Páginas

Boas Vindas

Seja Bem Vindo e Aproveite ao Máximo!
Curta, Divulgue, Compartilhe e se desejar comente.
Que o Eterno o abençoe!!

sábado, 30 de março de 2019

Estudo da Parashá Tsav (ordena)


Estudos da Torá

Parashá nº 25 – Tsav (Ordena!)
Vayicrá/Levítico Lv 6:8-8:36,
Haftará (Separação) Jr 7:21-8:3, 9:23-24, e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 13:1-37

1 - INTRODUÇÃO
                  
               A parashá da semana Vayicrá, que estudamos na última semana, nos mostrou cinco grupos de corbanot (ofertas), que são:
- Olá - Holocausto/ascenção (queimadas) – Lv 1:1-17;
- Minhchá - Manjares (alimento) – Lv 2:1-16;
- Shlamim - Pacífica (paz, comunhão) – Lv 3:1-17;
- Chatat - Pelo Pecado (involuntário) – Lv 4:1-5:13;e
- Asham - Pela Culpa (voluntário) – Lv 5:15-6.7.
                   Na parashá desta semana a Torá aborda o tema das leis pelos sacrifícios pelas diversas modalidades de pecados, e começa pelos cohanim (sacerdotes).

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
              
               Esta porção semanal, Tsav (ordena), inicia com as palavras: “Ordene a Aharon (Arão) e seus filhos” (Vayicrá/Levítico 6:2), pois os mandamentos desta parashá são especificamente endereçados aos cohanim (sacerdotes).
               Dá ordem a Aharon e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto; o holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá nele (Lv 6:9).
               O Eterno fala sobre a ordem que deveria ser dada a Aharon (Arão) e seus filhos. A palavra “ordem” em hebraico é “tsawa” significando “ordenar, incumbir”. Isso nos mostra que essa seria a incumbência deles acerca do holocausto, ou seja, Aharon e seus filhos deveriam ter tal prática diária e deveriam cumpri-la de forma obrigatória. Não era opcional!
               Tsav (ordena) indica a urgência e a importância do assunto sobre o corban (oferta) olá (holocausto). Rashi cita o Midrash (ensino), enfatizando que a palavra “TSAV” denota urgência na ação no presente e no futuro. Qual a razão a mitsvá (mandamento) requer linguagem tão forte para assegurar seu cumprimento pelas futuras gerações, enquanto tal ênfase não é utilizada para a maioria das mitsvot (mandamentos) da Torá?
               Observe mais uma vez o que diz Rashi: “a Torá usa a palavra “tsav” quando uma perda monetária está envolvida no cumprimento da mitsvá. Em nosso caso, é uma obrigação financeira para a nação judaica oferecer o corban (oferta) duas vezes ao dia. Portanto, a Torá usa a palavra “tsav” para cobrar-nos fortemente o cumprimento desta mitsvá, apesar da perda monetária. Mas será o prejuízo financeiro realmente tão grande? Afinal, toda a nação judaica compartilha da obrigação de trazer as oferendas diárias. Não existem outras mitsvot que resultem em uma perda financeira ainda maior?
               Um outro conhecido Rabino chamado Shimon Schwab traz uma análise esclarecedora do relacionamento da nação judaica com os corbanot. Há dois aspectos relativos aos sacrifícios: o primeiro é o animal físico que está sendo oferecido a D’us, enquanto que o segundo é a intenção da pessoa que traz o corban.
               Os dois aspectos não possuem valor igual. Aos olhos de D’us, o aspecto fundamental de um sacrifício é a cavanáh (intenção, o motivo, e a atitude) da pessoa que o oferece; o componente físico é de importância secundária. Através da história tem sido um desafio para o homem combinar adequadamente estes dois aspectos.
               É por esse motivo, ou seja, pela falta desse equilíbrio entre os dois aspectos, que o escritor da epístola aos Hebreus nos diz: “A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar.” (Hb 10.1) Perceba como ele usa os termos “aproximar” junto de “adorar”, pois o corban tinha esse objetivo, como já foi falado. E ele diz também que a Lei traz apenas a sombra dos benefícios, ou seja, se toda a descrição feita no Sefer Vayicrá (Livro de Levítico) é sombra de algo real, que é o sacrifício de Mashiach, então podemos entender que os benefícios viriam nele. E é por isso também que no decorrer do texto desse capítulo de Hebreus poderemos ler que o sacrifício de Yeshua é superior, pois é a realidade daquilo que era apenas sombra. Para cada sacrifício mencionado nessa porção podemos ver o Messias claramente, basta apenas ler nas entrelinhas do texto, repare nas minúcias.
               Note que muito se fala também sobre fogo, pois deveria haver fogo sobre o altar. Os rabinos não concordam relativamente à quantidade de fogos que havia no altar. Falam-se de dois a quatro fogos diferentes. Um deles mantinha-se aceso todo o tempo, como lemos no trecho que se segue, dos versículos 12 e 13. “O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas. O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.
               A Torá enfatiza três vezes a importância de não deixar que o fogo se apague sobre o altar. Um fogo necessita de três ingredientes para poder existir: combustível, oxigénio e calor. Se falta algum destes três, o fogo não arde.
               O fogo que estava no altar do tabernáculo tinha descido desde o céu e aos sacerdotes é incumbida a tarefa de manter vivo esse fogo constantemente. O calor mantinha-se nas chamas, e o oxigênio vinha do ar natural, como tal, só era necessário acrescentar a “lenha”.
               Isto ensina-nos sobre a importância de manter o fogo celestial aceso sobre o altar espiritual que cada um de nós tem no seu interior. Cada manhã há que colocar mais lenha sobre o fogo. Que lenha? A lenha é o produto da vida e a morte de uma árvore. Está escrito que a Torá é uma árvore de vida, cf. Provérbios 3:18.
               Também o Messias compara-se a si mesmo com uma árvore, cf. Lucas 23:31; João 15:1. Logo, o combustível que alimenta o fogo do nosso coração é a Torá e o Messias, e estes dois têm uma mesma função, já que a Torá é a instrução dada pela boca do Eterno, e o Messias é o verbo do Eterno, isto é, o Messias é aquele através do qual o Eterno nos fala.
               A vida e a morte do Messias proporcionaram lenha suficiente para que possamos arder eternamente diante do Eterno. Cada manhã há que colocar mais lenha no nosso coração para arder continuamente diante dEle. A lenha é acrescentada através da oração e do estudo da Palavra que cada crente leva a cabo diariamente.

