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sábado, 15 de agosto de 2020

Estudo da Parashá Reê (Observe ou veja)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 47 – Reê (Observe ou veja)

Devarim/Deuteronômio Dt 11:26-16:17

Haftará (Separação) Is 54:11-55:5; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 7:1-8:59; 10:9-10.


1 - INTRODUÇÃO

Desde o início do Sefer Devarim (Livro de Devarim) percebemos Moshê (Moisés) relembrar as histórias vividas pelo povo no deserto, bem como todas as leis, estatutos e mandamentos que o Eterno deu em todo o tempo vivido no deserto até aquele momento.

Na parashá (porção) desta semana temos a oportunidade de ver uma série de instruções dadas ao povo para que fossem vividas, e assim pudessem demonstrar através de suas vidas, que eram o povo de Adonay. Vejamos abaixo, um pequeno resumo antes de entrarmos no estudo.

Nessa porção Moshê continua a exortar o povo a seguir os caminhos da Torá, e a confiar em D’us, declarando que seriam abençoados se cumprissem a Torá, e amaldiçoado se não o fizer.

Ele começa então uma longa revisão de várias mitsvot, compreendendo a maior parte do livro de Devarim. Primeiro discute alguns dos mandamentos que são relevantes à iminente conquista da Terra de Israel pelo povo, conclamando-os novamente a remover qualquer vestígio de idolatria. Após ensinar-lhes certos detalhes sobre a oferenda e o consumo de corbanot (sacrifícios), a Torá ordena que o povo do Eterno se abstenha de imitar as nações que os circundam. A eles é dito que permaneçam atentos aos falsos profetas e outras pessoas que poderiam afastá-los de D’us, e ensinar-lhes as leis das cidades cananéias que tornaram-se tão corruptas, que a maioria de seus cidadãos sucumbiu à idolatria, recebendo por isso a pena de morte.

A Torá faz uma revisão sobre quais animais são casher (puros), permitidos para consumo, e quais não o são, seguida pelas leis de ma’aser sheni (o segundo "dízimo"), que é consumido por seus proprietários, mas apenas na cidade de Jerusalém.

Após ordenar que todas as dívidas sejam canceladas ao final de cada sétimo ano (Shemitah), e que devemos ser calorosos e caridosos com nossos irmãos, a Torá repete as leis relativas ao servo. Ele deve ser libertado incondicionalmente no

sétimo ano e coberto de presentes generosos por seu antigo amo.

A Parashá Reê conclui com uma breve descrição das três festas de peregrinação – Pêssach, Shavuot e Sucot – quando todos deveriam ir a Jerusalém e ao Templo com oferendas, para celebrar sua prosperidade.

Que o Eterno nos dê graça de aprendermos com mais esta porção da santa Torá e de toda a Escritura, e acima de tudo, colocarmos em prática o que aprendermos aqui.


2 - ESTUDO DO TEXTO

O significado do nome da porção

A porção dessa semana é introduzida pela palavra “רְאֵה - Re’eh ou Reê”, que significa “observa” ou “veja”. Ela é tão profunda quanto a palavra “shemá” que fala de ouvir e obedecer. Perceba que esta palavra está em modo imperativo, demonstrando pra nós a importância de obedecer o que seria dito. Ela tem relação com uma percepção mais profunda, uma visão interior, com os “olhos” do coração. Veja o texto de Devarim (Dt) 11:26-28:


Observa(reê) que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos de YHWH, vosso Elohim, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos de YHWH, vosso Elohim, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.”


Podemos perceber que Moshê continua sua exortação ao povo para que sigam o caminho da Torá, e confiem no Eterno. Por isso, disse antes, que ela trás uma relação mais profunda, pois para que se possa exercer emunah (confiança, firmeza, fé) é necessário que o homem olhe para dentro de si, note sua incapacidade, e tenha certeza que precisa confiar no seu criador.

