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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Estudo da Parashá Vayerá (E mostrou-se) - As duas circuncisões

 



Estudos da Torá


Parashá nº 4 – Vayerá (E mostrou-se)

Bereshit/Gênesis Gn.18:1-22:24

Haftará (separação) 2Rs. 4:1-37 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 6:1-7:29


Tema: As duas circuncisões


RELEMBRANDO


No final da parashá passada, a parashá Lech Lechá, vimos Avraham com 99 anos, quando o Eterno veio até ele firmar a aliança. Aliança bilateral como qualquer outra, onde ambas as partes têm um compromisso a ser cumprido. A parte do Eterno era que ele faria Avraham ser o pai de muitas nações, fazendo dele prolífero e de quem descenderiam reis, além de ser seu D’us e de seus descendentes. Da parte de Avraham ele deveria guardar a aliança assim como todos os descendentes, e a aliança é o sinal na carne em todos os homens, eles deveriam ser circuncidados. O Eterno promete-lhe que dali a um ano Sarah estaria com o filho nos braços. E o pacto ou a aliança é firmada com o patriarca circuncidando-se e a todos os homens em sua casa.


A PARASHÁ DA SEMANA


A parashá dessa semana começa, segundo os rabinos, três dias depois de Avraham ter passado pela circuncisão. Vejamos um resumo dessa parashá antes de entrarmos no tema dessa semana.

Segundo o resumo encontrado no site Chabad, a Parashá Vayerá inicia-se com a incrível demonstração de bondade por Avraham (Abraão), à três homens, mensageiros de HaShem, apesar de seu extremo desconforto pelo recente brit milá, circuncisão.

Os mensageiros entregam sua mensagem, declarando que Sarah milagrosamente dará à luz a seu primeiro filho no prazo de um ano, com a idade de 90 anos (o próprio Avraham teria cem anos). Em seguida, eles seguem para a cidade de Sodoma. D'us informa a Avraham, através do mensageiro, que as cidades de Sodoma e Gomorra serão destruídas por causa da perversidade, e Avraham responde com uma longa prece e dialoga com o Eterno pedindo pelo salvamento das cidades.

Como não haviam dez cidadãos íntegros naquelas cidades, D'us começa a destruir as cidades, mas não antes que os mensageiros salvem da destruição, o sobrinho de Avraham, Lot e sua família. Acreditando que o mundo inteiro havia sido destruído, as duas filhas de Lot embebedam o pai, para que ambas possam ficar grávidas dele, e acabam tendo filhos.

Sara é raptada por Avimelech, o rei de G'rar, que não havia percebido que ela era casada. D'us reage castigando-o com uma peste, que o impede de tocá-la, e informa Avimelech que Sara é casada, quando então é imediatamente libertada.

Sara concebe e dá à Luz Yitschac (Isaac), e Avraham faz uma grande comemoração. Sara vê Yishmael (o filho de Avraham com Hagar) como uma ameaça ao bem-estar de seu próprio filho. Relutante a princípio, Avraham segue a ordem de D'us, de dar ouvidos à esposa, expulsando Yishmael e Hagar de sua casa. Com Yishmael a ponto de morrer de sede no deserto, D'us escuta seus gritos e faz com que Hagar encontre um poço de água, e com isso o jovem é salvo.

Avraham assina um pacto com Avimelech na cidade de Be'er Sheva, e vivem em paz por muitos anos. A porção da Torá conclui com a akeidá, o altar, o décimo e último teste de Avraham, no qual ele demonstra sua boa vontade em atender à ordem do Criador, de oferecer seu amado filho Yitschac em sacrifício.


Estudo do Texto da Parashá


No estudo dessa parashá no ano passado, que você pode encontrar em vídeo no canal do YouTube Sou Peregrino na Terra, e também em texto no Blog Sou Peregrino na Terra.blogspot.com.br, eu iniciei dizendo que o Eterno de Israel sempre quer nos mostrar algo dentro de sua Torá, a sua instrução para nós. E nessa porção não é diferente. Vemos a palavra que dá nome à essa porção semanal, no primeiro verso da primeira aliá, que é a porção diária de leitura, e ela trás em si o sentido principal que o Eterno quer que entendamos na porção. A palavra é וַיֵּרָאVayerá, que quer dizer “e mostrou-se” ou mais popularmente “e apareceu”. Veja no primeiro verso do capítulo 18.

