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terça-feira, 31 de dezembro de 2024
Um resumo da Parashá (porção) Vayigash (e aproximou) de Bereshit/Gn 44:18-47:27.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Estudo da Parashá Miketz - Conceito de Autoridade: O poder que vem do Eterno.
Estudos da Torá
Parashá nº 10 – Miketz (Ao fim)
Bereshit/Gênesis 41:1-44:17
Haftará (separação) 1Rs 3:15-4:1 e
B’rit Hadashah (nova aliança) At 7:9-16
Tema: Conceito de Autoridade: O poder que vem do Eterno.
No estudo desta semana, exploraremos a elevação de Yosef como governador do Egito, descrita em Bereshit 41:40 em diante, e como essa passagem aponta para o plano do Eterno em relação ao Mashiach. Veremos os paralelos entre a autoridade recebida por Yosef, sua justiça e papel de provedor, com as profecias sobre o Mashiach nos Profetas e sua aplicação nos registros dos Escritos Nazarenos a respeito de Yeshua e seus talmidim. Observaremos também alguns pontos interessantes a respeito desse que encontrei no livro de Bruno Summa, no qual faz os comentários dessa parashá. A história de Yosef nos ensina sobre o perdão, a reconciliação e a soberania do Eterno, revelando como Ele transforma adversidades em redenção.
RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA
A Parashá Mikets nos traz a continuação da história de Yosef, revelando como o Eterno guia os acontecimentos para cumprir Seu propósito. A narrativa começa com o Faraó perturbado por dois sonhos enigmáticos: sete vacas gordas são devoradas por sete vacas magras, e sete espigas cheias são consumidas por sete espigas secas. Nenhum dos conselheiros do Faraó consegue interpretar o significado dos sonhos. Então, o copeiro-mor, lembrando-se de Yosef, que havia interpretado seus próprios sonhos na prisão, recomenda-o ao Faraó.
Yosef é chamado da prisão e, com humildade, declara que a interpretação pertence ao Eterno. Ele explica que os sonhos revelam um plano divino: sete anos de fartura no Egito serão seguidos por sete anos de fome severa. Yosef aconselhou Faraó a nomear alguém seguro para gerenciar a coleta de alimentos durante os anos de abundância, garantindo provisões para os tempos de escassez.
Impressionado pela sabedoria de Yosef, o Faraó o nomeia vice-rei do Egito, concedendo-lhe grande autoridade. Yosef se casa com Asnat e tem dois filhos, Menashê e Efraym. Como predito, os anos de fartura chegam, e Yosef supervisiona o armazenamento de suprimentos em grande escala. Quando os anos de fome começam, o Egito se torna o centro de provisões para muitas nações, incluindo Kenaan, onde Yaacov e seus filhos também sofrem com a escassez.
Os irmãos de Yosef descem ao Egito para comprar alimentos, mas não o autorizam. Yosef, agora no poder, aproveita a oportunidade para testar seus irmãos e avaliar se eles mudaram desde o dia em que o venderam como escravo. Ele os acusa de espionagem e exige que tragam Binyamin, o irmão mais novo, como prova de sua sinceridade, mantendo Shimeon como refém.
Relutante em enviar Binyamin, Yaacov resiste, mas, pressionado pela fome crescente, finalmente concorda. Os irmãos retornam ao Egito com Binyamin, e Yosef os recebe calorosamente, mas testa novamente sua lealdade. Ele manda colocar sua taça de prata na acomodação de Binyamin e, ao encontrá-la, acusa-o de roubo, ameaçando fazê-lo escravo.
A porção termina em suspense, com os irmãos diante de Yosef, enfrentando a possibilidade de perder Binyamin e, com isso, trazendo grande sofrimento a Yaacov. Este capítulo da história destaca o tema do arrependimento e da reconciliação, mostrando a mão do Eterno conduzindo tudo para o bem.
ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ
Tu estarás sobre minha casa, e por teu dito se governará todo meu povo; somente no trono serei maior que tu. E disse o Faraó a Yosef: Vê, coloquei-te sobre toda a terra do Egito. Bereshit/Gn 41:40 e 41.
Esse texto, bem como outros que veremos adiante, nos apresentam o tema central de nosso estudo, a elevação de Yosef como governador do Egito, sua relação com a autoridade do Eterno e o papel do Mashiach conforme revelado nas Escrituras. Esta elevação de Yosef, narrada no texto acima, é um dos momentos mais significativos e emocionantes de sua história. Ele, era um jovem hebreu vendido injustamente como escravo e posteriormente foi preso por causa de acusações falsas, e depois de dois é tirado da prisão para interpretar os sonhos do Faraó. Sua ascensão repentina a uma posição de extrema autoridade, não apenas na terra do Egito, revela a mão do Eterno, que exalta aqueles que seguem Seus caminhos e cumprem Seu propósito. Yosef não apenas ganha poder, mas se torna o instrumento principal para salvar muitas vidas.
1. Yosef como Tipo do Mashiach: Elevação e Autoridade Divinamente Concedida
O papel de Yosef na narrativa bíblica é profético, apontando para o Mashiach. Assim como Yosef foi elevado à autoridade máxima no Egito, estando logo abaixo do Faraó, o Mashiach será exaltado pelo Eterno para governar sobre toda a humanidade, conforme descrito em Yeshayahu 52:13: "O Meu servo será bem sucedido; será elevado, exaltado, e muito sublime." Yosef não buscou a própria exaltação; sua promoção foi resultado de sua obediência ao Eterno e sua humildade, qualidades essenciais também atribuídas ao Mashiach nos textos proféticos e em comentários rabínicos.
