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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Estudo da Parashá Vayelekh - O rosto escondido do Eterno.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 52 – Vayelekh (Ele foi)

Devarim/Deuteronômio 31:1-30

Haftará (separação) Os 14:2-10; Mq 7:18-20; Jl 2:15-27 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Hb 13:5-8


O rosto escondido do Eterno.


Entre as expressões mais intensas do relacionamento entre Yisrael e o Eterno está a ideia de que Ele “esconde o Seu rosto”. Essas palavras aparecem em nessa parashá, quando HaShem anuncia a Moshê que, diante da infidelidade de Yisrael, Ele ocultaria Sua presença, conforme lemos em Devarim 31:17. Esse ocultar não significa ausência real do Eterno, mas a experiência de distanciamento que o povo sentiria como consequência de seus próprios pecados. Este assunto possui uma grande relevância, porque toca na essência da vida. E nos revela que sentir a proximidade do Eterno é experimentar vida e luz, perder essa face revelada é mergulhar em trevas e aflições. Também nos mostra que profeticamente a face revelada do Eterno é um apontamento para o Mashiach, por isso a quem ele oculta a face, na verdade oculta o messias. Quer entender mais? Vem comigo até o final.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Na parashá Vayelekh, Moshê declara diante de todo Yisrael que já tem cento e vinte anos e que não passará o Yarden, pois o Eterno o instruiu assim. Ele lembra ao povo que não devem temer, porque HaShem passará diante deles e destruirá as nações, e Yehoshua será o líder que os conduzirá à terra prometida. Moshê chama Yehoshua diante de todos e o fortalece, dizendo que seja firme e corajoso, pois o Eterno estará com ele e não o deixará nem o abandonará. Depois, Moshê escreve a Torá e a entrega aos levitas, instruindo que a cada sete anos, na festa de Sukkot, toda a Torá seja lida diante de homens, mulheres, crianças e estrangeiros, para que todos aprendam a temer ao Eterno e guardar os Seus mandamentos. HaShem revela a Moshê que, após sua morte, o povo se desviará e seguirá outros deuses, e por isso manda que ele escreva um cântico que será testemunha contra Yisrael. Moshê cumpre essa ordem e entrega o cântico, e por fim ordena que o Sefer Torá seja colocado ao lado da Arca da Aliança como testemunha eterna.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Conforme lemos nessa porção da Torá, uma das últimas do ciclo de leitura anual, Moshê, às vésperas de sua partida, lembra ao povo que a presença do Eterno é constante, mesmo quando o guia humano não está mais diante deles. Isso é interessante, pois remete à Moshê e a qualquer outro ungido que o Eterno envie, inclusive o próprio Mashiach. Ele repete muitas vezes: “Sê forte e corajoso, não temas, porque HaShem vai contigo, não te deixará nem te abandonará” (Devarim 31:6-8). Essa presença do Eterno em muitas formas, é conhecido como o rosto ou a face do Eterno. No entanto, caso haja desobediência e abandono da aliança o Eterno diz que iria “esconder o rosto” do povo. Isso nos ensina que a confiança firme não deve estar em homens, nem em líderes, ou em sistemas religiosos, mas somente no Eterno que caminha conosco. Hoje, assim como naquela geração, vivemos em meio a povos e nações que servem outros deuses e seguem seus próprios caminhos, mas somos chamados a permanecer fiéis às instruções do Eterno.

Nessa parashá, o anúncio do “esconder do rosto” é acompanhado da profecia de que Yisrael se voltaria a outros deuses. O Eterno declara:


E naquele dia acender-se-á a minha ira contra ele, e eu os desampararei, e esconderei deles o meu rosto, para que sejam consumidos; e muitos males e angústias os alcançarão” (Devarim 31:17).


Esse padrão aparece repetidamente no TaNaK, isto é, a infidelidade do povo resulta no afastamento da face do Eterno, mas junto a isso surge o clamor para que Ele novamente volte o Seu rosto em favor de Yisrael. Assim, compreender esse movimento entre ocultamento e revelação é essencial para nós hoje, que também desejamos viver diante da face do Eterno.

