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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Estudo da Parashá Vezot Habrachá - Bênçãos, Profecias e o Caminho para o Olam Habah

 



Estudos da Torá

Parashá nº 54Vezot HaBrachá (E esta é a bênção)

Devarim/Deuteronômio DT 33:1-34:12,

Haftará (Separação) Js 1:1-18 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 17:1-9; Jd 3, 4, 8-10.


Tema: Bênçãos, Profecias e o Caminho para o Olam Habah


Esta semana vamos explorar algumas das profecias que estão nas palavras de Moshê na parashá Vezot Habrachá, focando as tribos de Yehudah, Levi e Yosef, explorando temas, vitórias proféticas, a gematria e sua ligação com o Olam Habah, conectando as bênçãos com a realidade presente e futura de Yisrael prometida pelo Eterno.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


Esta é a última porção da Toráh, Parashá Vezot Habrachá, que narra os momentos finais do grande líder do povo de Yisrael, Moshê. Um homem que viveu cada etapa de sua vida sob a orientação do Eterno, mas sempre demonstrando uma humanidade palpável, repleta de humildade e devoção.

Nesta parte, encontramos Moshê, agora com 120 anos, pronto para despedir-se dos filhos de Yisrael. Embora tenha sido o servo fiel que liderou o povo com coragem e sabedoria, ele não entraria na Terra Prometida. Em vez disso, seu destino foi encerrado no Monte Nebo, de onde ele apenas contemplaria a terra que tanto desejava alcançar.

Vezot Habrachá é mais que uma simples despedida. É uma benção solene de Moshê para cada tribo de Yisrael. Ele sabia, melhor do que ninguém, os desafios que o povo enfrentaria. Por isso, antes de partir, Moshê oferece palavras de força, encorajamento e proteção do Eterno, ajustadas às características de cada tribo. Assim, vemos um líder que não entende profundamente cada membro de seu povo, mas também se importa genuinamente com o futuro deles. Por isso, o Eterno o usa para deixar uma profecia a respeito do futuro do povo de Yisrael.

Nesta parashá, podemos ver a plena humanidade de Moshê. Um homem que, desde o começo, hesitou em aceitar a missão que HaShem lhe confiou, alegando que era "pesado de boca e pesado de língua" (Shemot 4:10), mas que no final de sua vida, tornou-se o mais eloquente de todos os profetas. Um homem que pecou, ​​sim, mas que nunca deixou de ser humilde e devoto ao Eterno. A Toráh nos lembra que, apesar de toda sua grandeza, pois Moshê, segundo a Toráh, era “o homem mais humilde da face da terra” (Bamidbar 12:3).

Vemos também, desde o livro de Shemot/Êxodo, como a caminhada de Moshê, que começou no Egito, teve altos e baixos. Ele experimentou desafios internos e externos, questionamentos, rebeliões e momentos de dúvida. Mesmo assim, manteve-se firme na sua confiança no Eterno. Ele era, sem dúvida, um líder escolhido, mas também era alguém com emoções, medos e fragilidades – como todos nós. Estas mesmas caraterísticas encontramos também no Messias Yeshua, e isso é algo interessante.

Esta parashá é um convite para refletirmos sobre a vida de Moshê, não como uma figura inalcançável, mas como um exemplo de dedicação ao Eterno, apesar das limitações humanas. Ele nos ensina que o caminho da obediência ao Eterno exige perseverança, humildade e confiança, mesmo quando os resultados que desejamos parecerem fora de alcance.

Moshê nos deixa, não apenas com suas palavras de benção, mas com um legado vivo de fidelidade ao Eterno. Ao estudarmos Vezot Habrachá, somos chamados a não apenas lembrar das bênçãos, mas a incorporá-las em nossas próprias vidas, buscando sempre andar nos caminhos que HaShem traçou para nós.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PROFÉTICO E PRÁTICO


Ao estudar essa última parashá do ciclo anual de estudos da Torah devemos refletir em algumas coisas. A nota de Rodapé da Torá da Editora Sefer diz que, após o cântico de “Adeus” da parashá anterior, Moshê, antes de se separar do seu povo querido, abençoou-o, como o fez o patriarca Yaakov, fundador das tribos de Yisrael (Gn 49:29). Convocou então toda a congregação e abençoou a cada tribo em separado, destacando o papel que haveriam de desempenhar ao longo dos tempos.

Sobre esse papel a ser desempenhado percebemos que, conforme já mencionei, as últimas palavras de Moshê para as tribos de Yisrael não são meras despedidas. Elas carregam uma profundidade profética que ultrapassa amplamente o momento histórico, revelando aspectos sobre o futuro de cada tribo e suas missões espirituais. Em especial, como vitórias de Yehudá, Levi e Yosef destacam-se por apontarem para papéis de liderança, espiritualidade e prosperidade que não se limitam ao deserto ou à conquista de Canaã, mas se estendem até o Olam Habah.

Cada uma dessas tribos representa uma faceta essencial da redenção futura de Yisrael. Destacaremos três dessas tribos para olhar um pouco mais de perto as bênçãos proferidas por Moshê e algumas profecias ocultas nelas. Yehudah, da qual viria o Mashiach, simboliza o reinado eterno e a autoridade divina entre as nações. Levi, com sua função sacerdotal, garante a pureza do serviço ou culto ao Eterno, restaurando a centralidade do Templo, que em um sentido bem amplo são pessoas e o ensinamento da Toráh. Já Yosef, abençoado com fertilidade e força, reflete a promessa de abundância e proteção divina. Essa tribo reflete claramente a Casa de Yisrael, que se encontra dispersa entre as nações, cuja missão principal do messias é resgatá-la. Assim, as vitórias de Moshê são mais que orações de despedida; elas são visões divinamente inspiradas sobre o futuro glorioso de Yisrael, que se cumprirá completamente no tempo do Olam Habah, quando essas tribos desempenharão suas funções plenamente no plano redentor do Eterno.

Ao estudar essas bênçãos e profecias, nos deparamos com um Moshê que, até seu último momento, não apenas guiou o povo, mas também lhes deixa vislumbres de sua missão no futuro, onde cada tribo terá seu papel na concretização das promessas do Eterno.


As Bênçãos Proféticas para Yehudah, Levi e Yosef

Cada uma das bênçãos dada por Moshê em Vezot Habrachá possui um significado profundo e profético. Olhemos para o que foi dito a Yehudah, Levi e Yosef.


- Yehudah (Devarim 33:7)

Lendo o texto, percebemos que a bênção de Yehudah enfatiza sua liderança e força em batalhas, refletindo sua posição como a tribo de onde viria a realeza. Moshê diz: "Ouve, ó Eterno, a voz de Yehudah". Essas palavras são uma clara alusão à missão do mashiach na restauração da Casa de Yisrael. A realidade de Yehudah é um tema profético que culmina na promessa de que o Mashiach viria de sua linhagem, conforme vemos nas profecias de Yesha'yahu (Isaías 11:1) sobre o renovo do tronco de Yishai (pai de David). O aspecto profético aponta para os dias do Rei Mashiach e o Olam Habah, onde a liderança de Yehudah será restaurada plenamente.


- Levi (Devarim 33:8-11)

O texto mostra que Levi, uma tribo escolhida para o serviço no Mishkan, obtém uma bênção relacionada à sua pureza e dedicação. A função sacerdotal e o papel de ensinar as instruções do Eterno à nação são destacados. Moshê menciona o teste em Massá e Merivá, onde Levi provou sua fidelidade ao Eterno. Profeticamente, a função de Levi está ligada à restauração do serviço no Beit HaMikdash (Templo) e à presença do Eterno entre o povo, em outras palavras, isso quer dizer a restauração da obediência às pessoas aos mandamentos do Eterno. Como está escrito em Malaquias 3:3, os levitas serão restritos para apresentarem ofertas justos ao Eterno no Olam Habah, que são pessoas restauradas.


- Yosef (Devarim 33:13-17)

A bênção de Yosef é grandiosa em termos materiais e espirituais. Ele é abençoado com "os mais preciosos frutos dos céus e da terra", que aponta para a restauração dos remanescentes da casa de Yisrael e de gentios que se aproximam do Eterno. Além disso, Moshê o compara ao primogênito de um touro, uma alusão à sua força e à liderança entre as nações. As bênção de Yosef também têm um aspecto messiânico, especialmente no conceito do Mashiach ben Yosef, que será um precursor do Mashiach ben David. Yehezkel (Ezequiel 37:19) menciona a unificação dos reinos de Yehudah e Yosef, algo que acontece no fim dos dias, antes do Olam Habah. Isso tem acontecido desde que Yeshua se manifestou com seu ministério e continua a acontecer, mas se concretizará plenamente à partir do sétimo milênio para o Olam Habah.


A Gematria do número 54 e o Olam Habah

A Parashá Vezot Habrachá é a 54ª e última parashá da Toráh. Já sabemos que na tradição judaica, os números possuem significados profundos. A gematria do número 54 tem implicações significativas, especialmente quando se considera sua relação com as profecias e o Olam Habah.

O número 54 pode ser dividido em dois números principais: 5 e 4. O número 5 está relacionado com a Toráh, pois ela é composta de 5 livros e as dez palavras estão dividas em 5 mandamentos em cada tábua de pedra. A Torah sendo composta por cinco livros, representa o fundamento do relacionamento entre o Eterno e o Seu povo. O número 4 nos lembra os quatro exílios pelos quais o povo de Yisrael passaria antes da redenção final, a dispersão assíria, o exílio babilônico, o persa e o romano.

Quando somamos os dígitos de 54, temos 5 + 4 = 9, que é um número associado à verdade e ao julgamento. Verdade em hebraico é Emet – אמת, ela é uma das poucas palavras que não possui plural, segundo Bruno Summa, na língua santa a verdade é apenas uma. A verdade é a própria Toráh. Perceba a gematria da palavra אמת:

  • 1=א

  • מ=40

  • 400= ת

Total 1+4+4 = 9, assim esse valor conectando-o ao conceito de Olam Habah, que será no 9º milênio em diante, como o tempo em que a justiça divina será plenamente manifestada. Profecias em Yeshayahu 65:17 fala sobre os "novos céus e nova terra", que é o cumprimento final da justiça divina.

Essa conexão do número 54 com o Olam Habah também nos mostra que este é um estágio de transição, assim como a própria parashá marca o fim da Toráh e a abertura para uma nova era de cumprimentos proféticos.


Gematria de וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗ה – Vezot Habrachá e Suas Implicações Proféticas

A frase וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗ה ("E esta é a bênção") contém uma riqueza de significados quando examinada por meio da gematria, tanto na forma mispar gadol (gematria "grande" ou “normal”), mispar siduri (sequencial), quanto mispar katan (reducida).

- Mispar Gadol ou gematria normal

646 – 16 - 7- וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗ה – Vezot Habrachá

Este valor está associado com a palavra נצר"netzer" - broto, que possui a mesma raíz gemátrica (7), observando que as bênçãos ditas por Moshê têm como objetivo revelar o broto que cresceria aproximando os remanescente ao Eterno, e explicitamente diz respeito à missão do messias em relação ao povo de Yisrael. Também, na forma mispar gadol, onde as letras têm valores maiores, podemos ver que esse broto se refere à revelação sobre os seguidores do messias que cumprem o mesmo papel, resgatando as ovelhas perdidas e conduzindo-as para o Olam Habah. Yeshayahu 11:1 fala de um ramo que surgiria do tronco de Yishai e cujas raízes brotaria um renovo, esse renovo fala sobre Yisrael, ligando a gematria das bênçãos com essa visão profética.


- Mispar Siduri – valor sequêncial

Na gematria sequencial, onde as letras são contadas em sua ordem no alfabeto com valor de cada letra de 1 a 22, o valor da frase וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗הvezot habrachá têm raiz 7, a mesma raiz que encontramos na gematria normal, isso destaca a continuidade e também a progressão da revelação do Eterno. Essa ideia de "sequência" aponta para o processo de redenção gradual, isto é, a teshuvah, que culminará no Olam Habah.


- Mispar Katan – valor reduzido (é o valor das letras, mas sem os zeros após números grandes. (ex. "Yud" é 1 em vez de 10, "Tav" é 4 em vez de 400)).

