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sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Estudo da Parashá Shemot - Os erros dos homens de D'us

 



Estudos da Torá

Parashá nº 13Shemot (Nomes)

Shemot/Êxodo Ex 1:1 – 6:1

Haftará (separação) Is 27:6 – 28:13; 29:22-23; Jr 1:1-2:3 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 22:23-33; 41-46; Hb 11:23-26


Tema: Os erros dos homens de D’us.


No estudo dessa semana veremos através dos erros de alguns homens de D’us que apesar de muitos os colocarem em altares de incorruptibilidade ou em patamares elevadíssimos de caráter, eles eram homens e como tal eram falhos e cometiam pecados e erros diante de D’us. Teremos a oportunidade de entender que mesmo sendo servos do Eterno e tentando cumprir seus mandamentos da melhor forma possível, ainda somos passíveis de erros e isso não era diferente com nenhum dos Patriarcas ou profetas anteriores a nós. No entanto, a diferença está na kavanah que temos de sempre tentar acertar, e ao cometer algum pecado como um acidente de percurso, nos arrepender e corrigir nosso caminhar, pois o Eterno vê e nos sonda a todo momento.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

De acordo com o site Chabad e Emunah a fé dos santos, a parashá Shemot, inicia o segundo livro da Torá, e começa citando os nomes dos filhos de Yaakov. Os que foram para o Egito são doze, cada um foi com a sua família. A Torah nos informa que de Yaakov saíram no total 70 almas, enfatizando suas gerações por terem se conservado fiéis aos ensinamentos dos Patriarcas, apesar de habitarem no Egito, uma nação idólatra. No entanto, conforme temos visto em vários estudos anteriores, os descendentes dos que entraram no Egito não se mantiveram totalmente fiéis aos ensinos da Toráh Oral que lhe fora passado, ao ponto de perderem um pouco dela.

Ainda segundo o site, o faraó governa o Egito, esquecendo os benefícios que trouxe Yosef para o país, que o tornou rico e próspero. Leis cruéis que visavam o enfraquecimento do Povo de Israel através da aflição e sofrimento foram decretadas pelo seu impiedoso poder.

Duas parteiras hebréias, Shifrá e Puá negam-se a cumprir o plano do faraó de matar todo menino hebreu recém-nascido, dispostas a sacrificar a própria vida. Foram recompensadas em sua descendência formada por cohanim, leviim e reis.

Nasce Moshê que é lançado por sua mãe nas águas do Rio Nilo para que sua vida fosse poupada. A filha do faraó, Batia, estende seu braço e salva o menino. Moshê sofre com o trabalho escravo do povo judeu e acaba matando um egípcio em um episódio onde este golpeava covardemente um judeu. Moshê foge para Midian e acaba conhecendo Yitrô e casa-se com sua filha, Tsipora.

D’us se revela para Moshê através do fogo na sarça ardente e lhe incumbe a missão de libertar o povo judeu do Egito. D’us promete a Moshê que estenderá Sua mão e ferirá o Egito e por haver ainda temor por parte de Moshê, D’us lhe mostra Seu poder através de milagres; transforma um bastão em cobra e novamente em bastão; a mão de Moshê fica com a doença de tsaraát e torna a ficar sã, novamente.

Moshê, acompanhado de sua família, segue para o Egito a fim de salvar seu povo. Mas ao ver que tornou-se ainda maior a ira do faraó impondo mais intensamente sua crueldade sobre os hebreus, Moshê clama a D’us que lhe responde que com mão forte ferirá todo o Egito.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO

Não apenas nessa parashá, mas em todas elas, podemos ter plena certeza de que o Eterno cumpre as suas promessas, mas nessa porção a promessa feita a Avraham a respeito de multiplicar a descendência é vista de forma muito plena. Aqui vemos no verso 7 o texto dizer que:


E os filhos de Yisrael frutificaram, aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles.” Ex 1:7


Mesmo Yisrael sendo a menor das nações no mundo com o passar do tempo ele se tornou muito numeroso, vemos o Faraó falando sobre isso no verso 9:


O qual [faraó] disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós.” Ex 1:9


Por isso, quando analisamos profeticamente a situação, podemos entender que no final o povo de Yisrael será maior que o resto do mundo. E isso nos referindo aos que formam realmente o povo de Yisrael, ou seja, judeus, e os que sendo casa de Yisrael espalhados pelo mundo retornam aos caminhos do Eterno, ex-gentios, e todos por meio de Yeshua são enxertados neste povo santo.

