Páginas

Boas Vindas

Seja Bem Vindo e Aproveite ao Máximo!
Curta, Divulgue, Compartilhe e se desejar comente.
Que o Eterno o abençoe!!

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Estudo da Parashá Bechukotai (Em meus estatutos)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 33 – Bechukotai (Em meus estatutos)

Vayicrá/Levítico Lv 26:3-27:34,

Haftará (Separação) Jr 16:19-17; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 9:1-10:41


1 - INTRODUÇÃO

Bechukotai, é a última porção do Livro de Vayicrá/Levítico, e começa relacionando brevemente algumas das bênçãos e recompensas que o povo do Eterno receberá por seguir diligentemente a Torá e por cumprir as mitsvot.

A parashá então, muda para o assunto que a tornou famosa - a tochachá, a severa admoestação de D'us. A Torá passa a descrever as tragédias que acontecerão ao povo, muitas vezes em termos descritivos, por eles terem abandonado a observância da Torá e suas mitsvot, fornecendo uma lúgubre descrição daquilo que foi a história do povo judeu até este dia.

A porção então continua, e fala agora sobre a santificação dos presentes voluntários ao Templo Sagrado, e o processo pelo qual uma pessoa pode monetariamente redimir aqueles itens santificados para seu próprio uso.

O Livro de Vayicrá conclui com uma breve discussão sobre os dízimos, incluindo uma porção que o fazendeiro deve ele próprio consumir dentro da cidade de Jerusalém, chamada ma'asser sheni.

Observe abaixo, um resumo dos principais aspectos desta parashá:

- Relação entre as bênçãos e a obediência das Mitsvôt – 26:3;

- Relação entre as vitórias e a obediência das Mitsvôt – 26:6;

- 5 obedientes derrotam 100 inimigos - 26:8;

- 100 obedientes derrotam 10 mil - 26:8;

- O Eterno manterá a Aliança para com os obedientes – 26: 9;

- Relação entre o Eterno e seu povo – 26:11;

- Relação entre Força moral e desfazimento das “cadeias” egípcias – 26:13;

- Relação entre maldições e o desprezo e desobediência das Mitsvôt – 26:14-26;

- Relação entre destruição e a desobediência das Mitsvôt – 26:27 até 39;

- O tempo da TESHUVÁ (retorno) – 26:41 até 46;

- Doações/votos particulares por pessoas variadas – 27:1;

- Coisas animais e imóveis doados ao Eterno se tornam consagradas – 27:9; e

- Dízimos (maaser) pertencentes ao Eterno – 27:30.

Assim, veremos que nesta parashá, o Sefer Vayicrá (livro de Levítico) conclui com o fragmento em que Moshé contrasta as diferentes atitudes que seguiram a obediência ou a violação dos filhos de Israel aos mandamentos de HaShem. Vamos aprender que a adesão às leis se traduzia em paz e prosperidade para o povo, e isso é assim até os dias de hoje com todos os que o seguem. E da mesma forma, o que acontecia caso o povo não obedecesse às leis.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Se andares nos meus estatutos, guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes;” (Lv 26:3)

A palavra “Se”, em hebraico אִםIM, estabelece uma interdependência inevitável entre o destino de Israel e sua conduta, ou seja, apresenta uma condição para o povo de Deus, demonstrando a oportunidade de escolha entre obedecer e não obedecer, mostrando que seu livre arbítrio estava ativo, mas também as consequências das más escolhas. Apesar do relacionamento antigo e especial entre D’us e Seu povo eleito, Israel não desfruta de privilégios especiais, ao contrário do que os cristãos em geral pensam. Suas bênçãos são condicionadas ao seu comportamento e ao zelo com que obedece aos mandamentos Divinos.

A palavra hebraica “im” começa com a primeira letra do alfabeto hebraico, o alef, já a última letra da seção das bênçãos, no versículo 13, é a última letra do mesmo alfabeto, o tav. Como tal, nestes versículos há um resumo de toda a mensagem das Escrituras, desde o princípio até ao fim, desde o alef até ao tav.

Qual é a mensagem?

Se formos fiéis seremos abençoados a todos os níveis. A obediência é que traz bênçãos às nossas vidas.

