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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

 


Estudos da Torá

Parashá nº 15Bo (Vá)

Shemot/Êxodo Ex 10:1 – 13:16

Haftará (separação) Jr 46:13 - 28 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) 1Co 11:20-34; Gl 5


Tema: Aprenda a usar a liberdade.


No estudo dessa semana temos a oportunidade de refletir a respeito da liberdade. A liberdade que o povo de Yisrael recebeu ao ser liberto do domínio egípcio. A liberdade que o messias trouxe para todos que desejam seguir o padrão de vida estabelecido pela Torah. E refletiremos sobre o que é feito dessa liberdade. Será que sabemos usufruir dela? O apóstolo Paulo fala sobre esse assunto em sua carta aos Gálatas, veremos como o assunto está ligado.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

No resumo dessa parashá, vemos o Eterno falar para Moshê e Aharon irem até o faraó para que este liberte o povo hebreu da escravidão, e se assim não o fizer, D’us castigará o Egito enviando a 8a. praga, a de gafanhotos, que cobrirá toda a terra e acabará com todo alimento e plantações que restaram, após a praga de granizo.

Ao saber que Moshê pretendia levar todo o povo hebreu, homens, mulheres, crianças e todo o seu gado, o faraó não permitiu que todos partissem, mas apenas os homens. O faraó volta as costas para Moshê e Aharon e então o Eterno manda os gafanhotos, dando início a destruição. A praga só é interrompida quando o faraó novamente implora a Moshê que reze a D’us para que interrompa a praga. Mas logo em seguida, assim que desapareceram os gafanhotos, endureceu novamente seu coração não deixando os hebreus partirem. D’us então envia a 9a. praga: a escuridão completa. As trevas só afetavam os egípcios que permaneciam no mesmo lugar, sentados ou em pé, sem poder se mover por três dias, e somente para os hebreus havia luz. O faraó apela novamente para Moshê, mas permite que partam desde que deixem seu gado para trás. Moshê não concorda, pois o gado servirá de oferta de sacrifícios para D’us. O faraó então não os deixa partir.

D’us envia a última praga ao Egito: morte aos primogênitos. D’us instruiu Moshê e Aharon sobre o mês de Nissan que será para o povo de Yisrael o primeiro dos meses do ano e todos os detalhes envolvendo o Cordeiro Pascal, que seriam preparados para a refeição que precede o Êxodo. O sangue dos cordeiros foi colocado como sinal nas casas dos hebreus para que D’us "saltasse" sobre suas casas, ferindo somente os egípcios.

O Eterno estabelece a comemoração de Pêssach e a proibição de ingerirmos alimentos fermentados. Também nos instrui, através de Moshê e Aharon, sobre a obrigação de todos os anos, nesta data, relatarmos o Êxodo do Egito e os milagres com que Ele nos libertou da escravidão a nossos filhos, em todas as gerações. A parashá termina estabelecendo a mitsvá de Pidyon Haben (Resgate do Primogênito) e da colocação de tefilin.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO

Conforme já mencionei, a parashá Bo fala das últimas três pragas que caíram sobre o Egito, e consequentemente o Êxodo do povo Hebreu.

E da mesma forma que nas ocasiões anteriores o faraó não deixa o povo sair, o que culmina com a morte dos primogênitos e a saída do povo de Yisrael, em liberdade, das terras egípcias. E aqui começamos a ver um grupo de pessoas constituídos não apenas de hebreus, mas também de pessoas de outras nações saindo do Egito, inclusive egípcios que se converteram ao D’us de Yisrael. Todos eles saíram libertos da escravidão e da tirania daquele faraó. Mas eles ainda não eram um povo, pois para isso necessitariam de Leis, que receberiam no Sinai. A liberdade e ser um povo requer algumas coisas, que muitas vezes são desprezadas, e falaremos sobre isso.

Encontramos no site Chabad uma mensagem dessa parashá muito interessante que passo a transcrever abaixo:

Nessa porção semanal lemos que D’us falou a Moshê e Aharon para que transmitissem uma ordem aos filhos de Israel. Deveriam orientá-los para que começassem a preparar alicerces para a futura construção do Tabernáculo de D’us. Esta ordem parece pouco realista e prematura, visto ser dada em meio à escravidão e ao sofrimento.

