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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Estudo da Parashá Bo (Vai) - O conceito original de Torá

 


Estudos da Torá


Parashá nº 15 – Bo (Vai)

Shemôt/Êxodo Ex. 10:1 – 13:16

Haftará (Separação) Jr 46:13-28 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 2:22-24; Jo 19:31-37


Tema: O conceito original de Torá


RELEMBRANDO


Na semana passada em nosso estudo observamos dentro do contexto da parashá, que Moshê era como D’us para Aharon e este como mensageiro para Faraó, e compreendemos através do estudo, que nem por isso, ninguém considerou Moshê divino. Assim, pudemos desmascarar o conceito errôneo da divindade de Yeshua, e vimos que ele não era realmente divino e nem recebia adoração.

A PARASHÁ DA SEMANA


Vamos iniciar com um ótimo resumo que encontrei no site da Sinagoga Ahavat Shalom, que tirou do site Chabad.

D’us fala para Moshê e Aharon irem até o faraó para que este liberte o povo judeu da escravidão, e se assim não o fizer, D’us castigará o Egito enviando a 8a. praga, a de gafanhotos, que cobrirá toda a terra e acabará com todo alimento e plantações que restaram, após a praga de granizo.

Ao saber que Moshê pretendia levar todo o povo judeu, homens, mulheres, crianças e todo o seu gado, o faraó não permitiu que todos partissem, mas apenas os homens. O faraó volta as costas para Moshê e Aharon, e então, D’us manda os gafanhotos, dando início a destruição. A praga só é interrompida quando o faraó novamente implora a Moshê que reze a D’us para que interrompa a praga. Mas logo em seguida, assim que desapareceram os gafanhotos, endureceu novamente seu coração não deixando os judeus partirem. D’us então envia a 9a. praga: a escuridão completa. As trevas só afetavam os egípcios que permaneciam no mesmo lugar, sentados ou em pé, sem poder se mover por três dias, e somente para os hebreus havia luz. O faraó apela novamente para Moshê, mas permite que partam desde que deixem seu gado para trás. Moshê não concorda, pois o gado servirá de oferta de sacrifícios para D’us. O faraó então não os deixa partir.

D’us envia a última praga ao Egito: morte aos primogênitos. D’us instruiu Moshê e Aharon sobre o mês de Nissan que será para o povo judeu o primeiro dos meses do ano e todos os detalhes envolvendo o Cordeiro Pascal, que seriam preparados para a refeição que precede o Êxodo. O sangue dos cordeiros foi colocado como sinal nas casas dos judeus para que D’us “saltasse” sobre suas casas, ferindo somente os egípcios.

D’us estabelece a comemoração de Pêssach e a proibição de ingerirmos alimentos fermentados. Também nos instrui, através de Moshê e Aharon, sobre a obrigação de todos os anos, nesta data, relatarmos o Êxodo do Egito e os milagres com que Ele nos libertou da escravidão a nossos filhos, em todas as gerações. A parashá termina estabelecendo a mitsvá de Pidyon Haben (Resgate do Primogênito) e do tefilin.

Estudo do Texto da Parashá


No verso 49 do capítulo 12 da parashá encontramos o Eterno falando a Moshê que a Torá é a mesma para os filhos de Yisrael e para o estrangeiro que vive em seu meio. Veja o texto:


A Torá será a mesma para o natural e para o estrangeiro que peregrina entre vós.” Shemot/Ex 12:49


Em nossos estudos falamos muito sobre Torá! Falamos que devemos cumprir a Torá, que sem ela estamos longe do Eterno. Mas você entende o que é Torá? Você sabe o que é o conceito original de dentro do TaNaK acerca da Torá?

