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sexta-feira, 7 de março de 2025

Estudo da Parashá Tetsaveh - O Segredo das Vestes Sagradas: O que a Torah revela sobre Santidade contínua!

 


Estudos da Torá

Parashá nº 20 – Tetsaveh (Ordene)

Shemot/Êxodo 27:20 – 30:10

Haftará (separação) Ez 43:10-27 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Fp 4:10-20 e Ef 6.


Tema: O Segredo das Vestes Sagradas: O que a Torah revela sobre Santidade contínua!


Imagine um fogo que nunca pode se apagar. Uma luz que deve brilhar continuamente, dia e noite, sem interrupção. Agora, pergunte-se: como manter essa chama acesa?

A Parashá Tetsaveh nos apresenta um princípio profundo que transcende o tempo: a santidade não é um evento isolado, mas um compromisso diário . O Eterno ordena vestes sagradas, azeite puro para o Menorá e um serviço contínuo no Mishkan. Mas será que esses detalhes cerimoniais têm algo a nos ensinar hoje?

Se a santidade exige constância, como podemos aplicá-la à nossa vida? O que os Cohanim , as vestes sacerdotais e o Mishkan nos revelam sobre nosso relacionamento com o Eterno? E mais: há uma conexão entre essa parashá e as palavras de Shaul sobre a "armadura de HaShem"?

Neste estudo, vamos mergulhar na essência desse chamado divino. Descobriremos como os profetas fortaleceram essa ideia, o que Yeshua ensinou sobre a verdadeira santidade e como Shaul reinterpretou esses conceitos para os discípulos de seu tempo.

Se você deseja entender o que significa estar realmente "vestido de santidade" e como isso impacta seu relacionamento com o Eterno, continue lendo. Este estudo pode mudar sua maneira de enxergar a obediência e o serviço ao Criador.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A Parashá Tetsaveh (Shemot 27:20–30:10) dá continuidade às instruções do Eterno a Moshe sobre o Mishkan, detalhando a confecção das vestimentas sacerdotais e a consagração de Aharon e seus filhos para o serviço no Mishkan.

O Eterno ordena que o povo de Israel traga azeite de oliva puro para acender continuamente a Menorá dentro do Mishkan. Essa luz simboliza a presença constante do Eterno e a responsabilidade dos israelitas em manter a santidade do Mishkan.

O Eterno escolhe Aharon e seus filhos para servirem como cohanim (sacerdotes) e ordena a arrumação de vestes especiais para eles. Cada peça possui um significado e propósito:

  • Efod: Um tipo de manto adornado com pedras de ônix nos ombros, representando as tribos de Israel.

  • Peitoral do Julgamento (Choshen Mishpat): Continha doze pedras preciosas, cada uma simbolizando uma tribo, e os Urim e Tumim, usados ​​para buscar a orientação do Eterno.

  • Mitznefet (Turbante) e Tzitz (Placa de ouro na testa): Com a inscrição "Kodesh LaHaShem" (Santo para o Eterno), estabelece a consagração de Cohen Gadol.

  • Ketonet (Túnica), Avnet (Cinto) e Michnasayim (Calções de linho): Vestimentas que garantem a dignidade e a santidade dos sacerdotes ao servirem no Mishkan.

O Eterno detalha o processo de consagração de Aharon e seus filhos como cohanim:

  • Mikveh (Imersão em água): Como sinal de purificação.

  • Vestição com as roupas sagradas.

  • Unção com azeite: O óleo da unção sagrada é derramado sobre Aharon.

  • Ofertas de sacrifícios: Incluindo um novilho pelo pecado e carneiros para a consagração.

Esse ritual dura sete dias e sela a aliança entre os Cohanim e o Eterno.

O Eterno ordena a oferta diária de dois cordeiros, um pela manhã e outro à tarde, acompanhado de minchá (oferta de grãos) e libação de vinho. Esse sacrifício contínuo simboliza a presença constante do Eterno entre Israel.

O Eterno ordena a construção do altar de ouro para a queima do incenso sagrado dentro do Mishkan. O incenso representa as orações de Israel subindo perante o Eterno.

