas dos servos de Adonai. Poderemos ver que muito do que é falado e ensinado pela Torá é profético, e parte já se cumpriu na vida de Yeshua, e se cumprirá na vida de todos os que lhe são fiéis.

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
              
               No início dessa porção lemos que a Torá nos fala sobre a mulher que “concebe” – “Tazría” – e dar a luz um varão ficará impura por sete dias... Perceba que conceber é diferente de dar à luz. A concepção acontece normalmente 38 semanas antes de um parto normal. O momento da concepção terá influência no futuro da criança. Os rabinos de Israel afirmam que, se os pais se relacionam intimamente em santidade e pureza, a criança é concebida em santidade e pureza. No entanto, se um dos pais tem lascívia sexual, esse espírito é transmitido ao feto no momento da concepção e no futuro é muito provável que essa criança tenha problemas para dominar os seus desejos sexuais. Observe o que está escrito em 1 Tes 4:3-5:

Porque esta é a vontade de Elohim, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição; Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Elohim.” O termo “vaso é uma referência ao corpo. E se observarmos, nesse caso, provavelmente refere-se ao corpo da esposa. É importante tratar a esposa com santidade e honra, sem lascívia sexual como os gentios que não sabem dominar os seus instintos animais.
               Depois da concepção, após as 38 semanas vêm o parto, e a mulher fica em um estado de impureza ritual, em hebraico “tamé” como no tempo da sua menstruação. A palavra hebraica que foi traduzida como separação é “nidá”, e significa “impureza”, “separação”, “menstruação” e vem da raiz “nadad” que significa “errar”, “fugir”, “afastar-se”. A ideia que a Torá nos dá é que o tempo de “nidá” (separação) é um tempo de afastamento da mulher relativamente ao seu marido, para se curar da sua ferida interna. E segundo a Torá, este período é de sete dias, conforme lemos no verso 2 dessa porção e também em Lv 15:19. Depois do período de “nidá”, ela submerge-se em águas purificadoras em uma mikvê, para se poder unir novamente ao seu marido.
               Vamos entender, então claramente, no caso do nascimento de um menino, a mãe entra num estado de “nidá” durante os primeiros sete dias depois do parto. O dia do parto é contado como o primeiro dia, ainda que falte apenas uma hora para o pôr-do-sol, o início de um novo dia. Ao final do sétimo dia submerge-se numa mikvê para se purificar. E segundo o texto passa ao estado de “Tamé”, ou seja, já não é uma separação total, como em “nida”. Nesse estado há proibições como não ser permitido tocar ou comer as coisas sagradas, não pode entrar no santuário e nem comer do cordeiro de Pessach. No verso 4 entendemos que mesmo que haja sangue nesses 33 dias de purificação, não será necessário acrescentar mais tempo, pois aqui nãos se aplica a mesma lei de Lv 15.19.
               Quando nasce uma menina o tempo de “nida” e de “tamé” são dobrados. A Torá não explica a razão pela qual isso acontece. Mas o fato de fazer com que a mulher fique mais tempo em recuperação depois do nascimento de uma menina, não é para discriminar a mulher ou o homem, mas sim por outras razões que não conhecemos. O fato é que todos os mandamentos foram dados para o bem do ser humano. No entanto, de acordo com o site “emunah a fé dos santos” encontramos o seguinte:
“Contudo, podemos encontrar algumas explicações que nos podem dar um pouco de luz sobre esta diferença. Os pediatras modernos provaram que depois do nascimento de uma menina, ela tem mais necessidade psicológica do que um menino de permanecer perto da sua mãe. Logo este mandamento foi dado, entre outras razões, para ajudar a menina a ter um bom desenvolvimento psicológico, e possivelmente, também da mãe.”
               No verso 6 lemos que após cumprir os dias de purificação, a mãe deveria levar um cordeiro para holocausto e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado. Então seriam dois sacrifícios um para ascenção (holocausto – olá) e outro para expiação de pecado (chatat).
               Para que servia o holocausto (olá)? Como vimos nas porções anteriores, esse sacrifício representa entrega total. E podemos aprender em primeiro lugar que a mãe agora tem a oportunidade de renovar sua entrega total ao eterno, através deste sacrifício. O primeiro mandamento deve ser observado em qualquer situação, ou seja, amar a Deus acima de todas as coisas, mas durante sua gravidez a mulher pode vir a perder na observância desta lei, e o holocausto é a oportunidade para mostrar ao Senhor que ela ainda observa a Torá. Apesar do nascimento do filho ou da filha, ela continua a viver para YHWH (Adonai).
               Por outro lado, o sacrifício de olá, também representa a entrega da criança ao Eterno. Os filhos não pertencem aos pais, mas ao Pai dos espíritos. Os pais tem a responsabilidade de educar as crianças no caminho de Deus, porque nasceram para Ele, como lemos em Malaquias 2:15:
“E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.”
               O Eterno quer ter uma geração de muitos filhos. Os pais colaboram com Ele para que tenham muitos filhos, assim cumprem com o Seu desejo. Os filhos não são dos pais, são do Eterno. Então a olá que a mãe entrega ao Eterno representa a entrega de si mesma e também do seu filho ao Eterno.
               Uma outra pergunta pertinente é: Porque razão uma mulher teria que dar uma oferta pelo pecado depois de dar a luz? Qual teria sido o pecado da mulher? Os rabinos apontam para essas alternativas:
a. Há uma necessidade de expiar os seus pecados por causa de ter passado por uma prova. Numa prova todos cometem pecados. (Abarbanel)
b. O pecado entrou no mundo pela mulher, e mediante o sacrifício do pecado ela faz expiação por esse erro. (Bechai)
c. Todo o processo de procriação foi afectado quando o pecado entrou no mundo. Um parto doloroso é o resultado do pecado de Eva, cf. Génesis 3:16. A concepção e o parto de uma criança dão-se num mundo de pecado, como está escrito no Salmo 51:5: “Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” O yetser hará (inclinação para praticar o mal) é transmitido à criança quando é formada. É uma herança pecaminosa. Por essa transmissão há uma culpa sobre a mãe e tem que apresentar um sacrifício pelo pecado.
d. Podem ser transmitidos à criança, ainda estando no ventre da sua mãe, complexos, atitudes de rejeição, inferioridade e outras atitudes originadas no pecado. A mulher não pode gerar um filho perfeito, sem pecado. Terá que apresentar a oferta, por ter trazido ao mundo um ser pecador, contrariamente aquilo que o Eterno desejou desde o princípio.

               Se fizermos uma leitura em textos do Novo Testamento, veremos que cada uma dessas observâncias da lei foram cumpridas na vida de Yeshua. Em Lucas 2:21-23 vemos sua mãe cumprindo a lei da circuncisão ao oitavo dia, também vemos sua mãe oferecendo os sacrifícios conforme determina a porção em estudo, bem como em Lucas 2:24 encontramos a entrega da oferta de quem era pobre. E nesse texto vemos também que apesar de não terem condições de darem o cordeiro, eles estavam com o cordeiro. Esse era o cordeiro que Deus tinha determinado, por isso não precisavam de outro cordeiro, apenas dos dois pássaros, que representava a entrega total da mãe e do filho ao Eterno.
               Aqui é importante frisar que Maria não passou o Yetser Hará a Yeshua, como podemos entender na leitura de Rm 8.3.
“Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, YHWH, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne;”
               Yeshua não tinha “carne de pecado”, não tinha pecado, na sua carne. Maria deu à luz um corpo que tinha a “semelhança de carne de pecado” mas não “carne de pecado”. Yeshua naquele momento não tinha o corpo glorioso como o havia tido Adão antes de cair. Apesar de Yeshua ser incorruptível, estava em carne, e essa carne que é semelhança da carne do pecado.
               Nessa porção também podemos entender que o mito da imaculada conceição de Maria se desfaz mediante o estudo da Torá. Pois Maria cumpriu a entrega do sacrifício pelos seus pecados. Podemos mencionar outros textos que mostram que a Mãe de Yeshua tinha pecados e precisava do perdão por eles:
               Em Lucas 1:47 está escrito: “E o meu espírito se alegra em Elohim meu Salvador;” Ela precisava de um salvador como qualquer outro, para que não morresse em seus pecados.
               Em Marcos 3:21, 31-35 está escrito:
“E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si. (…) Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar. E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora. E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.”
               Neste momento, Maria pensava que Yeshua estava louco, e por isso veio com os seus outros filhos para buscá-lo e resolver o problema. Por esse motivo Yeshua não a reconhece como sua mãe e diz que os seus parentes são quem faz a vontade do Pai. Fica claro que ela estava equivocada em relação ao chamado de seu filho, confirmando o que lemos em Salmos 69:8.
“Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos de minha mãe.”
               Isto nos mostra que num momento da vida de Yeshua, nem sua mãe, nem os seus irmãos, filhos de sua mãe, creram nele, conforme João 7:5.
“(Seus irmãos falaram desse modo porque não haviam confiado nele)”
               Depois de iniciar a porção com a questão da impureza do sangue do parto, agora todo o restante da parashá vai descrever com detalhes as manifestações de tsaráat. Embora tenha sido erroneamente traduzida como lepra, esta doença de pele tem pouca semelhança com qualquer moléstia corporal transmitida através do contato normal. Ao contrário, tsaráat é a manifestação física de uma doença espiritual, uma punição enviada por Deus, primeiro pelo pecado da maledicência, entre outras transgressões e comportamento anti-social.
               Há duas principais ideias fundamentais relativamente a esta praga. Alguns dizem que se trata de uma enfermidade extinta, mas a maioria dos analistas, pensam que é uma praga sobrenatural que o Eterno coloca sobre as pessoas que cometem certos pecados, especialmente o de lashón hará, a calúnia, a má língua. É descrita em dois largos capítulos, o que demonstra que é um assunto muito importante. Há outros textos nas Escrituras que falam desta praga. Esses textos podem ensinar algo mais sobre a sua origem.
Leia Ex 4:1-7, Nm 12:1-10, Dt 24:8-9, 2Cr 26:16-19, e 2Rs 5:1-27.