Em primeiro lugar, é importante destacar que no TaNaK, o “rosto do Eterno” é uma palavra-chave, um símbolo da proximidade, favor e direção de HaShem. Quando Ele oculta o Seu rosto, o povo experimenta juízo, silêncio e afastamento, conforme mencionado acima em Dt 31:17, e confirmado em Is 59:2:


Mas as maldades separam vocês do seu Elohim; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá. Is 59:2


Assim, quando o Eterno revela o seu rosto, há vida, restauração e shalom (muito mais do que paz), conforme lemos na bênção sacerdotal em Bamidbar 6:25-26: Que o Eterno faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia, que o Eterno levante sobre ti o seu rosto e lhe dê a shalom. Entretanto, quando olhamos em um nível profético mais profundo, e focamos no Mashiach, podemos compreender facilmente, que profeticamente, ele é a manifestação viva da revelação da face do Eterno no meio dos homens. Yeshua não é o próprio Eterno, pois o Eterno é único, indivisível e incorpóreo, mas ele é aquele que viveu totalmente à luz da presença de HaShem, tornando-se reflexo fiel da vontade do Eterno diante do povo. O rosto do Eterno, assim como outras afirmações corpóreas sobre o Eterno no TaNaK, são palavras chaves que apontam para o Mashiach justamente por ele ser esse representante da justiça.

Observe como as Escrituras apontam para isso em Tehilim 80:3: “Faze-nos voltar, ó Elohim, e faze resplandecer o Teu rosto, e seremos salvos.” A salvação está ligada ao resplendor do rosto do Eterno. Nos Escritos dos shaliachim, Shaul aplica essa linguagem a Yeshua: Pois o Elohim que disse: “Que a luz brilhe na escuridão” fez sua luz brilhar em nossos corações para iluminação do conhecimento da glória de Elohim na face do Mashiach Yeshua” (2 Coríntios 4:6). Aqui, Yeshua é descrito como o reflexo vivo da luz do Eterno devido à sua vida justa.

Em Yeshayahu 53:3: o Servo Sofredor no nível profético que está relacionado ao Mashiach, é descrito como alguém de quem “os homens escondiam o rosto”, rejeitado e desprezado. Esse detalhe mostra a ligação entre o ocultamento e a rejeição do Mashiach por muitos. Enquanto o povo se afasta dele, o Eterno, por meio do Seu Servo, estava trazendo a revelação do rosto. a proximidade do Seu favor. Também em Tehilim 27:8-9: “O meu coração disse: Buscai o meu rosto. O teu rosto, HaShem, buscarei. Não escondas de mim o teu rosto.” Esse clamor ganha eco na vida de Yeshua, que constantemente buscava o rosto do Pai, em obediência, em oração, e no fim, mesmo na estaca de execução, clamou com as palavras de David, demonstrando sua messianidade, diante do aparente ocultamento: “Eli, Eli, lamá azavtani?”(D’us meu, D’us meu, porquê me abandonaste?) (Tehilim 22:1).

Portanto, profeticamente, podemos ver o Mashiach como o elo entre o rosto revelado do Eterno e o povo. Quando ele vive em obediência perfeita e ensina a Torá, ele traz luz, a luz do Eterno. Quando o povo o rejeita, experimenta trevas, como se HaShem tivesse ocultado Sua face.


1. O esconder do rosto como disciplina do Eterno

Como já vimos desde o início, o ocultamento da face é uma consequência da má inclinação do povo. Em Yeshayahu lemos: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Elohim; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Yeshayahu 59:2). Não é o Eterno que abandona arbitrariamente, isto ocorre por causa do pecado que cria a barreira. Da mesma forma, o salmista clama: “Não escondas de mim o teu rosto, não rejeites com ira o teu servo; tu foste o meu auxílio; não me desampares nem me deixes, ó Elohim da minha salvação” (Tehilim 27:9). Ainda lemos em: Senhor, por que estás tão longe? Por que te escondes em tempos de angústia? Salmos 10:1. Também temos: Não escondas de mim o teu rosto, quando estou atribulado. Inclina para mim os teus ouvidos; quando eu clamar, responde-me depressa! Salmos 102:2. E uma série de outros textos.

O ocultamento do rosto, portanto, é o reflexo da infidelidade humana, mas, ao mesmo tempo, é a disciplina que chama o povo ao arrependimento. Quando sentimos o peso do silêncio do Eterno, é o momento de examinar nossos caminhos e retornar a Ele de todo coração.