Observe na transcrição em inteiro teor abaixo, o que Bruno Summa, em um de seus livros sobre comentários das parashiot diz:
A AUTORIDADE SOBRE HASHEM
Você terá autoridade sobre minha corte, e pelo seu comando todo meu povo será guiado; apenas por respeito ao trono eu serei superior a ti. Genesis 41:40
“E fale à congregação de Israel e lhes diga: vocês devem ser santos (Lv 19:2)”. Nesse verso é como se o Santo, Bendito Seja, estivesse dizendo: “sejam santos como Eu sou Santo". Porém no final do verso está escrito: “pois Eu sou Santo, Hashem, vosso Elohim". Isso indica que o Santo, Bendito Seja, está dizendo: “Minha santidade está acima de vossa santidade”. Aprendemos a mesma coisa pelo faraó, o ímpio, quando diz a Yosef: “eu sou o faraó, e sem você nenhum homem poderá levantar sua mão ou seu pé em toda terra do Egito (Gn 41:44)”. Aqui é como se faraó estivesse lhe dizendo: “minha grandeza é maior que sua grandeza”, porém como se ao mesmo tempo lhe dissesse: “seja grande como eu sou grande". Do EU do ser humano, aprendemos uma lição sobre o EU do Santo, Bendito Seja. Bereshit Rabbah 90:2
Esse é um Midrash extremamente difícil, mas com um forte ensino sobre a personalidade de Hashem; por esse simples fato, é vital que o entendamos. Ele inicia comparando dois versículos da Torah, um na presente Parashá e outro que se encontra no Livro de Levítico:
Faraó disse a Yosef: EU sou faraó, e sem você nenhum homem poderá levantar sua mão ou seu pé em toda terra do Egito. Genesis 41:44
E fale aos filhos de Israel e lhes diga: vocês devem ser santos, pois EU sou Santo, Eu sou Adonai, vosso Elohim. Levítico 19:2
A princípio ambos não possuem conexão alguma, mas se os separarmos em duas partes e conectarmos as duas partes de um verso com as duas partes do outro verso, veremos que há certas semelhanças curiosas.
1) SEJAM SANTOS COMO EU SOU SANTO - SEM VOCÊ, NENHUM HOMEM PODERÁ LEVANTAR SUA MÃO OU PÉ EM TODA TERRA DO EGITO
2) EU SOU HASHEM - EU SOU FARAÓ
Primeiramente vamos olhar para Genesis 41:44. Faraó diz a Yosef que NENHUM HOMEM poderá levantar sua mão ou seu pé sem que ele, Yosef, permita, ou seja, NENHUM HOMEM poderá fazer nada em toda terra do Egito sem que Yosef saiba e autorize; e quando faraó diz NENHUM HOMEM, ele está incluindo absolutamente TODOS OS HOMENS, e como faraó é um homem, fica implícito que ele incluí a si mesmo. Em outras palavras, a autoridade dada a Yosef pelo faraó incluía ao próprio faraó; faraó se torna sujeito à autoridade dada por ele mesmo a Yosef. O faraó se sujeita a Yosef e Yosef se torna tão grande e poderoso quanto o próprio faraó. O mesmo é visto em Levítico 19:2 quando Hashem diz ao Povo de Israel para ser santo como Ele é Santo; dessa ordem entendemos que Hashem diz ao Povo de Israel para que seja Santo como Ele é Santo da mesma forma que faraó dá autoridade a Yosef para que seja tão poderoso quanto ele é poderoso. Isso é, a ordem de Hashem mostra que o homem pode se tornar tão santo quanto Ele.
E como faraó dá essa autoridade a Yosef? Da mesma forma que Hashem ordena ao Seu povo ser santo. Faraó diz: “eu sou faraó” e Hashem diz: “Eu sou Hashem”. Esse EU do faraó é como o EU de Hashem, e através desse EU faraó torna Yosef como o próprio faraó e Hashem torna Seu povo tão santo quanto o próprio Criador. A autoridade é a característica primordial de faraó, e ela foi dada a Yosef, a santidade é a característica primordial de Hashem, e ela foi dada ao povo, portanto, entendemos por meio de comparação que assim como o faraó fez de Yosef um faraó, Hashem ordena ao Seu povo para que se torne como Ele; e da mesma forma que se tornar como um faraó colocou faraó sob a autoridade de Yosef, se tornar santo como Hashem é Santo, também O coloca sob a autoridade de Seu povo.
Essa é uma afirmação pesada de se fazer, pois como pode Hashem se colocar sob a autoridade de Seu povo? Não faz sentido! Mas antes que possamos entender, existe um porém que deve ser ressaltado. No versículo 44 faraó se coloca sob a autoridade de Yosef, porém, no versículo 40, ele lhe diz: “apenas meu trono estará sobre ti”, e isso significa que mesmo que o faraó esteja se colocando sob a autoridade de Yosef, Yosef estará sob a autoridade do trono, e a autoridade do trono representa o julgamento; em outras palavras, faraó se colocou sob a autoridade de Yosef, mas não permitiu que Yosef o julgasse de forma alguma. O mesmo é visto nas palavras de Hashem ao Povo de Israel, quando diz: “Eu sou Hashem, VOSSO ELOHIM”. O nome Elohim representa o “trono do faraó”, o julgamento, a autoridade representada pelo trono, portanto, assim como faraó não permitiu que Yosef o julgasse, Hashem, ao dizer ELOHIM, está deixando claro que Ele está se colocando sob a autoridade de Israel, porém Israel não deve, e não pode, de maneira alguma julgá-lo.
