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quinta-feira, 24 de abril de 2025

Estudo da Parashá Shemini - O Silêncio que Fala

 


Estudos da Torá

Parashá nº 26Shemini (Oitavo)

Vayikra/Levítico 9:1-11:47

Haftará (separação) 2Sm 6:1-19 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mc 7:1-23, Atos 5:1-11, e 2Co 6:14-7:1.


Tema: O Silêncio que Fala


Na parashá dessa semana vemos que em um mundo onde palavras muitas vezes transbordam antes que o coração compreenda, o silêncio pode parecer estranho, até incômodo. Mas há silêncios que falam mais alto do que qualquer discurso. Um desses silêncios ecoa das Escrituras, na parashá Shemini, quando Aharon, o sacerdote escolhido, vê dois de seus filhos — Nadav e Avihu — serem consumidos por fogo que saiu de diante do Eterno. Ele vê, ouve as palavras de Moshê... e se cala. Um silêncio que não brota da apatia, mas da reverência. Um silêncio que não é vazio, mas cheio de temor diante da santidade. Eu mesmo me senti muito tocado ao me atentar para esse fato de uma forma mais específica. Este texto e todo seu contexto periférico mexeram comigo de uma forma profunda, não pelo fato de eu ser um murmurador contumaz, mas pôr as vezes, não conseguir ficar calado em determinadas situações. Dependendo do momento acabo falando e, nem sempre isso é bom, ainda mais se for na hora errada. Aprendo com Aharon e com Yeshua nessa parashá, que o silêncio é uma atitude sábia de reconhecimento do poder, da sabedoria e da justiça do Eterno, além de em muitos momentos em nossas vidas, evitar problemas. Abra seu coração e vamos entender que o silêncio pode falar.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Shemini, encontrada em Vayicrá 9 a 11, é um poderoso ensinamento sobre a santidade, a obediência e o discernimento que o Eterno exige do Seu povo. Ela marca o início do serviço sacerdotal por Aharon e seus filhos, revelando que a presença do Eterno se manifesta quando Suas instruções são seguidas com precisão e reverência. No entanto, também demonstra, com severidade, as consequências da desobediência, como no caso de Nadav e Avihu, que ofereceram “fogo estranho” e foram consumidos por um fogo vindo de diante do Eterno. Esse episódio ilustra que não se pode buscar intimidade com o Eterno segundo a própria vontade, mas unicamente conforme Suas palavras.

Além disso, a porção Shemini introduz a distinção entre os alimentos puros e impuros, revelando que até no comer e no beber, o povo de Yisrael deve ser separado. A dieta estabelecida pelo Eterno não é apenas uma questão de saúde ou tradição, mas um mandamento que expressa a identidade de um povo santo. Ao listar detalhadamente os animais que podem ou não ser consumidos, o Eterno ensina que tudo na vida deve ser discernido segundo os Seus critérios, não segundo o coração do homem. Assim, essa separação entre o que é tahor (limpo) e tamê (impuro) não é arbitrária, mas uma expressão de santidade.

Por fim, a parashá enfatiza que a santidade não é uma opção, mas uma exigência para todos os que se aproximam do Eterno. Como está escrito: “Sede santos, porque Eu sou santo” (Vayicrá 11:44). A obediência aos mandamentos do Eterno é o caminho da vida, da comunhão e da bênção. O povo de Yisrael foi chamado para ser distinto entre as nações, e isso começa pela fidelidade aos mandamentos, inclusive naquilo que parece cotidiano, como o alimento. A parashá Shemini, portanto, é um chamado claro: quem ama o Eterno deve obedecer com temor, com discernimento e com um coração dedicado a Ele.

ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

No entanto, Nadav e Avihu, filhos de Aharon, pegando cada um seu incensário, acenderam-lhe o fogo, colocaram incenso nele e ofereceram um fogo não autorizado diante do Eterno, algo que ele não lhes ordenara fazer. Por causa disso, saiu um fogo da presença do Eterno e os consumiu, para que morressem na presença do Eterno. Moshê disse a Aharon: Isto é o que o Eterno disse: Eu serei consagrado por meio de quem está perto de mim, e serei glorificado na presença de todo o povo. Aharon ficou em silêncio. Vayicra 10:1-3


Segundo o comentário de rodapé do Chumash Plaut, Nadav e Avihu não estavam apresentando a oferta regular de incenso da manhã, de acordo com Ex 30:7, pois ela não teria exigido dois incensários. Evidentemente eles estavam tentando algo original, algo diferente do que tinha sido estabelecido pelo Eterno. O fogo estranho é o fogo que não vem do altar de sacrifícios.