2. O retorno do rosto do Eterno como restauração

Se por um lado o ocultamento é disciplina, por outro, a revelação do rosto é promessa de restauração, é a revelação do testemunho do Mashiach Yeshua. A famosa bênção sacerdotal em Bamidbar 6:25-26, mencionada anteriormente, era justamente o pedido para o Eterno estar com seu povo. O povo pedia justamente a proximidade constante da face divina. Nos escritos dos shlichim, vemos esse mesmo entendimento. Não há nada escondido que não venha ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido. Lucas 12:2. E, como disse, em 2 Coríntios 4:6: Pois Elohim, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Elohim na face do Mashiach Yeshua” A linguagem da “face oculta” é retomada para mostrar que a revelação do Eterno se manifesta na vida daquele que anda nos caminhos de Yeshua, que viveu totalmente sujeito à vontade de HaShem. Assim, o rosto do Eterno é restaurado não apenas quando clamamos, mas quando voltamos à obediência fiel.

Concluindo nosso estudo, o anúncio em Vayelech de que o Eterno esconderia o Seu rosto é uma advertência séria, mas também é um convite para refletirmos que, se estamos experimentando trevas e distanciamento, devemos examinar nossas obras, porque pode ser o pecado que oculta de nós a presença do Eterno, ou também pode ser um período de provas para te elevar o nível. O mesmo TaNaK que fala do ocultamento proclama também a restauração, pois o rosto do Eterno brilha sobre aqueles que O buscam em confiança firme e obediência. Cabe a nós, portanto, escolher viver diante da Sua face, pois como está escrito: “Buscai o meu rosto. O meu coração disse a ti: O teu rosto, HaShem, buscarei” (Tehilim 27:8).

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Estudo da Parashá Nitzavim - Conexão Nitzavim com Escritos Nazarenos: A Escolha pela vida.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 51 – Nitzavim (Encontram-se)

Devarim/Deuteronômio 29:9-30:20

Haftará (separação) Is 61:10-63:30 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Rm 9:30-10:13 e Hb 12:14-15


Conexão Nitzavim com Escritos Nazarenos: A Escolha pela vida.


A parashá Nitzavim é mais um dos textos profundos da Torá, pois ele coloca diante de nós a decisão fundamental: vida e bênção ou morte e maldição. Essa porção nos mostra a renovação do pacto, a seriedade da idolatria, a promessa de restauração, a proximidade da Palavra do Eterno e a necessidade de escolher a vida.

Nos Escritos Nazarenos, Yeshua e seus talmidim confirmam essas mesmas verdades, revelando que o chamado de Moshe ainda ecoa para todos nós: amar o Eterno, andar em Seus caminhos e guardar os Seus mandamentos. Veremos nessa pequena reflexão a conexão que existe entre essa parashá e os Escritos Nazarenos, comprovando mais uma vez, que todo ensino de Yeshua e dos Talmidim eram alicerçados na Torá.



RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Nitzavim nos reúne diante da voz do Eterno, que chama todo o povo de Yisrael — chefes, anciãos, homens, mulheres, crianças e até mesmo o estrangeiro no meio do acampamento, a fim de reafirmar o pacto com Ele.

O Eterno renova o pacto não apenas com aqueles que estavam ali, mas também com os que ainda não tinham nascido. Ele alerta contra a idolatria, contra o coração que se afasta e segue outros deuses, trazendo maldição sobre a terra e exílio entre as nações.

Porém, o Eterno também anuncia a restauração: quando o povo se arrepender de todo coração e voltar a obedecer às Suas instruções, Ele os reunirá de todos os lugares para onde foram espalhados, circuncidará o coração deles e os abençoará novamente em sua terra.

O Eterno declara que Seus mandamentos não estão distantes, nem nos céus, nem além do mar, mas estão próximos, em nossa boca e em nosso coração, para que os cumpramos.

A parashá termina com uma escolha clara: vida e bem, ou morte e mal. O Eterno nos chama a escolher a vida — amar o Eterno, andar em Seus caminhos e guardar Seus mandamentos — para que vivamos, nós e nossos filhos, sobre a terra que Ele jurou a Avraham, Yitzchak e Yaakov.

A essência de Nitzavim é esta: “Quem ama o Eterno, segue os seus mandamentos. Devemos nos converter apenas ao Eterno!”