A Parashá Tetsavê reforça o papel dos Cohanim e sua responsabilidade em manter a santidade do Mishkan. As vestes sacerdotais demonstram a honra e a distinção do serviço ao Eterno. O azeite da Menorá, os sacrifícios diários e o incenso simbolizam a presença contínua do Eterno no meio do povo.

O grande ensinamento dessa parashá é que a santidade deve ser mantida constantemente, não apenas em momentos específicos. O Eterno exige obediência, pureza e serviço contínuo para habitar entre o Seu povo.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Ordene ao povo de Yisrael que traga a você azeite puro de azeitonas prensadas para a luz, e mantenha a lâmpada continuamente queimando. Shemot 27:20


A Parashá Tetsaveh continua o tema da santidade iniciado na porção passada, a Teruma. As duas, mais a próxima, são muito profundas e significativas dentro do Sefer Shemot (livro de Êxodo) no tocante à temática mencionada, pois trata diretamente do papel dos Cohanim e da estrutura do serviço no Mishkan. Nesta parashá, o Eterno ordenou a Moshe que instruísse Aharon e seus filhos sobre sua consagração e as vestes sagradas que deveriam usar para o serviço divino. Mas além do contexto histórico e cerimonial, Tetsaveh traz um princípio fundamental e profético atemporal: a santidade não pode ser um estado ocasional, mas sim um compromisso contínuo e ininterrupto, pois é isso que levará os justos ao Reino do Eterno.

Essa ideia é uma das bases centrais da relação entre Yisrael e o Eterno. A santidade (קדושה - kedushá) não é apenas um conceito abstrato ou uma experiência espiritual momentânea, ela deve permear cada aspecto da vida, do mais solene ao mais cotidiano. Esse princípio pode ser visto tanto nas palavras dos profetas quanto nos ensinamentos de Yeshua e nos escritos de Shaul (Paulo), onde a santidade se manifesta como um revestimento divino – seja pelas vestes sacerdotais, seja pela “armadura de HaShem”.


1. A Santidade Como Um Chamado Contínuo

O Eterno declarou a Moshê:


Ordene ao povo de Yisrael que traga a você azeite puro de azeitonas prensadas para a luz, e mantenha a lâmpada continuamente queimando. Shemot 27:20


No ciclo passado, nessa parashá falamos sobre o azeite, e neste ano, aqui entraremos em um assunto que complementa aquele, veremos que a essência da santidade é a continuidade. A luz da Menorá simboliza a presença do Eterno, mas essa luz não se mantém sozinha. Ela exige o azeite puro, exige o cuidado diário de Cohen. Assim também é a relação entre Yisrael e o Eterno: não basta um único momento de consagração, é preciso manter o fogo aceso todos os dias.

Vemos no sistema religioso as pessoas se enganarem com a ideia de que a santidade vem do Eterno, retirando de si mesmos a responsabilidade de obedecerem aos mandamentos e com isso alcançarem-na. Exemplo disso é o chamado batismo, que além de entenderem tudo errado em relação ao seu verdadeiro significado, ainda fazem isso apenas uma vez, fazendo disso um único ato. Ou às vezes fazem campanhas de oração buscando alcançar alguma bênção, mas em detrimento disso, desobedecem mandamentos simples como não comer certos animais, entre tantos outros exemplos que podem ser dados que esbarram na impossibilidade de se conseguir a verdadeira santificação.

A Toráh reforça esse chamado à santidade constante:


Eu sou o Eterno, vosso Elohim; santificai-vos e sede santos, porque eu sou santo. Vayicrá/Lv 11:44


A exigência do Eterno não se limita ao Mishkan. Esse mandamento não é apenas voltado para os Cohanim, é para todos. Ele deseja que Seu povo viva em santidade todos os dias, em todas as situações. Os Cohanim são o exemplo, pois eles ensinariam o povo a seguir esse princípio. Por isso, as vestes sacerdotais eram mais do que um símbolo cerimonial – eram um lembrete físico e constante do compromisso de servir ao Eterno com pureza e dedicação.

