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sábado, 20 de julho de 2019

Estudo da Parashá Balák (Balaque)


Estudos da Torá

Parashá nº 40 – Balák (Balaque)
Bamidbar/Números Nm 22:2-25:9,
Haftará (Separação) Mq 5:6-6:8; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 22:1-71


1 - INTRODUÇÃO

A parashá (porção) dessa semana interrompe o relato da caminhada dos filhos Israel no deserto para falar de dois homens que não eram israelitas, mas os seus motivos e atitudes contra o povo de D’us nos servem de instrução. A Torá nos conta a história de Balák(Balaque) e Bilam (Balaão) em sua tentativa de amaldiçoar os filhos de Israel e a relação que tudo isso tem com a vida daqueles que servem a Adonai.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Tendo lido o texto de Bamidbar/Números 22:2-21, encontramos a menção do nome de quatro povos e dois homens, sendo Israel, os Amorreus, os Moabitas e os Midianitas, e também Balák e Bilam.

Com isso, cabe-nos fazer uma pergunta: Quem eram os Amorreus, os Moabitas e os Midianitas?

Os Amorreus eram descendentes de Canaã que era filho de Cam, filho de Noé (Gn 10:1, 6, 15 e 16).

Já os Moabitas são descendentes de Ló por meio da relação incestuosa com sua filha mais velha (Gn 19:36-37).

E o outro povo era os Midianitas, descendente de Midiã que era filho de Avrahan(Abraão) e Quetura (alguns historiadores e rabinos dizem que é a mesma Hagár, também mãe de Ismael – Gn 25:2; 37:28,36), e muitas vezes os nomes são mesclados entre ismaelitas e midianitas.

Balák era filho de Tsipor (Zipor), de descendência midianita.

Bilam era filho de Beor, da cidade de Petor próximo do rio Eufrates, que era próximo de Haran, de onde veio Avrahan, podendo ser descendente de Labão, sogro de Yacov (Jacó).

Entendendo o contexto e o Motivo de Balák

A porção passada termina com a vitória dos exércitos de Israel contra duas grandes nações, Seom rei dos amorreus e Ogue rei de Basã.

Ocorre que Moabe era vizinha dessas grandes nações, e quando os moabitas ouviram sobre a derrota daqueles dois reis decidiram juntar forças com uma outra nação que era seu inimigo de longa data, os midianitas. Seu intuito era unir forças contra um inimigo comum, os filhos de Israel. Com isso levantaram um novo rei, que representasse essa coalizão, seu nome era Tzur, que ao ser consagrado como rei recebeu o nome de Balák, que significa “devastador”. Ele não era de linhagem real, apenas um nobre, um conhecido herói de guerra, além de ser um feiticeiro conhecido entre seu povo.

No lugar de se preparar militarmente contra Israel, ele e seu conselho de anciãos, entendendo que D’us era com o povo de Israel, decidem contratar um outro “feiticeiro ou profeta” muito conhecido pelos povos ao redor e ainda mais poderoso, chamado Bilam (Balaão). Tenha em mente que na época os termos vidente, feiticeiro e profeta tinha uma mesma conotação.

O verdadeiro motivo por trás de tudo era o antissemitismo, ou seja, o desejo de destruir o povo de Israel, mas Balák queria fazer isso primeiro no plano espiritual, pois entendia que se quebrasse a barreira espiritual poderia investir contra o povo. Era comum naquela época e região as pessoas crerem nos poderes de palavras de bençãos e maldições. Quem sabe, aquele rei pensou que se combinasse seus poderes com o de Bilam, poderiam vencer Israel, pois se houvesse uma interferência no mundo espiritual, no mundo físico a sua vitória se manifestaria e não teria como ser derrotados pelos israelitas.

Nesta situação, o que podemos inferir e contextualizar para nossas vidas é que, em muitos momentos o inimigo planeja te destruir por meios espirituais, mas ele sabe que você é guardado pelo Eterno.

