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sábado, 14 de setembro de 2019

Estudo da Parashá Ki Tetsê (Quando saíres)


Estudos da Torá

Parashá nº 49Ki Tetsê (Quando saíres)
Devarim/Deuteronômio Dt 21:10-25:19
Haftará (Separação) Is 54:1-10; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 12:1-50.

1 - INTRODUÇÃO
Essa semana estudaremos a porção chamada Ki Tetsê (Quando saíres), ela é a 49ª porção semanal, e é a 6ª de Devarim/Deuteronômio. Nela contém 74 mandamentos, abordando os mais diferentes assuntos que são muito importantes ao nosso conhecimento. Há leis referentes à guerra, cativos, despojos e até mesmo aferimento de balanças. Nesta parashá também fala sobre divórcio e casamentos proibidos. Muito há que se aprender ao se estudar essa porção, porém não temos espaço aqui para analisá-la na sua totalidade, veremos apenas uma parte, e no próximo ano mais um pouco e assim por diante. Mas isso não lhe impede de ler e estudar em sua casa, e se preciso pesquisar mais sobre o assunto, o que eu incentivo.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS
O nome da porção vem descrito nas primeiras palavras no texto hebraico. “Ki Tetsê” significa “quando saíres”, nesse texto está trazendo da possibilidade da ida para a guerra. Guerra é uma palavra que nos assusta e como crentes, logo pensamos que não podemos participar. No entanto, esse trecho da Torá quebra alguns tabus em relação a isso. Veja o que o comentário da Torá diz sobre isso: 

A Torá nos impõe prescrições referentes à guerra. Existem doutrinas que impedem a guerra aos seus crentes, e existem os que pretendem permanecer absolutamente neutros e passivos diante de todo combate, mas não conseguem; ao contrário, caíram nas mãos dos inimigos. Por essa razão, a Torá determina o dever da autodefesa e da luta por nossos direitos. É triste ter de recorrer à guerra e ao derramamento de sangue, mas há momentos em que essa é a única alternativa e tem de ser feito. A Torá não quer, de modo algum, negar isto, mas quando a guerra é necessária, deve legislar até sobre ela. A tática do avestruz que esconde a cabeça é indigna, e se a guerra for necessária, submeter-se-á aos mandamentos (os mandamentos da Torá). No caso de guerra, onde todos os maiores sentimentos humanos são sufocados, a Lei de Moisés impõe prescrições, porque mesmo na guerra não se pode preder a consciência do bem. Em primeiro lugar, a Torá ordena oferecer a paz ao povo inimigo (Dt 20:10); mais adiante (vers. 19), proíbe destruir as árvores frutíferas ao redor da cidade sitiada, pois a guerra não deve significar de maneira nenhuma a destruição; e os primeiros versículos desta parashá tratam das leis relativas aos direitos dos vencedores israelitas sobre as mulheres cativas. O ideal máximo da Torá é a paz. Assim diziam os nossos profetas em suas prédicas: “Não levantarás povo contra povo a espada, e não ensinarão mais a guerra” (Miquéias 4:3). O judaísmo sabe como é triste ter de recorrer à guerra e derramar sangue, mas às vezes esta é a única alternativa. Mas, se a guerra é necessária, mesmo nela devem vigorar as leis humanas. (Torá, Ed. Sefer. pág 566)

Entendendo os princípios desse texto vejamos então um pouco mais de contexto histórico a respeito de guerra para que possamos entender os motivos de Moshê ter falado essas palavras ao povo.

Perceba que no período da antiguidade quando as terras não tinham donos e os Estados soberanos estavam iniciando, era comum que houvessem disputas por territórios, e nessas disputas, os dominados ou derrotados, eram aniquilados ou tornavam-se cativos para posterior servidão, podemos ver isso em vários textos das Escrituras, como no livro de Juízes. E com isso, muitas vezes quem eram poupados eram mulheres e crianças que tornadas cativas somavam junto com os despojos de guerra, que era propriedade dos vitoriosos. Encontramos ocorrências destes procedimentos ao consultarmos a literatura clássica grega, e encontramos também a semelhança da legislação contida nesta porção da Torá nas leis escritas no código de Hamurabi e no código de Mari, que são documentos que regulamentavam a vida nas terras próximas naquela época.

Contudo, há uma diferença grande, pois a Torá dava às mulheres prisioneiras o status de seres humanos e não de uma mera propriedade de guerra, e isso com um motivo claro, conforme teremos a oportunidade de verificar nesse estudo.
Voltemos ao texto bíblico dessa porção.

10 Quando saíres à peleja contra os teus inimigos, e o SENHOR, teu Deus, os entregar nas tuas mãos, e tu deles levares prisioneiros,
10 כי תצא למלחמה על איביך ונתנו יהוה אלהיך בידך ושבית שביו
11 e tu, entre os presos, vires uma mulher formosa à vista, e a cobiçares, e a quiseres tomar por mulher,
11 וראית בשביה אשת יפת תאר וחשקת בה ולקחת לך לאשה
12 então, a trarás para a tua casa, e ela rapará a cabeça, e cortará as suas unhas,
12 והבאתה אל תוך ביתך וגלחה את ראשה ועשתה את צפרניה
13 e despirá a veste do seu cativeiro, e se assentará na tua casa, e chorará a seu pai e a sua mãe um mês inteiro; e, depois, entrarás a ela, e tu serás seu marido, e ela, tua mulher.
13 והסירה את שמלת שביה מעליה וישבה בביתך ובכתה את אביה ואת אמה ירח ימים ואחר כן תבוא אליה ובעלתה והיתה לך לאשה

Sabemos que a Torá proíbe o casamento de servos do Eterno com pessoas de outros povos, e já vimos também, que apesar disso, D’us permitiu em alguns casos tais casamentos, desde que a pessoa demonstrasse que queria servir ao Eterno. Vemos também na Torá instruções a respeito da auto disciplina, responsabilidade e controle, então pode parecer estranho nessa porção a Torá trazer ensinamentos sobre hum homem querer se casar com uma mulher cativa.