De acordo com o comentário de rodapé da Torá da Editora Sefer, nesse capítulo é relatado a trágica morte de Nadav e Avihu, os filhos de Aharon. Segundo o versículo, o pecado deles foi haver oferecido um fogo estranho perante o Eterno, pois apesar Dele recomendar em Vayicrá 1:7 aos filhos de Aharon pôr o fogo sobre o altar, Moshê e todo o povo esperavam que viesse fogo do céu, como de fato aconteceu em Vayicrá 9:24, como também mais tarde, com o profeta Eliahu em 1Rs 18:38, e assim o nome do Eterno seria santificado.

No entanto, vamos nos voltar agora para Aharon e sua atitude. O verso 3 diz: “...Aharon ficou em silêncio.” Nos comentários das duas edições da Torá citadas anteriormente, fica claro que essa atitude foi um reconhecimento da justiça do Eterno. O Chumash Plaut diz que “ele absteve-se de lamentar e de se queixar contra o Eterno. Na formulação rabínica, “reconheceu a justiça do decreto”.” E na Torá da Sefer diz: “Como sinal de justificação da suprema justiça de D’us.”

Humanamente falando, nos colocando no lugar de Aharon, não deve ter sido fácil ver aquilo ocorrer, principalmente em um momento alegre como aquele, de inauguração do Mishkan, a presença do Eterno estava ali, e fogo tinha vindo do céu para queimar a oferta que estava no altar. Por isso, precisamos reconhecer que esse é um momento profundamente marcante da parashá Shemini. O silêncio de Aharon diante da morte de seus filhos Nadav e Avihu é um dos momentos mais densos e significativos das Escrituras.

Esse silêncio não é um silêncio de indiferença, nem de fraqueza. É o silêncio de quem compreende, com temor, a santidade do Eterno. É o silêncio de quem reconhece que o juízo do Eterno é justo, ainda que seja profundamente doloroso. Aharon, como pai, sentiu a dor da perda. Mas como servo do Eterno, entendeu que seus filhos agiram em desobediência, trazendo algo que o Eterno não ordenou. Ele não tentou justificar, nem protestar. Ele se calou. Provavelmente será como agiremos no futuro, depois do milênio, quando os da segunda ressurreição tiverem que se decidir se servirão ao Eterno ou não, se for uma decisão negativa, ao serem destruídos junto com os ímpios, vamos ficar em silêncio ao ver a justiça do Eterno em ação. Talvez com nossos parentes e amigos, que não quiserem servir ao Eterno, ou mesmo com outras pessoas, estaremos em silêncio.

Esse silêncio é um testemunho. Ele revela o reconhecimento de que o serviço ao Eterno exige santidade absoluta e obediência plena. O fogo que consumiu os filhos de Aharon não foi apenas punição, mas também uma lição pública de que não se pode misturar o santo com o profano, nem inventar formas próprias de adorar ao Eterno. Não é como queremos, mas como o Eterno estabeleceu em sua palavra.

O silêncio de Aharon também nos ensina sobre humildade diante da justiça do Eterno. Em vez de murmurar, ele se curva ao juízo divino. Em vez de se rebelar, ele se cala. E, nesse silêncio, há reverência, temor e aceitação. O verdadeiro servo do Eterno não é aquele que entende tudo, mas aquele que se submete a tudo o que o Eterno determina, confiando que Suas decisões são santas e justas. Como está escrito:


O Eterno é justo em todos os seus caminhos e bondoso em todas as suas obras. Tehilim /Sl 145:17


Portanto, o silêncio de Aharon é uma lição eterna para todos que se aproximam do Eterno: temor, obediência e reverência são a base de toda verdadeira adoração. Vamos ampliar essa reflexão, olhando também para os nevi'im (profetas) e para os ensinos de Yeshua e seus shlichim (enviados), e também para os sábios do povo de Yisrael, sempre à luz das Escrituras e com base nos mandamentos do Eterno, como Ele mesmo nos instrui.


1. A Santidade que Consome

Em um mundo onde palavras muitas vezes transbordam antes que o coração compreenda, o silêncio pode parecer estranho, até incômodo. Mas há silêncios que falam mais alto do que qualquer discurso. Um desses silêncios ecoa das Escrituras, nesta parashá, quando Aharon, o sacerdote escolhido, vê dois de seus filhos — Nadav e Avihu — serem consumidos por fogo que saiu de diante do Eterno. Ele vê, ouve as palavras de Moshê... e se cala. Um silêncio que não brota da apatia, mas da reverência. Um silêncio que não é vazio, mas cheio de temor diante da santidade. Aharon, como pai, certamente sentiu uma dor indescritível. Seus filhos, que haviam sido ungidos para o serviço no Mishkan, foram fulminados por trazerem “fogo estranho” — algo que o Eterno não havia ordenado (Vayicrá 10:1). Mas Aharon, o kohen gadol, não se revolta, não questiona. Está escrito: “E Aharon calou-se” (Vayicrá 10:3). Esse silêncio é uma declaração de submissão à vontade do Eterno, de aceitação do fato de que a proximidade com Ele exige santidade absoluta. Ele compreendeu o peso do chamado e respondeu com reverência.

