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sexta-feira, 26 de julho de 2019

Estudo da Parashá Pinchás (Fineias)


Estudos da Torá

Parashá nº 41 – Pinchás (Finéias)
Bamidbar/Números Nm 25:10-29:40,
Haftará (Separação) 1Rs 18:46-19:21; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 23:1-24:53

1 - INTRODUÇÃO
                  
               A porção passada nos mostrou que Bilam, um profeta, foi solicitado a amaldiçoar o povo de Israel, porém o Eterno não permitiu, e todas as vezes que ele ia proferir uma maldição, de sua boca saíam bençãos para o povo de Adonai. E no final, com o propósito de ficar com os presentes que havia recebido, ensinou a Balák a maneira de fazer o povo se afastar das Leis e consequentemente do Eterno, levando-os a uma praga que matara vinte e quatro mil pessoas, conforme lemos em Nm 25:1-9, o que ficou conhecido como a “Doutrina de Balaão”.
               Nessa porção que fala sobre muitos assuntos, iremos focar em um deles, trataremos a respeito de Pinchás (Finéias), o homem cujo nome da título a essa Parashá (porção). Veremos qual sua atitude em relação à transgressão (pecado) do povo e como o Eterno viu tudo isso.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS
                  
               Quase quarenta anos havia se passado desde que o povo murmurara e havia sido punido pelo Eterno a viverem no deserto até que todos os murmuradores tivessem caído. Próximo estavam agora de entrar na terra, quando se aproximam de Moabe e acontece o que estudamos na porção passada, no caso de Balák e Bilam, que tentaram amaldiçoar o povo. Mas como foi visto, essa estratégia não deu certo, e Bilam ensinou uma forma de fazer o povo cair.
               A tradição oral dos judeus, na “Mishná”, diz que Bilam não desiste por ter perdido a guerra ao tentar amaldiçoar Israel, e diz: “já que Israel não pode ser amaldiçoado de fora, vamos amaldiçoá-lo de dentro.” (Sanhedrim 81b-82b).
               Isso combina com o que está registrado em Nm 31:16-17. Ele fez com que as mulheres de Moab/Midian seduzissem os Israelitas sexualmente, levando-os posteriormente a adorarem à Baal-Peor. De acordo com fontes rabínicas, essa divindade adorada no Monte Peor era cultuada expondo-se as partes do corpo que geralmente ficam tampadas, ou seja, ficavam nus. Era um culto à base de sexo, luxúria, sensualidade, lascívia, mas também à base de muita comida consagrada. Naquela época muitas divindades eram adoradas em montes, por isso o salmista se pergunta, “Elevo os meus olhos para os montes, de onde me virá o socorro?” (Sl 121:1) e também o profeta Isaías nos diz que nos últimos dias o Monte Sião, o monte da Casa de D’us será o principal (Is 2:2), pois em muitos montes se adoravam a esses baalins.
               A estratégia de Bilam, uma vez que o povo era guardado por Elohim, foi fazer o povo se contaminar com a idolatria (Nm 25:2), pois ele bem sabia que o Eterno odeia idolatria, a tal ponto de considerar isso um adultério, uma vez que considera Israel sua noiva e esposa, conforme podemos ver em Is 62:5, Jr 2:2 e Os 2:2, e a Torá é sua Ketubá (contrato de casamento) que será totalmente formalizado com a vinda do esposo, conforme Mt 25:6. E por considerar Israel, o povo escolhido, como sua noiva, ele diz que tem ciúmes. Falaremos sobre isso mais adiante nesse estudo.
               A idolatria não é apenas se dobrar diante de um ídolo ou imagem, mas também comer coisas sacrificadas, conforme lemos em Sl 141:4; Pv 23:1; 1Co 10:20-21. Também é idolatria dar ouvidos à vozes que se contrariam às Escrituras, como hoje muitos estão se contaminando com o que alguns dizem em detrimento do que a Palavra de Adonai nos instrui.
               Essa parashá inicia com o Eterno concedendo a benção de Shalom (paz) e sacerdócio a Pinchás, neto de Aharon.