 וַיֵּרָא אֵלָיו יְהוָה, בְּאֵלֹנֵי מַמְרֵא וְהוּא יֹשֵׁב פֶּתַח-הָאֹהֶל כְּחֹם הַיּוֹם.

VAIERÁ ELAYV ADONAY BEÊLONEY MAMREH VEHU YOSHEV PETACH HAOHEL KECHOM HAYOM

E mostrou-se Adonay para ele junto as planícies de Manre, estando ele assentado à porta da tenda na força (calor) do dia.”

Um fato interessante nesse texto, é que ele está nos dando na primeira palavra do primeiro verso, um resumo do que aconteceu com Avraham. Naquela altura de sua caminhada com o Eterno, depois de ter passado pela brit milá (circuncisão), para cumprir sua parte na aliança divina, o patriarca demonstrava ser incansável em viver a plenitude do que D’us exigia-lhe, ou seja, ser uma benção para as pessoas. No entanto, ele ainda deveria estar sofrendo as sequelas da circuncisão. E aquela primeira palavra, “Vayerá” – “e mostrou-se”, nos apresenta o Eterno revelando-se ao patriarca de forma diferente das vezes anteriores. Expliquei muita coisa sobre essa revelação do Eterno a Avraham naquela ocasião.

Nesse estudo estaremos estudando alguns textos que falam sobre essa marca na carne, a aliança feita com o patriarca e todos os seus descendentes, incluindo os que adentram-na através dos ensinos e testemunho de Yeshua, bem como também, a marca feita no coração, ou seja, conforme já indiquei no início, falaremos sobre “as duas circuncisões”.

De acordo com o site Yeshua Melekh, atualmente um dos principais ensinos das religiões para dizer que a circuncisão não deve mais ser praticada é dizer que a circuncisão do coração substituiu a circuncisão da carne. Mas será mesmo que uma substituiu a outra? O que seria a circuncisão? E o que seria a circuncisão do coração? O mais interessante nisso tudo é que, os que defendem que a circuncisão do coração substituiu a circuncisão da carne, mal sabem definir o que é ter um coração circuncidado.

Ouvimos muita coisa na teologia cristã, que é contrária a circuncisão, os adeptos desse sistema religioso, seja de qual linha for, afirmam que a circuncisão é apenas para os chamados judeus na carne ou de sangue. No entanto, se olharmos para toda a Escritura Sagrada, a saber a Torá e os profetas, poderemos compreender claramente que essa marca da aliança deve estar em todos os que servem ao Eterno, mesmo que não sejam descendentes diretos de Avraham.

Entenda que no TaNaK coração é o centro dos pensamentos, entendimentos, intenções, etc. Portanto, circuncidar o coração é circuncidar o entendimento. Mas o que é circuncisão?

Brith Milah (בְּרִית מִילָה) é o nome dado à cerimônia feita para a circuncisão. A tradução deste termo é literalmente “Aliança da Circuncisão”, que também é comumente compreendido como “Aliança na Carne”. Este termo não existe no TaNaK, mas ele foi extraído a partir da passagem que leremos a seguir. Iniciemos com o texto da parashá passada que trata da circuncisão do primeiro patriarca hebreu, Avraham.


"De sua parte", disse D’us a Avraham, "guarde a minha aliança, tanto você como os seus futuros descendentes. Esta é a minha aliança (beriti) com você e com os seus descendentes, aliança que terá que ser guardada: Todos os do sexo masculino entre vocês serão circuncidados (himol) na carne. Terão que fazer essa marca, que será o sinal da aliança entre mim e vocês. Da sua geração em diante, todo menino de oito dias de idade entre vocês terá que ser circuncidado, tanto os nascidos em sua casa quanto os que forem comprados de estrangeiros e que não forem descendentes de vocês. Sejam nascidos em sua casa, sejam comprados, terão que ser circuncidados. Minha aliança, marcada no corpo de vocês, será uma aliança perpétua. Qualquer do sexo masculino que for incircunciso, que não tiver sido circuncidado, será eliminado do meio do seu povo; quebrou a minha aliança". Gn 17:9-14


Repare que a raíz do termo circuncisão no Hebraico é mul (מוּל) que também significa cortar, separar. Então, a circuncisão do coração não recebe um nome próprio como a da carne, pois não tem uma cerimônia para a sua realização da mesmo forma que a circuncisão na carne. Uma vez que esta não pode ser operada de forma externa, mas é operada de forma interna, pela própria pessoa, em seu intelecto.

