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sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Estudo da Parashá Haazinu - A canção e a redenção.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 53Ha’azinu (Ouçam)

Devarim/Deuteronômio DT 32:1-52,

Haftará (Separação) 2Sm 22:1-51 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Rm 10:14-21; 12:14-21 e Hb 12:28-39.


Tema: A canção e a redenção.


Esta semana vamos explorar uma profecia poderosa e atemporal que revela a jornada de Yisrael através de tragédias e alegrias, com o céu e a terra como testemunhas eternas. Nela, Moshê avisa que, se o povo se afastar do Eterno, enfrentará duras punições, mas também oferece uma mensagem de esperança: mesmo na dispersão, o Eterno nunca abandonará Yisrael, garantindo sua redenção final. Este estudo nos convida a refletir sobre a fidelidade do Eterno, a importância de seguirmos Seus princípios, e como essa canção ecoa nas promessas de restauração e justiça que atravessam as gerações.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


A canção Haazínu, proclamada por Moshê, apresenta uma visão profunda sobre a trajetória do povo de Yisrael, mesclando tragédias e alegrias que ocorreriam ao longo de sua história. Embora não seja uma canção tradicional em rima ou melodia, ela é uma composição de pensamentos que, em sua essência, celebra a perfeita harmonia de tudo que o Eterno faz, mesmo que nosso entendimento humano nem sempre perceba isso de forma clara.

Moshê convocou os céus e a terra como testemunhas, para lembrar a Yisrael das consequências de suas ações. Se o povo agir com ingratidão, esquecendo-se dos muitos favores recebidos do Eterno, enfrentarão punições severas. No entanto, se permanecerem fiéis às instruções do Eterno, as maiores vitórias serão derramadas sobre eles.

Mesmo nos momentos mais difíceis, quando Yisrael se afasta e se dispersa entre as nações, o Eterno garante que o povo não será completamente abandonado. No fim, haverá redenção e sobrevivência. A porção termina com o Eterno ordenando a Moshê que suba ao Monte Nebo para contemplar a Terra Prometida, que ele não entraria, e ali Moshê enfrentaria sua morte, completando assim sua missão.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PROFÉTICO E PRÁTICO


Na parashá Haazínu, vemos Moshê proclamar uma canção profética poderosa diante dos céus e da terra, um testemunho eterno que estabelece as consequências para Yisrael se o povo abandonar o Eterno e também as vitórias advindas da obediência. Esta canção, embora cheia de advertências, aponta para a fidelidade do Eterno e a certeza da redenção futura. No final dos tempos, essa redenção culminará na volta do Mashiach, para concluir sua obra, quando Yisrael será restaurado e a justiça do Eterno se revelará para todas as nações. A canção de Moshê nos serve como um guia profético, mostrando o ciclo de queda, retorno e renovação do povo de Yisrael e dos remanescentes espalhados pelas nações. Dessa forma veremos como podemos aprender com esses ensinos proféticos.


O Testemunho dos Céus e da Terra (Devarim 32:1-6)

Esta canção entoada por Moshê começa com um chamado aos céus e à terra para que sejam testemunhas da aliança entre o Eterno e o povo de Yisrael. Este apelo a elementos da criação é profundamente significativo. Os céus e a terra, que foram criados pelo Eterno e são imutáveis, são chamados como testemunhas porque permanecem como um lembrete constante da fidelidade do Eterno e das responsabilidades de Yisrael. Esta é uma visão que também aparece na profecia de Yaakov, quando ele abençoa seus filhos antes de morrer em Bereshit/Gn 49. Yaakov, assim como Moshê, profetiza sobre o destino de seus descendentes, revelando o que acontecerá "nos dias vindouros". Assim como os céus e a terra são chamados a testemunhar o pacto, Yaakov invoca o futuro, falando de eventos que transcenderão sua própria época, sinalizando a continuidade da aliança.