A escolha que podemos e devemos fazer

“...hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos de YHWH, vosso Elohim, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos de YHWH, vosso Elohim,...”(Dt 11:26-28)


Moshê coloca os mandamentos e instruções do Eterno em perspectiva, apontando a benção como consequência da obediência, e a maldição caso não as obedeçam. Com isso, vemos Adonai apresentando, por meio de seu servo, duas opções para o homem, a fim de que ele tenha a oportunidade de escolher. O que nos mostra que o Criador permitiu ao homem usufruir do livre arbítrio, ou seja, poder de escolha. Ele pode escolher viver desligado ou ligado ao Eterno. Por isso, essa parashá inicia com a palavra “Reê” ou seja, “observa”. O que temos que observar é as opções que nos são colocadas à frente, e tomar a decisão correta. Se o homem tivesse sido criado sem o poder de escolha seria um autômato, como uma máquina, porém, cada um de nós temos o poder ou a liberdade de escolher. Ninguém é obrigado a obedecer ou a pecar (desobedecer), porque o Eterno nos criou para sermos pessoas que podem escolher servi-lo de livre e espontânea vontade. E penso, que na verdade, esse é seu maior desejo.


O homem pode optar pelo caminho da transgressão, do pecado, no entanto essa liberdade não o isenta da responsabilidade e das consequências de suas escolhas.


Os Montes Gerizim e Eival e a paciência do Eterno

Quando, porém, YHWH, teu Elohim, te introduzir na terra a que vais para possuí-la, então, pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim e a maldição sobre o monte Eival.” (Devarim11:29)


Segundo o site “Shema Ysrael.com”, os montes Gerizim e Eival serviriam como referenciais para o pronunciamento das bênçãos e maldições para que o próprio povo escolhesse o caminho por onde deveriam seguir.


É importante destacar que não podemos atribuir a benção ou a maldição à montanha, mas entender que foi uma forma de ilustrar as duas realidades.


As bençãos eram pronunciadas por aqueles que estavam no monte Gerizim, enquanto as maldições pelas pessoas que estavam no monte Eival.


Segundo o site “Emunah a fé dos santos.com”, os rabinos discutem se realmente se pode falar de uma montanha de maldição e outra de bênção. E diz também, que segundo Rashí, isso se refere ao fato da bênção e da maldição serem anunciadas sobre estes dois montes respectivamente. Nachmánides, escreve que a bênção e a maldição não estão ligados a uma montanha específica.


Assim, perceba uma coisa, o povo tinha que pronunciar a bênção numa montanha e a maldição em outro. O monte Eival, onde se pronunciaram as maldições, era mais alto que monte Gerizim. Isso é uma relação interessante, pois o fato de que o topo do monte, representa juízo sobre a pessoa a qual cai a maldição. Ou seja, a maldição é aplicada após uma jornada mais longa do que a jornada que se percorre para subir o monte Gerizim. Isso quer dizer que, possivelmente, essa relação demonstra que o Eterno espera até ao último momento para que o ímpio se arrependa. O Eterno dá-lhe o máximo de tempo possível para que possa vir a se arrepender, mas se isso não ocorrer, ao final de sua jornada, a maldição ou juízo recairá sobre ele.


Dessa forma, o mencionado site nos diz que, existe uma forma simples de entender a “montanha”, visto que a bênção e a maldição, são ambas metas de dois percursos diferentes; uma caminhada, uma subida pela montanha, que representa uma conduta de vida santa, ou uma conduta de transgressão. Ainda segundo o site, no final dessa caminhada, a pessoa alcançará a bênção, ou a maldição, consoante a escolha que fez como padrão de vida, uma vida pautada pela santificação, ou pelo pecado.


O estudo da porção “Reê” ou “ver” implica em compreender não só o aspecto da escolha, mas o que está revelado, o caminho correto para a vida, assim também, como crer e ter consciência de que, esta bem-aventurança procede de Deus.


Outra implicação, é que consiste ainda, em considerar as consequências desastrosas, conforme já mencionamos, da desobediência, como também as recompensas que o cumprimento dos mandamentos proporcionam, para que através delas o homem possa ter uma vida plena e abundante e servir melhor ao Eterno.


Yeshua fala sobre estes dois caminhos, da obediência e da rebeldia e suas consequências “Eu sou a porta, se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância;” (Yochanan/João 10:9-10). O site britolam.com.br no estudo dessa parashá diz que, estes são como dois caminhos alegóricos que se localizam no meio exterior, ao longo de toda a extensão da vida humana, onde obrigatoriamente se escolhe uma opção em detrimento da outra em meio a constante luta interior, na submissão do ser à vontade Divina.