Agora voltemos nossa atenção ao conceito de Hashem se subordinar à autoridade de Seu povo. Todo homem nasce sob a influência de decretos, tanto bons quanto ruins, que existem no mundo de Yetzira, os quais definem e determinam como será a vida de todos que nascem sob os céus. Tais decretos foram determinados por Hashem e colocados sob a autoridade do mundo de Yetzira; porém também foi estabelecido pelo Mestre que se o homem seguir uma vida segundo à vontade Dele, esse estilo de vida dará poder a esse homem de quebrar todos os decretos negativos previamente determinados em sua vida. Em outras palavras, a Torah na vida de uma pessoa lhe dará autoridade maior que a autoridade de Hashem, pois essa pessoa será capaz de anular algo que foi decretado pelo Mestre. Também existem situações nas quais Hashem diz que fará algo de ruim contra alguém, e o que esse alguém deve fazer em uma situação complicada como essa? Ele deve orar, e orar muito, pois através do poder da oração, lhe será dado autoridade para que Hashem não faça aquilo que disse que ia fazer, ou seja, o homem, através da oração, é capaz de anular algo que Hashem disse que faria. Isso é visto em Moises; quando Hashem lhe disse que destruiria Israel, Moises orou e anulou esse decreto dito por Hashem, e Hashem se colocou sob a autoridade que Ele mesmo deu a Moises. Tal também é visto em todos os livros dos profetas; toda vez que um profeta profetiza algo negativo contra Israel e Israel se arrepende, o que acontece? A profecia não se cumpre. Isso faz de Hashem um mentiroso? De forma alguma, que Ele não permita! O que acontece é que o arrependimento dá ao homem autoridade sobre a profecia de Hashem, e através dessa autoridade o homem anula a profecia negativa. Se Hashem não se colocasse sob a autoridade de Seu povo, nenhum decreto negativo, nenhuma profecia negativa e nenhum aviso negativo de Hashem seriam anulados.
Agora a pergunta é: sob a autoridade de que homem Hashem se coloca? Existiu um grande profeta que conhecia bem esse segredo e que escreveu a seu respeito:
O Elohim de Israel disse, a Rocha de Israel falou para mim: líder de homens; o Tzadik reinará através do temor de Elohim. II Samuel 23:3
O profeta Samuel começa dizendo que Hashem, a Rocha de Israel, pessoalmente lhe revelou esse mistério e lhe disse que existem duas condições para que um homem reine, isso é, para que Hashem se submeta à autoridade de um homem. Primeiro, ele deve ser um Tzadik, isso é, ele deve viver uma vida de Torah, pela qual todos os decretos negativos serão extintos. Segundo, ele deve temer Elohim (trono), e isso deixa implícito que ele deve orar e se arrepender; através de ambos, esse homem anulará todas as profecias e promessas negativas de Hashem. Ao homem que vive Torah, que ora e que vive em arrependimento, lhe será dado por Hashem autoridade sobre Ele mesmo, e Ele se colocará sob a autoridade dada a esse homem, e através dessa autoridade, ele será capaz de anular, cancelar e quebrar todos os decretos, promessas e profecias negativas de Hashem, e Hashem aceitará com grande alegria os resultados dessa autoridade dada a esse homem. Porém, assim como faraó colocou um porém, Hashem não autoriza absolutamente ninguém a julgá-lo, isso é, a ninguém é dada a autoridade de dizer que Ele está certo ou errado ou de julgar a forma como Ele definiu Sua criação como certa ou errada. Isso significa que ninguém está autorizado, por mais autoridade que lhe foi dada, a definir como sua própria existência deve ser vista e compreendida.
Esse forte mistério sobre Hashem é fantástico, pois ele quebra conceitos muito comuns sobre ideias errôneas que definem o “Deus do antigo testamento” como um Deus autoritário, vingativo e impetuoso, pois como poderia um Deus que possua todas essas características se sujeitar à autoridade de Seu próprio povo? Não faz o menor sentido! Deuses autoritários, vingativos e impetuosos jamais se sujeitariam à vontade de ninguém, sejam eles seus servos ou não. Hashem, em toda sua misericórdia, bondade e por livre e espontânea vontade, se colocou sob a vontade de Seu povo e permitiu que a vontade de Israel anulasse a vontade Dele, algo incompatível a um “deus mal e autoritário” como muitos O definem. Quando Hashem permite o homem a se elevar acima Dele, Ele está dizendo que Ele ajudará o homem que atingir esse nível espiritual a carregar o próprio fardo e que esse homem jamais estará sozinho e desamparado, e tudo de negativo que houver sobre a vida desse homem, será anulado e cancelado.
E Sua nação será toda de Tzadikim. Isaías 60:21
Isaías ainda ressalta um detalhe. Israel será formada apenas por Tzadikim, isso significa que Hashem só se coloca sob a autoridade do homem que faz parte de Israel e que é um Tzadik.
O presente versículo esconde esse profundo mistério com vestimentas de um diálogo entre Yosef e o faraó. Por trás do EU do faraó, aprendemos mais sobre o EU do Santo, Bendito Seja e como Ele opera nesse mundo e a maneira que estabeleceu seu Modos Operandos. Quando vivemos Torah, oramos e nos arrependemos, nos será dada a autoridade sob a qual Hashem se colocará e, através dessa autoridade, atingiremos o ápice dos planos que Hashem tinha para o homem antes do pecado de Adam. Hoje em dia vemos muitas pessoas sofrendo com os infortúnios da vida ou por se tornarem vítimas de promessas e decretos negativos; isso mostra o quão longe do Santo estão e o quão limitada sua sabedoria sobre o mundo espiritual é. A Torah ensina com perfeição como levarmos uma vida elevada e de sucesso, mas esse é um ensino que não é dado de mão beijada e muito menos ao homem tolo. Portanto, infortúnios estão fortemente associados à tolice do homem.