Os profetas que vieram depois de Moshê, como Yeshayahu e Yirmiyahu, também ecoaram essa ideia de que a criação testemunha a relação de Yisrael com o Eterno. Yeshayahu, por exemplo, frequentemente usa a imagem dos céus e da terra como símbolos da permanência da aliança do Eterno com Seu povo, como vemos em Yeshayahu 1:2. A criação é uma testemunha imparcial da infidelidade de Yisrael, mas também é um testemunho da justiça e da misericórdia do Eterno. Eles também são apontamentos proféticos para “pessoas elevadas ou cumpridores de Torah” – céus – e para “pessoas de nível baixo ou desobedientes” – terra.

Yeshua, ao ensinar sobre a vinda do Reino dos Céus, também ressaltou a ideia de que o testemunho do Eterno está em tudo que Ele criou, e que os céus e a terra passarão, mas as palavras do Eterno jamais passarão, conforme lemos em Matityahu/Mt 24:35. Isso está em consonância com o que Moshê proclamou em Haazínu: a palavra do Eterno é imutável e verdadeira, assim como os céus e a terra permanecem constantes.

Os emissários ou apóstolos, como Kefa e Shaul, também refletiram sobre essa realidade. Kefa escreveu em suas cartas que os céus e a terra estão aguardando o dia do julgamento, quando o Eterno renovará todas as coisas, em 2Kefa/Pe 3:7. Esse testemunho cósmico, assim como em Haazínu, destaca que Yisrael deve se lembrar constantemente da aliança e viver de acordo com os mandamentos do Eterno, pois os céus e a terra testemunham o cumprimento ou a quebra dessa aliança. Lembrando que ao falar de Yisrael, estamos não apenas nos referindo ao povo de Yisrael, mas a todos os que procuram viver conforme a vontade do Eterno.


O Castigo pela Infidelidade (Devarim 32:15-25)

Moshê profetiza nesta parte que, após alcançar conquistas, Yisrael se esqueceria do Eterno, tornando-se ingrato e idólatra. Esse padrão de infidelidade é seguido por punições duras, que incluem a dispersão entre as nações e o sofrimento prolongado. Este mesmo ciclo de infidelidade seguido de punição foi previsto por Yaakov ao falar com seus filhos. Em Bereshit/Gn 49, Yaakov profetiza que algumas tribos, como Shimon e Levi, enfrentariam dificuldades e correções por causa de sua violência. Esses problemas não eram permanentes, mas visavam a corrigir e redirecionar o povo de volta à aliança com o Eterno. Essas profecias já se cumpriram em parte, pois a casa de Yisrael e parte da casa de Yehudah ainda estão dispersas entre as nações. No entanto, a profecia de redenção está se cumprindo na vida de todos os que se voltam ao Eterno e aos seus mandamentos, sendo enxertados ou reenxertados no povo de Yisrael.

Os profetas posteriores, como Oséias e Amós, também destacaram essa dinâmica de infidelidade e castigo. Eles alertaram que Yisrael, ao se afastar do Eterno, traria sobre si a destruição e o exílio. Oséias usa a imagem de um marido traído, enfatizando que o Eterno não tolera idolatria e infidelidade, mas que Ele está sempre pronto para receber o arrependimento sincero de Seu povo, conforme lemos em Oséias 14.

Yeshua, em seus ensinos, muitas vezes alertou sobre as consequências da infidelidade e da desobediência. Um exemplo é seu ensino em Matityahu/Mt 23, ele repreendeu os líderes de Yisrael por sua hipocrisia. Ele também profetizou a destruição de Yerushalayim como consequência da rejeição aos profetas enviados pelo Eterno e da falta de denúncia como lemos em Matityahu/Mt 24. O exílio e a dispersão, portanto, não eram finais, mas uma correção divina com o objetivo de restaurar Yisrael e resgatar entre os gentios os que haveriam de se converterem.

Os emissários de Yeshua, como Shaul, também falaram dessa dinâmica em suas cartas. Shaul explicou que a dureza das dispersões que veio sobre Yisrael devido à sua infidelidade abriria caminho para a salvação das pessoas das nações, como lemos em Rm 11:25. Ele destacou que, no final, todo Yisrael seria salvo, confirmando a palavra de Oséias, pois o Eterno nunca rejeitaria Seu povo completamente, mas usaria o castigo como um meio de trazê-los de volta ao arrependimento.