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A palavra “Nitzavim” significa “estais de pé”, lembrando que todo Yisrael estava diante do Eterno para ouvir e assumir o pacto. Essa parashá mostra que a relação com o Eterno não é algo distante ou místico, mas real, presente e que exige decisão prática: servir ao Eterno com todo o coração e toda a alma.

Nos Escritos Nazarenos, encontramos a confirmação desse chamado. Yeshua e seus talmidim não trazem uma nova religião, mas reafirmam a mesma mensagem da Torá: o Eterno chama Seu povo a escolher a vida por meio da obediência aos Seus mandamentos. Vamos observar a conexão entre o que Yeshua e os talmidim ensinaram com esta parashá.


1. Todos diante do Eterno

Em Devarim 29:9-14, vemos que Moshe reuniu líderes, anciãos, homens, mulheres, crianças e até estrangeiros para o pacto. Isso revela que o chamado do Eterno é universal e inclui todos os que desejam serví-Lo. Nos Escritos Nazarenos, Yeshua declara em Yochanan 10:16: Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; também a elas é necessário que eu as conduza, e elas ouvirão a minha voz; então haverá um só rebanho e um só pastor.

Assim como Moshe, Yeshua mostra que o Eterno não limita Seu pacto a um grupo específico. O chamado é para todo aquele que se converter a Ele. O Eterno não faz acepção de pessoas.


2. Alerta contra a idolatria

No texto de Devarim 29:15-28, Moshe advertiu que quem se desviasse para servir outros deuses traria maldição sobre si e sobre a terra. A idolatria é a maior traição contra o Eterno. Assim, Shaul HaShamilach reforça essa mesma advertência, em 1 Corintiyim 10:14, dizendo: Portanto, meus amados, fugi da idolatria. Ele lembra que idolatria não é apenas adorar imagens, mas colocar qualquer coisa acima da obediência ao Eterno. Assim como no deserto, a idolatria sempre leva à dispersão e à perda da bênção.


3. Promessa de restauração

Em Devarim 30:1-10, vemos que mesmo diante do exílio que permitiria que Yisrael fosse levado devido à desobediência, o Eterno prometeu reunir Seu povo e circuncidar o coração deles para que O amassem e vivessem. E também Shaul explica em Romiyim 2:29: Mas é Yisraelita o que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no ruach, não na letra. Essa circuncisão do coração é a mesma que Moshe anunciou, isto é, a transformação interior que leva à obediência verdadeira.

Yeshua confirma essa restauração quando fala do ajuntamento, em Mattityahu 24:31: E ele enviará os seus malachim com grande som de shofar, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma a outra extremidade dos shamaym. A promessa de Moshe encontra seu eco direto em Yeshua, porque o Eterno não abandona Seu povo, mas o restaura.


4. A Torá é acessível

Moshe em Devarim 30:11-14, falou algo que mostra claramente como as palavras do Eterno estão perto de nós, observe: Os mandamentos não estão distantes, nem nos shamaym nem além do mar, mas próximos, em nossa boca e em nosso coração. Rav Shaul faz um midrash citando esse texto em Romiyim 10:8, veja: “A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração.”

Note que ao contrário do que muitos dizem, ele não está anulando a Torá, mas reforçando a declaração de Moshe, pois o que o Eterno exige de nós já está acessível. Basta obedecer.

Yeshua confirma em Yochanan 14:23: Se alguém me amar, guardará a minha palavra. Ou seja, amar Yeshua é amar a Torá, pois Ele viveu e ensinou a Palavra do Eterno. Amar a Torá é obedecer as instruções nela contida, com isso amando ao Eterno.


5. Escolher a vida

Vemos em Devarim 30:15-20 o Eterno colocando diante do povo e de nós, duas opções, a vida e o bem ou morte e o mal. A vida está em amar o Eterno, andar em Seus caminhos e guardar Seus mandamentos. O nosso irmão mais velho, e messias, Yeshua ecoa esse chamado em Yochanan 14:6: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ele aponta que somente andando no caminho que Ele viveu, na obediência ao Eterno, podemos alcançar a vida.

Em Mattityahu 7:13-14, vemos: Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos entram por ela. Porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos há que a encontrem. Moshe e Yeshua falam a mesma coisa, ou seja, a vida é resultado da escolha de obedecer ao Eterno com todo o coração.