Esse não é um estudo simples e de fácil compreensão. Bendito seja aquele que for capaz de absorvê-lo. Summa, Bruno. SHA'AREI TORAH: Portões da Torah - BERESHIT 5 (SHA'AREI TORAH - PORTUGUÊS Livro 6) (pág. 60-66).
Com tudo o que dissemos até aqui, creio que você já entendeu um pouco do que realmente a história de Yosef representa no contexto profético. No Tanakh, a autoridade do Mashiach é frequentemente relacionada ao governo, para trazer paz e restauração. Por exemplo, em Tehilim 110:1-2, o Eterno declara: “Assenta-te à Minha direita, até que Eu coloque os Teus inimigos como estrado dos Teus pés.” Este salmo enfatiza a soberania do Mashiach, que, assim como Yosef, exercerá uma autoridade inquestionável concedida diretamente pelo Eterno.
Nos Escritos Nazarenos, esse paralelo se torna ainda mais claro. Em Fl 2:9-10, é dito que o Mashiach foi exaltado pelo Eterno "para que ao nome dele se dobre todo joelho." A submissão a Yosef no Egito, ordenada por Faraó ("Somente no trono serei maior que você"), antecipa a autoridade universal do Mashiach, que governará todas as nações com justiça e retidão.
A história de Yosef também destaca o papel de um mediador entre os governantes e o povo. Yosef era o canal pelo qual o Faraó comunicava sua vontade e garantia o sustento do povo. Da mesma forma, o Mashiach será o mediador entre o Eterno e a humanidade, estabelecendo um Reino de paz e justiça na terra.
Assim como Yosef não apenas recebeu autoridade, mas também assumiu a responsabilidade de provar e governar com sabedoria, o Mashiach também exercerá o papel de provedor e juiz. No próximo tópico, exploraremos como Yosef garantiu a sobrevivência física do Egito e como isso reflete a função do Mashiach como sustentador e juiz justo para toda a humanidade.
2. A Função de Governador: Justiça e Provisão Sob a Liderança Divina
No Egito, a fome que se reduziu após os sete anos de abundância revelou o verdadeiro propósito da exaltação de Yosef. Mais do que apenas ocupar uma posição de autoridade, ele foi nomeado pelo Eterno através de Faraó para prover sustento e garantir a sobrevivência de muitas vidas, inclusive de fora do Egito, de outras nações. Conforme descrito em Bereshit/Gn 41:55, o Faraó declarou ao povo: “Ide a Yosef; o que ele vos disser, fazei.” Yosef, portanto, tornou-se o mediador das necessidades do povo, o responsável por administrar com sabedoria os recursos armazenados durante os anos de fartura.
Esse papel de Yosef como provedor e juiz reflete aspectos fundamentais do governo do Mashiach. Não foi à toa que em pelo menos três momentos Yeshua também deu pão para multidões famintas. Assim como Yosef foi incumbido de alimentar tanto o Egito quanto as nações ao redor, o Mashiach será o sustentador e juiz que trará provisão e justiça para toda a humanidade. Yeshayahu 11:4 descreve o Mashiach como aquele que "julgará com justiça os pobres e decidirá com retidão pelos mansos da terra." A fome física no Egito aponta para uma realidade mais ampla: a fome espiritual, isto é, de estar debaixo da autoridade do Eterno, que o Mashiach saciará, trará redenção e plenitude.
A liderança de Yosef foi caracterizada pela sabedoria divina. Ele organizou os recursos durante os anos de abundância e garantiu sua distribuição justa nos anos de fome. Esse aspecto de seu governo também é profético. O Mashiach, segundo Tehilim 72:12-14, será o Rei justo que cuidará dos necessitados, livrará os oprimidos e estabelecerá a paz. Parte dessa profecia se cumpriu de forma local e reduzida, mas no futuro isso será amplo e universal. Assim como Yosef foi o canal pelo qual o sustento chegou ao povo, o Mashiach será a fonte pela qual a plenitude do Eterno se manifestará na terra.
Nos Escritos Nazarenos, Yosef encontra um paralelo no Mashiach como provedor e mediador. Em Yochanan 6:35, o Mashiach declara: "Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim jamais terá fome." Assim como o povo do Egito foi ao encontro de Yosef para receber alimento físico, a humanidade é convidada a buscar no Mashiach o sustento da Torah que provém do Eterno. Além disso, Yosef agiu com imparcialidade, forneceu alimento não apenas ao Egito, mas também às nações vizinhas. Isso reflete o papel universal do Mashiach, que traz justiça e provisão para todos os povos, desde que se enquadrem nos mandamentos de HaShem.
Outro ponto relevante é a confiança que o Faraó e o povo depositaram em Yosef. Ele era o único com acesso ao fornecimento necessário, e suas decisões eram finais. Isso ecoa o papel exclusivo do Mashiach como mediador e juiz. Fl 2:10 afirma que todo joelho se dobrará diante dele, regularizando sua autoridade concedida pelo Eterno.
3. Reconciliação e Redenção: O Plano do Eterno em Meio à Adversidade
Em Bereshit 45:5-7 “Não vos entristeçais, nem vos pese aos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para preservação da vida Elohim me enviou adiante de vós. Porque já ouve dois anos de fome na terra, e ainda durante cinco anos não haverá lavoura nem ceifa. E mandou-me Elohim adiante de vós, para dar-vos uma descendência sobre a terra, e para fazer-vos viver por uma grande salvação”
A história de Yosef culmina em um poderoso ato de reconciliação. Apesar de ter sido traído e vendido por seus próprios irmãos, ele reconhece que tudo fazia parte do plano do Eterno para salvar vidas, conforme declarado nos versos acima. Yosef não apenas perdoa seus irmãos, mas os reúne, restaurando a unidade da família. Esse ato aponta para o papel do Mashiach, que traz reconciliação entre a casa de Yisrael, bem como a todos os gentios que desejarem e o Eterno, como predito em Yeshayahu 53:5: "O castigo que nos traz a paz estava sobre ele."