Os profetas do Eterno que foram enviados ao seu povo ecoaram esse chamado à santidade contínua, à obediência. Mesmo os que se perderam no caminho poderiam retornar à santidade fazendo teshuvah. Observe o que disse Yeshayahu/Isaías 35:1-10, ênfase no verso 8.


2. O Significado das Vestes Sacerdotais

As vestes dos Cohanim não eram simples adornos; cada peça carregava um significado profundo:

- O Avnet (cinto) – Simboliza o autocontrole e a disciplina no serviço ao Eterno.

- A Ketonet (túnica de linho) – Representa a pureza e retidão.

- O Choshen Mishpat (Peitoral do Julgamento) – Continha os nomes das doze tribos, mostrando que o Cohen Gadol representava todo Yisrael diante do Eterno.

- A Mitznefet (turbante) e o Tzitz (placa de ouro na testa) – Levavam a inscrição "Kodesh LaHaShem" (Santo para o Eterno), um lembrete de que a santidade precisa estar sempre "na mente" do sacerdote.

Essas vestes indicavam que o Cohen não poderia se comportar de qualquer maneira diante do Eterno, deveriam estar sempre atentos. Ele deve estar vestido especificamente para exercer seu papel sagrado. Mas o conceito vai além da aparência externa: as vestes simbolizam uma disposição interior de conformidade, retidão e consagração. É claramente um lembrete de que se deve a todo tempo saber que é necessário nos manter separados para o Eterno. Esse mesmo princípio de “vestir-se espiritualmente” ou seja, obedecer ao Eterno de coração e com dedicação constante, é retomado por Yeshua e pelos seus emissários, como Shaul.


3. O Ensino de Yeshua Sobre a Santidade Contínua

Yeshua, como um mestre da Torá que era, reforçou esse conceito de santidade ao dizer:


Sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial. Matityahu 5:48


Ele estava reforçando a instrução de Vayicrá 11:44 que lemos acima, e isso não significa que ele estava exigindo uma perfeição inatingível, como muitos podem pensar e ensinar, mas sim exigindo um compromisso contínuo de honestidade e obediência, assim como o Cohen Gadol tinha em seus serviços diários no Mishkan.

Além disso, Yeshua ensina que a santidade não deve ser externa e superficial, mas algo interno, verdadeiro e constante, que só depois de transformar o caráter do homem aparece externamente como testemunho que as pessoas dão do justo ao reconhecerem, mesmo que não queiram, a vida de santidade do que está em teshuvah.

Veja o que o messias ensinou:


Ai de vós, escribas e perushim, hipócritas! Pois limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança. Matityahu 23:25


O que ele denuncia aqui não é a observância da Torá, mas a falsa santidade – aquela que se preocupa apenas com a aparência externa, sem um coração verdadeiramente consagrado ao Eterno. Yeshua reforça a ideia de que a santidade deve ser integral, contínua e autêntica, não apenas ritualística.


4. A Relação com a Armadura de HaShem em Efésios 6

Shaul, ao escrever aos discípulos de Yeshua, faz um paralelo interessante entre a consagração sacerdotal e a vida daqueles que desejam andar nos caminhos do Eterno. Ele escreve:


Revesti-vos de toda a armadura de Elohim, para que possam estar firmes contra as ciladas do adversário. Efésios 6:11


Em sua instrução aos crentes em Éfeso, que estavam passando por muitas provações, sendo perseguidos por religiosos e também pelos romanos, o apóstolo faz um midrash das vestes sacerdotais relacionando com uma armadura. Isso porque as pessoas daquele país eram conhecedores de armaduras. Havia a lenda de que aquela cidade fora fundada pelas Amazonas, uma tribo de mulheres guerreiras, não é sem motivo que uma das principais divindades daquela cidade era a Diana dos Efésios.

Assim Shaul descreve as partes da armadura chamando-a de “armadura de Elohim”, uma clara alusão às vestes sacerdotais. Observem abaixo:

- Cinturão da Verdade – Relacionado ao Avnet (cinto) dos Cohanim, que simboliza disciplina e retidão.

- Couraça da Justiça - Assim como o Choshen Mishpat (Peitoral da Justiça) do Cohen Gadol.