Quem era Pinchás e o que ele fez?
               Finéias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, desviou a minha ira de sobre os israelitas, pois foi zeloso, com o mesmo zelo que tenho por eles, para que em meu zelo eu não os consumisse.”Nm 25:11

Quem era Pinchás?
               Esse é o texto mais comum encontrado em quase todas as Bíblias. E ele diz que Pinchás (Finéias) era filho de Eleazar, neto de Aharon, o sacerdote. E olhando assim parece simples considerar que ele já fosse um dos sacerdotes, pois vemos que o Eterno havia concedido o sacerdócio a Aharon e seus filhos Eleazar e Itamar (Nm 3:3-4). No entanto, a mãe de Pinchás era midianita filha de Yitro (Jetro), conforme lemos em Ex 6:25.
“Eleazar, filho de Arão, tomou para si por mulher uma das filhas de Putiel, e ela lhe deu a Fineias. São estes os chefes de suas famílias, segundo os seus clãs.”
               Putiel era mais uma forma como Jetro era conhecido, assim como Reuel e Hobabe (Ex 2:18; 3:1; 4:18; 18:1,12 e Nm 10:29). O comentário de rodapé da Torá diz o seguinte sobre este homem:
“O sogro de Moisés tinha sete nomes: Reuel, Iéter, Yitró, Chobab, Chéber, Keni e Putiel, mas o seu nome original era Iéter. Depois de se converter ao judaísmo chamou-se Yitró (Jetró). Os outros nomes são qualificativos atribuídos pelas sua qualidades, como por exemplo: Reuel, porque se tornou amigo de Deus; Chobab, porque amou a Torá, etc. … a Torá o chamou de Chobab, filho de Reuel, pois o pai de Jetró chamava-se também Reuel.” (Torá, Editora Sefer; pág. 417)

               O sogro de Moisés fora um sacerdote de Midian quando o conheceu e ele se casou com sua filha mais velha. Agora Eleazar toma outra de suas filhas.
               Então, Pinchás era neto de Arão, um sacerdote, mas também era neto de Jetro, um ex-sacerdote pagão. Então com certeza ele não deveria ser bem aceito no meio do povo, pois não era totalmente israelita. As pessoa poderiam dizer: “Jetro costumava ser um sacerdote de ídolos antes de tornar-se parte do nosso povo.” Ele foi desprezado por causa de sua origem.
               Pinchás também pode ser lido como Pinechás devido sua forma hebraica פִּינְחָס .