Assim como Yosef testou arrependimento de seus irmãos antes de revelar sua identidade, o Mashiach também testa os que se aproximam instrui e leva os que se arrependeram a uma relação restaurada com o Pai. Em Romanos 5:10, vemos o Rav Sha’ul dizer: “fomos reconciliados com o Eterno pela morte de Seu Filho”. A trajetória de Yosef ilustra a soberania do Eterno em transformar adversidade em redenção, antecipando o maior ato de salvação conduzido pelo Mashiach.
Concluindo nosso estudo, vimos que o Eterno se coloca a disposição da autoridade do justo a quem ele estabelece, a fim de eliminar decretos de destruição e morte para os que se arrependem, assim como o Faraó se colocou sob autoridade de Yosef no sentido do cuidado, armazenamento e distribuição do alimento. Por isso, nessa pequena análise, pudemos entender que os eventos que se apresentaram na vida de Yosef são, na verdade, apontamentos proféticos, como uma figura que aponta para o Mashiach. Assim como Yosef foi exaltado por Faraó para salvar o Egito e sua família, o Mashiach será elevado pelo Eterno para governar com justiça e trazer reconciliação para toda a humanidade.
Os paralelos entre Yosef e o Mashiach Yeshua mostram a fidelidade do Eterno em cumprir Suas promessas por meio de situações inesperadas, desenvolvendo muitas vezes pelo sofrimento, e transformando em salvação e redenção. O plano divino não apenas preserva a vida física, mas também garante a redenção final. Em Tehilim 103:19 – "O Eterno circula o Seu trono nos céus, e o Seu Reino domina sobre tudo." Assim como Yosef foi colocado em posição de autoridade, o Mashiach, escolhido pelo Eterno, também o foi e governará com justiça e redenção para aqueles que buscam a HaShem.
Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!
Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)
sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Estudo da Parashá Vayeshev - Da Rejeição à Redenção no Plano do Eterno.
Estudos da Torá
Parashá nº 9 – Vayeshev (E viveu)
Bereshit/Gênesis 37:1-40:23
Haftará (separação) Am 2:6-3:8 e
B’rit Hadashah (nova aliança) At 7:9-16
Tema: Da Rejeição à Redenção no Plano do Eterno.
A narrativa de Yosef, apresentada na parashá Vayeshev, é uma das mais emocionantes das Escrituras. Com uma profundidade singular, ela nos transporta para mais um dos dramas familiares da casa de Yaakov: as traições, os sonhos proféticos e a reviravolta que transforma a vida de um jovem em escravo até se tornar o poderoso governador do Egito, transformando-se no responsável por salvar muitas vidas, tanto de familiares quanto de pessoas distantes. No entanto, essa história vai além de um relato de superação pessoal. Ela está repleta de significados profundos, apontando para o plano divino que frequentemente ultrapassa a nossa compreensão.
Notavelmente, a vida de Yosef aponta poderosamente para a vida de Yeshua como o messias. Ambos enfrentaram traição, sofrimento e rejeição. Ambos foram usados pelo Eterno para trazer salvação em meio às adversidades. E, em ambos, vemos como o sofrimento pode ser transformado em algo grandioso, quando entregue nas mãos do Eterno.
Este estudo não é apenas uma análise histórica, mas uma jornada para entender como essas duas vidas estão interligadas com as promessas proféticas do TaNaK. Yosef e Yeshua nos convidam a refletir sobre os caminhos misteriosos do Eterno, nos quais o rejeitado se torna o instrumento de redenção e o sofrimento é transformado em vitória para si e para muitos outros.
Convido você a mergulhar comigo nesta exploração das Escrituras, conectando os acontecimentos da parashá Vayeshev com as profecias que apontam para o propósito maior do Eterno: reconciliar e restaurar Seu povo. A vida de Yosef e Yeshua nos lembram que, mesmo em meio à dor, o Eterno está sempre no controle, trabalhando para o bem de muitos.
RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA
Na parashá Vayeshev, mergulhamos nos dramas familiares de Yaakov e seus filhos, especialmente o favorito, Yosef. Yaakov ama Yosef mais do que aos outros, apresentando-o com uma túnica especial, o que desperta inveja e ódio nos irmãos. As coisas pioram quando Yosef compartilha seus sonhos, nos quais ele parece destinado a governar sobre eles.
Os irmãos, cheios de rancor, conspiraram contra Yosef. Primeiro planejam matá-lo, mas acabam vendendo-o como escravo para mercadores que o levam ao Egito. Para encobrir o crime, mergulharam sua túnica em sangue de animal e disseram a Yaakov que uma fera o devorou. Yaakov fica inconsolável.
Enquanto isso, a narrativa faz uma pausa para nos contar a história de Yehudá e Tamar. Yehudá enfrenta desafios pessoais e acaba liberando sua responsabilidade por Tamar, uma mulher que ele inicialmente julgou erroneamente.
De volta a Yosef, ele está no Egito como servo de Potifar. Mesmo sendo leal e trabalhador, Yosef é acusado injustamente pela esposa de Potifar e lançado na prisão. Na prisão, ele interpreta os sonhos de dois funcionários do faraó, um copeiro e um padeiro. A precisão das interpretações de Yosef marca o início de sua ascensão futura, mas por enquanto, ele permanece esquecido na prisão.