Compreendemos que os que fazem parte do povo do Eterno são poucos, os que seguem os passos do messias Yeshua são um pequeno grupo, mas apenas se olharmos para uma geração isolada, porém quando olhamos para todas as gerações esse número cresce muito, pois muitos serão ressuscitados ou transformados os que estiverem vivos na época.

No entanto, esses servos de D’us de todas as épocas são pessoas que cometeram transgressões contra a Toráh enquanto tentavam acertar. Erraram mesmo caminhando no caminho da verdade do Eterno, assim como hoje nós também erramos. E é justamente isso que vamos falar nesse estudo.

Para iniciarmos no tema desse estudo, vamos aos versos 1 e 2 do capítulo 2 dessa porção.


E foi um homem da casa de Levi e casou com uma filha de Levi. E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses.” Ex 2:1 e 2


Aqui nesses versos a Torah nos mostra os pais de Moshê sem mencionar seus nomes e nem dar detalhes sobre eles. Será que há algo aqui para vermos? O que estava acontecendo nesse momento histórico? Porque falar que um homem da casa de Levi se casou com uma filha de Levi? Isso não seria a mesma coisa? O significado não seria o mesmo?

Com certeza, já temos mostrados através de vários estudos anteriores que sempre podemos aprender algo a mais com a Torah, ainda mais quando ela faz algum tipo de mistério com um assunto. E esse texto aqui é mais um desses momentos em que a Torah quer que nós nos debrucemos sobre o assunto e nos aprofundemos um pouco mais.


Um pouco de contexto histórico...

Os nomes dos pais de Moshê somente aparecerão mais à frente, na próxima parashá, em Ex 6:20.


E tomou Amram a Yochéved, sua tia, por mulher, e deu à luz, para ele, a Aarão e a Moshê, e foram os anos da vida de Amram cento e trinta e sete anos.


Amram era neto de Levi filho de Yaakov, e segundo o comentário de rodapé da Torah da editora Sefer, era o líder espiritual de sua geração. Já a mulher a quem ele toma por esposa era Yochéved, a filha de Levi, e segundo o texto nos conta, tia de Amram.

Encontramos no texto hebraico a palavra דֹּדָתוֹ - dodato, que significa “tia dele” ou “sua tia”. O termo hebraico “dod” é tio. E a palavra doda é tia, e é exatamente “dodato” que aparece no texto acima.

Porque será que a Toráh nos relata que ela era tia dele? Há um erro nesse relacionamento, já que sabemos que a Toráh afirma ser pecado esse tipo de relacionamento proibindo-o em Lv 18:12-14.


¹² "Não se envolva sexualmente com a irmã do seu pai; ela é parenta próxima do seu pai.

¹³ "Não se envolva sexualmente com a irmã da sua mãe; ela é parenta próxima da sua mãe.

¹⁴ "Não desonre o irmão do seu pai aproximando-se da sua mulher para com ela se envolver sexualmente; ela é sua tia.

Levítico 18:12-14


O que estava acontecendo? Afinal, se anos mais tarde, no Sinai, a Toráh escrita ao sera dada o povo de Yisrael fazia essa proibição, com toda a certeza a Toráh Oral já mencionava isso. Por qual motivo Amram desobedeceu então um mandamento sério desses? Será que a Toráh antes não falava sobre isso?

Com certeza a Torah Oral já mencionava o assunto, pois sabemos que a Toráh escrita é complementada pela Toráh Oral e vice e versa. Vou falar algo que muitos podem não concordar, mas o que falo está de acordo com a Torah, e não com os pensamentos humanos. O judaísmo criou uma série de informações a respeito da história de Amram e Yochéved e seu casamento, a fim de justificarem algo que eles sabem ser errado, tudo para não manchar a imagem de um de seus mais proeminentes líderes no Egito. Porém, cabe a nós analisarmos os fatos frios e entender o que a Toráh deseja que saibamos, a fim de vivermos segundo a vontade de HaShem.

Quando dizemos para ter cuidado com alguns ensinos do midrash é por isso, ele afirma que quatro tsadikim ou justos morreram sem pecar e suas mortes foram decretos do Todo Poderoso, que havia decretado a morte da humanidade depois do pecado de Adam, são eles: Binyamin, filho de Yaakov; Amram, o pai de Moshê; Yishai, pai de David e Kilav, filho de David com Abigail. No entanto, sabemos que eles não foram totalmente justos, por exemplo, o pai de David se envolveu com uma prostituta que gerou a David. E temos também Amram, que falaremos agora.