Por sua vez, a desobediência traz maldições sobre a vida pessoal, familiar e nacional. Se queremos ser abençoados e usufruir da companhia do Eterno, segundo as promessas destes versículos, como é que o podemos lograr, ou seja, como podemos conseguir?

Não é através do estudo da Torá, tampouco é através da oração ou de sacrifícios, mas sim, através da obediência. A obediência é melhor que os sacrifícios, como lemos em 1 Samuel 15:22:


Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Eterno tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros”.


A obediência à Torá de Moisés é o caminho para a bênção. É esse o chamado de Yeshua, que nós, as ovelhas desgarradas, ou segundo suas palavras, as ovelhas perdidas da casa de Israel, retornemos ao seu aprisco.

Perceba que, enquanto os minuciosos aspectos das maldições ou juízos são descritos em 30 versículos (14-43) e as bênçãos em apenas onze (3-13), é óbvio que o peso e a promessa das bênçãos são predominantes.

Nestes poucos versículos iniciais, através de cada bênção a Torá descreve um modelo de vida bastante harmonioso, que podemos entender como etapas a serem galgadas:


  1. A prosperidade econômica como consequência da auto suficiência da terra, não dependendo de importações (vers. 4-5);

  2. Segurança, ausência de medo (final do ver. 5);

  3. Paz na terra (vers. 6);

  4. Força e coragem para sobrepujar os inimigos (vers. 7-8);

  5. Grande aumento populacional mediante alta taxa de natalidade (vers. 9); e

  6. A presença de D’us entre Seu povo (vers. 11-13).


Voltando ainda, para as palavras do primeiro verso dessa porção, temos a palavra hebraica que foi traduzida como “meus estatutos” que é “chukotai”. Um mandamento que é denominado “chuk” é um tipo de mandamento que não tem uma explicação lógica e compreensível à primeira vista, e nós já vimos isso em estudos anteriores. Ele é o tipo de mandamento mais difícil para o homem (não é por causa do peso dele, mas devido à Yetser Hará – inclinação natural que o homem tem para o pecado.), porque não têm apenas que se esforçar para os cumprir, mas também têm que travar uma batalha na sua mente na hora de os obedecer.

Como o homem não entende bem a razão pela qual tem que cumprir esse tipo de mandamento, a mente natural tende a rebelar-se e a desprezar o chuk, cf. v. 15, 43. Por essa razão, a mente que não foi transformada pela Palavra Divina, não ajuda o homem a colocar em prática os mandamentos de caráter chuk. Por isso, sempre repetimos que os mandamentos não são para serem compreendidos ou discutidos, mas são para serem cumpridos.

Os sábios de Israel dizem que este é o mandamento que mais eleva o homem espiritualmente, porque incute no homem uma obediência que desafia as leis da lógica, sem que a mente o apoie e assim obriga-o a subir a um nível espiritual mais alto. A obediência ao chuk está relacionada com a relação pai/filho. O filho não entende por que razão o pai lhe ordena algo, mas obedece simplesmente porque o pai lhe diz, não porque haja uma explicação para que tenha que fazer isto ou aquilo. Por isso, nossa obediência a esse mandamento cria uma relação de obediência num nível mais profundo e com amor. Ainda que não entendamos, obedecemos simplesmente porque o Pai nos disse. E não devemos levar isso, como uma confiança cega, mas é uma confiança plena naquele que em tudo, sabe o que é o melhor para os seus filhos. Sendo assim, o chuk nos eleva acima do natural, do lógico, do que é óbvio, segundo a racionalidade humana, e aprofunda a nossa relação com o Pai celestial.

Com a entrega da Torá, o homem não é mais escravo, é livre. Tem a liberdade para escolher entre a bênção e a maldição, tem o poder na sua boca e nas suas mãos para escolher entre a vida e a morte. Esta autoridade foi dada ao povo de Israel através do pacto no Sinai. Por esse motivo, aprendemos que cada um de nós tem a capacidade de mudar o rumo das nossas vidas. Mas esse poder não o temos por nós mesmos, mas foi-nos dado pelo próprio Eterno.