O objetivo de liberdade de uma nação geralmente encontra expressão em alguma proeminente instituição física ou espiritual. A liberdade do Egito encontrou sua expressão nas pirâmides, as quais nada mais eram que túmulos glorificados para os reis, às custas da miséria de milhares de escravos. A antiga Grécia, após ganhar sua liberdade dos Persas, construiu templos na Acrópole, glorificando o corpo humano.

Israel, ao ganhar sua liberdade, tinha como objetivo o Sinai, onde após lhe ser entregue a Toráh, todo o povo se uniu para construir um Tabernáculo onde deveria repousar a Presença Divina. A essa finalidade, todo o Êxodo foi dedicado desde o início. E, de fato, ao estudarmos a história de Yisrael, após sua entrada na Terra Prometida, encontramos o clímax de toda a história judaica, quando o rei Salomão construiu o Templo de Jerusalém.

O significado espiritual da Porção Bô constitui um desafio ao mundo de hoje, onde cada vez mais, pequenas nações conquistam sua independência. Ao nível individual pode ser sentida mais intensamente se levarmos em conta as condições econômicas que tendem a dar-nos cada vez mais tempo livre. O que fazemos com este tempo livre? Há duas chances: ou é tão mal aplicado a ponto de nossos dias tornarem-se uma fonte de aborrecimentos, ou por outro lado, seguindo o exemplo de Yisrael, utilizamos nossos dias para preparar os "alicerces para o Tabernáculo de D’us".

Vamos então refletir em algumas questões a respeito da liberdade que o povo de Yisrael recebeu. Eles receberam a liberdade e como eles a usaram? Como agiram no decorrer da caminhada? Veremos textos de parashiot posteriores.

- Medo e falta de confiança.

¹⁰ Ao aproximar-se o faraó, os israelitas olharam e avistaram os egípcios que marchavam na direção deles. E, aterrorizados, clamaram ao Senhor.

¹¹ Disseram a Moisés: "Foi por falta de túmulos no Egito que você nos trouxe para morrermos no deserto? O que você fez conosco, tirando-nos de lá?

¹² Já não lhe tínhamos dito no Egito: Deixe-nos em paz! Seremos escravos dos egípcios! Antes ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto! " Êxodo 14:10-12


- Queixas pela falta de algo.

Chegaram a Marah, mas não podiam beber a água de lá, pois era amarga. Esse é o motivo de a chamarem Marah (amargor). O povo queixou-se de Moshê e perguntou: O que beberemos? Moshê clamou ao Eterno; e o Eterno mostrou-lhe um pedaço de madeira, que, ao ser lançado na água, tornou-a de sabor agradável. Ali o Eterno estabeleceu para eles leis e regras de vida, e ali ele os testou. Ele disse: Se vocês ouvirem com atenção a voz do Eterno, seu Elohim, e fizerem o que ele considera certo, prestarem atenção às suas mitsvot e guardarem sua leis, eu não atingirei com nenhuma das doenças com as quais afligi os egípcios, pois eu sou o Eterno que cura vocês. Ex 15:23-26


- Saudade das coisas do Egito.

Ali, no deserto, toda a comunidade do povo de Yisrael queixou-se de Moshê e Aharon. O povo de Yisrael lhes disse: Desejaríamos que o Eterno tivesse usado a própria mão paranos matar no Egito. Ali nos assentávamos à volta de panelas com carne cozida e dispúnhamos de alimento conforme desejássemos. No entanto, vocês nos tiraram de lá e nos trouxeram a este deserto para fazer toda a assembleia morrer de fome. Êxodo 16:2-3


- A recusa em obedecer ao mandamentos.

Moshê disse: Hoje comam isso; porque hoje é um shabat para o Eterno. Hoje vocês não acharão no acampamento. Juntem-no durante seis dias, mas o sétimo dia é o shabat, nesse dia, não haverá nada. Contudo, no sétimo dia, algumas pessoas saíram para recolher e não encontraram nada. Êxodo 16:25-27


É importante notar que o objetivo de o Eterno ter libertado Yisrael era para que eles se tornassem um povo, uma nação santa. E para isso acontecer eles deveriam se atentar para as orientações do Eterno, isto é, obedecer aos mandamentos. Isto significa construir o tabernáculo, não o físico e local, mas o que é o corpo e a vida de cada indivíduo.


