Páginas

Boas Vindas

Seja Bem Vindo e Aproveite ao Máximo!
Curta, Divulgue, Compartilhe e se desejar comente.
Que o Eterno o abençoe!!

sábado, 16 de março de 2019

Estudo da Parashá Vayicrá


Estudos da Torá

Parashá nº 24 – Vayicrá (E chamou)
Vayicrá/Levítico Lv 1:1-6:7,
Haftará (Separação) Is 43:21-44:23, e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 11:1-12:44

1 - INTRODUÇÃO
                  
               O terceiro livro da Torá ou Pentateuco chama-se Vayicrá (E chamou/E Ele chamou), palavra com a qual inicia este livro e esta porção. A versão bíblica “Septuaginta” (versão dos setenta) deu-lhe o nome de Levítico. Porém, esta denominação está em desacordo com o seu conteúdo, pois o livro só trata dos Levitas esporadicamente, dedicando sua maior parte aos “Cohanim” (Sacerdotes) e ao culto em geral. Talvez tenham decidido chamá-lo assim, pelo fato de Aarão e seus filhos, os sacerdotes, pertenciam à tribo de Levi.

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
              
               No final da Parashá da semana passada, lemos que Moshê terminou a obra do Mishkan (tabernáculo), e logo depois a Shekinah (presença) de Adonai encheu o lugar, de forma que Moisés não podia entrar. E a parashá dessa semana começa exatamente onde a anterior termina, ou seja, Moisés não podia entrar por causa da presença de Adonai que lá estava. Porém, agora o Eterno o chama de dentro do Mishkan. Os sábios judeus dizem que D’us honrou a Moshê mais do que a qualquer outro hebreu. Apenas ele foi convidado por D’us a entrar no Mishkan e ouvir suas palavras. E a razão deste proceder é que Moshê sempre se sentiu humilde e pouco importante. Ele não era homem de perseguir honras, mas fugia de honrarias e elogios. Uma pessoa que é modesta e se sente humilde, eventualmente irá receber de D’us a honra que merece, mas aquela que está cheia de orgulho, no final não será honrada. Moshê foi muito honrado por Deus, já que nunca se considerou grandioso ou importante.
               Na porção desta semana iniciaremos o estudo no livro de Vayicrá e conheceremos um pouco sobre os sacrifícios e cada uma de suas funções no culto ao Eterno. A Torá nos diz como e por que cada um daqueles sacrifícios deveriam ser feitos e qual a finalidade deles.
               Repare que anteriormente D’us falava com Moisés no monte Sinai, não permitindo que ninguém se aproximasse, agora porém, fala da tenda da congregação, da nuvem que estava em cima do propiciatório no Santo dos Santos, permitindo que o adorador se aproxime dele por intermédio das ofertas (Korban).

Sobre o termo Vayicrá

               

Na Torá vemos a palavra  וַיִּקְרָא (Vayicrá) e significa “e chamou” no texto propriamente dito, esta palavra está escrita com a última letra o  aaaaaaaaa (Aleph) em tamanho menor que as outras letras. E segundo a hermenêutica judaica quando acontece algo assim, devemos parar e procurar mais informações sobre o texto, pois se o Eterno fez com que o escritor fizesse isso, é porque queria nos ensinar algo que está além do texto, e é preciso sair da mera letra e entrar no segundo nível de interpretação.
               Nesse sentido, os sábios de Israel, que receberam os textos e suas interpretações, e passaram de pai para filho, afirmam o seguinte:

Moshê era muito humilde. E quando D’us lhe disse para escrever “Vayicrá”. Ele respondeu: “Eu devo escrever que o Senhor chamou apenas a mim para o Mishkan? Me parece muito arrogante. Me permita retirar a letra alef do fim da palavra, assim a palavra será “vayiker, que significa que o Senhor me chamou por acaso.” D’us teria ordenado a Moshê: “Não, você deve adicionar a letra Aleph à palavra. No entanto, permitirei que você a escreva menor do que as outras letras.”