A Torá Sagrada é muito conhecida como Lei do Eterno. Há várias religiões que utilizam o TaNaK, que é a Bíblia Hebraica, também conhecida como Antigo Testamento, que contém a Torá, os Profetas e os demais Escritos. E algumas dessas religiões afirmam que a “lei” foi abolida, outras dizem que a “lei” não foi abolida. Os Judeus, por sua vez, seguem até hoje esta “lei”. Afinal, se esta “lei” era pra ter um fim, por que eles ainda a seguem? Por que não deixar logo pra trás este fardo pesado, como muitos dizem, já que a “lei” acabou? A fim de responder a todos esses questionamentos devemos entender o conceito original referente à “Lei”, e veremos qual é o entendimento das Escrituras Sagradas e do povo do Eterno acerca da Torá.


Conceito

A Torah ou Torá, תּוֹרָה, é uma palavra hebraica que traduzida literalmente significa "instrução", “direção”, “ensino”, “doutrina” e “lei”. A Torá são as instruções do Eterno para uma vida separada, ou seja, uma vida de santidade. Ela traz recomendações para a saúde física e espiritual, e entenda espiritual como uma vida de obediência no reino, não uma vida incorpórea. Atualmente, já temos a Torá impressa em formas de livros, porém até hoje se mantém a tradição de se escrever em rolos que contém os 5 livros de Moshê, também conhecido nos sistemas cristãos como Pentateuco. Por ter sido compilado por Moshê, acabou sendo conhecido como a “Lei de Moshê”, entretanto, seu significado verdadeiro está bem claro nas traduções literais desta palavra, conforme já dissemos acima "instrução", “direção”, “ensino”, “doutrina” e “lei”.

A própria Torá nos diz, que o Eterno entregou a Torá a Moshê palavra por palavra. E Moshê como servo fiel do Eterno, escreveu-a conforme a determinação de HaShem. Moshê fez treze cópias dos rolos da Torá, um para cada uma das doze tribos de Yisrael, e uma para ficar dentro da Arca da Aliança, que posteriormente foi guardada no Kadosh Kadoshim (Santo dos Santos) no Tabernáculo, e mais tarde no Templo. Este décimo terceiro rolo da Torá era o padrão pelo qual todos os outros posteriores eram julgados. E ocasionalmente, era retirado da Arca justamente para efetuarem a conferência dos outros rolos da Torá, com o propósito de não admitir modificações, de acordo com o que lemos em Dt 12:32:


Apliquem-se a fazer tudo o que eu lhes ordeno; não lhe acrescentem nem lhe tirem coisa alguma. Deuteronômio 12:32


Por isso, muito mais do que a Lei de Moshê, ela é a Lei do Eterno, uma vez que Moshê apenas recebeu-as do próprio Eterno para as passar ao povo, sendo apenas o intermediário da mensagem. Assim, a Torá é a instrução do Eterno para todo ser humano, que deseja servi-lo, é como se fosse o manual de instruções do homem, o código de conduta para todo aquele que deseja servir ao Criador de todo o universo.

Segundo o site Emunah a fé dos santos, e de acordo com o que podemos constatar pessoalmente ao ler, toda a Bíblia está baseada na Torá, e isso inclui também os Escritos Nazarenos conhecido como Novo Testamento.

Diversas interpretações errôneas têm sido feita acerca da Torá ou Lei do Eterno D’us de Yisrael, por ignorarem o real contexto das Escrituras, e considero importante saber que a Bíblia é uma literatura judaica, escrita por judeus, para judeus, em ambientes judaicos e dentro da cultura israelita. Dessa forma, é impossível interpretar corretamente a Bíblia se não observarmos estes detalhes.

Segundo o estudo “A visão judaica sobre a Torá Lei do Eterno D’us de Yisrael” que está na Biblioteca da Kahal Teshuvah Brasil no Telegram, a igreja romana, tentando cegar o entendimento dos seus seguidores, criou o "contexto ocidental greco romano" para se interpretar as Escrituras, o que é totalmente contrário ao contexto hebraico israelita na qual a Bíblia está inserida. Sendo assim, devemos entender que a visão correta para interpretar as Escrituras deve ser a mesma pelo qual interpretavam os patriarcas, os profetas e os apóstolos, porque é o real contexto das Escrituras.