Moshê reconhece isso quando diz: “Serei santificado naqueles que se aproximam de Mim, e diante de todo o povo serei glorificado”. Assim, a tragédia torna-se também uma lição: diante da santidade do Eterno, não há espaço para iniciativas próprias. Tudo deve ser feito conforme Suas instruções. Precisamos compreender que não posso fazer as coisas do jeito que eu quero dizendo que para D’us o que vale é o coração, ou que ele não é um D’us de regras, que isso era para o passado. O Eterno não muda, e o que ele estabeleceu e como estabeleceu ainda valem. Veja:


Porque eu, o Eterno, não mudo. Por isso vocês, descendentes de Yaakov, não foram destruídos. Ml 3:6


A santidade do Eterno em nós, quando vivemos de acordo com seus mandamentos, nos consome, e nos leva a viver cada vez mais conforme sua vontade. Nos faz querer sempre acertar, e quando erramos só pode ser por acidente, pois nossa kavanah sempre será de fazer o certo.


2. O Silêncio nos Profetas: Um Eco de Submissão

Esse padrão não se limita a Aharon podemos perceber ele se repetindo em outras parte do TaNaK, por exemplo em Yechezkel 24:15-17. Neste relato o profeta perde a esposa por determinação do Eterno, e recebe a ordem de não lamentar publicamente. Ele obedece em silêncio, como sinal ao povo. Já em Chavakuk 2:20, lemos:


O Eterno está em Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a terra.

Silêncio, aqui, não é ausência de fé, é a mais pura expressão dela. É o reconhecimento de que o Eterno é justo em todos os Seus caminhos, como lemos em Tehilim/Sl 145:17:


Justo é o Eterno em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras.


3. Yeshua: Silêncio que Redime

Nos escritos dos emissários ou apóstolos, o mestre Yeshua também revela esse mesmo padrão ficando em silêncio durante seu julgamento e condenação pelos religiosos hipócritas, cumprindo assim, o que fora dito pelo profeta Yesha’yahu 53:7:


Foi oprimido, mas não abriu a boca...


Quando falsamente acusado, ele não se defendeu. Seu silêncio não era fraqueza, mas confiança firme no Eterno, como ovelha levada ao matadouro, não por covardia, mas por obediência. Ele compreendeu que, mesmo na injustiça humana, o Eterno reina.


4. Os Sábios de Yisrael e a Sabedoria do Silêncio

Os sábios do povo de Yisrael também comentam essa passagem e seu ensino para nossas vidas. O Midrash Rabá sobre Vayicrá 10 revela que Aharon foi recompensado por seu silêncio, pois o Eterno, logo em seguida, dirige-Se diretamente a ele, algo raro e precioso. O Talmud (Eruvin 63a) ensina que Nadav e Avihu erraram ao agir por conta própria diante de Moshê, mostrando que nem mesmo boas intenções justificam a desobediência às instruções divinas.

Rashi, comentando Vayicrá 10:3, observa que o silêncio de Aharon foi aceito como expressão de fé e honra ao Eterno. Esse foi o único momento em que o Eterno se dirige diretamente a Aharon, sem intermediários, indicando uma recompensa por sua submissão e aceitação da vontade divina. E o Midrash Pliah destaca que, mesmo no “oitavo dia”, o dia da plenitude e consagração, Aharon se curva à vontade divina sem murmurar.

O silêncio de Aharon é um exemplo profundo de submissão à vontade do Eterno. Ele nos ensina que, diante da santidade e dos juízos divinos, a resposta apropriada é a reverência e a aceitação. Como está escrito:​


Sede santos, porque Eu sou santo. Vayicrá 11:44


Aharon nos ensina que, diante da santidade do Eterno, a melhor resposta pode ser o silêncio. Não um silêncio vazio, mas cheio de temor, de humildade, de confiança. É um silêncio que reconhece que o Eterno é rei, justo e santo. É o silêncio dos que conhecem o valor da obediência, mesmo quando o coração sangra. Nós, que desejamos nos achegar ao Eterno, devemos refletir: será que estamos nos aproximando com temor? Ou estamos oferecendo “fogo estranho” — ideias, vontades, práticas que Ele não ordenou?

Aharon não questionou, não reclamou. Ele se calou… e esse silêncio ecoa até hoje como um louvor à santidade do Eterno. Quem ama o Eterno, segue os Seus mandamentos. E quem O reverencia, sabe que há momentos em que calar-se é a mais profunda forma de dizer: "אָמֵן - Elohim Melech Neeman/O Eterno é Rei fiel, que significa Amen!" Estamos prontos para nos calar diante do Eterno, como fez Aharon, e confiar que Ele é justo em todos os seus caminhos?


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


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