Em nossas vidas muitas destas opções que surgem diariamente, são de fácil escolha, ou seja, podemos prever suas consequências benéficas ou maléficas com muita clareza e evidência, sem haver uma tensão, um conflito interno, pois trata-se de uma escolha que condiz com o nosso caráter ou com nossa visão de mundo, como por exemplo, a escolha entre roubar ou não roubar. Contudo algumas escolhas não são tão simples assim, e dessa forma exigem certo discernimento espiritual para saber qual é o caminho certo a seguir, a fim de estar de acordo com a justiça de D’us. Isto portanto, requer o conhecimento das Escrituras, como também um relacionamento mais íntimo com o Eterno, com o exercício das disciplinas espirituais que consta na santidade, na adoração e tefilá (oração), no estudo da Torah, e comunhão constante com o povo de D’us.


Com tudo isso, essa porção compreende em retornar à pureza da essência da Torá rompendo com as más tradições que impedem a percepção e o entendimento da vontade Divina expressa nas Escrituras. Veja Marcos 7:9.


E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.”


Retorno à Torá

Depois de alguns assuntos já mencionados aqui, torna-se importante nesse momento, repararmos mais uma vez os primeiros versos da parashá Êkev, que estudamos semana passada, pois trás um princípio importante para todo aquele que serve ao Eterno, principalmente na atualidade. A aliança que HaShem fez com os antepassados é mantida mediante a observância das regras, estatutos que foram entregues. Repare no texto:


Pelo fato de vocês ouvirem essas regras, e continuarem a cumprí-las, Adonai, seu Deus, manterá com vocês a aliança e misericórdia juradas por ele a seus antepassados.” (Devarim 7:12 - Bíblia Judaica Completa)


Repare que a parashá passada Ekev e a Reê, que estamos estudando, estão ligadas pelo mesmo princípio. Assim, é muito importante e urgente que retornemos a observação das prescrições da Torá, considerando que a Palavra de Deus é imutável, e nos garante tomar a opção certa, não para entrada na Aliança, que é concedida pela graça Divina mediante o sacrifício de Yeshua HaMashiach, conforme vimos no estudo passado, mas para permanecer nela, em santidade constante, como o próprio Yeshua disse em Mt 5:18-19.


Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.”


Com estes versos e com o que dissemos acima percebemos a importância que Yeshua deu ao cumprimento da Torá, e isso corrobora com o que a própria parashá nos aponta como instrução.


E sobre a importância do cumprimento da Torá, no estudo da parashá Reê do site “britolam.com.br”, encontrei algo muito interessante. Eles afirmam que a importância do cumprimento da Torá se dá em quatro níveis de obediência. Assim, vejamos cada um deles:


- O primeiro nível é a obediência plena alicerçada no amor a D’us e ao próximo. Este nível implica em um estado de subordinação onde a pessoa cumpre a mitsvá (mandamento), pois tem ciência da autoridade e majestade de HaShem e na sua obrigação de executar a Sua vontade. Desta forma, sua submissão se dá ao fato dele aceitar o jugo do Eterno, independente de sua compreensão ou apreciação de ação.


- O segundo nível está mais elevado que o anterior e consta na obediência da mitsvá tendo não somente o zelo e respeito pela autoridade Divina, mas também existe a apreciação intelectual e o envolvimento emocional com a mitsvá, bem como a compreensão das implicações ocasionadas pela observância destas mitsvot (mandamentos). Portanto, mesmo nos Chukim, os mandamentos que não sabemos plenamente seu pleno significado, estes são cumpridos com grande estima e prazer, mesmo diante da ausência da compreensão e razão.


- O terceiro nível de obediência é o nível da visão, que se refere a mensagem da Parashá. Este é o nível do discernimento espiritual que é concedido como dádiva Divina. Este consiste em não apenas ter submissão e zelo pela Palavra, entendimento e prazer no cumprimento, mas também, valendo-se da habilidade de percepção transcendental, abrangendo não somente os aspectos e consequências físicas, mas também os significados e inferências espirituais. Neste estágio o indivíduo requer maior aproximação da luz Divina, a fim de que possa alcançar maior contato e experiências sobrenaturais com as obras do Eterno.