3 – RESUMO

               A Parashá Tsav começa com D'us continuando a ensinar Moshê muitas das várias leis relativas ao serviço no Mishcan, Santuário. Entretanto, enquanto a Porção da semana passada descreveu os corbanot, sacrifícios, da perspectiva do doador, nesta semana a Torá concentra-se mais diretamente nos Cohanim, fornecendo mais detalhes sobre seu serviço.
Após descrever primeiro a manutenção do fogo que ardia sobre o altar, a Torá discute em detalhes os vários tipos de corbanot que Aharon, seus filhos e as gerações seguintes de Cohanim estariam oferecendo. As oferendas deveriam ser trazidas com as intenções apropriadas, e comidas em um estado de pureza espiritual.
Finalmente, Moshê realiza os prolongados melu'im, serviço de consagração do Mishcan , e Moshê unge e introduz Aharon e seus filhos para o serviço deles no Mishcan, em frente de toda a congregação de Israel.

Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.


sábado, 16 de março de 2019

Estudo da Parashá Vayicrá


Estudos da Torá

Parashá nº 24 – Vayicrá (E chamou)
Vayicrá/Levítico Lv 1:1-6:7,
Haftará (Separação) Is 43:21-44:23, e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 11:1-12:44

1 - INTRODUÇÃO
                  
               O terceiro livro da Torá ou Pentateuco chama-se Vayicrá (E chamou/E Ele chamou), palavra com a qual inicia este livro e esta porção. A versão bíblica “Septuaginta” (versão dos setenta) deu-lhe o nome de Levítico. Porém, esta denominação está em desacordo com o seu conteúdo, pois o livro só trata dos Levitas esporadicamente, dedicando sua maior parte aos “Cohanim” (Sacerdotes) e ao culto em geral. Talvez tenham decidido chamá-lo assim, pelo fato de Aarão e seus filhos, os sacerdotes, pertenciam à tribo de Levi.

