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sábado, 2 de novembro de 2019

Estudo da Parashá Noach (Noé)


Estudos da Torá

Parashá nº 2 – Nôach (Noé)
Bereshit/Gênesis 6.9-11.32
Haftará (separação) Is 54.1-55.5
e B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 3.1-4.25

1 - INTRODUÇÃO
                           
     Nesta segunda porção ou parashá falaremos sobre Noach (Noé) e sua vida justa, falaremos também um pouco de sua geração antes do dilúvio, olhando para o que a tradição judaica nos diz a respeito, e um assunto que trataremos também é sobre como podemos viver de forma justa em tempos como os atuais, que muito se igualam aos tempos de Noach. Qual deve ser nossa conduta como servos de Adonai redimidos pelo Messias Yeshua?
    A Torá tem informações nas entrelinhas de seus textos para cada um de nós, e esse entendimento é profético, nos encaminhando para saber mais sobre o nosso futuro com o Messias.

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
              
     A Torá nos relata em Bereshit/Gênesis 6:9, que Noach foi um homem justo, perfeito nas suas gerações, diz também que ele andou com D’us. Sabemos que foi o fato de ser ele temente a Elohim, e seu padrão de vida, que permitiu que a humanidade fosse salva da morte e da completa extinção. Foi sua vida e conduta que levaram ao Eterno escolhê-lo para, através da arca, ele e sua família fossem preservados a fim de darem continuidade à raça humana.
     Sabendo de tudo isso sobre Noach e que a Torá nos diz que ele era justo, podemos nos perguntar acerca do contraponto. Se ele era justo nas suas gerações, como eram as pessoas da geração antes do dilúvio? O que eles fizeram para que o Eterno considerasse que eles deveriam ser condenados à morte e somente Noach e sua família vivessem para renovar à humanidade?
      Lemos o seguinte no texto da Torá:
“E o Eterno viu que era grande a maldade do homem na terra, e que todo impulso dos pensamentos do seu coração era exclusivamente mau todo dia. E arrependeu-se o Eterno de ter feito o homem na terra, e pesou-lhe em seu coração. E disse o Eterno: Farei desaparecer o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até o quadrúpede, até o réptil e até a ave dos céus; porque Me arrependi de os haver feito. E Noé achou graça aos olhos do Eterno.” (Gn 6:5-6)
      Antes de começar a falar com detalhes sobre nosso assunto, quero primeiro mencionar a respeito do termo “arrepender” que aparece no texto.
         Talvez você se questione: D’us pode se arrepender de algo?
        O Eterno não se arrepende, mas a Torá nos trás essa expressão para que possamos ter uma clara compreensão do que Ele quis dizer. O objetivo de Elohim é sempre se revelar para nós, por isso se preocupa em como passar as informações para o homem entender através de suas próprias linguagens. Esse é um texto figurativo. Elohim procede ou age de acordo com as atitudes dos homens, segundo as decisões que eles tomam, e as ações que praticam, conforme lemos em Ezequiel 18.
        Passemos à analise do conteúdo da porção à partir do texto anterior a ela, para pegarmos o contexto completo.
         Lemos nos versos acima, que a maldade do ser humano crescia a cada dia. E transgressão após transgressão, ou pecado, o homem se afastava de Adonai, a tal ponto de o Criador intentar eliminar todos os seres vivos da face da terra. Mas todos os seres vivos? O que os animais têm a ver com isso?
        O Midrash Bereshit é um livro que contêm comentários dos sábios de Israel sobre o livro de Bereshit/Gênesis. Assim, descreverei o que o Midrash Bereshit fala a respeito desse povo antediluviano, a fim de que possamos entender o contexto dessa porção Noach.
        Encontramos um comentário espetacular sobre os pecados da geração anterior ao dilúvio. Ele diz que apesar dos seres humanos não viverem mais no Gan Éden (Jardim do Éden), seu estilo de vida antes do dilúvio ainda se assemelhava, durante um tempo, ao que viveram no Éden. A vida era boa, muito boa. Era uma vida de serenidade ininterrupta e prazer. Esse midrash diz que os filhos eram concebidos e nasciam no mesmo dia, diz também que um recém nascido poderia começar a andar muito rapidamente, assim como começar a falar. E nenhuma criança morria enquanto seus pais estavam vivos, na verdade todos os pais viviam para ver os filhos de seus filhos.
      Talvez por isso, a Torá nos conte com tanta clareza, na parashá passada, sobre a morte de Hébel (Abel), porque isso era algo que não era comum quando aconteceu, e nem mesmo tempos imediatamente depois.
    Continuando, o Midrash Bereshit, diz que a geração anterior ao “mabul”(dilúvio) possuía uma enorme força física, conforme podemos ler nos pasuk (verso) 6:4: “Os gigantes estavam na terra naqueles dias, e também depois, ...” Aquelas pessoas eram capazes de retirar cedros inteiros desde a raiz, e consideravam os leões e as panteras tão inofensivos como pulgas. Diz ainda que sua força não diminuía com a velhice, pelo contrário aumentava com a idade. Esta força somente desapareceu após o dilúvio. E daí nós podemos entender, como Noach e seus filhos construíram a Arca. E talvez até possamos divagar sobre as construções dos enormes monumentos como as pirâmides e outros tantos ao redor do mundo, em que a ciência tenta explicar suas construções até hoje.