- Calçados da Preparação do Evangelho da Paz - Como os pés dos profetas, que levam a palavra do Eterno ao povo (Yeshayahu 52:7).

- Escudo da Confiança Firme - Representa a proteção contra influências externas, assim como o serviço sacerdotal de proteção espiritual de Yisrael.

- Capacete da Salvação → Como a Mitznefet (Turbante), que leva a inscrição "Kodesh LaHaShem".

- Espada da Palavra de HaShem - Representa a Torá e os ensinamentos do Eterno, que são a verdadeira arma contra as trevas.

Shaul não está criando um conceito novo, mas sim reinterpretando o mesmo princípio encontrado na Parashá Tetsavê: para servir ao Eterno, é necessário estar devidamente preparado e revestido da santidade.

Assim como o Cohen Gadol não poderia se aproximar do Mishkan de qualquer maneira, também ninguém pode se aproximar do Eterno sem estar "vestido" de santidade e obediência. Quer ser servo do Eterno? Vista-se de santidade, obediência e faça teshuvah!

Concluindo nosso estudo, vemos que a Parashá Tetsavê não é apenas um relato sobre vestes sacerdotais e rituais antigos. Ela é um chamado atual, profético e eterno para aqueles que desejam servir ao Eterno de maneira genuína. A santidade não pode ser um momento isolado, mas um compromisso diário. Seja no serviço do Mishkan, nos ensinamentos dos profetas, nas palavras de Yeshua ou nas metáforas de Shaul, a mensagem é a mesma:

  • - Santidade exige preparo.

    - Santidade exige compromisso contínuo.

    - Santidade é um estado de vida, não uma experiência momentânea.

Se queremos que o Eterno habite entre nós, precisamos manter o fogo aceso todos os dias, sem deixá-lo apagar. Como está escrito:


Amem o Eterno, o seu Elohim e obedeçam sempre aos seus preceitos, aos seus decretos, às suas ordenanças e aos seus mandamentos. Devarim 11:1


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Estudo da Parashá Terumah - Santidade, Ordem e Dedicação.

 




Estudos da Torá

Parashá nº 19 – Terumah (Coleta)

Shemot/Êxodo 25:1 – 27:19

Haftará (separação) 1Rs 5:26-6:13 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Hb 8:1-6; 9:23,24; 10:1.


Tema: Santidade, Ordem e Dedicação.


A Parashá Terumah nos ensina que a santidade não é um conceito abstrato, mas algo que se manifesta na ordem, dedicação e obediência aos mandamentos do Eterno. O Mishkan (Tabernáculo) foi construído seguindo um modelo preciso, refletindo o princípio de que o serviço ao Criador exige zelo, estrutura e fidelidade às Suas instruções.

Desde a criação do mundo até a construção do Mishkan, vemos que o Eterno age com ordem e propósito. Os profetas reforçaram que a verdadeira adoração não consiste apenas em rituais, mas em uma vida alinhada com a vontade divina. Yeshua e seus emissários também enfatizaram que o serviço ao Criador deve ser feito com integridade e compromisso, pois cada um de nós é chamado a ser parte de um santuário vivo.

Neste estudo, exploraremos como a ordem e a dedicação são essenciais para uma vida de santidade e como podemos aplicar esses princípios em nosso serviço ao Eterno.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Nessa porção da Torah o Eterno ordena a Moshê que peça aos filhos de Yisrael que façam uma coleta (T’rumah) e tragam ofertas voluntárias para a construção do Mishkan (Tabernáculo) e todos os seus utensílios, o local que seria a representação da presença do Eterno habitando no meio do povo. Deveria ser entregues ouro, prata, cobre, tecidos, peles, madeira de acácia, azeite, especiarias e pedras preciosas.

A Aron HaBrit deveria ser feita de madeira de acácia e revestida de ouro puro, contendo dentro dela as Luchot HaBrit (Tábuas da Aliança). Acima dela ficaria o Kaporet (tampa da Arca), com dois keruvim (seres celestiais) de ouro.