Agora observemos também a liberdade que cada um de nós recebemos à partir do messias Yeshua. E para isso, vejamos o que Shaul HaShaliach fala em sua carta aos Gálatas no capítulo 5.

Em meu E-book Entendendo os textos de Paulo, podemos perceber que ao lermos os textos dos capítulos anteriores ao capítulo 5, poderemos perceber que o Apóstolo Paulo está falando de seu evangelho, de ex-gentios tornarem-se filhos de D’us, e também de salvação pela Fé (emunáh – firmeza, confiança, obediência) no Messias, está dizendo que antes da salvação o homem era escravo da natureza pecaminosa, veja o que ele diz em Gl 4.8:

No passado, quando vocês não conheciam a D’us, serviram como escravos a seres que na realidade não são deuses.”

O Apóstolo está falando dos crentes não judeus, que antes de conhecerem a Yeshua, eram idólatras, entre outras coisas. Com isso, podemos perceber que o contexto desses capítulos é a justificação e a libertação, a qual o Messias trouxe àqueles que depositam sua confiança no D’us de Yisrael, através dele. O Apóstolo não está de maneira nenhuma, colocando-se contra a Lei de D’us, ou dizendo que ela foi abolida. Ao contrário disso, ele está dizendo que a observância legalista dela não traz nenhum benefício. Se lermos essa carta com cuidado poderemos entender perfeitamente o assunto tratado em seu escopo.

O fato é que, apareceram algumas pessoas que se diziam verdadeiros crentes em Yeshua, mas seus verdadeiros objetivos eram escusos, pois eram religiosos legalistas. É o que Sha’ul chama de “outro evangelho”, ou de “evangelho falso”, como podemos ver:

“Estou estarrecido com o fato de vocês terem me trocado tão rapidamente, àquele que os chamou pela graça do Messias, por outras supostas ‘boas-novas’, que não são boas-novas de forma nenhuma! A realidade é que certas pessoas estão aborrecendo vocês e tentando perverter as genuínas boas-novas do Messias...” Gal 1.6-7.

Note que Sha’ul (Paulo) está repreendendo os crentes da Galácia por terem-no rapidamente trocado por outros mestres, que vieram lhes trazendo ensinamentos diferentes acerca da justificação. Entretanto, tais ensinamentos não eram apenas ideias diferentes das que ele tinha ensinado, mas deturpadas e contrárias à Verdade contida nas Escrituras que o Apóstolo lhes tinha apresentado. A verdade é que o Evangelho, ou Boas Novas, só são verdadeiras se forem do Messias, que é de acordo com a Toráh, qualquer outra mensagem será falsa, e é isso que ele passa através de seus textos.

Agora, para uma boa compreensão do contexto, é necessário que relembremos o que é essa observância legalista da lei.

Uma vez que dizemos que a carta fala da justificação pela Fé (emunáh – firmeza, confiança, obediência) em detrimento das obras da lei (ma’assei hatoráh), necessitamos entender isso de forma correta. David H. Stern, em sua obra “Comentário Judaico do Novo Testamento”, define o legalismo como “o falso princípio de que D’us concede aceitação às pessoas, considerando-as justas e dignas de estarem em sua presença, com base na obediência delas a um conjunto de regras, e isso à parte de colocarem sua confiança em D’us, sujeitando-se aos cuidados dele, amando-o e aceitando o seu amor por elas.” É fácil entender o que é legalismo, quando percebemos que Paulo queria dizer que seria uma prática meramente ritualística, sem princípio verdadeiro nas Escrituras, como invenções e costumes humanos criados a partir das Leis ou Mandamentos dados pelo Eterno, com a clara intenção de alcançar a justificação por meio deles. É contra isso que o Apóstolo estava falando, e não contra os Mandamentos ou Leis em si mesmos. Paulo estava pregando contra aqueles que insistiam em que os ex-gentios salvos em Yeshua, deveriam guardar os ritos da Lei, como o da circuncisão, por exemplo, antes da plena compreensão, para serem justificados.