- O quarto nível, o mais elevado, onde o cumprimento das mitsvot implica na soma de todos os níveis anteriores. Este reflete no amor que contém a entrega total, o se deixar gastar pela Obra de D’us na terra, se envolvendo totalmente com a causa do Reino de D’us por puro amor ao Eterno e as Escrituras. Esta entrega pode chegar ao seu extremo, mesmo diante do que lhe é mais precioso, a própria vida, no ato do kidush HaShem, a santificação do Nome no martírio, que muitos achim(irmãos) sofreram ao longo da história e isso expressa a maior dimensão do amor e obediência a D’us. Portanto, o maior alcance do amor é o auto sacrifício que não poupa nem a própria vida, para que o Nome de HaShem seja honrado e conhecido, esta é a prova extrema da fé.


Vemos prova que essa expressão de amor é divina, quando observamos o amor do Eterno ao entregar seu filho unigênito em resgate da humanidade. Também podemos notar Yeshua nos seus momentos finais no Getsemani nos ensinando com seu ato desprendido e supremo que devemos nos submeter à vontade de HaShem, quanto ao cumprimento de seus propósitos a fim de sermos instrumentos de sua justiça.


Dessa forma, amar a D’us compreende justamente o que essa parashá em toda a sua extensão nos ensina, ou seja, cumprir a Torá, pois é sua bendita vontade.


Conforme disse acima, Yeshua se submeteu a vontade divina em se entregar como corban (sacrifício) ao Eterno, cumprindo a determinação do Pai para que o homem fosse redimido. Veja o que diz Jo 15:9-14:


Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Tenho-vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.


Não devemos comer animais imundos

Nesta parashá também é tratado a respeito de quais animais podemos considerar alimento. Observe o texto abaixo:


Não comam nada que for abominável. Estes são os animais que comereis: o boi, a ovelha, e a cabra. O veado e a corça, e o búfalo, e a cabra montês, e o texugo, e a camurça, e o gamo. Todo o animal que tem unhas fendidas, divididas em duas, que rumina, entre os animais, aquilo comereis” (Dt 14:3-6)

Aqui, o Eterno através de Moshê, repete o que é considerado comida, a fim de que seu povo se alimente. As carnes desses animais poderiam se consumidas de acordo com as demais especificações da Torá que envolvem dentre outras coisas, a forma correta de matá-los.


Disse acima que era uma repetição porque em Vaycrá/Levítico 11 a Torá apresenta esse assunto com tanta clareza quanto aqui. E nesses termos, assim como há animais que são considerados alimentos, há também animais que não são considerados alimentos, pois são imundos. Veja o texto abaixo:


Porém estes não comereis, dos que somente ruminam, ou que têm a unha fendida: o camelo, e a lebre, e o coelho, porque ruminam mas não têm a unha fendida; imundos vos serão. Nem o porco, porque tem unha fendida, mas não rumina; imundo vos será; não comereis da carne destes, e não tocareis nos seus cadáveres” (Dt 14:7-8).


Da mesma forma, em relação aos peixes, a Torá nos instrui o seguinte: : “Isto comereis de tudo o que há nas águas; tudo o que tem barbatanas e escamas comereis. Mas tudo o que não tiver barbatanas nem escamas não o comereis; imundo vos será” (Dt 14:9-10). E é importante destacar, que em relação a isso em Lv 11, há mais especificidade, pois fala de “...todas as pequenas criaturas aquáticas...”(Lv 11:10).


Também fala a respeito das aves, e diz o seguinte:“Toda a ave limpa comereis. Porém estas são as que não comereis: a águia, e o quebrantosso, e o xofrango, e o abutre, e o falcão, e o milhafre, segundo a sua espécie. E todo o corvo, segundo a sua espécie. E o avestruz, e o mocho, e a gaivota, e o gavião, segundo a sua espécie. E o bufo, e a coruja, e a gralha, e o cisne, e o pelicano, e o corvo marinho, e a cegonha, e a garça, segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego. Também todo o inseto que voa, vos será imundo; não se comerá. Toda a ave limpa comereis” (Dt 14:11-20).


A Torá nos dá instruções que são corretas para nós a respeito do que comemos, e isso implica com a nossa santidade enquanto povo do Eterno. Quando comemos algo imundo, internalizamos o que é imundo, e consequentemente nos tornamos imundos, enquanto aquilo estiver em nosso ventre. Por isso além do fato de transgredirmos o mandamento, e ficarmos em estado de pecado, também nos tornamos inaptos a estar diante do eterno, por estarmos impuros. Podemos observar, como princípio, em relação ao comer coisa indevida e seus resultados, o que o Rav. Sha’ul (Apóstolo Paulo) diz em 1Co 10:14-22. Claro que o contexto ali é idolatria e comida sacrificada, mas ao comer coisa sacrificada o indivíduo também comete pecado, e faz parte da idolatria pelo que passou o animal oferecido, e consequentemente, fica inapto para servir ao Eterno, por isso o princípio é o mesmo. Devemos nos lembrar que Ele é Santo, por isso, devemos ser santos também, caso contrário não poderemos serví-lo.

3 - CONCLUSÃO

Concluindo nosso pequeno estudo, podemos aprender com a porção “observa” ou “vede” que o Eterno nos dá a liberdade de escolha sobre qual caminho seguir. E devemos ter em mente onde esse caminho nos levará, ou qual será as consequências dele. Adonai coloca para escolhermos o caminho da obediência, cuja consequência são as bençãos, e também coloca o caminho da desobediência, cuja consequência são as maldições ou juízos advindos da desobediência. Devemos saber escolher, pois quando se entra pelo caminho da desobediência, da transgressão, mesmo que depois nos arrependamos e sejamos perdoados, e retornemos para o caminho da obediência, algumas consequências de nossas escolhas erradas nos acompanharão por muitos anos em nossas vidas. Então, como diz o texto: “Cuidem de seguir todas as leis e regras que ponho hoje diante de vocês.” Dt 11:32.


Essa porção traz muito mais instruções, as quais devemos estar atentos, e com o tempo, e em próximas oportunidades poderemos abordar.


Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- Bíblia Hebraica. Editora Sefer.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha_47-_re.pdf

- https://www.britolam.com.br/parashat-ree

- https://www.shemaysrael.com/parasha-reeh/

- pt.chabad.org

- cip.org.br/regras-rituais-e-morais/

- https://www.cjb.org.br/malhut/ree.htm



Por: Pr. Marcelo Santos da Silva

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Estudo da Parashá Shelach Lechá (Envie para você)

Estudos da Torá

Parashá nº 37 – Shelach Lechá (Envie para você)
Bamidbar/Números Nm 13:1-15:41,
Haftará (Separação) Js 2:1-24; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 17:1-18:43

1 - INTRODUÇÃO
                  
               Esta parashá trás uma carga de emoção muito forte, pelo menos ao meu ver. Aqui a Torá já nos mostrou tudo o que o Eterno Criador dos céus e da terra, o Libertador, fez por este povo e agora prestes a entrar na terra a qual herdariam cometem algo que os impedem de seguir em frente e conquistar a vitória. O que me deixa emocionado nessa porção são os motivos do povo de Israel para agirem como agiram e suas atitudes após o que fizeram. Vamos seguir neste estudo pois ele é maravilhoso!

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS
              
               “Adonai Deus disse a Mosheh: “Envie alguns homens para fazer o reconhecimento da terra de kena’an, que dou ao povo de Yisrael. De cada tribo ancestral, envie alguém que seja líder da tribo”. Mosheh enviou-os do deserto de Pa’ran, como Adonai lhe tinha ordenado; todos eles eram homens da liderança dentre o povo de Yisrael.” (Nm 13:1-3 - BJC)
              
               A porção anterior da Torá finaliza no verso 16 com o Eterno guiando o povo até o deserto de Paran, onde acampam mais uma vez. E ali no deserto de Paran Adonai manda que Moisés envie doze homens para espiarem, ou melhor observarem a terra, conforme lemos nos versos acima, o termo espiar não é muito correto aqui, conforme é tradicionalmente entendido e veremos mais adiante. Veremos que a idéia inicial de enviar homens até a terra de Canaãn não vem originalmente de D’us, como o texto parece mostrar. Também poderemos entender que o objetivo destes doze homens era trazer um relatório de suas observações e explorações.

Sobre o Nome da Parashá e o de Yehoshua (Josué)

               Em primeiro lugar, vejamos as palavras iniciais que dão nome a nossa porção da semana.

               “VAY’DABER YHVH EL-MOSHEH  LEMOR: SHELACH-LECHAH...”
               “Falou Adonai a Moshe dizendo: “Envia para ti...”

               Repare que a palavra que traduziram meramente para o português como “envia”, no original hebraico significa mais que isso. O original é “shelach lechah” que significa “envia para ti”, apontando para o fato de que Adonai não queria ou não desejava enviar, ou não via necessidade de enviar, mas estava mandando eles enviarem por eles mesmos.