O que Pinchás fez?
               Um israelita trouxe para casa uma mulher midianita, na presença de Moisés e de toda a comunidade de Israel, que choravam à entrada da Tenda do Encontro. Quando Finéias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, viu isso, apanhou uma lança, seguiu o israelita até o interior da tenda e atravessou os dois com a lança; atravessou o corpo do israelita e o da mulher. Então cessou a praga contra os israelitas. Mas os que morreram por causa da praga foram vinte e quatro mil.” Nm 25:6-9
               Finéias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, desviou a minha ira de sobre os israelitas, pois foi zeloso, com o mesmo zelo que tenho por eles, para que em meu zelo eu não os consumisse.”Nm 25:11
               Pinchás tinha pegado uma lança e com ela matou um israelita da tribo de Rúbem chamado Zinri, e uma princesa midianita de nome Cozbi, que segundo alguns comentaristas judeus, andaram no meio de todo o povo de mãos dadas e foram para a tenda da congregação para praticarem relação sexual. Ele agiu como um agente de YHWH, com autoridade delegada, obedecendo ao mandamento de 25:4. O Zelo de Pinchás recebeu elogio por parte de Adonai, e lhe rendeu uma recompensa com uma aliança especial entre ele e seus descendentes. Se Pinchás não tivesse feito o que fez, a ira de Adonai teria destruído todos os filhos de Israel. O Ato de Pinchás gerou remissão para o povo.
O zelo de Adonai
               Finéias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, desviou a minha ira de sobre os israelitas, pois foi zeloso, com o mesmo zelo que tenho por eles, para que em meu zelo eu não os consumisse.”Nm 25:11
               Pinchás agiu com zelo, o mesmo zelo que o Eterno tem pelos filhos de Israel. O termo que foi traduzido para zelo em nossas Bíblias, originalmente em hebraico vem da raiz “qaná” significa “ciumento”. A palavra no texto em estudo é “beqaneo” uma variação de “qaná”. Talvez você se pergunte: Mas ciúmes é um sentimento humano, como D’us pode ter ciúmes? Leia os seguintes textos: Ex 20:1-5; Dt 32:15-16, 21; Zc 8:2; Sl 78:58; Jo 2:17; 2Co 11:2; Rm 10:2; Gl 1:14 e Tg 4:5 entre outros.
               O Eterno se utiliza desse termo para que possamos entender, caso contrário não poderíamos entender, como Ele quer que sejamos fiéis. E Pinchás agiu com o ciúmes de D’us, não foi com o dele próprio. Se ele agisse com o zelo/ciúmes dele não teria expiado o pecado, pois somos falhos.
               Pense no que você faria no lugar de Pinchás? Se afastaria daquela congregação perversa e pecadora? Formaria um novo povo só com pessoas santas? Qual seria a sua reação?
               Devemos ser contaminados com o zelo/ciúmes de D’us e não com o nosso. Precisamos gerar uma geração de Finéias, que se preocupa com o zelo de D’us (Rm 12)


Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://shemaysrael.com/parasha-pinehas/
- http://www.yeshuachai.org/forums/topic/%D7%A4%D7%A0%D7%97%D7%A1-pinchas-numero2510-301-29-40/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/41-_pinchas.pdf
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921292/jewish/Dus-Recompensa-Pinechas.htm

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Qual tem sido a sua esperança?

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Qual é a sua esperança? O que te motiva a continuar seguindo ao Messias Yeshua?

Quero refletir com você um pouco sobre um assunto que tem sido desprezado nos últimos anos pela igreja, a ressurreição.

O tema principal das Escrituras Sagradas, ao contrário do que se pensa, não é a salvação, mas a ressurreição. O povo de Israel acredita na ressurreição, os profetas falavam de ressurreição, Yeshua falou de ressurreição e os apóstolos falaram de ressurreição.

Profetas durante seus ministérios e alguns após seu ministério ressuscitaram mortos, Yeshua ressuscitou mortos em seu ministério, os apóstolos também o fizeram.

As epístolas escritas pelos apóstolos falam sobre ressurreição em diversas passagens.

Yeshua morreu e ao terceiro dia ressuscitou, e essa deve ser a nossa esperança.
No entanto, a igreja tem negligenciado o ensino desse tema, em detrimento de ensinos pagãos sobre prosperidade e auto-ajuda. Ensinam e pregam palavras que falam mais sobre o próprio homem do que a vontade de D'us para ele. Falam muito sobre o que vem de bom para suas vidas, mas não ensinam o que as Escrituras determinam para o homem. E este é um cenário que tem influenciado a igreja à muito tempo, pois lemos o apóstolo Paulo falando sobre mudanças no ensino dentro da igreja desde a época de Atos dos Apóstolos.