Concluindo, este rápido estudo, tivemos a oportunidade de observar que a parashá Nitzavim e os Escritos Nazarenos caminham juntos no mesmo propósito. O Eterno nos chama a escolher a vida por meio da obediência aos Seus mandamentos. Por isso, Moshe apresentou diante de Yisrael a escolha fundamental, e Yeshua reafirmou essa mesma verdade, mostrando que amar o Eterno é andar em Seus caminhos.

Portanto, fazer teshuvah, e trilhar o caminho preparado pelo Eterno em obediência aos seus mandamentos é o melhor que podemos fazer, hoje, amanhã e no futuro.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Estudo da Parashá Ki Tavo - As Pedras Escritas e o Coração do Homem.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 50 – Ki Tavo (Quando vier)

Devarim/Deuteronômio 26:1-29:8

Haftará (separação) Is 60:1-22 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Mt 13:1-23, Rm 11:1-15


As Pedras Escritas e o Coração do Homem.


Nesta parashá vemos que, ao aproximar-se o momento da entrada de Yisrael na terra prometida, o Eterno ordenou algo que, à primeira vista, poderia parecer apenas simbólico: levantar pedras grandes, caiá-las com cal e nelas escrever todas as palavras da Torá. Entretanto, ao observarmos com atenção, percebemos que esse gesto não foi apenas uma lembrança externa, mas uma mensagem profunda para cada geração. Afinal, o que valem pedras com letras gravadas se o coração do homem permanece duro como rocha? Na verdade, o essas pedras representam profeticamente o coração do homem. E quando as palavras da Torá são gravadas nele a vontade do Eterno passa a ser parte da vida do homem.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Ao possuir a terra e colher seus frutos, cada homem deveria separar as primícias do campo e levá-las diante do altar do Eterno. Ali, deveria declarar a memória da nossa história: que éramos estrangeiros, que descemos ao Egito, fomos oprimidos, e o Eterno nos libertou com mão forte. Este ato era reconhecimento de que a terra e os frutos pertencem ao Eterno, e que tudo vem d’Ele.

No terceiro ano, chamado “ano do dízimo”, o povo devia separar parte da colheita para o levita, o estrangeiro, o órfão e a viúva, para que todos se saciassem, devendo ser repetido a cada três anos. Depois, o ofertante declarava diante do Eterno que tinha cumprido os mandamentos, pedindo bênção sobre Yisrael e sobre a terra.

Moshe lembrou que o povo tinha assumido a aliança de ouvir e obedecer ao Eterno com todo o coração e toda a alma. Em troca, o Eterno nos fez Seu povo especial, para sermos separados e exaltados entre as nações, como testemunho da Sua justiça.

Ao atravessar o Yarden, deveriam erguer grandes pedras, caiadas com cal, e nelas escrever todas as palavras da Torá. Um altar seria levantado ali para ofertas de paz, e o povo celebraria diante do Eterno.

Seis tribos ficariam no monte Gerizim para proclamar bênçãos, e seis no monte Eval para proclamar maldições. Os levitas declarariam maldições contra quem desonrasse pai e mãe, praticasse idolatria, oprimisse o necessitado, pervertesse a justiça ou transgredisse mandamentos ocultamente. O povo deveria responder: Amen!

Se Yisrael ouvisse a voz do Eterno, seriam exaltados sobre todas as nações. A bênção se estenderia às cidades, aos campos, à descendência, ao gado, às colheitas e ao trabalho das mãos. Seríamos cabeça e não cauda, abençoados em entrar e em sair, se permanecêssemos fiéis às instruções.

Mas, se rejeitássemos os mandamentos, sobre nós viriam maldições: peste, derrota diante dos inimigos, seca, fome, loucura, confusão. O povo seria disperso entre as nações, serviria a estrangeiros e passaria por sofrimento e vergonha, até que restássemos poucos em número. Esta é a parte mais longa da parashá, mostrando a gravidade da desobediência.