A Mesa dos Lechem HaPanim (Pães da Proposição) seria feita de madeira de acácia e revestida de ouro, esta mesa seria usada para colocar doze pães diante do Eterno.

A Menorah deveria ser feita de ouro puro, com sete hastes e decorada com motivos florais, como amêndoas e flores. Ela deveria ser acesa continuamente, iluminando o interior do Mishkan.

O Mishkan deveria ser construído com cortinas de linho fino, lã azul, púrpura e vermelha, além de peles de animais. Sua estrutura era sustentada por tábuas de madeira de acácia revestidas de ouro. O Santo dos Santos (Kodesh HaKodashim) ficava separado do Santo Lugar por um Parochet (véu).

O altar dos sacrifícios deveria ser feito de madeira de acácia e revestido de cobre, com chifres nos quatro cantos. Ele possuía grelhas e utensílios específicos para o serviço.

O Mishkan seria cercado por um pátio delimitado por colunas e cortinas de linho fino. A entrada do pátio deveria ter uma cortina especial feita com fios azuis, púrpura e vermelhos, sustentada por colunas de bronze.

O Eterno não impôs tributos, mas pediu ofertas voluntárias. Isso ensina que o serviço ao Eterno deve vir do coração, com generosidade e desejo sincero. O Mishkan era um sinal de que o Eterno estava no meio de Yisrael. Mas para que essa presença se manifestasse, era necessário obediência e santidade. Ouro, prata e pedras preciosas representam aquilo que é elevado e espiritual, enquanto madeira representa a materialidade e a fragilidade humana. O Mishkan unia esses elementos, mostrando que o serviço ao Eterno envolve tanto o aspecto sagrado quanto o mundo físico.

A Menorah simboliza a luz da sabedoria e do entendimento. Assim como a luz da Menorah iluminava o Mishkan, a Torá ilumina nossas vidas, guiando-nos no caminho do Eterno.

Muitos sábios observam que a construção do Mishkan reflete a criação do mundo. As instruções detalhadas, os materiais preciosos e a ordem divina lembram que o Eterno cria e organiza todas as coisas com propósito.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Adonai disse a Moshê: Fale ao povo de Yisrael que façam uma coleta para mim – aceitem a contribuição de quem quiser colaborar de coração...Eles devem erigir para mim um santuário, para que eu viva entre eles. Sh’mot 25:1 e 8


De acordo com o texto que lemos acima podemos notar que a construção do Mishkan (Tabernáculo) transcende a mera edificação física. Ela se revela como uma metáfora profunda da jornada humana em busca da santidade, entretanto, podemos observar mais como uma profecia profunda da necessidade da busca por santidade os passos que devem ser dados. Este estudo aprofunda a compreensão de como a santidade se manifesta na ordem, na dedicação e na obediência, explorando as nuances históricas, bíblicas e teológicas, e conectando-as à experiência humana.

Bruno Summa em seu livro Sha’arei Torah – Portões da Torah – Shemot 4, comentando esta porção, diz que a parashá Terumah discute primordialmente a construção do Mishkan, de todos seus acessórios e da Arca da Aliança onde a Torah seria colocada. A intenção do Mishkan era de perpetuar a experiência que Yisrael teve no Monte Sinai, toda a revelação divina que lá ocorreu e que durou apenas alguns dias, poderia agora ser acessada a todo instante e sempre que o povo desejasse. Da mesma forma que HaShem se manifestou por apenas alguns dias no Monte Sinai, agora Ele se manifestaria todos os dias através do Mishkan. A essência do Mishkan era a Arca da Aliança, todo o Mishkan foi construído com apenas um único propósito, de abrigar a Arca, a qual, por sua vez, também possuía uma essência e um motivo para que fosse construída, abrigar a Torah. Isso mostra que toda a revelação que ocorreu no Sinai estava agora oculta na Torah e é a Torah que tornaria a manifestação divina nas esferas terrenas como algo permanente e constante. (Página 19)

Outro aspecto interessante e que deve ser notado, é que, segundo o Chumash Plaut, na escravidão egípcia, Yisrael havia construído edifícios para os faraós, agora teriam a oportunidade de dedicar seu trabalho ao Eterno. Mais do que qualquer coisa, isso demonstrava sua liberdade, mostrando para nós o poder que essa porção da Torah aponta para nós em relação a profecia de liberdade e santidade. A santidade, algo exigido pelo Eterno a todos que desejam ser parte da aliança, deve ser conquistada com ordem e dedicação, algo que os filhos de Yisrael tiveram que aprender, bem como cada um de nós deve.