De Mileto, Paulo mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso. Quando chegaram, ele lhes disse: "Vocês sabem como vivi todo o tempo em que estive com vocês, desde o primeiro dia em que cheguei à província da Ásia. Servi ao Senhor com toda a humildade e com lágrimas, sendo severamente provado pelas conspirações dos judeus. Vocês sabem que não deixei de pregar-lhes nada que fosse proveitoso, mas ensinei-lhes tudo publicamente e de casa em casa.
Testifiquei, tanto a judeus como a gregos, que eles precisam converter-se a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus. "Agora, compelido pelo Espírito, estou indo para Jerusalém, sem saber o que me acontecerá ali, senão que, em todas as cidades, o Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimentos me esperam.
Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus.
"Agora sei que nenhum de vocês, entre os quais passei pregando o Reino, verá novamente a minha face. Portanto, eu lhes declaro hoje que estou inocente do sangue de todos. Pois não deixei de proclamar-lhes toda a vontade de Deus. Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue. Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de advertir a cada um de vocês disso, noite e dia, com lágrimas. "Agora, eu os entrego a Deus e à palavra da sua graça, que pode edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são santificados. Não cobicei a prata nem o ouro nem as roupas de ninguém. Vocês mesmos sabem que estas minhas mãos supriram minhas necessidades e as de meus companheiros. Em tudo o que fiz, mostrei-lhes que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber’ ".
Tendo dito isso, ajoelhou-se com todos eles e orou. Todos choraram muito e, abraçando-o, o beijavam. O que mais os entristeceu foi a declaração de que nunca mais veriam a sua face. Então o acompanharam até o navio.

Paulo estava se despedindo do povo daquela cidade e avisou-lhes o que breve começaria a acontecer, E foi o que ocorreu, e está ocorrendo até hoje.

O ensino a respeito da ressurreição deveria ser dado constantemente na igreja, pois é a base da crença de todos que seguem a Yeshua, porque ele prometeu. Repare no que o Rav. Sha'ul (Apóstolo Paulo) fala em sua Primeira Epístola aos Coríntios, no capítulo 15, versos 1 a 11.

Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze.
Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo. Pois sou o menor dos apóstolos e nem sequer mereço ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus.
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em vão; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo. Portanto, quer tenha sido eu, quer tenham sido eles, é isto que pregamos, e é isto que vocês creram.


Vemos nesse texto que Paulo afirma que ensinava sobre a ressurreição aos crentes e que eles criam no ensino.  Porque então isso não é mais ensinado? E como não é mais pregado muitos estão afastados da vontade de Deus, e vivem uma vida meramente religiosa, sem presenciar e experienciar o verdadeiro mover de Adonai em suas vidas. Lendo todo a capítulo 15 de 1Co, podemos comprovar o fator principal desse ensino e o motivo que temos para continuar ensinando sobre esse assunto. Contudo, repare no que os últimos versos nos falam.

Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: "A morte foi destruída pela vitória". "Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão? " O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil.


 Nossa esperança deve estar focada nesse trecho, nessa promessa, de um dia termos nossos corpos transformados e seremos imortais e incorruptíveis, pois seremos ressuscitados. E quando isso acontecer nossas fraquezas acabarão, e a morte será derrotada e seremos vitoriosos verdadeiramente. Nada que algum pregador da atualidade venha te ensinar pode se comparar a essa promessa. Nenhuma vitória que alguém te prometa hoje pode ser maior do que vencer a morte e estar para sempre com Yeshua. 

Sendo assim, viva a verdadeira esperança, que é viver para Adonai, no Mashiach Yeshua, esperando pelo cumprimento da promessa verdadeira, que é o da vida eterna através da ressurreição. 

Pense nisso, reflita nas Escrituras Sagradas e abandone os ensinos humanizados de vitórias materiais e prosperidades e todas essas coisas que falam por aí. 

Restauração Já!

sábado, 20 de julho de 2019

Estudo da Parashá Balák (Balaque)


Estudos da Torá

Parashá nº 40 – Balák (Balaque)
Bamidbar/Números Nm 22:2-25:9,
Haftará (Separação) Mq 5:6-6:8; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 22:1-71


1 - INTRODUÇÃO

A parashá (porção) dessa semana interrompe o relato da caminhada dos filhos Israel no deserto para falar de dois homens que não eram israelitas, mas os seus motivos e atitudes contra o povo de D’us nos servem de instrução. A Torá nos conta a história de Balák(Balaque) e Bilam (Balaão) em sua tentativa de amaldiçoar os filhos de Israel e a relação que tudo isso tem com a vida daqueles que servem a Adonai.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Tendo lido o texto de Bamidbar/Números 22:2-21, encontramos a menção do nome de quatro povos e dois homens, sendo Israel, os Amorreus, os Moabitas e os Midianitas, e também Balák e Bilam.