Essa parashá é cheia de reviravoltas e dentro da visão da ética da Torah, nos ensina sobre os problemas da inveja, as consequências das escolhas e a importância de confiar no plano do Eterno, mesmo nos momentos mais difíceis.
ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ
Quando seus irmãos perceberam que seu pai o amava mais que a todos os seus irmãos, começaram a odiá-lo e chegaram a ponto de nem conseguir conversar com ele de forma civilizada. Gn 37:4
Os irmãos de Yosef o rejeitaram! Mas por qual motivo?
Yosef foi rejeitado pelos seus irmãos por uma combinação de fatores que extrapolam o que o texto bíblico mostra, sendo necessário muita atenção aos detalhes nos fatos, esses fatores envolviam sentimentos humanos profundos, como ciúme, inveja e ressentimento. Os fatores aparecem descritos em Bereshit através dos relatos e as atitudes dos envolvidos nos ajudam a entender a dinâmica familiar da casa de Yaakov e como isso levou à quase eliminação de Yosef. E tudo isso tem profundos apontamentos para a vida do messias Yeshua e sua missão redentora.
Antes de mais nada, vejamos o significado de dois termos que estão fortemente envolvidos em nosso tema: rejeição e redenção.
Primeiramente, observemos o termo “Rejeição”, que segundo o Copilot da Microsoft, é a ação de recusar, ou não aceitar algo ou alguém. Em termos emocionais e sociais, a rejeição pode referir-se à experiência de ser recusado, excluído ou desvalorizado por outros. Isso pode ocorrer em diversos contextos, como relacionamentos pessoais, ambientes de trabalho, comunidades ou grupos sociais. A rejeição pode ter um impacto significativo na autoestima e no bem-estar emocional de uma pessoa.
Podemos perceber a rejeição em alguns contextos comuns em que pode ocorrer:
- Rejeição Pessoal: Quando alguém é recusado em um relacionamento amoroso, amizade ou por membros da família.
- Rejeição Social: Quando alguém é excluído de um grupo social ou comunidade.
- Rejeição Profissional: Quando alguém é recusado em uma vaga de emprego, promoção ou reconhecimento no trabalho.
- Rejeição Criativa: Quando o trabalho criativo de alguém, como arte, escrita ou ideias, é rejeitado por críticos, editores ou audiências.
Mesmo sendo uma experiência dolorosa, a rejeição também pode ser um momento de aprendizado e crescimento, ajudando as pessoas a desenvolver resiliência e a buscar novas oportunidades.
Em segundo lugar, observe o termo “Redenção”, que segundo o mesmo site, é um termo rico em significado, muitas vezes usado em contextos religiosos, filosóficos e financeiros. Em termos gerais, a redenção refere-se ao ato de salvar, libertar ou resgatar algo ou alguém de uma situação negativa, de pecado, de dívida ou de cativeiro.
Encontramos alguns contextos comuns em que a palavra redenção é aplicada:
- Redenção Religiosa: No contexto das religiões, especialmente no Cristianismo, redenção é o ato pelo qual a humanidade é salva do pecado e da condenação eterna através do sacrifício e ressurreição de JC. Em outras tradições religiosas, redenção pode envolver rituais ou ações que purificam e salvam o indivíduo.
Redenção Financeira: Em termos financeiros, redenção refere-se ao ato de resgatar títulos, ações ou outras formas de investimento antes ou no vencimento. Por exemplo, um investidor pode redimir um título de dívida, recebendo de volta o valor investido mais juros.
Redenção Social e Pessoal: De forma mais ampla, redenção pode significar a restauração de honra, dignidade ou reputação de uma pessoa que sofreu perdas, cometeu erros ou foi injustiçada. É o processo de superar uma falha ou erro significativo e alcançar uma nova chance ou um novo começo.
A ideia central da redenção é a transformação de uma situação negativa em algo positivo, simbolizando um novo começo e a restauração de um estado desejado.
No contexto original judaico, o significado de "Redenção" nas Escrituras está profundamente ligado ao conceito de “resgate”, “liberação” e “restauração”. A palavra em hebraico mais associada à redenção é "geulah", derivada da raiz "ga'al", que significa "resgatar" ou "reaver algo que foi perdido". É uma ideia central no TaNaK, presente tanto no contexto pessoal quanto no coletivo.
A redenção implica o ato de resgatar alguém de uma situação de escravidão, perigo ou dívida. Isso muitas vezes envolve um resgatador que age em favor de alguém que não pode libertar a si mesmo. Por exemplo:
- Redenção no Êxodo: O Eterno redimiu os filhos de Yisrael da escravidão no Egito com grandes sinais e maravilhas, cumprindo Sua promessa a Avraham (Shemot 6:6-7).
- Goel (Resgatador Familiar): Em Vayicrá 25:25, aprendemos sobre o papel do "goel", o parente próximo que poderia redimir propriedades ou pessoas em dificuldade financeira.
No Tanakh, a redenção também envolve um aspecto mais profundo: a libertação do pecado, da idolatria e da separação do Eterno. Essa redenção aponta para o retorno a uma relação restaurada com o Eterno, como declarado pelos profetas:
- Yeshayahu 44:22: "Apaguei como uma nuvem as tuas transgressões, e como uma nuvem, os teus pecados; volta para Mim, porque Eu te redimi."
- Tehilim 130:8: "E Ele redimirá Yisrael de todas as suas iniquidades."