Então, quando vemos algumas pessoas falando sobre judaizar a igreja, percebemos que elas não sabem seu significado, pelo fato de entenderem o texto de Paulo de forma errada. “Judaizar” na verdade, conforme os textos que estamos lendo, seria exigir que um não judeu se converta ao judaísmo ou vire judeu, a fim de que possam serem justificados pela pela prática legalista dos mandamentos, e era o que aquelas pessoas estavam fazendo com os gálatas. Exemplo disso é o que Paulo fala nessa carta sobre a circuncisão, que é para os judeus de sangue e para ex-gentios que queiram fazer parte da aliança demonstrando entendimento e amor ao Eterno. Os gentios que se aproximam do povo de D’us não precisam se circuncidar logo que chegam a fé, sem entendimento algum, conforme lemos em Atos 15. Porém, há Mandamentos que devemos começar a cumprir logo que nos aproximamos do povo e do Eterno, porque são para todos, é a Palavra de Deus também.

Sendo assim, a liberdade que o Apóstolo está falando no capítulo 5, não se trata de estar livre para não obedecer às Leis de D’us, mas a liberdade da escravidão do pecado, que é a transgressão da Lei, conforme 1Jo 3:4. A liberdade da condenação advinda do pecado, que é mencionada no capítulo 4, por isso ele fala de justificação pela Fé, e a tentativa de justificação por cumprir a circuncisão. Veja os versos 13 a 15:

“Porque, irmãos vocês foram chamados para serem livres. Apenas não permitam que a liberdade se transforme em desculpa para darem margem à sua velha natureza. Ao contrário, sirvam uns aos outros em amor. Porque a Torah toda é resumida em uma frase: “Ame o próximo como a si mesmo”. Mas se vocês se morderem e arrancarem pedaços uns dos outros, cuidado: vocês acabarão se destruindo!”.

O foco do autor é combater a velha natureza e não o cumprimento das Leis de D’us, até porque elas são santas, justas e boas, conforme o Apóstolo Paulo fala em Romanos 7.12. E se são boas, por quê Sha’ul as combateria, afinal? Isso nos comprova a falibilidade dessa teologia ensinada e pregada nas igrejas, emissoras de rádio e em programas de tv. Uma teologia sem o contexto correto das Escrituras, sem verdadeiramente as Escrituras, pois se estudassem com sinceridade, humildade e verdade, poderiam perceber seus erros, assim como também um dia eu e muitos outros que agora abraçam a Visão da Restauração perceberam.

Finalmente, ao ler o texto em estudo, precisamos compreender que o Eterno está transmitindo, através de seu Ruach (Espírito), pelos escritos de Paulo, que a liberdade dada pelo Messias (primeiramente para os judeus que creram Nele, e a nós que éramos gentios e fomos enxertados em Israel, por meio da Fé no testemunho Dele, conforme Romanos 11) é para vivermos verdadeiramente como filhos que entendem sua responsabilidade no Reino do Pai. Recebemos a liberdade do poder do pecado e não da Lei do Eterno. Sha’ul quer transmitir que a liberdade recebida não pode nos conduzir de volta ao pecado e à carnalidade, e que por meio da Fé no testemunho de Yeshua, temos agora condições de obedecer às Leis e Mandamentos porque somos salvos, e não para sermos salvos através delas. Até porque, salvação significa exatamente receber de D’us condições de viver, porque estávamos destinados a morte, e a vida Eterna nós recebemos ao obedecermos as palavras da Torá de HaShem. Por esse motivo devemos voltar às raízes da nossa Fé e ao contexto original das Escrituras, a fim de buscar compreensão verdadeira de vivermos o caminho que foi preparado para vivermos, a Torá. E dessa forma usar a liberdade que recebemos com sabedoria, obedecendo a vontade do Eterno para construir nosso tabernáculo, ou seja, nossa vida de justiça com o Eterno conforme o messias nos demontrou.

Que não cometamos os mesmos erros do povo de Yisrael no deserto, mas aprendamos a usar a liberdade recebida com sabedoria.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)


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