Vimos também nos versos acima, o Eterno falando a Avraham, que na ocasião tinha 99 anos, que ele deveria cumprir sua parte na aliança perpétua, e note ainda, as partes sublinhadas, pois mostram claramente, que não é somente para os descendentes de sangue, o texto fala: “...tanto os nascidos em sua casa quanto os que forem comprados de estrangeiros e que não forem descendentes de vocês.”

Perceba agora, o que Avraham fez quando o Eterno terminou de instruí-lo acerca desse mandamento.


Naquele mesmo dia Avraham tomou seu filho Yishmael, todos os nascidos em sua casa e os que foram comprados, todos os do sexo masculino de sua casa, e os circuncidou, como D’us lhe ordenara. Avraham tinha noventa e nove anos quando foi circuncidado, e seu filho Yishmael tinha treze; Avraham e seu filho Yishmael foram circuncidados naquele mesmo dia. E com ele foram circuncidados todos os de sua casa, tanto os nascidos em casa como os comprados de estrangeiros.” Gn 17:23-27


Avraham não procrastinou, não deixou para depois, naquele mesmo dia ele circuncidou a si mesmo e a todos em sua casa. Apontando para a disposição não apenas dele, mas também dos demais de sua casa, em atender a instrução de HaShem.

Também vemos na parashá dessa semana, que quando ocorreu o nascimento de Ytschak/Isaque, o patriarca não demorou em cumprir a instrução do Eterno, e no tempo determinado circuncidou o menino.


Quando seu filho Yitschac tinha oito dias de vida, Avraham o circuncidou, conforme D’us lhe havia ordenado.” Gn 21:4


Mas é importante destacar, que essa aliança cuja marca era a circuncisão na carne, é a finalização do pacto que o Eterno havia feito com Avraham há tempos atrás, lá no capítulo 15. Naquela ocasião o Eterno lhe reforça a promessa de dar-lhe a terra e pede ao patriarca que sacrificasse alguns animais e ali Avraham recebe de D’us a revelação do que ocorreria com seus descendentes a respeito da escravidão no Egito.

No início do capítulo 17 de Bereshit/Gn, vemos o Eterno falando algo ao patriarca:


Quando Avram estava com noventa e nove anos de idade o Eterno lhe apareceu e disse: "Eu sou o D’us Todo-poderoso; ande segundo a minha vontade e seja íntegro.” Gn 17:1


Em muitas traduções para o português, esse verso diz: “...anda na minha presença e sê perfeito.” Note que ao compararmos as duas versões poderemos compreender melhor o sentido do que o Eterno está falando a Avraham. HaShem demonstra ao patriarca que a aliança só seria efetivada caso ele andasse na presença do Eterno, e fosse perfeito, ou seja, íntegro.

Como qualquer concerto/aliança/contrato/acordo, que pressupõe direitos e obrigações de parte a parte, o Pacto estabelecido entre o Eterno e Avraham pressupõe direitos e obrigações. O Eterno cumpriria as suas promessas, mas essas promessas só se tornariam efetivas mediante a obediência de Avraham. E aqui temos algo que muitos confundem, a “perfeição”, que segundo os que estão presos ao sistema religioso, em virtude do pecado, a “perfeição” é algo inalcançável ao ser humano. Eles afirmam que o homem não pode ser perfeito. Porém, a pergunta que se deve fazer é: O que é perfeição nas Escrituras?

Ser perfeito no âmbito do TaNaK é outra coisa. O propósito da perfeição do texto acima e na maioria dos textos das Escrituras, aponta para a integridade, a correção, a intenção e prática dos mandamentos do Eterno. Aponta para andar no caminho traçado por HaShem, andar sob a sua instrução. É exatamente por isso que D’us estava fazendo essa aliança com Avraham. Ele havia sido provado muitas vezes e estava sempre andando em perfeição diante do Eterno, ou seja, com integridade, com um caráter forjado na obediência, ainda que pudesse às vezes tropeçar e cometer erros, mas sua intenção e práticas demonstravam atitude obedientes. E isso aponta para algo que já mencionamos acima, a circuncisão do coração, que voltaremos a falar sobre isso.