Moshe lembrou ao povo tudo o que o Eterno havia feito no Egito, as pragas, os sinais, o sustento no deserto. E disse: “Guardai as palavras desta aliança e cumpri-as, para que prospereis em tudo o que fizerdes”.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Em Devarim 27:1–8, as pedras erguidas e escritas eram um símbolo adiantado da aliança renovada. O povo deveria ver as pedras, lembrar e obedecer aos mandamentos. No entanto, o Tanakh já antecipava que o coração humano, muitas vezes, é mais duro do que a rocha. Por isso, o Eterno prometeu: “E vos darei coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei coração de carne” (Yechezkel 36:26).

Esse paralelo se aprofunda nos dias em que Yeshua ensinava: ele não trouxe uma “nova lei”, mas lembrou que a verdadeira obediência não está em sinais externos apenas, mas em ter a Torá viva e ativa no coração. E com isso as práticas dos homens demonstram ser a Torá. Assim como as pedras eram testemunhas em meio ao povo, o coração dos remanescentes hoje é chamado a ser testemunha viva diante do mundo.


1. As pedras erguidas: um memorial visível da Torá

As pedras em Eval e Gerizim tinham um propósito: lembrar Yisrael da aliança. Não podiam ser ignoradas, estavam diante de todos, no caminho da entrada à terra. Assim também, a Torá foi dada não para ficar escondida, mas para ser vista e vivida. Em Yehoshua 24:26–27, quando o povo renovou a aliança, novamente uma grande pedra foi erguida como testemunha, pois “ela ouviu todas as palavras que o Eterno nos falou”. Esse simbolismo mostra que o Eterno deseja testemunhas constantes, e a própria criação pode ser chamada como testemunha contra a infidelidade do homem. Por isso é importante que através de nossas práticas de justiça sejamos testemunhas do Eterno.


2. O coração como a verdadeira tábua

Em Yirmeyahu 31:33, encontramos o seguinte: “Porei a minha Torá no íntimo deles e a escreverei no seu coração”. O Eterno não queria apenas pedras com letras gravadas, mas homens e mulheres com a Sua palavra viva dentro de si. Um coração que obediente não porque é forçado, mas porque ama ao Eterno e a seus mandamentos.

Quando Yeshua ensinava sobre os mandamentos, ele os levava ao íntimo: não basta não matar, é preciso vencer o ódio; não basta não adulterar, é preciso guardar a pureza do olhar. Ele não substituiu as instruções, mas as gravou no coração de quem ouvia. Assim como as pedras estavam expostas ao povo, o coração do justo deve refletir a Torá ao mundo.


3. Os remanescentes: pedras vivas diante do Eterno

O TaNaKh mostra que sempre há um remanescente fiel, mesmo em tempos de exílio e desobediência, conforme lemos em Yesha’yahu 10:20–21:


Naquele dia, o remanescente de Yisrael, aqueles da casa de Yaakov que escaparam, não mais confiará no homem que os feriu, mas confiará no Eterno, o Santo de Yisrael. Um remanescente retornará, o remanescente de Yaakov, ao D’us poderoso.


Esses remanescentes são como pedras escolhidas, erguidas pelo Eterno para mostrar Sua fidelidade. Shaul, nos escritos nazarenos, também comparou os seguidores de Yeshua a “pedras vivas” que formam uma morada para o Eterno. Aqui está o mistério do futuro Beit Hamikdash que muitos não entendem, ele não será formado por pedras, mas por pessoas, os remanescentes justos que acordarem na primeira ressurreição.

Assim, o paralelo se fecha: as pedras erguidas no monte eram testemunhas visíveis; o coração transformado é a testemunha invisível, porém viva. O remanescente de Yisrael carrega em si a Torá, e através dos ensinos do Messias, é restaurado para viver plenamente a aliança, não de forma ritualista, mas de maneira verdadeira e obediente.

Ao concluir este estudo, devemos compreender que as pedras de Devarim não foram erguidas apenas para Yisrael do passado; elas ecoam até hoje como lembrete de que a Palavra do Eterno deve estar gravada em nós. O coração endurecido deve ser quebrado, para que o Eterno escreva nele as Suas instruções.

O remanescente fiel, sendo resgatado através dos tempos pelos ensinos de Yeshua, torna-se essa pedra viva: firme, visível e testemunha de que o Eterno é Rei Fiel. Obedecer ao Eterno não é apenas cumprir ritos, mas deixar que Sua Palavra molde cada pensamento e ação. Lembre-se que para ser parte do tempo futuro com o messias e parte do Reino do Eterno deve guardar os mandamentos por amor.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef