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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Estudo da Parashá Shoftím (juízes)


Estudos da Torá

Parashá nº 48 - Shoftím (Juízes)
Devarim/Deuteronômio Dt 16:18-21:9
Haftará (Separação) Is 51:12-52:12; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 11:1-57.


1 - INTRODUÇÃO

A parashá Shoftim trata principalmente a respeito da justiça dentre o povo de D’us. Juízes e oficiais ou policiais deveriam ser apontados dentre as tribos, e os procedimentos judiciais são estabelecidos, a fim de que o povo de Israel trilhasse o caminho que os tornariam uma “nação de sacerdotes e um povo santo”, de acordo com Shemot/Êxodo 19:6. Moshê estava agora instruindo o povo como eles deveriam agir para que isso acontecesse, mostrando que a justiça é o ingrediente essencial para se atingir este objetivo, e alerta Israel de que a “justiça, e somente a justiça seguirás” (Devarim/ Dt 16:20). Esse texto quer dizer que o povo de Adonai deveria perseguir a justiça, ou seja, ansiar por agir de acordo com os preceitos do Senhor. Vejamos então nesse estudo o que a Torá, por meio de Moshé nos instrui a esse respeito.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Como sempre temos feito no decorrer deste ano, vamos iniciar com o significado do nome da parashá. O termo é a primeira palavra que aparece no primeiro verso dessa porção.

Shoftim veshoterim titen lecha…
Juízes e polícias designarás para ti...

Perceba que aparecem duas palavras “shoftim” (juízes) e “shoterim” (polícias ou oficiais), onde segundo o comentário da Torá, os shoftim eram os responsáveis pela administração da justiça e por resolver os assuntos judiciais, enquanto os shoterim eram responsáveis por cumprir as ordens e disposições dos tribunais ou sinédrios. Nesse sentido, o nome da parashá vem, mais uma vez a partir dessa primeira palavra, “shoftim” (juízes), pois o que se quer passar é a idéia de justiça.

De acordo com o que podemos depreender do texto bíblico, o juiz não podia fazer diferença entre o rico e o pobre, não se poderia agradar com presentes a um juiz com o intuito de conseguir favores, ou seja, todos deveriam agir com justiça e equilíbrio. E o objetivo desse mandamento é que, por meio da justiça, o mundo pudesse ser convertido no que a Torá e os profetas haviam sonhado: o reino do Eterno sobre a Terra.

“...designarás para ti...”
Isso transmite a idéia de um outro tipo de juízo, ou seja, a necessidade de julgarmos a nós mesmos, pois as pessoas costumam ser muito rápidas para julgar os outros e lentas para julgarem a sim mesmas. Portanto, cada um deverá ser, em primeiro lugar, juiz de si mesmo, de suas próprias ações, e condenar-se, caso seja necessário. Veja o texto de Devarim 17:5-7 e compare com Jo 8:1-11, o primeiro trata de transgressão da Torá por idolatria, e o segundo é o da mulher adultera. Há pelo menos, dois pontos de ligação entre esses dois textos, o primeiro ponto em comum é a forma como a justiça deveria ser aplicada, e o segundo como a pena deveria ser aplicada. Yeshua mostrou de forma prática como a justiça deveria ser aplicada através da demonstração da aplicação da pena.

Agora, olhando para o texto dentro do seu contexto geral, poderemos entender mais alguns princípios aos quais Moshê estava passando ao povo.

Juízes e oficiais porás para ti em todas as tuas cidades que YHWH, teu Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com juízo de justiça.” Dt 16:18

Estamos falando de juízes nesse estudo, mas você já parou para se perguntar o que significa ser um juiz nas Escrituras? Já demos uma noção nos primeiros parágrafos deste estudo, mas vamos tentar entender melhor agora.

De acordo com o site “emunah a fé dos santos”, um juiz é uma pessoa que recebeu autoridade para pronunciar sentenças de acordo com a Torá, sobre as obras ou palavras de outras pessoas. O juiz tem que condenar o culpado e absolver o inocente sendo imparcial e justo, seguindo tudo o que a Torá determina, a partir dos princípios dela. Podemos observar o próprio livro dos Juízes, que foram homens e mulheres levantados por Adonai para administrar a Torá e guiar o povo no seu cotidiano, mas quando eles não agiam de acordo com o que a lei prescreve, as coisas davam errado, exatamente como esta parashá nos mostra.

Já os oficiais, nesse contexto são aqueles que executam as ordens do juiz. Sem eles o juiz não poderia fazer executar as suas ordens, e no caso não teria como controlar quem obedecia e quem não obedecia a Torá. Os oficiais ou a polícia não funciona bem sem os juízes porque precisam saber quais ordens devem executar. Por isso, o texto menciona esses dois tipos de funcionários ou de servos, e eles devem trabalhar paralelamente para que a sociedade seja beneficiada. E com isso, podemos perceber que o objetivo do Eterno através das palavras de seu servo Moshê, sempre foi o de instruir a sociedade para que vivessem de forma digna e justa.

Continuando nosso estudo, o texto ainda fala que esses indivíduos mencionados, ou seja os juízes, deveriam ser escolhidos “em todas as cidades.” Vamos entender isso à luz do que o povo de Israel viveu na época e como a tradição nos conta.

Haviam três tipos de tribunais em Israel, o tribunal com 3 juízes, o com 23 juízes e o com 71 juízes. Vajamos como era a distribuição desses tribunais. Nas cidades com menos de 120 habitantes tinham um tribunal chamado de Beit Din (casa de julgamentos), que era composta por três juízes. As cidades com mais de120 habitantes tinham um tribunal com 23 juízes, que eram chamados de “pequeno sinédrio”. E mais tarde, conforme a população cresceu, em Jerusalém foi estabelecido o tribunal com 71 juízes, chamado de “grande sinédrio”.

Agora, como eles funcionavam? Vamos lá! As cortes de três juízes somente podiam dar sentenças sobre assuntos monetários. Já para dar uma sentença de vida e morte, seria necessário um tribunal de 23 juízes. Em Jerusalém, por ser muito habitada, haviam três tribunais, sendo dois de 23 juízes e um de 71 juízes, no qual o sumo sacerdote era o principal líder. Os membros do grande sinédrio reuniam-se num lugar designado para eles no templo. Para esse tribunal iam as causas de difícil resolução, as quais não haviam condições comuns de análise, ou que eram desconhecidas.

No verso 19 lemos: Não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno, porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos.” O termo no texto hebraico que foi traduzido como “justiça” ou “juízo”, é “mishpat”. Com o propósito de não se torcer um veredicto, é necessário que não siga-se uma justiça humanista, ou que ao homem pareça justo, mas sim a que o Eterno manda na Sua Torá. Vejamos alguns textos do apóstolo Paulo que aponta essa idéia.

Em Romanos 2:20b: “...tens na Torá a expressão do conhecimento e da verdade;” (é recomendável que se leia desde o verso 17)

Em Romanos 7:7:Que diremos, pois? É a Torá pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela Torá; porque eu não conheceria a concupiscência, se a Torá não dissesse: Não cobiçarás…”

Em Romanos 7:12: “Assim, a Torá é santa; e o mandamento, santo, justo e bom.”
Podemos ainda dar uma olhada em Mt 23:23b, pois também está dentro desse mesmo entendimento. “...o mais importante da Torá, o juízo, a misericórdia e a fé...”

Percebemos que o testemunho da própria Escritura é de que a Torá expressa a justiça de YHWH que é a base de um veredicto correto. A Torá deve ser sempre a base para que o sistema judicial de qualquer país seja justo, não se regendo por critérios humanistas nem pelo que pensa a maioria da população. Mesmo que a maioria de um povo tenha um certo tipo de comportamento, isso não significa que seu comportamento seja correto. De acordo com o site “Emunah a fé dos santos”, comum e normal são conceitos diferentes. Um comportamento comum não tem necessariamente que ser normal, segundo as normas estabelecidas pelo homem. Só há uma justiça verdadeira e ela foi revelada de duas formas, na Torá de Moshê e em Yeshua haMashiach, conforme podemos ler em Romanos 3:21:

Mas, agora, se manifestou, além da Torá, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Torá e dos Profetas.”

Observe que, normalmente, na maioria das bíblias, esse trecho traz a palavra “sem” no lugar de “além”, até mesmo na Bíblia Judaica Completa, o termo que aparece é “à parte”, no entanto, esse termo no texto grego é χωρίς “choris”, que segundo o dicionário STRONG, pode significar “sem, para além de, aparte”. No contexto Rm 3:21, não significa “ao contrário da Torá” ou “sem a Torá”, mas significa “além da Torá”, querendo dar o entendimento de que a Torá manifestou a justiça do Eterno, e para além da Torá, também Yeshua haMashiach revela a mesma justiça de uma forma diferente, mas não é outra justiça, ou uma justiça contraditória e contrária. O Messias Yeshua é a justiça de YHWH, como lemos em 1Coríntios 1:30:

Mas vós sois dele, em Yeshua haMashiach, o qual para nós foi feito por YHWM sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.”

Aqui a palavra grega que foi traduzida como “justiça” é dikayosúne que pode significar tanto justiça como justificação.

Assim, a expressão “além da Torá”, em Rm 3:21, não significa que seja outra justiça diferente da Torá, mas sim que a justiça do Eterno se manifestou de uma outra forma possível que não seja somente através das Escrituras, conforme Hb 1:1-2. Então, devemos entender que são duas revelações da Sua justiça, a justiça do Eterno, que é a Torá e o Messias, mas é a mesma justiça revelada de duas formas distintas. Entretanto, elas são próximas, e harmonizam-se.

Que venhamos buscar como alvo de nossa vida a justiça do Eterno, pois ela se manifesta em nossas vidas através da obediência à Torá e nas obras e práticas do Messias. Nossa vida deve ser sempre pautada pela justiça, não é à toa que Yeshua fala sobre a nossa justiça ser superior à de alguns religiosos hipócritas em Mt 5:20, e o apóstolo Paulo compara a justiça a uma couraça quando fala da armadura de D’us em Ef 6:14. Vivamos sempre de forma justa e acima de tudo exercendo a justiça.


Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://shemaysrael.com/shoftim/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha__48_-_shoftim_juzes.pdf
- http://judeu-autonomo.blogspot.com/2012/08/parashat-shoftim-juizes.html
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/923476/jewish/Nomear-Juzes.htm

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