               Entenda, a tradição judaica diz que há um Midrash (comentário rabínico, ensino) sobre essa questão. Tal Midrash sugere que os filhos de Israel ficaram temerosos com a possibilidade de deixar o Sinai para a conquista da Terra Prometida. Isso porque as sete nações que haviam em Canaã tinham uma reputação de serem muito violentas, maléficas e extremamente depravadas.

               Sendo assim, de acordo com a tradição judaica, foram os filhos de Israel quem pediram a Mosheh que enviassem os homens para observarem, a fim de que pudessem avaliar a terra e a resistência do inimigo, mas também podemos ler sobre isso na própria Torá em Dt 1:21 e 22: “Vejam: Adonai, seu Deus, pôs a terra diante de vocês. Subam, tomem posse, como Adonai, o Deus de seus antepassados, disse a vocês. Não temam, não se assustem. Vocês se aproximaram de mim, cada um, e disseram: Vamos enviar homens à nossa frente para explorar a terra por nós e nos trazer uma palavra sobre a rota a ser usada para subirmos até lá e nos revelar como são as cidades que encontraremos.” Por isso o Eterno usa a palavra “shelach lechá” - envia por ti ou por sua conta. Outros sábios judeus também dizem que este termo significava “enviá-los para seu próprio benefício”. Uma coisa que fica bem clara nisso tudo é que podemos ver Mosheh indo até o Santo e Bendito, para perguntar sobre a solicitação, e assim temos o texto dos versos que estamos analisando, onde Ele manda enviar por eles mesmos.

               Agora, a respeito do nome de Josué, que foi mudado por Mosheh, ao ser escolhido para ser um dos doze homens que seriam enviados para explorar a terra. O nome dele antes de ser escolhido era “Hoshea - הושׁע” (Oseias), que significa “Salvação”. Ao seu nome Mosheh acrescentou no início, a letra “Yud” (י), a fim de fazer com que o nome de Josué começasse com o nome de D’us, “YAH”, sendo assim, ficou “Yehoshua - יהושׁע” (Josué), que significa “Yah Salva”.

               Entretanto, é provável que a pronúncia “Yehoshua” não seja a mesma que Moisés deu a este homem, porque mais tarde os escribas, para camuflar a correta pronúncia do Nome Sagrado (YHWH), a fim de evitar que pagãos a pronunciassem indiscriminadamente quebrando o mandamento, mudaram certas vogais nos nomes que contém o Nome do Eterno ao pronunciar.

               Dessa forma, possivelmente Moisés nunca o tenha chamado de “Yehoshua”, mas sim “Yahushua/Yeshua. Isso porque nesse caso, a forma hebraica antiga do nome do Messias, nosso salvador é Yahushua (Yud, Hey, Vav, Shin, Ain -  י ה ו שׁ ע). A forma abreviada desse nome é “Yeshua”. Essa forma surge tanto nos textos hebraicos antigos como nos escritos aramaicos do Tanach (Antigo Testamento). Também é importante mencionar que o nome Yeshua, também significa “Yah Salva”, de acordo com alguns estudiosos.

               De acordo com o Talmud (a tradição oral compilada em livros), os rabinos de Israel ensinaram que Mosheh previa a infidelidade e falta de fé dos homens que foram escolhidos para explorar a terra, por isso mudou o nome de Hoshea para Yeshoshua para lembrar-lhes que Adonai deve sempre vir em primeiro lugar (Talmud Sotah 34b).
              
Espias ou Exploradores?

               Quando olhamos para o texto de Nm 13:1-2 lemos o seguinte: “Adonai Deus disse a Mosheh: “Envie alguns homens para fazer o reconhecimento da terra de kena’an, que dou ao povo de Yisrael. De cada tribo ancestral, envie alguém que seja líder da tribo.”

               Nesse trecho a Torá utiliza o verbo raiz “TAR”, pois a palavra que aparece no texto em hebraico é “VEYATURU”. Essa palavra significa “Excursionar, observar, viajar com um propósito, explorar, examinar e investigar. O verbo “TAR” ocorre 12 vezes neste capítulo e mais 10 vezes em todo o Tanach (Escrituras Sagradas).