       Ainda segundo esse Midrash, eles viviam uma vida muito prolongada, eram centenas de anos. E podemos confirmar isso também na parashá bereshit, no capítulo 5. Somente quando seus pecados se multiplicaram que Hashem disse: “...e serão seus dias cento e vinte anos.” (Gn 6:3). E à partir daí eles passaram a viver menos tempo.
    Aqueles seres humanos, descendentes de Adão, não conheciam sofrimento de nenhum tipo, diz o midrash. Também a terra era muito mais produtiva, pois o midrash diz que eles plantavam apenas uma vez a cada quarenta anos e a terra produzia uma quantidade suficiente para os quarenta anos seguintes.
         Não tinham que suportar nem calor e nem frio excessivo, já que não havia variação das estações e o estado do tempo era um contínuo clima típico de primavera, ou seja, suave e prazeroso. Somente depois do dilúvio foi que Adonai disse o que lemos em Gn 8:22: “Ainda em todos os dias da terra, sementeira e ceifa, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão.”
        Mesmo com todos esses benefícios que o Eterno lhes outorgava, eles descartaram a autoridade de Hashem dizendo, para quê necessitamos segui-lo? Nem sequer precisamos de sua ajuda para obter água. Estamos providos de forma abundante de diversas fontes, temos os rios e os poços da terra. E segundo o midrash, o Eterno contestou dizendo: E justamente com a generosidade que eu lhes outorguei que se rebelam contra mim? Lhes castigarei com a mesma substância, ou seja, água, conforme vemos em Gn 6:17: “Eis que eu trago dilúvio de águas sobre a terra, para fazer perecer a toda criatura em que nela haja espírito de vida...”
           Então quais eram os pecados daquela geração?
           Segundo o referido midrash, os pecados são os relacionados abaixo:
               1. Idolatria
               Eles disseram a D’us, afaste-se de nós, porque não desejamos conhecer Teus caminhos. Quem é o Todo Poderoso para que tenhamos que servi-lo? Porque devemos rezar a ele? Eles reforçaram sua independência de Hashem adquirindo experiência com feitiçaria. Abandonaram seu Supremo Criador e serviram a ídolos.
               2. Derramamento de Sangue
               Eles se tornaram assassinos. Sua depravação era similar ao que encontramos na perversa cidade de Sodoma, Gn 6:11 e 12.
               3. Imoralidade
               Estas gerações rejeitaram os mandamentos ensinados por Adam (Gn 1:28) “crescer e multiplicar”. Uma vez que sua meta na vida era agradar seus instintos carnais, trataram de reduzir ao mínimo o número de filhos que geravam. E isso explica as atrocidades abaixo que prevaleciam naqueles tempos.
               - Os homens tomavam duas esposas, uma com o propósito de gerar filhos e outra para o prazer;
                  - Eles trocavam de esposas;
                  - Eles mantinha relações sexuais com animais, cometendo assim, relações proibidas pelo Eterno; e
                  - Os juízes eram corruptos.
       Até os animais naqueles tempos estavam, segundo o midrash, imitando os caminhos errados dos homens corruptos, pois o cão se unia aos lobos e o galo com o pato. E daí, imaginamos o motivo de o Eterno querer destruir todos os seres vivos, até mesmo os animais. Estavam todos corrompidos. E de fato podemos até hoje comprovar isso em escala talvez menor, pois o apóstolo Paulo diz que, toda a criação geme por redenção (Rm 8:22).
               4. Roubo
               Adonai disse: “O fim de toda criatura chegou diante de mim, porque se encheu a terra de roubo...” (Gn 6:13). Porque o veredito final de culpa recaiu sobre o pecado de roubo mais que os delitos de idolatria, derramamento de sangue e imoralidade? A resposta segundo o midrash, é que o roubo consome as fundações básicas de toda a civilização. O conceito de que uma propriedade alheia no pode ser roubada, forma parte do sentido comum. Quando Hashem julga uma pessoa que é culpada de vários delitos, existe um que o delata acima de todos os outros, o pecado de roubo. Assim, podemos entender quando Yeshua fala sobre o ladrão em Jo 10, pois o ladrão mina e despreza a propriedade, por isso ele fala do mercenário.
        Com tudo o que foi exposto até aqui, podemos entender o porquê de Noach se opor à forma de vida de sua época, e o motivo de Adonai ter agido com graça para com Ele. Noach vivia de forma justa, conforme a vontade de D’us.
       Em Gn 6:8 lemos que, “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor” Apesar de muitos hoje pensarem que a graça vem apenas no chamado Novo Testamento, vemos que o Eterno sempre ofereceu graça aos homens que se arrependem do mal e O buscam. Um midrash diz: “Noach foi salvo, não porque merecia, mas sim por causa da graça do Eterno.” O conceito de graça, como favor imerecido, é um dos pilares mais importantes da fé no Eterno.
        Também nós devemos em nossa época viver diferente da forma como as pessoas vivem, devemos obedecer as palavras do Eterno, a Torá, e viver de forma justa, pois também fomos alcançados pela graça. A arca que é Yeshua, nos livrou da morte que tocará esse mundo, e isso é a graça do Eterno para nós.