A fama de Bilam o precedia

Não foi sem motivos que Balák e os anciãos decidiram chamar Bilam, pois ele era considerado um dos maiores inimigos de Israel. Seu nome significa “destruidor de povos”, e devido à sua reputação deveria ser muito requisitado. Podemos perceber que era verdadeira a informação da fama de Bilam, quando olhamos para o verso 6, pois nos apontada: “...pois sei que, a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.”

A benção e a maldição são opostas. Benção vem do termo hebraico “barak”, que significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo em tido o que fizer.”, vemos isso em Dt 28. Opostamente, o termo “arar” em hebraico é amaldiçoar, e significa “prender por encantamento, cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir.” Dessa forma, podemos entender que uma pessoa que seja abençoada pelo Eterno é difícil que seja amaldiçoada, pois a benção funciona como um escudo de proteção contra as forças do mal. No entanto, uma pessoa pode ser alcançada pela maldição se houver desobediência, porque a benção é consequência da obediência, assim como a maldição o é da desobediência. Ou seja, a benção pode operar em algumas áreas da vida, mas a maldição pode operar em outras áreas onde a Torá não tem sido respeitada.

O Eterno usa o profeta para nos instruir que devemos lembrar o que se passou com Balak e Bilam. Porque esse acontecimento é uma das coisas mais importantes na história do nosso de Israel, como está em Miqueias 6:5:

Povo meu, agora do que consultou Balaque, rei de Moabe, e o que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde Sitim até Gilgal, para que conheças a justiça do Eterno.”

Bilam o Profeta ou Feiticeiro?

No site “emunah a fé dos santos”, na parashá referente a esta em estudo, encontramos o seguinte: O nome hebraico Balãao (Bilam), escreve-se com as letras: bet; lamed; ayin e mem. Como o texto original não tem vogais, é possível ler o seu nome também como “bliam” que significa “sem povo”.” Ele não fazia parte do povo de Israel, poderia ter se unido a eles assim como Jetro, mas não o fez, e vivia como um profeta solitário.

Alguns dizem que o fato de Bilam receber ofertas ou pagamentos pelas profecias foi o motivo de sua queda, mas não podemos considerar o assunto dessa forma. Isso porque era comum na época, que os profetas recebessem ao serem consultados pelas pessoas. Leia o texto de 1Sam 9:6-8:

O servo, contudo, respondeu: "Nesta cidade mora um homem de Deus que é muito respeitado. Tudo o que ele diz acontece. Vamos falar com ele. Talvez ele nos aponte o caminho a seguir". Saul disse a seu servo: "Se formos, o que poderemos lhe dar? A comida de nossas sacos de viagem acabou. Não temos nenhum presente para levar ao homem de Deus. O que temos para oferecer? " O servo lhe respondeu: "Tenho três gramas de prata. Darei isto ao homem de Deus para que ele nos aponte o caminho a seguir."”

Se seguirmos pela análise acima, o profeta Samuel mencionado nesses versos também era mercenário. Contudo, olhando para o texto da porção em estudo, no capítulo 22, não encontramos nada que denigra a imagem dele como profeta, ou que diga que ele é um falso profeta. Até então, estávamos vendo o que Balák queria que ele fizesse, pois sabemos qual era a intenção dele.

Pelo texto bíblico, a respeito de Bilam, inicialmente, podemos inferir que ele era um profeta de Adonai. Podemos entender que ele conhecia o D’us de Avrahan, devido seus pais terem tido contato com Yaácov (Jacó), e portanto possa ter ouvido falar de seu D’us. Podemos entender que o YHWH possa tê-lo dotado com um dom natural para receber e transmitir palavras de profecia. E podemos também considerar, que o Eterno o tenha se revelado a ele, pela forma como Bilam se refere à Adonai, chamando-o pelo tetragrama, o nome de D’us, como lemos no verso 13. Não há motivos para considerar Bilam santo, ou honrado diante de D’us, ou mesmo que sua lealdade ao D’us de Israel era real. Mas precisamos aceitar, de acordo com o texto em estudo, que Bilam foi um gentio “profeta” usado pelo Eterno. Que ouviu diretamente de Adonai, o Senhor do Universo. Ele não foi a favor de Moabe e Midiã, e nem foi contra Israel, ele foi, na verdade, moralmente neutro. O problema é que para o Eterno não existe tal coisa, não existe “em cima do muro”. É ilusão achar que para D’us uma pessoa é neutra, pois ou ela é a favor ou é contra, não há meio termo.