Quando a gematria é reduzida, a frase וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗הvezot habrachá chega ao número 34, que somado também apresenta a raiz 7, conectando-a novamente ao conceito de netzer – broto. Isso, como vimos aponta para a tarefa do messias, que é resgatar os perdidos e conduzi-los ao caminho da verdade, que é a Torah. O 7 aponta para o Shabat semanal, que é o sétimo dia, que por sua vez aponta para o sétimo milênio, sendo ideias de descanso, sendo cumpridos à partir do sétimo milênio e se tornando pleno no 9º milênio.

Já vimos anteriormente que verdade tem raiz 9, por isso, o messias leva a verdade e justiça que será estabelecida plenamente a partir do sétimo milênio, ou seja, antes do Olam Habah. Isso reflete profecias como as de Daniel 12:2, onde fala sobre a ressurreição e o julgamento final.

O Mashiach como mensageiro da verdade, tem a missão de restaurar a justiça no mundo. Isso é consistente com as profecias sobre o Mashiach, que julgará com equidade e trará a verdadeira instrução ao povo de Yisrael e às pessoas das nações. Essa verdade será manifestada plenamente no sétimo milênio, conforme indicado na tradição hebraica, antes do Olam Habah, conforme mencionado acima.


Conexões Proféticas nos Livros dos Nevi'im (Profetas)

As bênção proferidas por Moshê nessa parashá, conforme estamos vendo até agora, apontam para um futuro profético que ecoam o por vir de Yisrael como nação escolhida, bem como a manifestação do reinado do Eterno sobre a terra através da representatividade do messias. Nos profetas encontramos múltiplas conexões às promessas referidas ao destino de Yisrael que ampliam as palavras de Moshê, conectando suas bênçãos às promessas de redenção e restauração final.

Essas conexões são fundamentais para compreender a profundidade do legado de Moshê, já que suas bênçãos para as tribos, especialmente para Yehudah, Levi e Yosef, refletem realidades futuras que se cumprem de maneira progressiva ao longo da história, mas culminam no Olam Habah. Por exemplo, o papel de Yehudah como liderança messiânica, previsto tanto por Moshê quanto por profetas como Yeshayahu (Isaías), aponta para a vinda de um reinado justo e eterno sob o Mashiach ben David. Do mesmo modo, a bênção de Levi, com sua função sacerdotal, antecipa a purificação e restauração do serviço no Templo, conforme descrito em Malaquias 3:3.

Ao olharmos para os escritos dos profetas, como Yehezkel (Ezequiel) e Z’kharyah (Zacarias), vemos que o futuro de Yisrael e seu papel entre as nações está diretamente ligado ao cumprimento das bênçãos de Moshê. As promessas de uma terra restaurada, de justiça e paz, e da presença do Eterno entre Seu povo ressoam em cada profecia. Essas visões proféticas não são apenas abstratas, elas estão enraizadas nas bênçãos que Moshê deu, revelando um destino sagrado que transcende a história e nos conduz à plena realização no Olam Habah.

Vamos ver três passagens sérias:

Yeshayahu 2:2-4: Esta passagem profetiza que no fim dos dias, todas as nações subirão a Yerushalayim para buscar a instrução do Eterno. As conquistas dadas por Moshê, especialmente a Yehudah e Levi, alinham-se com essa visão de liderança e ensinamento que veio da Casa de David e dos levitas no Olam Habah .

Yehezkel 37:15-28: Uma profecia da união entre Yehudah e Yosef, que simboliza a futura unificação de todo o povo de Israel sob um só rei, o Mashiach. Isso é visto nas bênçãos de Moshê para ambas as tribos, onde Yehudah é exaltado como líder e Yosef é abençoado com prosperidade e força.

Zacarias 14:9: O versículo que afirma que o Eterno será rei sobre toda a terra. Essa promessa está no centro das bênçãos de Moshê, que desejava que o povo confirmasse o reinado do Eterno em todas as suas ações.

Concluindo nosso estudo, vimos que este é o último capítulo da Toráh, mas para nós, é apenas o começo de uma nova jornada. Que a vida de Moshê nos inspire a buscar o Eterno com toda nossa força e coração, sabendo que, assim como ele, somos chamados a grandes coisas, mesmo que o fim de nossa jornada seja desconhecido mantemos a esperança. Que esta seja também nossa bênção.

Hazak, hazak, v’nit’chazek! Seja forte, seja forte e sejamos fortalecidos!


Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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