1. O Mishkan: Um Microcosmo Divino de Ordem e Propósito

A narrativa em Shemot/Êxodo detalha a meticulosa construção do Mishkan, um santuário que servia como ponto de encontro entre o Eterno e Seu povo. A ordem e a precisão exigidas na construção refletem a própria natureza divina, como expresso em Shemot 25:9: "Conforme tudo o que Eu te mostrar, a estrutura do Mishkan e a estrutura de todos os seus utensílios, assim o fareis".

Os sábios do povo de Yisrael afirmam que aqui há paralelos entre a construção do Mishkan e a criação, observe:

- Bereshit 1:1 e Shemot 25:8 : A criação do universo e a construção do Mishkan são atos divinos de estabelecimento de ordem e propósito.

- Bereshit 2:2 e Shemot 40:33: O término da obra divina, seja na criação ou no Mishkan, demonstra a perfeição e a completude do plano divino.

- Bereshit 1:31 e Shemot 39:43: A aprovação divina da obra concluída ressalta a importância da execução fiel e obediente.

O Mishkan foi construído em um momento crucial da história de Yisrael, logo após a libertação da escravidão no Egito. Ele servia como um símbolo tangível da presença divina no meio do povo, unificando as tribos e orientando sua jornada no deserto. A precisão na construção do Mishkan contrastava com a desordem e a idolatria das culturas vizinhas, estabelecendo Yisrael como um povo distinto e consagrado ao Eterno.


2. Os Profetas: Santidade Além dos Rituais

Os profetas, como Mikhah e Hoshea, ecoaram a mensagem de que a santidade não se limita à observância de meros rituais, mas exige um coração íntegro e uma vida de retidão e santidade. A retidão é a obediência aos mandamentos, pois é isso que mantém o homem no caminho reto, e isso leva à santidade, à separação das coisas que desagradam ou são contrárias ao Eterno que é Santo. Observe o que dizem os mencionados profetas:


Com que posso aparecer diante de Adonai para me prostrar diante de elohim nas alturas? Posso me apresentar diante dele com ofertas queimadas, com bezerros de 1 ano? Adonai se agradaria com milhares de carneiros, com 10 mil rios de azeite de oliva? Poderia eu dar meu primogênito como pagamento por minhas transgressões, o fruto do meu corpo pelo pecado de minha alma? Ser humano, você já foi informado do que é bom, do que Adonai exige de você – apenas que aja com justiça, que ame a graça e que ande em pureza para com seu Elohim. Mikhah 6:7-8

Este trecho profético enfatiza a importância da justiça, da bondade e da humildade como pilares da verdadeira devoção.


Pois desejo misericórdia, mais que sacrifícios, o conhecimento de Elohim mais que ofertas queimadas. Hoshea 6:6


Aqui, o Eterno expressa Seu desejo por bondade e conhecimento, em vez de meros sacrifícios. Durante o período dos profetas, Yisrael enfrentava desafios internos e externos, como a idolatria, a injustiça social e a ameaça de invasores estrangeiros. Os profetas foram chamados a confrontar, conforme vemos nos textos, a hipocrisia e a corrupção e convocar o povo a um retorno à verdadeira aliança com o Eterno. Nesse aspecto podemos perceber como a ordem e a dedicação verdadeira ao Eterno tem como consequência a santidade.


3. Yeshua: A Santidade na Obediência e no Amor

Nos dias de Yeshua, o povo estava estava dividido em diferentes grupos religiosos, como os fariseus, os saduceus e os essênios, cada um com suas próprias interpretações da Torah. Yeshua desafiou as interpretações legalistas e superficiais da lei, revelando o verdadeiro significado dos mandamentos e convidando o povo a um relacionamento íntimo com o Eterno.