Porém, no decorrer do texto podemos perceber que ele não usa o dom que recebeu para o bem comum, mas para seu benefício próprio, pois a ganância o corrompe. E com isso as Escrituras nos mostram que, o que o fez se tornar falso profeta, foi quando ele ensina a Balák a forma de destruir Israel (Nm 25:1-9; 31:16; 2Pe 2:15; Jd 11 e Ap 2:14), o que ficou conhecido como “Doutrina de Balaão”.

Bilam era um profeta, mas virou mercenário devido o amor que tinha pelas riquezas e pelo reconhecimento, a fama. Vemos Yeshua falando sobre os lobos devoradores em Jo 10.

Os rabinos de Israel afirmam que ele podia ter chegado a ser, para os gentios, o que Moisés era para os Israelitas. Ele poderia ter sido um dos personagens mais influentes no mundo gentio, devido ao dom de profecia que tinha. Mas talvez nos perguntemos, porque D’us dera-lhe o dom da “nevu’ah” - profecia? Ou porque ele tinha acesso ao D’us de Israel? Os sábios judeus afirmam que talvez, o Eterno o tenha permitido se tornar um profeta para que as nações, os gentios, não pudessem dizer que, “se D’us tivesse nos dado um profeta tão grande como Moisés, teríamos também servido a Adonai”. E com isso podemos notar o plano do Senhor através da história e das nações, de trazê-las para perto de Israel, de unir os povos em torno de sua Torá.

No entanto, sua sede de fama, honra e bens o derrubaram levando-o à ruína.

Bilam é citado nos manuscritos do Mar Morto como sendo o “homem que recebe o dom de D’us para orar e ser atendido, mas buscou seus próprios interesses, sendo tomado por Satanás” (4Q175-339).

Apesar de conhecer ao Eterno, ele tinha conceitos distorcidos, achando que poderia levar palavras malditas contra o povo, pois acreditava que D’us estava além de coisas materiais. Dessa mesma forma, muitos hoje em dia estão trilhando esse caminho, ensinando que o Eterno não se envolve em coisas materiais, que não importa o que você come, que dia você guarda, que festas você celebra, que só importa o espiritual. É por essas coisas que entram doutrinas falsas no meio do povo, como lemos em Atos 20:17-38 e 2Pe 2:1-4, doutrina de Balaão, que está aí até hoje para afastar o povo de Deus, de Israel e gerar destruição por meio de iniquidade (do grego anomia – falta de lei, de obediência).

Bilam é mencionado em outros textos nas Escrituras Sagradas, como: Dt 23:5-6; Js 13:22; 24:9-10 e Ne 13:2.

As palavras da terceira profecia de Bilam (Nm 24:5) são mencionadas diariamente nos lares dos judeus e nas sinagogas durante a oração do “Ma Tovu”. Esta é uma oração recitada quando entram da sinagoga, e é derivada da Nm 24:5; Sl 5:8; 26:8; 95:6 e 69:14. Em relação ao primeiro verso recitado na oração, os sábios interpretam as “tendas de Yaakov” como sendo tendas de aprendizado e oração. Em um sentido mais profundo, uma casa atinge o mais alto nível quando se torna um local de estudo da Palavra e oração, tal qual ocorre na sinagoga. Veja abaixo uma parte dessa oração:

Ma tovu ohalecha, Ya’akov, mishkenotecha, Yisrael Va’ani, berov chasdecha avo veitecha. Eshtachaveh el heichal kodshecha b’yiratecha.”

Quão amáveis são as suas tendas, Ó Ya’akov, e os seus tabernáculos, Ó Israel. Quanto a mim, através de sua abundante compaixão entrarei em Tua Casa.

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://shemaysrael.com/parasha-balaq/
- http://www.yeshuachai.org/forums/topic/%D7%91%D7%9C%D7%A7-balak-parasha-numeros-222-a-2509/
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921247/jewish/Os-Moabitas-Escolhem-Balac-como-Lder.htm

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