A Torá é Eterna

A maioria das pessoas que se dizem cristãs acreditam que a Torá do Eterno só veio a existência após sua proclamação no monte Sinai. Isso ocorre por interpretarem as Escrituras usando o contexto romano, os versos abaixo mostram a Eternidade da Lei de D’us:


"Tenho visto que toda perfeição tem o seu limite, mas os Teus Mandamentos são ETERNOS" Salmos 119:96


"Seca-se a erva e cai a sua flor, mas a Palavra de nosso D'us permanece ETERNAMENTE" Isaías 40:8


Vemos como aquele entendimento é enganoso, pois no Sinai ela apenas foi passada para os filhos de Yisrael como uma relembrança do que os antigos patriarcas já conheciam, e para que Moshê as escrevesse em parte, já que a Torá é composta de instruções orais e escritas.

O El Midrash Dice Bereshit em espanhol, afirma que antes de criar o universo, HaShem concebeu sete conceitos fundamentais para o funcionamento do mundo, a primeira das sete, é a Torá, e a sétima é o nome do Mashiach. Por isso encontramos o nome de Yeshua codificado em toda a Torá, cujo conceito já havia sido criado pelo Eterno. Esse Midrash ainda diz que como anteprojeto do Eterno, a Torá foi o primeiro dos sete conceitos fundamentais, como dissemos acima, ela precedeu a criação do mundo em dois mil anos. E isso, porque a Torá seria como um projeto arquitetônico do mundo.

Conforme já dissemos, todos os patriarcas já conheciam a Torá, seu conhecimento era passado de geração a geração, por isso era conhecida como Torá Oral, temos um exemplo do grande patriarca Avraham obedecendo a Torá na íntegra. Há muitas pessoas que insistem em afirmar que a Torá é dividida em leis morais e leis cerimoniais. Aí, nos perguntamos: Existe realmente esta nomenclatura de "lei moral e lei cerimonial"? A Bíblia declara que não, pois segundo a própria Torá, ela é uma só, e é composta por Mandamentos/Mits'vot, Preceitos/Mishmêret e Estatutos/Chuquim, esta composição se encontra na Bíblia, mais precisamente na Torá escrita, portanto podemos analisá-la no texto em que aparecem, inicialmente no original em hebraico, transliteração e depois na tradução de Gênesis 26:5


עקב אשׂר שׂמע אברהם בקלי וישׂמר משׂמרתי מצותי חקותי ותורתי


"Ekev asher-shema Avraham bekoli vayishmor Mishmêret Mits'vothay Rouqithay ve'Torathây"


"Porque Abraão obedeceu a minha Palavra e guardou os meus Mandamentos(Mits'vot), os meus Preceitos(Mish'mêret), os meus Estatutos(Chuquim) e toda a minha Lei/Torah"


Como observamos, toda a Torá antes de sua proclamação no monte Sinai, era composta por três partes essenciais, e nada se fala em "lei moral ou cerimonial", porém, quando ela foi proclamada no Sinai, o Eterno lhe faz um esclarecimento revelando minúcias das Ordenanças sacrificiais, que passou a regular a vida dos israelitas concernente as suas transgressões.

O Eterno agora tinha um povo e uma congregação, por isso estabeleceu as instruções que regeriam as obrigações quanto ao perdão de pecados. As Ordenanças eram constituídas de holocaustos, ofertas de manjares, oblações e ritos ritualísticos que envolviam a participação de um sacerdócio ou mediador entre o pecador e D’us, todas as Ordenanças encontram-se relatados no livro de Vayikrá/Levítico, mais precisamente do capítulo um ao nove.

De acordo com o mencionado estudo da biblioteca da Kahal, todo o ritual das Ordenanças apontavam para um único sacrifício pelos pecados que foi o sacrifício de Yeshua no madeiro, por isso que estas eram ordenanças provisórias, pois se cumpririam cabalmente em Yeshua. No entanto, isso não significa de forma alguma os demais estatutos e mandamentos foram abolidos e por isso não devam mais serem cumpridos.