               Podemos então perceber através da observação dessa palavra no original, que o objetivo dos homens não era o de espiar, mas sim de explorar, observar. Repare que a palavra hebraica para “Espião” é “Ragel – רגל", e ela não aparece em nenhuma parte do texto desta parashá (porção), no entanto, a raiz “TAR”, conforme já  mencionamos, é encontrada 10 vezes. Sendo assim, os homens enviados por Mosheh devem ser compreendidos ou chamados de Exploradores, e não de espiões; as duas palavras não são idênticas.

               A primeira vez que a palavra “Ragel” (Espião ou espionar) é usada nas Escrituras, foi uns 40 anos mais tarde já na história de Josué e na preparação da batalha de Jericó, quando espiões são enviados. A diferença está na natureza e propósito da viagem. No caso em que estamos estudando o propósito era saber como eram as terras que receberiam, como eram os povos e as cidades. Já em Josué o propósito era estritamente militar, pois estavam se preparando para a batalha.

Fatos a entender sobre os doze exploradores:
               Antes que Israel entrasse na terra, houve dois tipos de informações:
               - A natureza da terra; e
               - A praticabilidade de conquista militar.

               Este não era um trabalho a ser feito por espiões militares, pois os espiões são enviados somente depois que uma nação decidiu iniciar a guerra. Os espiões são enviados para das informações de como atacar o inimigo, mostrando seus pontos vulneráveis. E relatariam somente ao seu líder militar, que no caso era Mosheh. Já no caso dos nossos doze homens, os exploradores ou observadores, se fossem espiões militares, não haveria razão para publicar seus nomes e Mosheh para isso não escolheria líderes ou pessoas importantes de cada tribo, conforme Nm 13:1-3.

               A missão dos doze:
          Sua missão era recolher a informação, de acordo com o texto, em seis categorias:
               - Como o lugar era?
               - Como eram os povos do lugar?
               - A terra era apropriada para agricultura?
               - Que tipo de vegetação está no lugar?
               - Quais os fatos sobre as cidades?
               - Trazer algumas amostras dos produtos da terra.

              Daí percebemos a necessidade de que tinham que ser representantes influentes de cada tribo, e porque relataram tudo a nação inteira e não somente a Mosheh.

               Os observadores foram enviados e quarenta dias depois retornam, no dia 9 de Av, carregando um enorme aglomerado de uvas, uma romã gigante no tamanho e um enorme figo. Segundo o Midrash Rabínico os frutos eram tão grandes que necessitavam de um homem para carregar a romã, outro para levar o figo e de oito homens para levar o cacho de uvas.

               Podemos aprender com esta passagem que os filhos de Israel cometeram dois erros muito comuns:

               - Não conseguiram ver que possuir a terra era um ato de fé (emunah – confiança, fidelidade em D’us). Os 10 observadores foram pessimistas (realistas). O pessimismo deles contagiou todo o povo, cegando-os para a realidade da aliança,e os mantendo na realidade do que os homens estavam dizendo.

               - Não apreciaram as bênçãos de D’us tinha prometido se obedecessem a seus mandamentos (Mitsvot).
               Devemos reconhecer que as dificuldades eram reais na terra, haviam gigantes, cidades fortificadas e tantas outras coisas, os 10 espias eram realistas, mas eles também esqueceram de serem realistas em relação a D’us, pois não olharam para a realidade de que o Eteno já havia feito por eles e o que já havia prometido fazer por eles.
               Portanto, entendamos que eles cometeram Lashom Hará (maledicência) ao reportar o pessimismo em relação a Terra, na verdade contra o próprio D-us, pois era como se tivessem reportado que o povo da terra era maior do que as promessas de D’us. O pessimismo é uma das grandes barreiras construídas por nós mesmos que nos impendem de caminhar nas bençãos e nas promessas de D’us. (Nm 14:2) A fé move-se adiante na base da fidelidade de D’us, não em nossas próprias forças e habilidades, ou na ‘realidade’.
               A realidade depende do ponto de vista do observador, então a Fé do observador muda a perspectiva da realidade ou a realidade em si. Além disso, nós nunca podemos dizer que acreditamos ou temos fé em D’us, se não nos submetemos a Sua Torá. Ela reflete nossa condição interna, para que possamos fazer os reajustes – Teshuvá – Arrependimento, retorno, conversão. (Mt 7:24, Jo 14:21, Mt 5:19-20)

         E a Torá aponta para o Messias, é por isto que a rejeição do Messias é considerada a mais alta traição, para todos os mandamentos de D’us. Rejeitar Sua Torá é rejeitar o Seu Messias, que por fim, é rejeitar a D’us, aquele que o enviou. (Lc 10:16)

Sobre Kaleb, filho de Yefuneh

               Calebe foi um dos doze observadores que foram enviados a Canaã, conforme Nm 13:6. Seu nome em hebraico “Kalev” pode significar “cachorro” que é “Kelev”, mas também pode aludir a “coração” que é “Lev”. Ele foi líder da tribo de Judá, ou pelo menos uma pessoa muito influente ali.