               Desta forma, podemos aprender que aquela letra menor nos lembra quão humilde era Moshê.
               Entretanto, há outra linha de entendimento a respeito dessa letra minúscula na palavra Vayicrá. No comentário da Torá, traz a seguinte informação:

Os comentaristas da Torá, que encontraram em cada palavra, às vezes em cada letra, pontos de apoio para os seus ensinamentos éticos, chamam a nossa atenção para a palavra Vayicrá com que começa este livro. Não apenas nos livros impressos, mas também na própria Torá, a última letra da primeira palavra – a letra Aleph (a) – é minúscula (pequena), dando-nos neste contexto duas belíssimas lições: 1) O prazer e a alegria de oferecer algo deve ser ensinado mesmo às crianças pequenas na mais tenra idade. Se ela é favorecida pela sorte e tem muitos livros ou brinquedos, deve aprender a dar aquilo que possui a mais ao seu amigo ou amiga e a um pobre que não tem nada ou muito pouco. 2) Que cada Aleph – e a letra Aleph vale um – cada qual, mesmo com recursos muito limitados, não se pode excluir nem esquivar de contribuir, na medida de suas posses, para objetivos nobres e caritativos...Portanto, podemos concluir que o Aleph diminuto da palavra Vayicrá indica que, para se tornar um servo de Adonai consciente de seus deveres e responsabilidades, para conhecer e para se aprofundar nos eternos valores espirituais, é necessário estudar a Torá desde pequeno, desde a tenra infância.

                   Perceba que, para que alguém possa ser consciente a ponto de ser útil em sua comunidade, a ponto de ajudar a quem precisa, sendo doador e se aproximando das pessoas, deve estudar a Torá em seus detalhes desde muito cedo. Somando as duas tradições, podemos aprender que a humildade e um caráter doador advém da observância da Torá.
                  
Sobre os sacrifícios ao Eterno

                   No verso 2, desse primeiro capítulo, lemos: “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: quando algum de vós oferecer sacrifício ao Eterno...” À partir daqui, a Torá começa a enumerar as leis dos sacrifícios e a missão dos Cohanim (sacerdotes). E faz isso de forma bem explicada, oferta por oferta. No entanto, cabe ressaltar o grande erro que podemos cometer ao confundir os sacrifícios enumerados nesse livro, com os dos povos pagãos da Antiguidade, os quais faziam com os seus sacrifícios descer as suas divindades ao nível das paixões humanas atraindo-as a seu favor, e praticar algumas vezes atos abomináveis; sendo que os sacrifícios mosaicos têm como base a adoração do Eterno, agradecer Suas bondades, pedir perdão por faltas cometidas involuntariamente ou por uma falta voluntária após tê-la reparado. Os sacrifícios dos israelitas tinham que ser acompanhados pela Cavaná (intenção) de voltar ao bom caminho, e geralmente, por uma prece ou oração.
                   O Eterno inicia usando a palavra “fala”. Esta palavra em hebraico é “dabar” e significa “falar, declarar, ordenar, advertir”. Já a palavra “dizer” em hebraico é “amar” e esta palavra significa “ordenar”. Aqui o termo “amar” tem força de uma ordem dada a alguém. O termo “oferecerá” em hebraico é “qarab” e significa “aproximar, chocar-se”. E isso demonstra que devemos nos aproximar juntamente com a oferta do lugar onde será realizado o sacrifício. E sabemos que o lugar onde isso acontece é o altar! Já o termo “oferta” em hebraico é “korban” (sacrifício, imolação, oblação, oferta) e denota aquilo que é trazido para perto. Nessa porção as ofertas são divididas em:
- Olá - Holocausto/ascenção (queimadas) – Lv 1:1-17;
- Minhchá - Manjares (alimento) – Lv 2:1-16;
- Shlamim - Pacífica (paz, comunhão) – Lv 3:1-17;
- Chatat - Pelo Pecado (involuntário) – Lv 4:1-5:13;e
- Asham - Pela Culpa (voluntário) – Lv 5:15-6.7.
                   Leia com cuidado cada uma das referências acima, medite sobre elas e poderá perceber muitas minúcias da vida e obra do Messias Yeshua.
                   A oferta “Olá” e a oferta “minchá” são irmãs, assim como “chatat” e “asham” são irmãos, ou seja, são oferecidos de forma similar, seguindo as mesmas orientações, e se assemelham entre si.
                   As três primeiras são voluntárias, e as outras são obrigatórias. O texto diz que o korban (oferta) deveria ser trazida ao Senhor (Adonai). A palavra “Senhor” no texto hebraico é o tetragrama, iiiiiiiihwhy((YHVH), que é o nome que o Eterno se apresentou a Moshê no Sinai, significando “Eu sou o que sou ou eu me torno o que me torno”. E isso nos mostra que o Eterno se tornaria para os ofertantes aquilo que eles necessitassem, ou seja o perdão de seus pecados, o louvor ou o agradecimento. Podemos aprender disso que, o propósito dos sacrifícios é aproximarmo-nos do Eterno e apresentarmo-nos diante Dele. No entanto, não é possível nos aproximar do eterno sem sacrifícios. O sacrifício é necessário para nos aproximar e permanecer na sua presença, como lemos em Ex 23:15b; 34:20b e Deut 16:16b, que diz: “Ninguém se apresentará diante de mim com as mãos vazias”.