A Toráh Oral diz que depois que os filhos de Yaakov morreram seus descendentes foram se perdendo no Egito, e começaram a abandonar os mandamentos do Eterno. A tribo de Levi resistiu por algum tempo, mas também acabou cedendo às práticas pecaminosas permanecendo então, apenas alguns remanescentes. Amram era de fato o líder religioso, mas já havia se esquecido de muito dos mandamentos que lhe fora ensinado.

Devido ao nível de transgressão daquela geração dos filhos de Yisrael a escravidão se agravou muito, até que chegasse o tempo determinado pelo Eterno. E por essas transgressões o cordeiro precisou ser sacrificado e seu sangue colocado no umbrias das portas de todos os hebreus, os que não obedeceram perderam seus primogênitos.

Mas voltando a Amram e Yochéved. Ela era sua tia, irmã de seu pai, filha de seu avô Levi. Amram não poderia se casar com ela, mas eles cometem transgressão e se casam. E desse casamento nasce Miriam, Aharom e Moshê. Há toda uma história contada pelo midrash acerca disso, mas não mencionaremos isso aqui.

Mesmo dessa união pecadora, o Eterno levanta aqueles que seriam os líderes dom povo durante a libertação do Egito e a chegada a Kenaam. É importante que destaquemos que isso não os condena totalmente, claro que pecaram diante do Eterno e sua vontade, mas a remissão desses erros foi retornar ao caminho correto e seus filhos viverem uma vida de obediência. E mesmo os filhos deles também erraram no caminhar dessa vida.

Vemos Miriam que em determinado tempo falou contra a liderança de Moshê. Também vemos Aharon que constrói forçadamente ou não o bezerro de ouro, que levou muitos à idolatria no deserto. Ambos se arrependeram e obtiveram o perdão do Eterno e continuaram a viver em justiça.


Outros homens de D’us que pecaram

- Noach se embriagou com o fruto de sua vinha e fez coisas que geraram problemas familiares (Gn 9:20-26);

- Avraham aceitou dormir com Hagar, a serva de sua mulher Sarah (Gn 16:1-4);

- Yitschak permitia que seu filho Esav lhe subjugasse com palavras e fazia distinção entre ele e Yaakov;

- Yaakov enganou seu pai e teve mais de uma esposa;

- Moshê não circuncidou seus filhos e obedeceu ao Eterno no caso da Meriváh;

- David matou seu amigo Urias por ter adulterado com a mulher dele;

- O rei Shlomoh teve tantas mulheres que caiu em idolatria para agradá-las;

- Elias perdeu a confiança no Eterno quando a rainha Izevel lhe fez ameaças e fugiu para se esconder;

Há um infinidade de outros personagens que as Escrituras relatam seus erros e todos eles eram homens justos, que erraram tentando acertar.


O mais importante...

Depois de tudo o que vimos até aqui, devemos destacar o que é mais importante nessa parashá e nesse tema de hoje. O mais importante não é olhar para os erros dos homens de D’us, mas sim buscar entender o que eles fizeram errado e corrigir o nosso rumo, para que não venhamos cometer ou permanecer nos erros. Errar enquanto buscamos acertar é algo normal e faz parte da caminhada. E nossas vidas o pecado é um acidente de percurso. O mais importante é reconhecer o erro, se arrepender, pedir o perdão ao Eterno corrigindo seus passos e seguir em frente.

O Eterno estava agora levantando Moshê para libertar o povo de Yisrael do Egito não porque o povo merecesse ou porque eles estavam arrependidos, mas em primeiro lugar para cumprir a parte na aliança com Avraham, e em segundo lugar, porque havia um remanescente justo arrependido entre a tribo de Levi e alguns dentre outras tribos que buscavam viver segundo os preceitos do Eterno. Por isso a redenção estava chegando!

O TaNaK nos diz que quem confessa o pecado e deixa, alcança misericórdia! Veja:


Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia. Pv 28:13


Por isso, mesmo que todos esses homens de D’us tenham transgredido algum mandamento, eles encontraram a misericórdia do Eterno porque se arrependeram e confessaram. E esse mesma prática devemos nós fazer.


Apontamentos proféticos

Conversei com o Rav Yochanan sobre esse tema, e em nossa conversa mencionamos que essa passagem clara do erro de Amram é uma profecia a respeito do casamento das pessoas com os sábios do judaísmo, ou com os dogmas criados por eles. E assim, como o Eterno aproveitou os filhos desse casamento errado para libertar o povo, nós somos aproveitados pelo Eterno e geramos também libertação.

Não estou dizendo que não podemos usar os comentários dos sábios e nem ler o que eles escreveram, mas devemos balizar tudo pela Torah e pelo profetas, e rejeitar o que não está de acordo.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)


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