A redenção no TaNaK é frequentemente vista como algo coletivo, relacionada ao retorno de Yisrael à terra prometida, à restauração do povo e à realização das promessas do Eterno. É uma esperança escatológica de que o Eterno envolve o Messias para redimir Yisrael e estabelecer a justiça. Por exemplo:
- Yeshayahu 52:3 : "Pois assim diz o Eterno: Fostes vendidos por nada, e sem dinheiro serão redimidos."
- Yirmeyahu 31:11 : "Pois o Eterno redimiu Yaakov e o livrou da mão do mais forte do que ele."
A redenção portanto, é o ato de ser libertado ou resgatado de algo que aprisiona, humilha ou derrota, seja física, moral ou espiritualmente. É uma manifestação do amor e da justiça do Eterno, a fim de restaurar o que estava perdido. No plano individual, isso pode significar voltar à obediência e comunhão com o Eterno. No plano coletivo, representa a restauração de Yisrael e do mundo segundo os propósitos divinos.
Assim, através da observação destes dois termos, já pudemos perceber o envolvimento e a relação que há entre Yosef e Yeshua. O primeiro como uma demonstração histórica na manutenção e desenvolvimento do povo de Yisrael, e também como um apontamento profético para algo muito maior, que envolve também pessoas de todo o mundo, que é o messias. Yeshua sendo então, o cumprimento das profecias, em partes distintas em dois momentos históricos e proféticos, um que já se cumpriu, quando ele viveu e ensinou, morreu e foi ressuscitado pelo Eterno, e outro no futuro, quando ele retornar para cumprir outras e tornar plenas as demais profecias.
Por isso continuemos em nosso estudo verificando a relação existente entre Yosef e Yeshua.
1. Rejeitados pelos Seus: O Preço da Escolha do Eterno
Os textos de Bereshit 37:3-8 e Yeshayahu 53:3, juntamente com Tehilim 69:8-9, oferecem uma visão clara da rejeição enfrentada por Yosef e Yeshua. Yosef era amado por seu pai Yaakov, mas era odiado por seus irmãos, principalmente, devido aos seus sonhos proféticos e ao favoritismo que recebia. Essa rejeição ilustra a resistência humana aos escolhidos do Eterno. De forma similar, Yeshua também é desprezado por muitos de seu povo, cumprindo a profecia de Yeshayahu 53:3: "Foi desprezado e rejeitado pelos homens". Ambos os textos ressaltam a experiência amarga do isolamento e da rejeição, temas recorrentes nas histórias dos servos do Eterno até os dias atuais. Esta exclusão, no entanto, serve a um propósito divino maior, apontando para a vinda de um redentor cuja trajetória desafiará as expectativas humanas.
2. Sofrimento e Elevação: O Plano do Eterno em Meio à Adversidade
Em Bereshit 39:19-20 e 41:39-44, junto com Yeshayahu 53:4-5 e Tehilim 105:17-21, encontramos o delineamento do sofrimento e a subsequente elevação de Yosef e Yeshua. Yosef é falsamente acusado e preso, mas o Eterno está com ele. Sua ascensão ao posto de governador do Egito é um testemunho de como o sofrimento pode ser transformado em um instrumento de salvação. Da mesma forma, Yeshua, injustamente condenado, usa seu sofrimento para abrir caminhos de cura e paz, conforme destacado em Yeshayahu 53:4-5. Assim como Yosef foi enviado à frente para salvar Yisrael e as nações (Tehilim 105:17-21), Yeshua também cumpre o papel profético de ser um redentor, seguindo o modelo de Yeshayahu 53. O sofrimento deles, portanto, não é em vão; é parte integral do plano do Eterno para a restauração das Casas de Yisrael e Yehudah, junto com gentios que se aproximam do Eterno.
3. Reconciliação e Salvação: O Propósito Maior do Eterno
Os textos de Bereshit 45:4-7, Oséias 6:1-2 e Yirmeyahu 31:9-10 exploram a temática da reconciliação e salvação. Quando Yosef revela sua identidade aos irmãos, ele não busca vingança, mas reconciliação, assegurando-lhes que tudo fazia parte do plano do Eterno. Esta reconciliação promove cura e restauração dentro da família de Yaakov. Yeshua, com sua missão divina, também chama Yisrael e as pessoas das nações de volta ao Eterno, ecoando a esperança de cura e ressurreição expressa em Oséias 6:1-2: "Depois de dois dias, nos dará vida novamente; ao terceiro dia, nos levantará". Tanto Yosef quanto Yeshua exemplificam o papel de agentes do Eterno para a salvação e reconciliação, cumprindo promessas proféticas como as de Yirmeyahu 31:9-10: "Eis que os trarei da terra do norte... porque sou um Pai para Yisrael".
4. Mais Paralelos entre Yosef e Yeshua
Até agora estávamos analisando alguns paralelos proféticos entre a vida de Yosef e de Yeshua, mas para você perceber mais claramente tudo o que estou demonstrando nesse estudo, vou relacionar abaixo mais alguns pontos.
- Amado do pai: Yosef era amado por Yaakov mais do que seus outros filhos (Bereshit 37:3), e isso gerou ciúmes entre seus irmãos. Da mesma forma, Yeshua foi amado pelo Eterno como um filho obediente (Mt 3:17; Mt 17:5), o que também trouxe oposição de seus contemporâneos.
- Rejeitado pelos irmãos: Os irmãos de Yosef não suportaram sua presença e o venderam por 20 moedas de prata (Bereshit 37:28). Yeshua também foi rejeitado por muitos em sua geração e entregue por 30 moedas de prata (Jr 32:44; Zc 11:12-13; Mt 26:15; Mt 27:3, 9).
- Acusado injustamente: Yosef foi acusado falsamente pela esposa de Potifar e lançado na prisão (Bereshit 39:17-20). De maneira semelhante, Yeshua foi acusado injustamente diante das autoridades e foi condenado.