Através da entrega da Torá e do pacto a Israel, recebemos a autoridade para dirigir as nossas vidas e as vidas dos nossos filhos. E através do Messias, os gentios podem entrar em Israel (deixando assim de ser gentios para ser como os naturais da terra) e obter os mesmos privilégios. Nós podemos escolher como queremos que seja o nosso futuro, e tudo dependerá das nossas escolhas. Se escolhemos servir ao Eterno ou ao mundo. Se escolhermos obedecer aos mandamentos de HaShem ou não.

Tanto a obediência como a desobediência de um indivíduo pode mudar o destino de uma nação inteira. Não é por todos os demais pecarem, que nós também temos que pecar. O propósito é lutar contra a corrente, e ser diferentes, ser santos, ser luz e sal, e por essa razão é que o Eterno separou um povo para si. Não é a toa que Yeshua mencionou isso em seus ensinos:


Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte...Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam a s suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” Mt 5:13-14, 16


Como já dissemos no início desta aula, a obediência aos mandamentos que se encontram na Torá (instrução, direção e ensino do Eterno) que é nada mais nada menos que Gênesis, Êxodo Levítico, Números e Deuteronômio é o caminho para a prosperidade, como está escrito em Josué 1:7-8:


Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a Torá que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares. Não cesses de falar deste Livro da Torá; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido”.


Muitos utilizarão vários textos bíblicos fora de contexto, para fazer afirmações do tipo: “é impossível cumprir todos os mandamentos”; “Deus não deu a Lei para que fosse cumprida porque o homem não é capaz de o fazer”.

Então, daí surge uma pergunta:

Por que razão o Pai celestial deu uma Torá ao homem que é impossível de cumprir? Não diz a mesma Torá que o mandamento não é difícil (Deuteronômio 30:11-16)? Se fosse impossível cumprir a Torá, como é possível que David dissesse de si mesmo que era justo? (2 Samuel 22:21-25).


Retribuiu-me o Eterno segundo a minha justiça, recompensou-me conforme a pureza das minhas mãos. Pois tenho guardado os caminhos do Eterno e não me apartei perversamente do meu Elohim. Porque todos os seus juízos me estão presentes, e dos seus estatutos não me desviei. Também fui inculpável para com ele e me guardei da iniquidade. Daí, retribuir-me o Eterno segundo a minha justiça, segundo a minha pureza diante dos seus olhos”.


Se fosse impossível cumprir a Torá, como é possível que os pais de João Batista o tenham feito? Conforme o texto de Lucas 1:6:


Ambos eram justos diante de Elohim, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Eterno”.


Outros dirão: “A Torá é só para o povo judeu, não para os gentios”.

Se assim fosse, então não haveria pecadores entre os gentios, uma vez que o pecado é a transgressão da Torá, e se não há Torá não há pecado, cf. 1 João 3:4; 1 Coríntios 15:56; 1 Timóteo 1:8-11.

Se a Torá realmente não serve para os gentios, tampouco há pecado entre os gentios, e se não há pecado entre os gentios, os gentios não precisam ser salvos e o Messias morreu em vão, em relação a eles. Há que se refletir bem antes de tirar conclusões precipitadas, pois nenhum juiz dá indulto a um criminoso para que ele continue a transgredir as leis.

O propósito do perdão é que a pessoa adote uma nova conduta. Se o pecado é a transgressão da Lei/Torá, segundo a Bíblia (1Jo 3:4), então para uma pessoa deixar de pecar, deve viver segundo os preceitos estipulados na Lei/Torá. Não com o intuito de ser salvo, porque ninguém se salva por cumprir a Lei (mas sim pela incomensurável misericórdia divina, conhecida por aí como graça), mas como uma consequência do ter sido salvo dos trilhos do pecado.

Que possamos, através do estudo dessa parashá, compreender que devemos ser santos e obedientes aos mandamentos do Eterno, e isso por amor. Entendendo que as recompensas pela obediência virão até nós automaticamente, sem a necessidade de corrermos atrás delas, como muitas vezes é ensinado por aí.

Que o Eterno lhes abençoe!!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- https://www.cafetorah.com/aspectos-da-33a-parasha-בחוקתי-bechukotai-ou-em-minhas-leis/

- https://www.breslevbrasil.com/2017/05/resumo-da-parasha-behar-bechukotai.html

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/33-_bechukotai_nos_meus_estatutos.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário