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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Estudo da Parashá Beshalach - A Toráh, o mar e a purificação

 


Estudos da Torá

Parashá nº 16 – Beshalach (Depois de ter deixado)

Shemot/Êxodo 13:17 – 17:16

Haftará (separação) Jz 4:4 – 5:31 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Lc 2:22-24; Jo 6:25-35; 19:31-37 e Ap 15:1-4.


Tema: A Toráh, o mar e a purificação


E se você estivesse encurralado, sem saída. Com o perigo se aproximando rapidamente. À sua frente, um mar imenso, atrás um exército poderoso. O coração acelera, o medo toma conta, e a única opção parece se a derrota. Mas então, diante dos seus olhos incrédulos e assustados, as águas se abrem, formando um caminho seco no meio do impossível. Esse é o cenário épico da travessia do Yam Suf, um dos muitos eventos marcantes da história do povo de Yisrael.

Veremos que mais do que um simples milagre de livramento, essa passagem carrega ensinamentos profundos e proféticos sobre purificação, confiança, julgamento e redenção. Ela nos mostra que o Eterno não apenas liberta Seu povo da escravidão, mas também o conduz por um caminho seguro em meio ao caos.

Neste estudo, vamos explorar o significado desse evento à luz da Toráh, dos ensinamentos de Yeshua e das palavras dos seus talmidim, entendendo como ele se aplica à nossa jornada de vida. O que essa travessia representa espiritualmente? Como ela aponta para a redenção final? Como podemos aprender a confiar no Eterno mesmo quando tudo parece perdido?

Prepare-se para mergulhar nas águas da sabedoria divina, a Toráh, e descobrir as lições eternas da Parashá Beshalach. Vamos juntos nessa jornada!


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Beshalach nos leva a mais um momento marcante da história do povo de Yisrael: a travessia do Yam Suf, mar de juncos, conhecido como Mar Vermelho, e os primeiros desafios no deserto após a saída do Egito.

O Eterno não poderia guiar Yisrael pelo caminho mais curto até a terra prometida, pois isso os levaria diretamente aos filisteus, e o povo temeria a guerra e iria querer voltar ao Egito. Em vez disso, foram guiados pelo deserto, com a presença constante do Eterno na coluna de nuvem de dia e coluna de fogo à noite.

Quando Faraó se arrependeu pela libertação de Yisrael, reuniu seu exército e os perseguiu. O povo, vendo-se encurralado entre o exército egípcio e o mar, temeu e reclamou. Mas o Eterno instruiu Moshê a erguer seu cajado, e as águas do Yam Suf se abriram, permitindo que Yisrael passasse a seco. Quando os egípcios tentaram seguí-los as águas se fecharam sobre eles, destruindo-os completamente.

Após esse grande livramento, Moshê e os filhos de Yisrael entoaram um cântico ao Eterno, exaltando Seu poder e fidelidade. Miryam e as mulheres também louvaram com tamborins e danças.

Logo depois, o povo começou a sentir as dificuldades da jornada. Primeiramente, chegou a Maráh, onde as águas eram amargas, mas o Eterno instruiu Moshê a lançar um pedaço de madeira nelas, tornando-as potáveis.

Em seguida, em Elim, encontraram doze fontes de água e setenta tamareiras, mas logo começaram a murmurar por causa da fome. O Eterno então enviou o maná, um alimento que caía todas as manhãs, exceto no Shabat, pois no sexto dia deveriam coletar o dobro. Esse foi um grande teste para o povo confiar no Eterno.

Depois, em Refidim, enfrentei a falta de água novamente. O Eterno mandou que Moshê ferisse uma rocha com seu cajado, e dela jorrou água suficiente para todo o povo.

Por fim, Amalek atacou Yisrael. Yehoshua liderou os guerreiros, enquanto Moshé ficou no topo do monte com seu cajado erguido. Sempre que seus braços estavam levantados, Yisrael prevaleceu; quando abaixavam, Amalek avançava. Então, Aharon e Hur sustentaram seus braços até o pôr do sol, garantindo a vitória.

A parashá Beshalach nos ensina que a liberdade não significa ausência de desafios, mas sim aprender a confiar no Eterno em cada passo da jornada. O povo passou de escravos a guerreiros, aprendendo que o sustento, a proteção e a salvação vêm do Eterno. Ele abriu o mar, enviou o maná, fez brotar água da rocha e garantiu a vitória contra os inimigos. Devemos lembrar que, assim como Yisrael foi testado, também aconteceu por provas, mas o Eterno sempre provê e guia aqueles que confiam nEle!


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Nesta semana vamos olhar com mais atenção para alguns aspectos proféticos em relação à travessia do Yam Suf, o Mar de Juncos, conhecido como Mar Vermelho. A travessia do Yam Suf não foi apenas um evento histórico de libertação de um povo, não é um romance contando a história dos hebreus, é na verdade, um ato carregado de significados profundos e proféticos. Se analisarmos pela perspectiva profética, poderemos enxergar diversos paralelos com o propósito do Eterno para seu povo, e com os mandamentos que receberiam de forma escrita no Sinai, dali há alguns meses.


A Travessia pelo Mar – Um Caminho de Purificação

A água sempre foi um símbolo de purificação e transformação nas Escrituras, e portanto, um apontamento profético para a Toráh. O Eterno além de eliminar o último foco de idolatria em Mitsrayim que estava em Ba’al-Tz’fon, escolheu dirigir Yisrael através do Yam Suf, como se estivesse levando-os a um grande mikveh (banho de purificação), preparando-os para um novo tempo. A purificação é a indicação de um novo tempo. É feita antes do shabat, antes das moedim (encontros festivos), depois da relação sexual, depois de ter tido contato com morto ou depois de tocar em algo impuro, etc. Isso é a demonstração de que se está buscando de coração a possibilidade de estar em condição de estar na presença de HaShem. Observe o que o Eterno fala através do profeta a respeito da água pura para purificação.


Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Yechezkel 36:25


Observamos na parashá que Yisrael passou pelo mar saindo da escravidão e emergindo como um povo livre e separado para o Eterno. Da mesma forma, as águas da Toráh purificam e renovam aqueles que se submetem a elas. Vemos algo parecido quando Yeshua se coloca à disposição de seu primo Yochanan para fazer a imersão, a purificação, antes de iniciar seu ministério messiânico e ser recebido pelo Eterno como Ungido ou Messias, conforme vemos em Mt 3:13-17. Ele estava iniciando uma nova etapa em sua vida.

Yeshua também reforçou essa ideia de purificação em seus ensinos, não apenas externa, mas do coração. Ele ensinou que é necessário um novo nascimento, não da carne, mas de confiança e obediência ao Eterno.


Em verdade vos digo que, se alguém não nascer da água e do vento, não pode entrar no Reino do Eterno. Yochanan 3:5


A passagem pelo mar simboliza deixar para trás as influências do Egito e caminhar em nova vida, purificado pela obediência à Toráh.

Também no livro de Atos vemos relatos de várias pessoas que ao se tornarem seguidores do testemunho do messias, retornando à obediência à Toráh, passaram pela imersão ou purificação. Lembrando que a purificação não é como o sistema religioso ensina, faz uma vez e depois nunca mais, nos purificamos sempre que se faz necessário, além da preparação para os dias festivos, conforme já foi mencionado.


O Caminho Aberto no Mar – Uma Revelação da Toráh

O fato de o mar ter sido aberto aponta para a revelação do Eterno ao Seu povo. Assim como o Yam Suf se abriu, trazendo livramento e um novo caminho, a Torá foi revelada, iluminando o caminho da vida para Yisrael. E isso é válido para todos os que anseiam por servir ao Eterno e seguir em teshuvah.


Pois contigo é a fonte da vida; na tua luz vemos a luz. Tehilim 36:9


A Toráh é como um caminho seco no meio das águas caóticas do mundo, um trilho seguro para aqueles que confiam no Eterno e em Seus mandamentos.


A voz do Senhor ressoa sobre as águas; o Elohim da glória troveja, o Eterno troveja sobre as muitas águas. Sl 29:3


Ó Elohim, tu és o meu Elohim, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Sl 63:1


A tua vereda passou pelo mar, o teu caminho pelas águas poderosas, e ninguém viu as tuas pegadas. Sl 77:19


Lâmpada para os meus pés é a Tua Toráh, e luz para o meu caminho. Sl 119:105


Yeshua reforçou essa verdade ao afirmar que ele era a luz do mundo, isso por quê? Ele ensinava a Toráh, que é a luz criada desde o início.


Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida. Yochanan 8:12


Seguir a Toráh e os ensinamentos de Yeshua é caminhar por um caminho firme em meio às dificuldades e transgressões do mundo.


O Juízo sobre os Egípcios – A Separação Entre Justiça e Maldade

O mesmo mar que salvou Yisrael foi o que destruiu os egípcios. Esse fato nos ensina que a Palavra do Eterno tem um efeito duplo:

- Para aqueles que a seguem, ela é vida e libertação.

- Para aqueles que a rejeitam, ela pode se tornar um julgamento e separação.


O caminho dos perversos é como escuridão; nem sabem eles em que tropeçam. Mishlei 4:19


Os egípcios representam aqueles que resistem ao Eterno e tentam impedir Seu plano. Da mesma forma, Yeshua ensinou que aqueles que se apegam ao mundo e rejeitam a instrução do Eterno acabarão presos em sua própria destruição.


Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e a prática será comparado a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha... E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não às pratica é comparado a um homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia. Matityahu 7:24 e 26


O mar foi indicação da separação entre aqueles que obedecem ao Eterno e aqueles que seguem sua própria arrogância. É claro que nem todos que atravessaram o mar estavam realmente vivendo em justiça, muitos ali ainda carregavam as mazelas do Egito. Assim como hoje, muitos iniciam sua caminhada de teshuvah ainda com as mazelas do sistema religioso, e precisam mudar seus posicionamentos, caso contrário acabam ficando pelo caminho.


A Nuvem e o Fogo – A Presença do Eterno

Durante toda a jornada, Yisrael foi guiado pela coluna de nuvem do dia e pela coluna de fogo à noite, conforme lemos em Shemot/Ex 13:21. Esse sinal representa a presença constante do Eterno e Seu cuidado contínuo.

- O fogo representa o zelo, a justiça e a revelação do Eterno.

- A nuvem simboliza Sua proteção e mistério, pois ninguém pode vê-lo diretamente, mas também aponta revelação da sabedoria da Torah.

Yeshua ensinou que o Eterno nunca abandona aqueles que O seguem, mas providencia o guia em cada passo:


Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos tempos. Matitiahu/Mt 28:20.


Assim como Yisrael precisou seguir a nuvem e o fogo, nós devemos seguir a direção do Eterno, confiando que Ele nos leva pelo caminho certo, por meio de seu instrumento, o messias. Moshê foi um messias em sua época e foi usado pelo Eterno para guiar o povo do Egito para o deserto, Yehoshua foi um messias e foi usado para guiar o povo até tomarem posse da terra prometida, e Yeshua é o messias de fato, pois carrega em si as características de cada um dos que vieram antes dele, vivendo em justiça e guiando o povo para a vida de obediência ao Eterno e ao Olam Habáh.


O Cântico de Moshê – A Celebração da Redenção Final

Depois da vitória sobre os egípcios, Yisrael entoou um cântico ao Eterno, conforme lemos em Shemot/Ex 15, um momento de gratidão e reconhecimento pelo livramento. Esse cântico não foi apenas uma celebração do passado, mas uma profecia da redenção futura, quando todas as nações reconhecerão o Eterno como único grande Rei ou Elohim, e seu messias como Rei dos servos do Eterno.


Então todos os confins da terra temerão e se voltarão para o Eterno, e todas as famílias das nações se prostrarão diante dele. Tehilim/Sl 22:27


No livro de Hitgalut (Revelação/Apocalipse), vemos que na redenção final, os justos cantando o mesmo cântico de Moshê em louvor ao Eterno:


E cantava o cântico de Moshê, servo do Eterno, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis ​​são as tuas obras, Eterno Todo-Poderoso; justos e verdadeiros são os teus caminhos. Hitgalut/Ap 15:3


A libertação de Yisrael do Egito aponta para a libertação plena e futura de todos os que seguem o Eterno e guardam Seus mandamentos.

Concluindo nosso estudo, vimos que a travessia pelo Yam Suf foi muito mais que uma passagem histórica, foi uma lição sobre confiar no Eterno, seguir seus caminhos e celebrar Sua salvação, mas acima de tudo, foi um apontamento profético para a redenção plena no futuro e entrada dos justos no Reino do Eterno e no Olam Habáh. Vamos recapitular o que entendemos com essa reflexão profética.

- O mar aponta para a purificação pela Toráh e a necessidade de se separar do Egito, ou seja, dos sistemas desse mundo.

- O caminho seco representa a segurança em seguir a Palavra do Eterno.

- O juízo sobre os egípcios nos ensina que a rebeldia contra o Eterno leva à destruição.

- A nuvem e o fogo mostram que o Eterno sempre guia e protege aqueles que inserem nele.

- O cântico de Moshê aponta para a redenção final, quando todos considerarem o Eterno o único Elohim.

Assim como Yisrael foi libertado da escravidão egípcia, nós também somos chamados a nos libertar das influências do mundo e seguir o caminho do Eterno, confiando que Ele sempre abrirá o mar diante de nós. O mar, ou seja a Toráh, nos purifica das mazelas deste mundo e nos torna prontos para continuar o caminho até a justiça plena no Reino do Eterno.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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