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
              
               No final da Parashá da semana passada, lemos que Moshê terminou a obra do Mishkan (tabernáculo), e logo depois a Shekinah (presença) de Adonai encheu o lugar, de forma que Moisés não podia entrar. E a parashá dessa semana começa exatamente onde a anterior termina, ou seja, Moisés não podia entrar por causa da presença de Adonai que lá estava. Porém, agora o Eterno o chama de dentro do Mishkan. Os sábios judeus dizem que D’us honrou a Moshê mais do que a qualquer outro hebreu. Apenas ele foi convidado por D’us a entrar no Mishkan e ouvir suas palavras. E a razão deste proceder é que Moshê sempre se sentiu humilde e pouco importante. Ele não era homem de perseguir honras, mas fugia de honrarias e elogios. Uma pessoa que é modesta e se sente humilde, eventualmente irá receber de D’us a honra que merece, mas aquela que está cheia de orgulho, no final não será honrada. Moshê foi muito honrado por Deus, já que nunca se considerou grandioso ou importante.
               Na porção desta semana iniciaremos o estudo no livro de Vayicrá e conheceremos um pouco sobre os sacrifícios e cada uma de suas funções no culto ao Eterno. A Torá nos diz como e por que cada um daqueles sacrifícios deveriam ser feitos e qual a finalidade deles.
               Repare que anteriormente D’us falava com Moisés no monte Sinai, não permitindo que ninguém se aproximasse, agora porém, fala da tenda da congregação, da nuvem que estava em cima do propiciatório no Santo dos Santos, permitindo que o adorador se aproxime dele por intermédio das ofertas (Korban).

Sobre o termo Vayicrá

               

Na Torá vemos a palavra  וַיִּקְרָא (Vayicrá) e significa “e chamou” no texto propriamente dito, esta palavra está escrita com a última letra o  aaaaaaaaa (Aleph) em tamanho menor que as outras letras. E segundo a hermenêutica judaica quando acontece algo assim, devemos parar e procurar mais informações sobre o texto, pois se o Eterno fez com que o escritor fizesse isso, é porque queria nos ensinar algo que está além do texto, e é preciso sair da mera letra e entrar no segundo nível de interpretação.
               Nesse sentido, os sábios de Israel, que receberam os textos e suas interpretações, e passaram de pai para filho, afirmam o seguinte:

Moshê era muito humilde. E quando D’us lhe disse para escrever “Vayicrá”. Ele respondeu: “Eu devo escrever que o Senhor chamou apenas a mim para o Mishkan? Me parece muito arrogante. Me permita retirar a letra alef do fim da palavra, assim a palavra será “vayiker, que significa que o Senhor me chamou por acaso.” D’us teria ordenado a Moshê: “Não, você deve adicionar a letra Aleph à palavra. No entanto, permitirei que você a escreva menor do que as outras letras.”

               Desta forma, podemos aprender que aquela letra menor nos lembra quão humilde era Moshê.
               Entretanto, há outra linha de entendimento a respeito dessa letra minúscula na palavra Vayicrá. No comentário da Torá, traz a seguinte informação:

Os comentaristas da Torá, que encontraram em cada palavra, às vezes em cada letra, pontos de apoio para os seus ensinamentos éticos, chamam a nossa atenção para a palavra Vayicrá com que começa este livro. Não apenas nos livros impressos, mas também na própria Torá, a última letra da primeira palavra – a letra Aleph (a) – é minúscula (pequena), dando-nos neste contexto duas belíssimas lições: 1) O prazer e a alegria de oferecer algo deve ser ensinado mesmo às crianças pequenas na mais tenra idade. Se ela é favorecida pela sorte e tem muitos livros ou brinquedos, deve aprender a dar aquilo que possui a mais ao seu amigo ou amiga e a um pobre que não tem nada ou muito pouco. 2) Que cada Aleph – e a letra Aleph vale um – cada qual, mesmo com recursos muito limitados, não se pode excluir nem esquivar de contribuir, na medida de suas posses, para objetivos nobres e caritativos...Portanto, podemos concluir que o Aleph diminuto da palavra Vayicrá indica que, para se tornar um servo de Adonai consciente de seus deveres e responsabilidades, para conhecer e para se aprofundar nos eternos valores espirituais, é necessário estudar a Torá desde pequeno, desde a tenra infância.

                   Perceba que, para que alguém possa ser consciente a ponto de ser útil em sua comunidade, a ponto de ajudar a quem precisa, sendo doador e se aproximando das pessoas, deve estudar a Torá em seus detalhes desde muito cedo. Somando as duas tradições, podemos aprender que a humildade e um caráter doador advém da observância da Torá.
                  
Sobre os sacrifícios ao Eterno

                   No verso 2, desse primeiro capítulo, lemos: “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: quando algum de vós oferecer sacrifício ao Eterno...” À partir daqui, a Torá começa a enumerar as leis dos sacrifícios e a missão dos Cohanim (sacerdotes). E faz isso de forma bem explicada, oferta por oferta. No entanto, cabe ressaltar o grande erro que podemos cometer ao confundir os sacrifícios enumerados nesse livro, com os dos povos pagãos da Antiguidade, os quais faziam com os seus sacrifícios descer as suas divindades ao nível das paixões humanas atraindo-as a seu favor, e praticar algumas vezes atos abomináveis; sendo que os sacrifícios mosaicos têm como base a adoração do Eterno, agradecer Suas bondades, pedir perdão por faltas cometidas involuntariamente ou por uma falta voluntária após tê-la reparado. Os sacrifícios dos israelitas tinham que ser acompanhados pela Cavaná (intenção) de voltar ao bom caminho, e geralmente, por uma prece ou oração.
                   O Eterno inicia usando a palavra “fala”. Esta palavra em hebraico é “dabar” e significa “falar, declarar, ordenar, advertir”. Já a palavra “dizer” em hebraico é “amar” e esta palavra significa “ordenar”. Aqui o termo “amar” tem força de uma ordem dada a alguém. O termo “oferecerá” em hebraico é “qarab” e significa “aproximar, chocar-se”. E isso demonstra que devemos nos aproximar juntamente com a oferta do lugar onde será realizado o sacrifício. E sabemos que o lugar onde isso acontece é o altar! Já o termo “oferta” em hebraico é “korban” (sacrifício, imolação, oblação, oferta) e denota aquilo que é trazido para perto. Nessa porção as ofertas são divididas em:
- Olá - Holocausto/ascenção (queimadas) – Lv 1:1-17;
- Minhchá - Manjares (alimento) – Lv 2:1-16;
- Shlamim - Pacífica (paz, comunhão) – Lv 3:1-17;
- Chatat - Pelo Pecado (involuntário) – Lv 4:1-5:13;e
- Asham - Pela Culpa (voluntário) – Lv 5:15-6.7.
                   Leia com cuidado cada uma das referências acima, medite sobre elas e poderá perceber muitas minúcias da vida e obra do Messias Yeshua.
                   A oferta “Olá” e a oferta “minchá” são irmãs, assim como “chatat” e “asham” são irmãos, ou seja, são oferecidos de forma similar, seguindo as mesmas orientações, e se assemelham entre si.
                   As três primeiras são voluntárias, e as outras são obrigatórias. O texto diz que o korban (oferta) deveria ser trazida ao Senhor (Adonai). A palavra “Senhor” no texto hebraico é o tetragrama, iiiiiiiihwhy((YHVH), que é o nome que o Eterno se apresentou a Moshê no Sinai, significando “Eu sou o que sou ou eu me torno o que me torno”. E isso nos mostra que o Eterno se tornaria para os ofertantes aquilo que eles necessitassem, ou seja o perdão de seus pecados, o louvor ou o agradecimento. Podemos aprender disso que, o propósito dos sacrifícios é aproximarmo-nos do Eterno e apresentarmo-nos diante Dele. No entanto, não é possível nos aproximar do eterno sem sacrifícios. O sacrifício é necessário para nos aproximar e permanecer na sua presença, como lemos em Ex 23:15b; 34:20b e Deut 16:16b, que diz: “Ninguém se apresentará diante de mim com as mãos vazias”.