Em seus ensinos o mestre aprofundou a compreensão da santidade, enfatizando a importância da obediência à vontade do Eterno e do amor ao próximo. Observe os textos a seguir:


Nem todo aquele que me diz: Adon, Adon! Entrará no Reino do Céu, mas apenas quem faz o que meu Pai celestial deseja. Mt 7:21


Yeshua deixa bem claro que a entrada no Reino do Céu depende da obediência à vontade do Pai, não apenas de declarações de fé, ou seja, não é superficial e nem legalista ou ritualista.


Hipócritas! Yeshayahu estava certo ao profetizar sobre vocês: “Essas pessoas me honram com seus lábios, mas seu coração está longe de mim. O fato de me adorarem é inútil; porque ensinam regras inventadas por homens como se fossem minhas. Mt 15:7-9


Fazendo um midrash (ensino com referência de textos do TaNaK) de Yeshayahu 29:13 Yeshua condena a hipocrisia dos líderes religiosos que priorizavam tradições humanas em detrimento dos mandamentos divinos. E além disso, devemos nos atentar ao fato de Yeshua, estar se utilizando do TaNaK para ampliar seu ensino de Torah.


4. Os Emissários: A Comunidade como Templo Vivo

Os emissários de Yeshua, como Sha’ul conhecido como Paulo, expandiram a visão da santidade, ensinando que a comunidade de servos do Eterno é o templo vivo de HaShem, e portanto, seu serviço ao Eterno deve ser feito com ordem, dedicação e obediência:


Tudo seja feito com decência e ordem. 1Co 14:40


O apóstolo exorta a comunidade a realizar tudo com decência e ordem, refletindo a natureza divina.


Vós sois edifício do Eterno...Não sabeis que sois santuário de Elohim e que o Espírito de Elohim habita em vós? 1Co 3:9 e 16


Sha’ul mostra que os crentes são o santuário de Elohim, habitado pelo Ruach do Santo (Espírito Santo), demonstrando o mesmo ensino dessa parashá. Essa ideia ecoa o princípio do Mishkan: o Eterno não deseja apenas um templo físico, mas um povo que O sirva com ordem, dedicação e pureza. Após a ascensão de Yeshua, os seguidores formaram as primeiras comunidades messiânicas ou nazarenas, enfrentando perseguições. Em meio a essas adversidades, os emissários ensinaram a importância de viver uma vida de santidade e ordem, refletindo a presença do Eterno em suas ações diárias.

A construção do Mishkan, os ensinamentos dos profetas, de Yeshua e de seus emissários convergem para uma compreensão profunda e humanizada da santidade. Ela não é um estado inatingível, mas uma jornada contínua de transformação, marcada pela ordem, pela dedicação e pela obediência. A santidade se manifesta nas pequenas ações do dia a dia, como a prática da justiça, da bondade e da humildade. Ela se expressa no cuidado com o próximo, no serviço à comunidade e na busca por um relacionamento íntimo com o Eterno e na maneira como lidamos com os desafios e as adversidades, mantendo a fé e a esperança em meio às dificuldades.

Concluindo nosso estudo, a parashá Terumah nos ensina, entre outras coisas, que a santidade não se manifesta no caos, mas na ordem, na dedicação e na obediência aos mandamentos do Eterno. O Mishkan não foi construído de qualquer maneira, mas com precisão e fidelidade às instruções divinas. Da mesma forma, nossa vida deve ser construída com disciplina e alinhamento com a vontade do Criador.

Os profetas alertaram que não basta praticar rituais, é preciso viver com justiça e bondade. Yeshua reforçou essa verdade, mostrando que apenas aqueles que cumprem a vontade do Eterno realmente O servem. Os emissários ampliaram essa visão, ensinando que cada servo do Eterno faz parte de um templo vivo, que deve ser edificado com pureza e compromisso.

Assim como o Mishkan refletia a ordem e a santidade da criação, nossas vidas devem refletir a presença do Eterno por meio da obediência, do zelo e da retidão, sendo santos. Que possamos construir um santuário para o Criador em nosso coração e em nossas ações, servindo-O com dedicação e excelência!

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)