Com isso, cabe-nos fazer uma pergunta: Quem eram os Amorreus, os Moabitas e os Midianitas?

Os Amorreus eram descendentes de Canaã que era filho de Cam, filho de Noé (Gn 10:1, 6, 15 e 16).

Já os Moabitas são descendentes de Ló por meio da relação incestuosa com sua filha mais velha (Gn 19:36-37).

E o outro povo era os Midianitas, descendente de Midiã que era filho de Avrahan(Abraão) e Quetura (alguns historiadores e rabinos dizem que é a mesma Hagár, também mãe de Ismael – Gn 25:2; 37:28,36), e muitas vezes os nomes são mesclados entre ismaelitas e midianitas.

Balák era filho de Tsipor (Zipor), de descendência midianita.

Bilam era filho de Beor, da cidade de Petor próximo do rio Eufrates, que era próximo de Haran, de onde veio Avrahan, podendo ser descendente de Labão, sogro de Yacov (Jacó).

Entendendo o contexto e o Motivo de Balák

A porção passada termina com a vitória dos exércitos de Israel contra duas grandes nações, Seom rei dos amorreus e Ogue rei de Basã.

Ocorre que Moabe era vizinha dessas grandes nações, e quando os moabitas ouviram sobre a derrota daqueles dois reis decidiram juntar forças com uma outra nação que era seu inimigo de longa data, os midianitas. Seu intuito era unir forças contra um inimigo comum, os filhos de Israel. Com isso levantaram um novo rei, que representasse essa coalizão, seu nome era Tzur, que ao ser consagrado como rei recebeu o nome de Balák, que significa “devastador”. Ele não era de linhagem real, apenas um nobre, um conhecido herói de guerra, além de ser um feiticeiro conhecido entre seu povo.

No lugar de se preparar militarmente contra Israel, ele e seu conselho de anciãos, entendendo que D’us era com o povo de Israel, decidem contratar um outro “feiticeiro ou profeta” muito conhecido pelos povos ao redor e ainda mais poderoso, chamado Bilam (Balaão). Tenha em mente que na época os termos vidente, feiticeiro e profeta tinha uma mesma conotação.

O verdadeiro motivo por trás de tudo era o antissemitismo, ou seja, o desejo de destruir o povo de Israel, mas Balák queria fazer isso primeiro no plano espiritual, pois entendia que se quebrasse a barreira espiritual poderia investir contra o povo. Era comum naquela época e região as pessoas crerem nos poderes de palavras de bençãos e maldições. Quem sabe, aquele rei pensou que se combinasse seus poderes com o de Bilam, poderiam vencer Israel, pois se houvesse uma interferência no mundo espiritual, no mundo físico a sua vitória se manifestaria e não teria como ser derrotados pelos israelitas.

Nesta situação, o que podemos inferir e contextualizar para nossas vidas é que, em muitos momentos o inimigo planeja te destruir por meios espirituais, mas ele sabe que você é guardado pelo Eterno.

A fama de Bilam o precedia

Não foi sem motivos que Balák e os anciãos decidiram chamar Bilam, pois ele era considerado um dos maiores inimigos de Israel. Seu nome significa “destruidor de povos”, e devido à sua reputação deveria ser muito requisitado. Podemos perceber que era verdadeira a informação da fama de Bilam, quando olhamos para o verso 6, pois nos apontada: “...pois sei que, a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.”