Sobre o Holocausto

                   No verso 3 lemos: Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá [qarab], de sua própria vontade, perante o IHVHO Eterno agora, através da Torá, nos fala sobre o holocausto, que em hebraico é “olá ou olâ” e significa “oferta queimada”. Esta palavra vem da raiz “alâ” e significa “subir, escalar”. O é o único meio de fazer o ofertante “subir” até a presença de D’us. A fumaça da oferta queimada é o símbolo da vida do ofertante que está sobre o altar e é queimada, devorada pelo fogo! “Olah” significa também “oferta total ou oferta inteira”. O ato de queimar é secundário em relação à entrega da criatura toda ao Senhor. O korban olâ ou holocausto é voluntário e pode ser oferecido por qualquer homem ou mulher, israelita ou não.

Sobre Qualidade versos a Quantidade

                   O Rabino Chaim Goldberger, escreveu para o site chabad.org o seguinte:
De todos os sacrifícios introduzidos na Porção desta semana da Torá, o único que não requer o sacrifício de um animal é o corban minchá, uma oferenda de farinha misturada com óleo e incenso trazido como uma alternativa de menor custo que as demais, entre as quais as oferendas de novilho ou ave. Mesmo assim, quando a Torá descreve as pessoas que levam cada uma das várias oferendas ao Templo, a única que é destacada e identificada como sendo uma "nefesh - alma" é a pessoa que traz o simples corban minchá.
O Talmud (Tratado Menachot 104b) desenvolve: "Por que o corban minchá recebe destaque e seu portador é chamado de nefesh, alma? D'us declara: 'Quem geralmente oferece corban minchá? O pobre. Considero seu ato como se ele sacrificasse sua alma por inteiro.' "
Pode-se deduzir que para alguém que está empobrecido, o ato de separar-se de boa farinha, que de outra forma poderia alimentá-lo e aplacar sua fome, é um ato de sacrifício ainda maior que aquele do homem rico doando um animal de alto preço. Para o pobre, a farinha é mais que uma grande parte de suas posses: é sua própria vida. A Torá está nos ensinando que não é o tamanho do presente que determina a importância do sacrifício; pelo contrário, a importância está nas intenções do doador e nas circunstâncias.
Quando Yaacov despachou seus filhos para encontrar o misterioso governante do Egito, enviou com eles um presente. Este tributo era de fato pequeno - "um pouco de bálsamo, cera, lótus, pistache e amêndoas" - mas a importância não estava no tamanho. Estes itens haviam sido cuidadosamente considerados e especialmente selecionados. Eram iguarias não disponíveis no Egito àquela época. Sua mensagem era de cuidadoso esmero e consciencioso interesse. E de forma bem apropriada, Yossef chamou o presente de "um minchá".
De todas as nossas preces diárias, a mais curta é Minchá, o serviço vespertino. Não contém o longo segmento de introdução nem o de encerramento do serviço matinal de Shacharit, nem as preces Shemá e Barchú do serviço noturno de Maariv.
Basicamente, é composto pelo Shemonê Esrê, mesmo assim o serviço vespertino é o único que chamamos de "Minchá". Por quê? Porque, por mais "pobre" como esse serviço possa parecer, é o único que ocorre em meio a nosso dia de trabalho; é o único que nos pede para deixarmos de lado aquilo que estamos fazendo e nos lembremos de que somos apenas súditos de nosso Mestre Todo Poderoso.
Minchá é o único serviço de prece que nos pede para desligar de nossa inclinação mundana e nos retirar para um súbito e total encontro com o Divino. Pode levar apenas quinze minutos, mas é um Minchá. Lembra-nos da motivação necessária para doações de todos os tipos, e que não é o tamanho que importa; o significado e as intenções são igualmente importantes.
                   Que possamos entregar nosso minchá ao Senhor e que cada dia possamos estar diante dele com ações de graça, mas acima de tudo confiando naquele que foi morto como korban pelas nossas vidas, nosso amado Yeshua HaMashiah!

Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/24-_vayikr_e_chamou.pdf
- http://shemaysrael.com/parasha-vayicra/
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822844/jewish/Mensagem-da-Parash.htm



Paralelos entre os Samaritanos e a Igreja


Imagem relacionada

Paralelos entre os Samaritanos e a Igreja

Texto: Jo 4.6-29

Havia ali o poço de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Isto se deu por volta do meio-dia.
Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: "Dê-me um pouco de água". (Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.)
A mulher samaritana lhe perguntou: "Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?" (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.)
Jesus lhe respondeu: "Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva".
Disse a mulher: "O senhor não tem com que tirar a água, e o poço é fundo. Onde pode conseguir essa água viva?
Acaso o senhor é maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, bem como seus filhos e seu gado? "
Jesus respondeu: "Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna".
A mulher lhe disse: "Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água". Ele lhe disse: "Vá, chame o seu marido e volte".
"Não tenho marido", respondeu ela. Disse-lhe Jesus: "Você falou corretamente, dizendo que não tem marido.
O fato é que você já teve cinco; e o homem com quem agora vive não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade". Disse a mulher: "Senhor, vejo que é profeta.
Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar".
Jesus declarou: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.
Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.
No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.
Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade".
Disse a mulher: "Eu sei que o Messias (chamado Cristo) está para vir. Quando ele vier, explicará tudo para nós".
Então Jesus declarou: "Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você".
Naquele momento os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: "Que queres saber? " ou: "Por que estás conversando com ela? "
Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo:
"Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Cristo? "

         Em uma conversa com um irmão chamado Anderson de Carvalho, este também servo do Eterno no messias Yeshua, falávamos sobre essa passagem da mulher samaritana, e sobre os aspectos e paralelos que há com a igreja cristã. Daí a motivação para este pequeno artigo, pois se nos atentarmos bem naquela mulher, poderemos tirar algumas lições importantes a respeito da igreja cristã.

         Quando lemos essa passagem do evangelho segundo escreveu João, temos uma bela oportunidade de aprender mais a respeito de nós mesmos, enquanto gentios pertencentes à comunidade dos que crêem no Messias Yeshua. Bem como perceber os paralelos que existem entre a igreja ou cristianismo atual e aquela mulher samaritana, que se encontrou com Yeshua naquele poço.

         Em primeiro lugar devemos nos localizar historicamente e geograficamente. Aquele poço encontrava-se na região onde habitavam os samaritanos, próximo à cidade de Samaria. Essa era a região ao norte, onde dez das doze tribos de Israel habitavam desde que tomaram posse da terra. A animosidade entre os dois povos, no entanto, já vinha de muito tempo, devido à divisão que houve já desde a época de Jeroboão (IRs 11), que acabou dividindo a nação em duas partes, Israel formada por dez tribos ao norte e Judá com duas tribos ao sul. E mais tarde com a derrota de Israel para Senaqueribe, rei da Assíria, que enviou muitos israelitas para diversas regiões sob seus domínios e permitiu que pessoas de outros povos passassem a habitar ali, gerando uma população mista. Por sua vez, este povo passa a se voltar sempre contra o povo de Judá, em diversos momentos da história os encontramos aliando-se a diversos inimigos de Judá, constatamos a esse respeito nos textos de Flávio Josefo, o historiador judeu. Tudo isso, somente aumentou a rivalidade entre os dois povos até a época de Yeshua. Hoje em dia eles são poucos, sim, eles ainda existem, e devido a rigidez de suas tradições em relação ao casamento com pessoas de outras culturas e religiões estiveram à beira da extinção, a liderança está mudando isso a fim de evitar seu desaparecimento.