- Sofrimento como plano do Eterno: Apesar de todo o sofrimento de Yosef, o propósito do Eterno foi usá-lo para preservar vidas durante a fome (Bereshit 45:5-8). Yeshua também sofreu, mas sua missão foi levar muitas pessoas à redenção em obediência e ao retorno para o Eterno. O sofrimento de Yosef foi parte do plano do Eterno para salvar vidas. Ele mesmo registra isso quando diz a seus irmãos: "Não fostes vós que me enviastes aqui, mas HaShem, que me pôs como governador sobre toda a terra do Egito". De forma semelhante, Yeshua enfrentou humilhação, destruição e morte para trazer reconciliação e renovação aqueles que se interessam em voltar ao Eterno, como os Escritos Nazarenos apontam em diversos textos.
Exaltação após o sofrimento: Yosef, após anos de sofrimento, foi elevado a uma posição de grande autoridade no Egito, tornando-se o braço direito do faraó e governando toda a terra (Bereshit 41:39-44). Yeshua, após sua morte foi ressuscitado pelo Eterno, e voltará para Reinar por mil anos esta terra. Por isso, é considerado pelos que o seguem como messias como um “instrumento de salvação” e um modelo para a humanidade, apontando o caminho para o serviço fiel ao Eterno.
Provedor para todos os povos: Yosef, ao ser exaltado no Egito, tornou-se o provedor de alimento não apenas para sua família, mas para as nações que vieram buscar sustento durante a fome (Bereshit 41:57). Ele foi usado pelo Eterno para preservar a vida de muitos. Da mesma forma, Yeshua é visto como aquele que aponta para o sustento espiritual, ou seja, sustento de exemplo de obediência, e a restauração com o Eterno, chamando todas as nações ao arrependimento e à orientação aos mandamentos.
Reconciliação com os irmãos: Apesar da traição de seus irmãos, Yosef os perdoou e os reconciliou consigo, assegurando-lhes que tudo tinha sido parte do plano do Eterno (Bereshit 50:20-21). Este ato de perdão e reconciliação é um reflexo da missão de Yeshua, que buscou e continua a buscar, através de seus seguidores, trazer as ovelhas perdidas da Casa de Yisrael e as nações de volta ao Eterno por meio de arrependimento e misericórdia.
Reconhecimento tardio: Os irmãos de Yosef não o levaram em consideração imediatamente quando foram ao Egito, mas depois o identificaram e entenderam sua verdadeira posição e papel no plano do Eterno (Bereshit 45:1-3). De forma semelhante, muitos não reconhecem a relevância de Yeshua para Yisrael e para o mundo, mas há uma expectativa de que, no tempo do Eterno, todos o considerarão como um servo fiel enviado para cumprir Sua vontade.
No livro Yeshua Ben Yosef: O que as profecias revelam sobre Mashiach, o autor Bruno Summa, traz um capítulo fazendo também relação entre Yosef e Yeshua com alguns detalhes a mais do que estou trazendo nesse estudo, e acrescenta também um outro personagem que também aponta para Yeshua, o rei Yoshiahu/Josias. Isso para mim é muito claro, pois confirma algo que sempre vi, mesmo quando ainda estava no sistema religioso. Esse paralelo entre Yosef e Yeshua sempre me martelou muito na mente, por isso, quando abri os olhos para a verdade do contexto original e observei esse paralelo ainda mais forte e com mais pontos de certeza nos profetas, isso me confirmou que permaneço no caminho que o Eterno me colocou, fazendo de mim, mais um redimido mesmo que sendo rejeitado por alguns.
Concluindo nosso estudo, vimos que os paralelos entre Yosef e Yeshua evidenciam que o sofrimento e a rejeição são frequentemente partes integrantes do propósito divino para trazer redenção. Ambos foram servos fiéis que, através de adversidades, se tornaram instrumentos de vitória e redenção. As profecias do TaNaK, como Yeshayahu 53 e Oséias 6, ressoam em suas vidas, apontando para o plano redentor do Eterno: reconciliar Seu povo e trazer as nações para o conhecimento de Sua vontade. Ao refletirmos sobre essas histórias, aprendemos que o Eterno usa até os momentos mais difíceis para cumprir Seus propósitos de cura e restauração. A vida de Yosef e Yeshua nos lembram, portanto, que mesmo em meio à dor, o Eterno está sempre no controle, trabalhando para o bem de muitos.
É importante destacar ainda nesse momento de fechamentos de estudo, que estes paralelos não indicam que Yeshua seja divino ou algo além de um homem obediente ao Eterno. Em ambos os casos, tanto com Yosef como com Yeshua, vemos exemplos de como o Eterno pode usar o sofrimento, a exclusão e até a mesma a humilhação para cumprir Seus propósitos maiores. Yosef foi uma ferramenta para preservar vidas físicas durante uma crise, enquanto Yeshua, por seu exemplo de obediência e justiça, tornou-se um modelo para chamar todos ao arrependimento e à reconciliação com o Eterno. Percebemos que o sofrimento do justo serve como expiação e é um gerador de redenção.
Assim, a vida de Yosef pode ser vista como uma sombra profética que aponta para o papel de Yeshua como um servo fiel, rejeitado e posteriormente reconhecido, cumprindo o plano do Eterno para trazer justiça e restauração à humanidade. Esses paralelos destacam a importância de confiar no Eterno mesmo nas adversidades, sabendo que Ele é soberano e Seus planos são para o bem de todos que se voltam a Ele com um coração íntegro e desejoso de obedecê-lo.
Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!
Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)