               Conhecida como “metsorá”, a pessoa afligida por uma mancha parecida com tsaráat na pele está sujeita a uma série de exames por um Cohen (sacerdote), que declara se o paciente está tahor (limpo) ou tamé (impuro). Quando uma pessoa tem esta praga não é considerada impura até que o sacerdote o comprove. Também, não se torna pura antes do sacerdote o declarar. Logo é o sacerdote que decide quando a pessoa está pura ou impura. O afetado não podia viver dentro da comunidade, mas sim fora, fora do acampamento ou fora da cidade se estivesse murada.
Segundo Maimónides, o propósito da declaração de impureza é:
§ Afastar todas as impurezas;
§ Preservar o santuário;
§ Aligeirar tão penosa carga e conseguir que o que é e não é impuro não entorpeça o homem em nenhuma das suas ocupações e que esse assunto somente diz respeito ao santuário e às coisas sagradas.
               Em Mateus 8:2-4 lemos:
“E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. E Yeshua, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra. Disse-lhe então Yeshua: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.”
               Neste texto não se fala de curar uma enfermidade, mas sim, de limpar a praga de “tsaráat”. Yeshua não diz: “sê curado”; mas sim “sê limpo”. Yeshua não o curou, mas sim limpou-o. Isto leva-nos a crer que não se trata de uma enfermidade como as outras, mas sim de uma praga sobrenatural sobre aquele que não se arrepende em tempo útil.
              
Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.


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