         Entretanto, é muito interessante quando estudamos a história, pois verificamos que a igreja dita cristã, desde sua “fundação” no século IV, pelo imperador romano Constantino, está sempre indo contra o povo Judeu, assim como os samaritanos daquela época mais antiga. Podemos notar isso em um artigo do Rabino Messiânico Matheus Zandona Guimarães, entitulado “O terceiro templo”[1], onde em um dos parágrafos menciona que, devido à falsa “teologia da substituição”, muitos líderes cristãos foram contra a criação do estado de Israel, em 1948, pois estavam convencidos que o Israel não poderia mais existir, uma vez que a Igreja agora representa o “Israel espiritual” de Deus. Esse autor ainda menciona em outro parágrafo do mesmo artigo que, “no final do século XIX, enquanto judeus de toda Europa se reuniam sob a liderança de Theodor Herzl para decidirem sobre a criação do Estado de Israel, muitos cristãos entenderam que a criação de um estado judacio seria algo profético e, … Por outro lado, grandes foram as manifestações cristãs contra a criação do Estado de Israel. Muitos pastores evangélicos, padres católicos e outros, se aliaram aos árabes nas campanhas anti-Israel,...”. Apesar de tudo o Eterno cumpriu sua Palavra e Israel tornou-se novamente uma nação. Porém, vimos e veremos mais à frente essa contrariedade contra o povo judeu por parte também do cristianismo. Mas há algo misterioso nas Escrituras, a respeito dos samaritanos. Encontramos nos escritos do Novo Testamento, além dessa mulher, a menção a dois outros samaritanos, o da parábola do bom samaritano e o samaritano leproso que foi curado e voltou para agradecer.

         Com relação à parábola do bom samaritano (Lc 10.29-36), Yeshua quis ilustrar para um doutor da Lei sobre quem é o próximo de alguém. E para isso utilizou-se de algo comum em sua época, uma parábola. Em específico, nessa contada pelo Mestre, o samaritano representava alguém de bom coração e que tinha amor, demonstrando isso ao ajudar um judeu caído à beira do caminho. Aqui, Yeshua apresenta uma característica que, bem poucas pessoas poderiam perceber em um samaritano. Temos também o encontro do Messias com dez leprosos(Lc 17.12-19), que clamaram por cura e a receberam, mas apenas um voltou para agradecer a Yeshua, e este era samaritano. Essas três passagens são muito peculiares, e têm representações importantes para nós, mas vamos nos ater aqui neste texto, àquela mulher que Yeshua encontrou no poço.

         A samaritana falou com Yeshua de forma questionadora, talvez estranhando o fato de um rabino judeu dirigir a palavra a ela, o que não era nem um pouco comum devido à mencionada richa. E isso provavelmente a levou ao questionamento, fazendo com que sua pergunta fosse muito pertinente ao momento, como se ela falasse por todo o povo samaritano. Yeshua percebendo isso leva a conversa também de forma generalizada, falando a respeito do povo judeu e da salvação.

         Tendo essas coisas sem mente, tracemos um paralelo entre os samaritanos e a igreja cristã, sendo assim vejamos:

         1 - O povo samaritano, conforme pontuei no início deste texto era um povo misturado. E atualmente, a igreja cristã também está assim, devido às várias denominações, tradições e seguimentos. Atualmente vemos tantas “inovações” na igreja, que às vezes não temos como discernir se é igreja ou mundo. Há igrejas que no intuito de “evangelizar” fazem cada coisa que pode espantar. Colocam nos templos rings de MMA, fazem bailes e festas diversas, promovem desfiles de moda e muito mais. Está uma mistura generalizada;