Um homem que passa pelos horrores de uma guerra, está emocionalmente desequilibrado, pois pode estar há muito tempo longe de casa, sendo ele casado ou não, e por isso estar no limite de suas forças em resistir à inclinação para o mal (Yetser hará), que a Torá tanto preza, e satisfazer seus instintos naturais. Sendo assim, a Torá o protege de se precipitar em uma relação apenas passageira, pois ele vendo uma mulher cativa de beleza e formosura que influenciada pelos conselhos de Bilam (Nm 25:1-4; 31:16) de seduzir os soldados por meio de belas roupas e penteados, poderia ele ser tentado a prevaricar com a tal mulher, e mesmo precipitadamente tomá-la em casamento. E no intuito de colocar alguns empecilhos a um ato desencadeado por desejos passageiros a Torá cria um roteiro para que o soldado que temente a D’us e obediente as Suas leis não fosse traído por seus impulsos e se conscientizasse de seus atos precipitados. Ou seja, o Eterno entende isso, e permite que nessa situação ele despose uma mulher não israelita, ao invés de a violar como era habitual (e na verdade ainda é, infelizmente) nas guerras.

Mas para se casar com ela, deveria seguir algumas orientações prescritas na Torá, que estão nestes versos que estamos analisando, Dt 21:11-13. A prescrição era que, se um homem desejasse casar com uma mulher que trouxe cativa de entre o povo com quem guerreou, esta deveria rapar a cabeça e deixar as unhas crescerem. Na verdade, há nessa passagem uma mensagem importante, pois o propósito dessa instrução é que o homem não se engane pelas aparências físicas ou pelo desgaste emocional provocado pela guerra. Quando ele visse a mulher em um estado lastimável, literalmente, destruída pelo sofrimento de perda de entes queridos, com cabelo rapado e unhas crescendo, ou seja, sem qualquer sinal de beleza feminina, o homem olharia para ela de forma diferente, e perceberia se de fato a ama ou se seria apenas uma ilusão. Contudo, se depois de tudo isso, continuasse a desejar se casar com ela, mesmo não tendo a aparência fisica agradável de antes, o casamento poderia se realizar.

Entendendo o propósito além da letra
Olhando para a história dos povos antigos podemos entender que cada cultura tinha seus cortes de cabelo exclusivo, estilos de vestuário e a decoração das unhas, isso identificava as pessoas a qual povo pertencia. Então, é normal se considerar que pela mudança do corte de cabelo, nas unhas e no vestuário da mulher pelo modo israelita, isto significasse um processo de mudança de sua identidade de uma estrangeira para a possibilidade de tornar-se uma israelita. Porque, ao acabar com tudo que a identificava anteriormente, com os laços de sua vida antiga, tudo é deixado para trás simbolicamente.

Mas e o porquê disso? Segundo o Midrash, as filhas dos povos da antiguidade adornavam-se nos tempos de guerra para seduzir sexualmente os inimigos, conforme já dissemos anteriormente. Sendo assim, quando lemos: “e despirá a veste do seu cativeiro, e se assentará na tua casa, e chorará a seu pai e a sua mãe um mês inteiro; e, depois, entrarás a ela, e tu serás seu marido, e ela, tua mulher.” Dt 21:13. Aqui “veste do seu cativeiro” está se referindo a roupas atrativas que vestia ao ser feita prisioneira. O propósito maior aqui de tirar-lhe as roupas é que o homem já não a encontre atraente como antes, pois era proposital. Antes de realmente se casar com a prisioneira ele deveria esperar um mês para que ela pudesse “chorar pelo seu pai e sua mãe”. Isto nos ensina que Adonai se interessa que a alma da mulher seja consolada antes do casamento. E também nos ensina, conforme já vimos, que o Eterno não quer que o homem tome uma decisão precipitada. Ela precisaria chorar tanto tempo para que o homem não a visse contente e feliz, mas sim feia e pouco atraente comparativamente com as mulheres israelitas.

Ainda outro ponto importante a respeito do luto dela pelos pais é que, pela guerra acontecia de os pais ou algum parente ter sido morto, mas não necessariamente esse luto seja por isso. Esse luto também era para que ela tivesse uma oportunidade para esquecer de sua família, assim ela teria condição de recomeçar deixando todo o passado familiar idólatra para trás, devido acultura a qual estava inserida.

Podemos perceber o princípio desse desligamento com o passado quando Yeshua, no evangelho de Marcos 10:29-30 diz:

Respondeu Yeshua: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho que não receba, já neste mundo, cem vezes mais de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo vindouro, a Vida Eterna.”

Resumindo, podemos ver que a Torá nos dá através desta lei sobre a “mulher cativa”, a essência de “um enxertado na Oliveira”, conforme menciona o Judeu Autônomo em seu Blog, que segundo Yeshua, deve deixar para trás sua cultura familiar (religião familiar, crendices e etc) em favor da cultura e mandamentos do Reino de D’us que se encontram nas Palavras de Yeshua que torna plena a Torá.

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://shemaysrael.com/shoftim/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/49_-_ki_tets_quando_sares.pdf
- http://judeu-autonomo.blogspot.com/2012/09/parashat-ki-tetse-quando-saires.html
- https://www.cafetorah.com/deuterenomio/
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822869/jewish/Mensagem-da-Parash.htm

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