Assim, até aqui, compreendemos que a Torá aponta para Yeshua, e ele veio para dar cumprimento e ensiná-la, tornando-a plena. Existem diversas interpretações (midrashim) e tradições que foram sendo passadas oralmente entre os judeus, que mais tarde, algumas partes foram compiladas numa obra do judaísmo chamado de Talmud, que na maior parte das vezes para os judeus, acaba tendo mais relevância do que a própria palavra escrita, a Torá.  A tradição judaica defende que a palavra de três rabinos vale mais do que a palavra escrita. Entretanto, para nós essas doutrinas, e tradições humanas que contrariam a Torá, seja ela escrita ou oral, são rejeitadas, conforme lemos em Deut. 4:2:


Nada acrescentem às palavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas obedeçam aos mandamentos do Eterno, o D’us de vocês, que eu lhes ordeno.” Deuteronômio 4:2


Pelo que está escrito, rejeitamos as tradições que vão além do que o Eterno mandou. Respeitamos o judaísmo rabínico e as suas tradições, mas reconhecemos que muitas das tradições humanas acabam por anular a Torá que foi dada sob a instrução do Eterno, conforme vemos Yeshua falando aos fariseus e mestres da Lei em Mat. 15:3-6, veja:


Respondeu Yeshua: "E por que vocês transgridem o mandamento de D’us por causa da tradição de vocês? Pois D’us disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’ e ‘quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado’. Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: ‘Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é uma oferta dedicada a D’us’, ele não é obrigado a ‘honrar seu pai’ dessa forma. Assim vocês anulam a palavra de D’us por causa da tradição de vocês.” Mateus 15:3-6


Por isso, ainda que muitas dessas tradições tenham o propósito de proteger o mandamento, devemos rejeitar.

A Torá foi dada para o povo de Yisrael por estatuto perpétuo. As pessoas de outras nações que se convertem a D’us através do testemunho de Yeshua, passam a fazer parte de Yisrael e tornam-se herdeiros junto com eles, de acordo com a promessa, conforme Rav Sa’ul escreveu aos Gálatas 3:29.


A Torá é um fardo?

Muitas pessoas que estão presas aos sistemas cristãos afirmam que a Torá é um fardo pesado, e dizem isso por interpretarem errado textos isolados. Este tipo de comentário não faz sentido, se observado pela ótica do que o Eterno fala em Devarim, veja:


Pois esta mitzvah que hoje entrego a vocês não é muito difícil, não está fora do seu alcance...Ao contrário, a palavra está bem perto de vocês – em sua boca e em seu coração; portanto, vocês podem praticá-la. Dt 30:11 e 14.


É dito que não é um peso, não é difícil. Assim, devemos nos ater a qual o propósito da Torá.


Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Yisrael.” Shemot/Êxodo 19.5-6


Podemos observar neste texto que a Torá é o meio que viabiliza a aliança entre o Eterno e o povo escolhido, e ao aceitar a aliança, o povo torna-se um reino sacerdotal, além de um reino sacerdotal seria um povo santo, um exemplo a todos os povos.

A Torá também como um contrato de casamento que é firmado no relacionamento com HaShem. Porém, para termos um relacionamento com D’us, devemos nos santificar, a fim de que ele possa estar em nosso meio. Da mesma forma que em um casamento cada parte tem uma responsabilidade, com a aliança junto ao Eterno não é diferente.

Por isso, podemos entender que a Torá de forma alguma é uma carga, peso ou fardo. Ela é uma luz para nossos caminhos, pois nos orienta como seguir para vivermos conforme a vontade do nosso criador.

Quando pegamos os textos de Salmos 119, por exemplo, podemos ver como era o pensamento do autor a respeito da Torá, e percebemos que de forma alguma era considerado um peso, mas sim, uma benção.

Possamos então, seguir em frente em nossa teshuvah, obedecendo a Torá do Eterno, a exemplo do nosso messias Yeshua.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português, Abraham Hartzamri e Shoshana More-Hartzamri, Editora Sêfer