Sobre o Holocausto

                   No verso 3 lemos: Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá [qarab], de sua própria vontade, perante o IHVHO Eterno agora, através da Torá, nos fala sobre o holocausto, que em hebraico é “olá ou olâ” e significa “oferta queimada”. Esta palavra vem da raiz “alâ” e significa “subir, escalar”. O é o único meio de fazer o ofertante “subir” até a presença de D’us. A fumaça da oferta queimada é o símbolo da vida do ofertante que está sobre o altar e é queimada, devorada pelo fogo! “Olah” significa também “oferta total ou oferta inteira”. O ato de queimar é secundário em relação à entrega da criatura toda ao Senhor. O korban olâ ou holocausto é voluntário e pode ser oferecido por qualquer homem ou mulher, israelita ou não.

Sobre Qualidade versos a Quantidade

                   O Rabino Chaim Goldberger, escreveu para o site chabad.org o seguinte:
De todos os sacrifícios introduzidos na Porção desta semana da Torá, o único que não requer o sacrifício de um animal é o corban minchá, uma oferenda de farinha misturada com óleo e incenso trazido como uma alternativa de menor custo que as demais, entre as quais as oferendas de novilho ou ave. Mesmo assim, quando a Torá descreve as pessoas que levam cada uma das várias oferendas ao Templo, a única que é destacada e identificada como sendo uma "nefesh - alma" é a pessoa que traz o simples corban minchá.
O Talmud (Tratado Menachot 104b) desenvolve: "Por que o corban minchá recebe destaque e seu portador é chamado de nefesh, alma? D'us declara: 'Quem geralmente oferece corban minchá? O pobre. Considero seu ato como se ele sacrificasse sua alma por inteiro.' "
Pode-se deduzir que para alguém que está empobrecido, o ato de separar-se de boa farinha, que de outra forma poderia alimentá-lo e aplacar sua fome, é um ato de sacrifício ainda maior que aquele do homem rico doando um animal de alto preço. Para o pobre, a farinha é mais que uma grande parte de suas posses: é sua própria vida. A Torá está nos ensinando que não é o tamanho do presente que determina a importância do sacrifício; pelo contrário, a importância está nas intenções do doador e nas circunstâncias.
Quando Yaacov despachou seus filhos para encontrar o misterioso governante do Egito, enviou com eles um presente. Este tributo era de fato pequeno - "um pouco de bálsamo, cera, lótus, pistache e amêndoas" - mas a importância não estava no tamanho. Estes itens haviam sido cuidadosamente considerados e especialmente selecionados. Eram iguarias não disponíveis no Egito àquela época. Sua mensagem era de cuidadoso esmero e consciencioso interesse. E de forma bem apropriada, Yossef chamou o presente de "um minchá".
De todas as nossas preces diárias, a mais curta é Minchá, o serviço vespertino. Não contém o longo segmento de introdução nem o de encerramento do serviço matinal de Shacharit, nem as preces Shemá e Barchú do serviço noturno de Maariv.
Basicamente, é composto pelo Shemonê Esrê, mesmo assim o serviço vespertino é o único que chamamos de "Minchá". Por quê? Porque, por mais "pobre" como esse serviço possa parecer, é o único que ocorre em meio a nosso dia de trabalho; é o único que nos pede para deixarmos de lado aquilo que estamos fazendo e nos lembremos de que somos apenas súditos de nosso Mestre Todo Poderoso.
Minchá é o único serviço de prece que nos pede para desligar de nossa inclinação mundana e nos retirar para um súbito e total encontro com o Divino. Pode levar apenas quinze minutos, mas é um Minchá. Lembra-nos da motivação necessária para doações de todos os tipos, e que não é o tamanho que importa; o significado e as intenções são igualmente importantes.
                   Que possamos entregar nosso minchá ao Senhor e que cada dia possamos estar diante dele com ações de graça, mas acima de tudo confiando naquele que foi morto como korban pelas nossas vidas, nosso amado Yeshua HaMashiah!

Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/24-_vayikr_e_chamou.pdf
- http://shemaysrael.com/parasha-vayicra/
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822844/jewish/Mensagem-da-Parash.htm



Nenhum comentário:

Postar um comentário