A benção e a maldição são opostas. Benção vem do termo hebraico “barak”, que significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo em tido o que fizer.”, vemos isso em Dt 28. Opostamente, o termo “arar” em hebraico é amaldiçoar, e significa “prender por encantamento, cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir.” Dessa forma, podemos entender que uma pessoa que seja abençoada pelo Eterno é difícil que seja amaldiçoada, pois a benção funciona como um escudo de proteção contra as forças do mal. No entanto, uma pessoa pode ser alcançada pela maldição se houver desobediência, porque a benção é consequência da obediência, assim como a maldição o é da desobediência. Ou seja, a benção pode operar em algumas áreas da vida, mas a maldição pode operar em outras áreas onde a Torá não tem sido respeitada.

O Eterno usa o profeta para nos instruir que devemos lembrar o que se passou com Balak e Bilam. Porque esse acontecimento é uma das coisas mais importantes na história do nosso de Israel, como está em Miqueias 6:5:

Povo meu, agora do que consultou Balaque, rei de Moabe, e o que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde Sitim até Gilgal, para que conheças a justiça do Eterno.”

Bilam o Profeta ou Feiticeiro?

No site “emunah a fé dos santos”, na parashá referente a esta em estudo, encontramos o seguinte: O nome hebraico Balãao (Bilam), escreve-se com as letras: bet; lamed; ayin e mem. Como o texto original não tem vogais, é possível ler o seu nome também como “bliam” que significa “sem povo”.” Ele não fazia parte do povo de Israel, poderia ter se unido a eles assim como Jetro, mas não o fez, e vivia como um profeta solitário.

Alguns dizem que o fato de Bilam receber ofertas ou pagamentos pelas profecias foi o motivo de sua queda, mas não podemos considerar o assunto dessa forma. Isso porque era comum na época, que os profetas recebessem ao serem consultados pelas pessoas. Leia o texto de 1Sam 9:6-8:

O servo, contudo, respondeu: "Nesta cidade mora um homem de Deus que é muito respeitado. Tudo o que ele diz acontece. Vamos falar com ele. Talvez ele nos aponte o caminho a seguir". Saul disse a seu servo: "Se formos, o que poderemos lhe dar? A comida de nossas sacos de viagem acabou. Não temos nenhum presente para levar ao homem de Deus. O que temos para oferecer? " O servo lhe respondeu: "Tenho três gramas de prata. Darei isto ao homem de Deus para que ele nos aponte o caminho a seguir."”

Se seguirmos pela análise acima, o profeta Samuel mencionado nesses versos também era mercenário. Contudo, olhando para o texto da porção em estudo, no capítulo 22, não encontramos nada que denigra a imagem dele como profeta, ou que diga que ele é um falso profeta. Até então, estávamos vendo o que Balák queria que ele fizesse, pois sabemos qual era a intenção dele.

Pelo texto bíblico, a respeito de Bilam, inicialmente, podemos inferir que ele era um profeta de Adonai. Podemos entender que ele conhecia o D’us de Avrahan, devido seus pais terem tido contato com Yaácov (Jacó), e portanto possa ter ouvido falar de seu D’us. Podemos entender que o YHWH possa tê-lo dotado com um dom natural para receber e transmitir palavras de profecia. E podemos também considerar, que o Eterno o tenha se revelado a ele, pela forma como Bilam se refere à Adonai, chamando-o pelo tetragrama, o nome de D’us, como lemos no verso 13. Não há motivos para considerar Bilam santo, ou honrado diante de D’us, ou mesmo que sua lealdade ao D’us de Israel era real. Mas precisamos aceitar, de acordo com o texto em estudo, que Bilam foi um gentio “profeta” usado pelo Eterno. Que ouviu diretamente de Adonai, o Senhor do Universo. Ele não foi a favor de Moabe e Midiã, e nem foi contra Israel, ele foi, na verdade, moralmente neutro. O problema é que para o Eterno não existe tal coisa, não existe “em cima do muro”. É ilusão achar que para D’us uma pessoa é neutra, pois ou ela é a favor ou é contra, não há meio termo.