         2 - Samaritanos tinham e ainda tem sua própria Toráh, e a forma de interpretá-la. A igreja cristã têm a Escritura, e diversas formas de interpretá-la. Hoje há Bíblias para todos os gostos, de todos os formatos e tamanhos. Até aí nenhum problema, a coisa estreita mesmo é com as diversas interpretações. Há ainda Bíblias de “Vitória Financeira”, Bíblia “Inclusiva”, onde ensinam sobre a inclusão dos homossexuais no meio cristão sem precisar se arrepender de seus pecados e onde os textos referentes relações sexuais ilícitas foram deturpados, e muitas outras;

         3 - Os samaritanos eram independentes de Israel e do povo judeu, e a igreja cristã é independente de Israel e do povo judeu. Muitos cristãos, se não a maioria está totalmente distantes de Israel. Ensinam que a Aliança de Deus agora é com a Igreja e por isso o povo judeu não significa mais nada. Ensinam que a igreja é o Israel agora. Essa linha de pensamento e interpretação vem da “Teologia da Substituição”, que ensina a substituição de Israel pela Igreja por Deus, devido à rejeição deles ao messias;

         4 - Eles se consideravam melhores do que os judeus, e a igreja nutre um sentimento triunfalista em relação aos judeus. Por causa de doutrinas dispensacionalistas e substitucionalistas o cristianismo se vê acima de Israel;

         5 - Aquele povo pensava que serviam a D`us da forma correta, e a igreja pensa que é a detentora da Verdade. Por interpretarem as Escrituras distantes do contexto judaico, a igreja vê a Bíblia de forma diferente e por isso, anula tudo que diz respeito a Israel e sua forma de adoração. E isso leva a um entendimento diferenciado, fazendo-os pensar que sua forma de adoração é a correta;

         6 - Os samaritanos negligenciavam a origem de sua fé, que vinha de Israel e o povo judeu; da mesma forma a igreja negligencia a origem da sua fé, que vem de Israel e o povo judeu. Com isso negligenciam também a origem judaica do messias, dos profetas e dos apóstolos, consequentemente aos escritos deles (Rm 9.4,5);

         7 - Eles não tinham comunhão com os judeus, assim como a igreja não tem comunhão com os judeus. Quase não vemos judeus e cristãos juntos, mesmo em se tratando de judeus messiânicos, e isso é devido aos dogmas cristãos que atrapalham o relacionamento entre ambos;

         8 - Os samaritanos adoravam a quem não conheciam, e a igreja cristã adora a quem não conhece. Isso parece estranho, mas devido aos fatos já mencionados, os cristãos acabam por adorar a um Deus que eles não conhecem. Se o cristianismo conhecesse mesmo a quem adoram não distorceriam tanto a interpretação das Escrituras, colocando seus dogmas e pensamentos totalmente diferentes do que se pode encontrar nas Escrituras. As interpretações seriam de acordo com o pensamento judaico que é o contexto correto; e

         9 - Eles pensavam que a salvação pudesse vir deles, a igreja também  pensa que a salvação vem dela mesma. Ou seja, a igreja entende que somente se tornando cristão alguém pode ser salvo, mas a Escritura afirma que encontram salvação aqueles que confiam no messias e obedecem a sua palavra. Não basta somente pertencer à religião, é preciso viver o que o mestre ensinou.

         Dessa forma, concluindo esse texto, convido você a rever sua forma de pensar sua crença em Yeshua(Jesus). Convido a você a observar com atenção a conversa de Yeshua com aquela mulher de Samaria, e o que ele quis que ela entendesse. Que possamos viver a salvação que vem dos judeus através do Messias Yeshua, o filho de Deus. Que nós deixemos de lado os dogmas e tradições criados ao longo dos séculos pela igreja, nos afastando da verdadeira forma de agradar a Deus. Que possamos contextualizar a Bíblia do jeito correto, ou seja, como um livro judaico, escrita para judeus e seguidores do Messias, para que venhamos ter o entendimento correto acerca do que é o Reino de Deus. Restauremos as raízes da fé no Eterno e no Messias Yeshua, a mesma fé que os apóstolos e discípulos seguiam no princípio da comunidade dos seguidores de Yeshua.

         Restauração já



[1]http://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-estudos/o-terceiro-templo/