Esta aliança que estava sendo feita consiste no fato do Eterno ser o D’us de Avraham e de sua descendência para sempre. E isto implica que sempre haveria uma parte da descendência do patriarca que nunca deixaria de ter uma relação de aliança com o Eterno, ou seja, sempre haveria um remanescente fiel e obediente. Veja:


E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Elohim, e à tua descendência depois de ti.” Gn 17:8


Esta aliança, por parte do Eterno, é baseada em três pilares fundamentais, quais sejam: o povo (Yisrael), a terra de Kena’an e o Eterno. Conforme podemos ler no verso 8:


E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Elohim.” Gn 7:8


Agora retornamos à parte de Avraham, que já foi mencionada acima, mas leremos novamente, a fim de complementar o entendimento.


"De sua parte", disse D’us a Avraham, "guarde a minha aliança, tanto você como os seus futuros descendentes. Esta é a minha aliança (beriti) com você e com os seus descendentes, aliança que terá que ser guardada: Todos os do sexo masculino entre vocês serão circuncidados (himol) na carne. Terão que fazer essa marca, que será o sinal da aliança entre mim e vocês. Da sua geração em diante, todo menino de oito dias de idade entre vocês terá que ser circuncidado, tanto os nascidos em sua casa quanto os que forem comprados de estrangeiros e que não forem descendentes de vocês. Sejam nascidos em sua casa, sejam comprados, terão que ser circuncidados. Minha aliança, marcada no corpo de vocês, será uma aliança perpétua. Qualquer do sexo masculino que for incircunciso, que não tiver sido circuncidado, será eliminado do meio do seu povo; quebrou a minha aliança". Gn 17:9-14


Segundo o site Emunah a fé dos santos, aqui é estabelecido o selo da aliança, que é a circuncisão na carne.

No entanto, perceba que a circuncisão, conforme vimos até aqui pode assumir vários significados:

- O pacto entre o Eterno e Avraham (e a sua descendência) para sempre;

- A justificação pela fé que Avraham tinha antes da circuncisão na carne, conforme lemos em Gn 15:6, Rm 4:11 e 12;

- O messias seria descendente de Avraham, ou seja, seria do povo de Yisrael, conforme Rm 15:8;

- O simbolo físico de uma circuncisão mais profunda (a do coração), conforme lemos em Dt 10:16; 30:6 e Cl 2:11.

Estamos tendo a noção de como o Eterno considera importante a questão da circuncisão em nossas vidas. E perceba que estamos nos baseando em textos anteriores à Torá escrita. Mas encontramos textos em todo o TaNaK que demonstram isso, e podemos ver alguns:


Qualquer estrangeiro residente entre vocês que quiser celebrar a Pessach do Eterno terá que circuncidar todos do sexo masculino da sua família; então poderá participar como o natural da terra. Nenhum incircunciso poderá participar.” Ex 12:48


Desperte! Desperte! Ó Sião, vista-se de força. Vista suas roupas de esplendor, ó Yerushalayim, cidade santa. Os incircuncisos e os impuros não tornarão a entrar em você.” Is 52:1


Assim diz o Soberano Eterno: Nenhum estrangeiro incircunciso no coração e na carne entrará no meu santuário, nem tampouco os estrangeiros que vivem entre os israelitas.” Ez 44:9


Já tivemos uma leve idéia da importância do assunto, podemos então, passar a buscar o entendimento também do que seria a circuncisão do coração.

Se circuncisão na carne significa remover parte da carne, logo, a circuncisão do coração, que é o pensamento, intelecto, intenção, seria remover parte do coração (pensamento/intelecto/intenção). E talvez você se pergunte: Mas como assim remover parte do pensamento ou intenção? Como a circuncisão da carne é remover uma parte desnecessária da carne, a do coração é remover a parte desnecessária de nossos pensamentos e entendimentos. Ou seja, ter controle sobre nossas más inclinações. Veja:


"E o Eterno teu Elohim circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares o Eterno teu Elohim com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas." Dt 30.6


De acordo com o que vimos no verso acima, o Eterno circuncidará, ou seja, removerá todos os pensamentos injuriosos, todo entendimento desnecessário, tudo que vem da má inclinação, para que foquemos no Eterno, e estejamos com o nosso entendimento entregue apenas para HaShem, e não para as demais coisas que nos afastam Dele.