Porém, no decorrer do texto podemos perceber que ele não usa o dom que recebeu para o bem comum, mas para seu benefício próprio, pois a ganância o corrompe. E com isso as Escrituras nos mostram que, o que o fez se tornar falso profeta, foi quando ele ensina a Balák a forma de destruir Israel (Nm 25:1-9; 31:16; 2Pe 2:15; Jd 11 e Ap 2:14), o que ficou conhecido como “Doutrina de Balaão”.

Bilam era um profeta, mas virou mercenário devido o amor que tinha pelas riquezas e pelo reconhecimento, a fama. Vemos Yeshua falando sobre os lobos devoradores em Jo 10.

Os rabinos de Israel afirmam que ele podia ter chegado a ser, para os gentios, o que Moisés era para os Israelitas. Ele poderia ter sido um dos personagens mais influentes no mundo gentio, devido ao dom de profecia que tinha. Mas talvez nos perguntemos, porque D’us dera-lhe o dom da “nevu’ah” - profecia? Ou porque ele tinha acesso ao D’us de Israel? Os sábios judeus afirmam que talvez, o Eterno o tenha permitido se tornar um profeta para que as nações, os gentios, não pudessem dizer que, “se D’us tivesse nos dado um profeta tão grande como Moisés, teríamos também servido a Adonai”. E com isso podemos notar o plano do Senhor através da história e das nações, de trazê-las para perto de Israel, de unir os povos em torno de sua Torá.

No entanto, sua sede de fama, honra e bens o derrubaram levando-o à ruína.

Bilam é citado nos manuscritos do Mar Morto como sendo o “homem que recebe o dom de D’us para orar e ser atendido, mas buscou seus próprios interesses, sendo tomado por Satanás” (4Q175-339).

Apesar de conhecer ao Eterno, ele tinha conceitos distorcidos, achando que poderia levar palavras malditas contra o povo, pois acreditava que D’us estava além de coisas materiais. Dessa mesma forma, muitos hoje em dia estão trilhando esse caminho, ensinando que o Eterno não se envolve em coisas materiais, que não importa o que você come, que dia você guarda, que festas você celebra, que só importa o espiritual. É por essas coisas que entram doutrinas falsas no meio do povo, como lemos em Atos 20:17-38 e 2Pe 2:1-4, doutrina de Balaão, que está aí até hoje para afastar o povo de Deus, de Israel e gerar destruição por meio de iniquidade (do grego anomia – falta de lei, de obediência).

Bilam é mencionado em outros textos nas Escrituras Sagradas, como: Dt 23:5-6; Js 13:22; 24:9-10 e Ne 13:2.

As palavras da terceira profecia de Bilam (Nm 24:5) são mencionadas diariamente nos lares dos judeus e nas sinagogas durante a oração do “Ma Tovu”. Esta é uma oração recitada quando entram da sinagoga, e é derivada da Nm 24:5; Sl 5:8; 26:8; 95:6 e 69:14. Em relação ao primeiro verso recitado na oração, os sábios interpretam as “tendas de Yaakov” como sendo tendas de aprendizado e oração. Em um sentido mais profundo, uma casa atinge o mais alto nível quando se torna um local de estudo da Palavra e oração, tal qual ocorre na sinagoga. Veja abaixo uma parte dessa oração:

Ma tovu ohalecha, Ya’akov, mishkenotecha, Yisrael Va’ani, berov chasdecha avo veitecha. Eshtachaveh el heichal kodshecha b’yiratecha.”

Quão amáveis são as suas tendas, Ó Ya’akov, e os seus tabernáculos, Ó Israel. Quanto a mim, através de sua abundante compaixão entrarei em Tua Casa.

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://shemaysrael.com/parasha-balaq/
- http://www.yeshuachai.org/forums/topic/%D7%91%D7%9C%D7%A7-balak-parasha-numeros-222-a-2509/
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921247/jewish/Os-Moabitas-Escolhem-Balac-como-Lder.htm