A Garantia da Redenção Final (Devarim 32:36-43)

No final da canção Haazínu, Moshê oferece uma mensagem de esperança. Apesar do castigo que viria por causa da infidelidade, o Eterno promete não abandonar Seu povo. Ele garantirá que terá compaixão de Yisrael e vingará o sangue de Seus servos, restaurando a nação e trazendo justiça sobre as nações que a oprimiram. Essa promessa de redenção final é um tema constante nas profecias de Yisrael, desde Yaakov até os profetas posteriores e o próprio Yeshua.

Yaakov, ao abençoar seus filhos, falou da vinda de um líder de Yehudah que traria paz e justiça, como lemos em Bereshit/Gn 49:10. Este é um dos primeiros vislumbres do Mashiach, o redentor prometido. Os profetas, como Yeshayahu, também falaram dessa figura messiânica que restauraria Yisrael e traria paz ao mundo, veja Yeshayahu 11:1-10. Eles garantiram que, após o exílio e a proteção, o Eterno reuniria Seu povo e estabeleceria Seu reino de justiça. O Mashiach é o cumprimento dessa profecia, que precisa ser entendida em momentos diferentes da história.

Yeshua, sendo reconhecido por muitos como o Mashiach, ensinou sobre essa redenção final. Ele falou da restauração de todas as coisas e da vinda do Reino dos Céus ou Reino de D’us, quando o Eterno traria paz e justiça para as pessoas de todas as nações, que receberem seus estatutos, veja Matityahu 25:31-34. Ele também prometeu que Yisrael seria reunido e que os humildes herdariam a terra, conforme Matityahu 5:5. A redenção de Yisrael estava intrinsecamente ligada ao plano do Eterno de restaurar a criação de forma completa.

Os emissários, como Yochanan, em sua visão no livro de Revelação, descreveram o dia em que o Mashiach retornaria para derrotar as nações que se rebelaram contra o Eterno e seu povo e estabeleceria o Reino do Eterno. Eles viram a revelação do cumprimento final da promessa de Moshê em Haazínu, onde a redenção de Yisrael seria completada e a justiça do Eterno se manifestaria para todas as nações. E isso já está acontecendo em nossos dias e se completará plenamente com o Retorno do Mashiach.

Concluindo nosso estudo, da parashá Haazínu, vimos que ela é mais do que uma canção de advertência, é uma profecia e um testemunho profundo que percorre toda a história de Yisrael, desde os momentos de infidelidade até a esperança certa da redenção final. Vimos que da mesma forma que Moshê, que foi escolhido para guiar o povo e profetizar sobre sua trajetória, antes dele Yaakov também, em seus últimos dias, revelou o futuro de seus filhos, antecipando desafios, mas sempre com uma promessa de redenção ou restauração. Os profetas que vieram depois, como Yeshayahu e Yirmiyahu, não cessaram de clamar por queixas de Yisrael, ressaltando a misericórdia do Eterno e Seu desejo de restaurar o povo à sua glória original.

Com o passar das gerações, Yeshua e seus emissários reforçaram essa mensagem ao proclamar que o plano divino não terminaria apenas com o povo de Yisrael, mas se estenderia para todas as nações. Eles ensinaram que o Mashiach retornaria nos últimos dias para completar a obra de redenção, trazendo justiça, paz e reconciliação para todos que seguem os caminhos do Eterno. A canção de Haazínu, portanto, não é apenas um retrato do passado, mas uma poderosa visão do futuro. Ela nos lembra que, apesar das dificuldades e tropeços ao longo do caminho, a fidelidade do Eterno permanece inabalável, e Suas promessas de restauração são certezas nas quais podemos confiar. Haazínu nos chama a dedicar nossos corações para o Eterno, a consideração de nossas falhas, mas também a nos firmarmos na esperança de que a redenção virá, e com ela, a verdadeira paz e justiça que transformarão o mundo. Somos falhos, mas o devemos buscar sermos fiéis ao Eterno a fim de nos mantermos da aliança e participarmos da redenção prometida.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)

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