               Entretanto, perceba que Calebe não era um israelita. Ele era um, “Ex Goy” (gentio) convertido ao D’us de Israel, e tornou-se um membro influente em Judá. Jefuneh, nome de seu pai, não era um nome propriamente hebreu, o Tanach (Escrituras) nos aponta o caminho para compreendermos isso. Veja o que diz o texto de Josué 14:6:

“Então, os filhos de Judá chegaram a Josué em Gilgal; e Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, lhe disse: Tu sabes o que o Senhor falou a Moisés, homem de Deus, em Cades-Barnéia, por causa de mim e de ti.”

               De onde a tribo Quenezeu veio? As Escrituras nos dizem: das tribos Cananitas. Veja o que diz Gênesis 15:18-21:

“Nessa mesma ocasião o SENHOR D’us fez uma aliança com Abrão. Ele disse:  Prometo dar aos seus descendentes esta terra, desde a fronteira com o Egito até o rio Eufrates, incluindo as terras dos Queneus, dos Quenezeus, dos Cadmoneus, dos Heteus, dos Perizeus, dos Refains, dos Amorreus, dos Cananeus, dos Girgaseus e dos Jebuseus.”
              
               Jefoné (Yefuneh) que pode significar “virou-se”, nos sugere o porquê Calebe se afastou dos esquemas pessimistas dos outros observadores. Podemos pensar que a família de Calebe vivia no Egito há anos e se juntaram aos filhos de Israel. E isso é mais uma prova de que uma multidão de povos saiu do Egito com Israel. Na verdade, Calebe era descendente de Esaú, de um dos filhos dele. Jefoné era descendente de Quenaz filho de Elifaz, filho mais velho de Esaú (Gn 36:15; 40-42). Há ainda outro texto que menciona Jefoné como “Quenezeu”, leia Nm 32:12.

               Talvez alguém possa se perguntar: “Se ele não era hebreu, como veio a ser tão importante na tribo de Judá, a ponto de ser escolhido para ir observar a terra?” ou “Como veio a ser contado como um dos membros da casa de Judá?”

               As Escrituras nos mostram como ele entrou na tribo de Judá. Leia 1Cr 2:3-5; 18. Estes textos nos mostram duas possibilidades. A primeira é que esse pode não ser o mesmo Calebe que estamos estudando, e a segunda é que Calebe teria sido recebido como filho por Hesrom, filho de Perez, que era filho de Judá. Esse é meu palpite, principalmente levando-se em consideração o tempo decorrido entre as gerações e a grande possibilidade disso ter acontecido e seguindo os textos das Escrituras.

               Agora quanto a pergunta: “Se ele não era hebreu, como veio a ser tão importante na tribo de Judá? Podemos responder entendendo o texto de Nm 14:24, que diz: “Mas o meu servo Calebe, porque nele houve outro espírito, e porque ele perseverou em seguir-me, eu o introduzirei na terra em que entrou, e a sua posteridade a possuirá.”  Devemos observar que, se houve alguma vez um caráter de um ex-gentio nas Escrituras que expôs uma atitude positiva em relação a Adonai ou inspiração diferente em direção ao Eterno e a sua Palavra, deveria ser Calebe. Na Torá encontramos três pessoas sendo definidas pelo Eterno como seus servos, e são eles: Abraão, Moisés e Calebe. Isso nos aponta o caráter de Calebe, e nos indica a direção para entendermos como ele havia sido transformado por Adonai e assim, veio a fazer parte do povo de D’us e da tribo de Judá.

               Em relação a esse assunto é importante lembrar que, por meio desse fato a Torá quer nos mostrar o “mistério” que Paulo (Rav. Shaul) diz em Efésios 3, ou seja, a entrada dos Gentios ao povo de Adonai, através do Messias e da obediência à         Palavra.

Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.yeshuachai.org/forums/topic/ שלח-לך -shlach-lecha-parasha-numeros-131-1541/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com