Nós recebemos a circuncisão do coração quando recebemos o testemunho da vida justa de Yeshua, ou quando vivemos segundo Avraham, em obediência aos mandamentos do Eterno.

Então, de acordo com o que vimos até aqui, a circuncisão do coração substitui a circuncisão da carne?

Não. Se acreditarmos que a circuncisão do coração substitui a circuncisão da carne estaremos demonstrando uma verdadeira falta de conhecimento das Escrituras. Já citamos aqui um verso onde mostramos na Torah (lei, instrução, ensino) a circuncisão do coração, mas vejamos outro, como forma de deixar claro o mandamento.


"Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz." Dt 10.16


Reflita na seguinte questão: Como a circuncisão do coração pode substituir a circuncisão da carne, se ambas estão na Torah (lei, instrução, ensino) do Eterno? Como D’us poderia instituir a circuncisão na carne através da lei, e algumas páginas depois, ele já substituiria pela circuncisão do coração? Certamente que isso não faz o menor sentido!

Além de encontrarmos na própria Torah a respeito da circuncisão do coração, temos também este tema sendo abordado em outros pontos do TaNak conforme mostramos acima, e também como diz Yir’meyãhu/Jeremias, por exemplo, veja:


"Circuncidai-vos ao Eterno, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Yehudhah e habitantes de Yerushalayim, para que o meu furor não venha a sair como fogo, e arda de modo que não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras." Jr 4.4


Assim, fica claro que a circuncisão do coração não é uma novidade e nem substitui a circuncisão na carne, mas devemos entender que ambas complementam uma à outra. A circuncisão na carne não é nada, se não há circuncisão no coração, porque a falta de uma, torna a outra inútil, conforme podemos ver o Rav Sha’ul deixar claro em sua epístola.


"A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos do Eterno." 1 Co 7.19


Ora, a Torah não mandam circuncidar? O que Rav Sha’ul realmente está dizendo é que, a circuncisão por si só não é nada, porque juntamente com a circuncisão, é necessário cumprir os demais mandamentos que nos são aplicáveis. Aqueles que estão circuncidados, mas desobedecem os demais mandamentos, estes tornam sua circuncisão nula, por causa da desobediência dos demais mandamentos. Porém, os que obedecem aos mandamentos, pois receberam o testemunho de Yeshua, e então fazem a circuncisão na carne, também estão circuncidando o coração.

Segundo o site Yeshua Melekh, a circuncisão do coração é uma testemunha do poder e conhecimento de HaShem. Vemos muitas pessoas que estão preocupadas com o sinal na carne, outras estão preocupadas com sua aparência de santidade, com os símbolos que carregam, etc. Mas o Eterno vê além da carne e da aparência, o Eternoa kavanah (intenção do coração), o entendimento das pessoas, e sonda seus pensamentos mais íntimos. A circuncisão do coração é um mandamento da Torah que exige de nós um equilíbrio, entre o sinal que devemos carregar em nosso corpo, e o sinal que devemos carregar em nosso intelecto. Quem despreza um e aceita o outro não está em equilíbrio, pelo contrário, este está carregado de dogmas que o leva para longe da presença do Eterno.

O judeu recebe a circuncisão na carne aos oito dias de nascido e pode passar a vida sem receber a circuncisão no coração. O gentio recebe a circuncisão no coração ao receber Yeshua, mas pode passar a vida sem receber a circuncisão na carne. E ambos podem deixar de fazer parte do Reino do Eterno por isso. Assim, o judeu precisa receber a marca na carne e reconhecer Yeshua como messias, vivendo segundo a Torá do Eterno sem os dogmas, para então receber a marca no coração. Bem como o gentio precisa receber a marca no coração ao seguir os passos de Yeshua, mas também precisa cumprir a Torá e receber a marca na carne, e dessa forma ambos estarão no Reino do Eterno. Porque é necessário ter as duas circuncisões para fazer parte do povo do Eterno.

Que possamos entender que não apenas devemos, mas precisamos ter as duas circuncisões equilibrando nossa vida com o Eterno, e buscar isso com todo o nosso coração, quebrando assim os dogmas criados pela religião, que só serve para nos afastar do Eterno e do seu Reino.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- El Midrash Dice Bereshit – O Midrash disse

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- https://www.yeshuamelekh.com.br/a_circuncisao_do_coracao

- http://emunah-a-fe-dos-santos.weebly.com

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771007/jewish/Resumo-da-Parash.htm


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