A Maldade do Homem
        Segundo o site judeu.org, podemos comparar esses dois textos:

“E viu YHWH que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.” (Bereshit/Gênesis 6:5)

“E YHWH sentiu o suave cheiro, e YHWH disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz.” (Bereshit/Gênesis 8:21)

        Reparemos que o motivo de o Eterno enviar o dilúvio foi a maldade do homem que se multiplicou, conforme apontamos acima. E de acordo com esse site, podemos nos questionar: Como pode o mesmo motivo que fez com que o Eterno destruísse a terra ser alegado para afirmar que o Eterno não mais destruiria a terra?
         A resposta deles é que:
               “Quando comparado com o 6:5, a linguagem está consideravelmente modificada, e não é mais totalmente inclusiva. A afirmação não é um juízo, mas uma observação de que uma proclividade para o mal está tecida no pano da natureza humana.
       A frase chave é ‘desde a sua juventude’, não desde o nascimento ou desde a concepção, implicando que a tendência ao mal pode ser refreada e redirecionada através da disciplina das leis. Assim, a próxima seção lida com a imposição de leis sobre a humanidade pós-diluviana.” (Nahum Sarna, Comentário da JPS sobre Gn. 8:21)
        Com isso, é nos ensinado a importância de criar um ambiente saudável, e de promoção da disciplina, para que o ser humano possa sujeitar suas paixões. Desde cedo podemos fazer isso com nossos filhos, isto é, ensinando-os a guardar a Palavra do Eterno, e a viver não segundo o curso deste mundo. Nós mesmos devemos nos esquivar do Yetser Hará (inclinação para o mal), que a todo tempo nos rodeia de perto, devemos ir para os pés do Senhor, e como fez Noach, caminhar com Elohim.
      E a grande lição da Torá é que, após um certo ponto de estabelecimento da barbárie, torna-se quase impossível voltar atrás e consertar a situação. E o resultado é que o ímpio será destruído perpetuamente, conforme lemos em Salmos 92:7: “Quando o ímpio cresce como a erva e quando florescem todos os que praticam a iniquidade, é que serão destruídos perpetuamente.”

Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- El Midrash Dice Bereshit
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://shemaysrael.com/parasha-noach/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/02_noah_no.pdf
- http://judeu.org/pdfs/parashiyot/noah/noahmaldade.pdf

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