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quinta-feira, 8 de maio de 2025

Estudo da Parashá Acharei Mot e Kedoshim - Santidade, o caminho prático.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 29 – Acharei Mot (Depois da Morte)

Vayikra/Levítico 16:1-18:30

Haftará (separação) Ez 22:1-19 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Rm 3:19-26 e 9:30-10:13

Parashá nº 28 – Kedoshim (Povo Santo)

Vayikra/Levítico 19:1-20-27

Haftará (separação) Am 9:7-15 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 5:33-48.


Tema: Santidade, o caminho prático.


Com temor e reverência diante das Palavras do Eterno, e com coração disposto a ouvir e obedecer, na parashá dessa semana nos aproximamos de um dos chamados ou mandamentos mais profundos e transformadores das Escrituras: “Santos sereis, porque Eu sou santo” (Vayicrá 19:2). Este chamado não é uma proposta teórica, nem um ideal distante reservado aos separados por título ou posição; é um convite direto do Criador para todo aquele que deseja andar em Seus caminhos. Neste estudo, buscamos compreender como a santidade é vivida — não apenas declarada — e como ela se manifesta em obediência prática, justiça no cotidiano, amor ao próximo e separação do mal. Através da Torá, dos Profetas, dos ensinamentos de Yeshua e dos seus enviados, e mesmo nas palavras refletidas por alguns dos sábios, vemos um fio contínuo: a santidade é uma expressão viva da confiança firme e da aliança com o Eterno. Ela não se resume a práticas externas, mas se revela no caráter, nas escolhas, e na forma como tratamos o próximo. Este pequeno estudo propõe-se a ampliar e aprofundar esse entendimento, chamando todos a retornarem à essência da santidade conforme as Escrituras.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Após a morte dos filhos de Aharon (Nadav e Avihu), o Eterno ordena como o Sumo Sacerdote deve entrar no Lugar Santíssimo – somente uma vez ao ano, em Yom HaKippurim, com sacrifícios específicos e pureza extrema. Este é o centro do serviço de expiação, mostrando que a aproximação ao Eterno exige temor, ordem e purificação. E estabelece que todo sangue deve ser derramado perante o altar e proíbe o consumo de sangue – “porque a vida da carne está no sangue”, mostrando que a vida pertence ao Eterno. A Torá apresenta os mandamentos sobre pureza moral, proibindo práticas das nações, especialmente imoralidades sexuais. O povo de Yisrael é chamado a diferenciar-se das nações, vivendo conforme a santidade do Eterno.

O Eterno declara: “Kedoshim tihyu – Santos sereis, porque Eu, HaShem, sou santo” (Vayicrá 19:2). Esta parashá apresenta instruções sociais, éticas e rituais que formam o coração da vida em santidade:

  • Respeitar pai e mãe;

  • Guardar os Shabatot;

  • Não roubar, não mentir, não oprimir o próximo;

  • Julgar com justiça;

  • Deixar parte da colheita para os pobres e estrangeiros

  • Não guardar ódio, nem vingar-se;

  • Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Essa santidade é vivida no dia a dia – na honestidade, na justiça e na separação de costumes das nações.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A santidade como prática diária de obediência ao Eterno é um dos temas mais repetidos e aprofundados em toda a Torá, nos escritos dos profetas, e também nos ensinos de Yeshua e dos seus enviados. Não se trata de um estado místico reservado a poucos, nem de uma ideia abstrata distante da realidade do ser humano. Ela é, pela Torá, uma convocação direta, possível e necessária:


Santos sereis, porque Eu, HaShem, vosso Elohim, sou santo” Vayicrá 19:2

Essa declaração não é poética, é instrucional. O Eterno não nos chama para algo inatingível, mas nos convida a andar com Ele de maneira justa, pura e reta — vivendo os Seus mandamentos com integridade em cada aspecto da vida.


1. A santidade vivida no cotidiano

Na Torá, a santidade é demonstrada através de ações concretas no dia a dia, como deixar as pontas da colheita para o necessitado, justiça nos negócios, julgar com justiça, guardar o Shabat, honrar os pais, não guardar ódio no coração, não difamar, e amar o próximo como a si mesmo. São ações e decisões tomadas em conformidade com a instrução dada pelo Eterno por meio de Sua Palavra, Torá. O Eterno espera santidade de seu povo.


Eu sou o Eterno que os tirou da terra do Egito para ser o seu Elohim; por isso, sejam santos, porque eu sou santo. Lv 11:45


Consagrem-se, porém, e sejam santos, porque eu sou o Eterno, o Elohim de vocês. Lv 20:7


Vocês serão santos para mim, porque eu, o Eterno, sou santo, e os separei dentre os povos para serem meus. Lv 20:26


Ao estudarmos os textos bíblicos, não apenas os mencionados aqui, percebemos claramente que cada uma dessas ações concretas revelam que a verdadeira separação ao Eterno não está em rituais vazios, em meras liturgias legalistas, nem muito menos em cultos desprovidos de verdade, mas em um viver alinhado com a Sua vontade. Conforme Yeshua falou a uma certa mulher samaritana:


No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Jo 4:23


Yeshua estava ensinando sobre santidade e obediência prática, acima de liturgias criadas por homens. A santidade não é isolamento do mundo, mas transformação do mundo através da obediência. Santidade é obediência contínua e prática aos mandamentos do Eterno, principalmente, seguindo o exemplo do messias Yeshua. Vamos falar mais sobre isso no próximo tópico.


2. Santidade além do ritual: a expressão da justiça

Os profetas foram vocacionados pelo Eterno para despertar a consciência adormecida do povo. Eles constantemente denunciaram o povo por pensarem que a santidade se resumia a rituais e sacrifícios, enquanto negligenciavam o juízo, a misericórdia e a fidelidade. Eles não aboliram a Torá, mas chamaram o povo a lembrar do que ela realmente exige. Yeshayahu, por exemplo, denuncia os que continuam oferecendo sacrifícios enquanto praticam a injustiça, observe o texto:


"Para que me oferecem tantos sacrifícios? ", pergunta o Senhor. Para mim, chega de holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos gordos; não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, de cordeiros e de bodes! Quando lhes pediu que viessem à minha presença, quem lhes pediu que pusessem os pés em meus átrios? Parem de trazer ofertas inúteis! O incenso de vocês é repugnante para mim. Luas novas, sábados e reuniões! Não consigo suportar suas assembléias cheias de iniqüidade. Suas festas da lua nova e suas festas fixas, eu as odeio. Tornaram-se um fardo para mim; não as suporto mais! Quando vocês estenderem as mãos em oração, esconderei de vocês os meus olhos; mesmo que multipliquem as suas orações, não as escutarei! As suas mãos estão cheias de sangue! Lavem-se! Limpem-se! Removam suas más obras para longe da minha vista! Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva. Is 1:11-17


A santidade, para ele, não se manifesta no incenso, mas na limpeza das mãos sujas de sangue, na defesa dos órfãos e das viúvas. O Eterno não estava dizendo que não queria sacrifícios em cumprimento à sua palavra, mas que a vida dos ofertantes estivessem santificadas, que não estivessem agindo com hipocrisia. O profeta Mikhah resume toda a Torá em três palavras: justiça, misericórdia e humildade.


Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom, e o que o Eterno exige: Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu D’us. Mq 6:8


Ele não reduz os mandamentos, mas mostra seu coração, demonstra que HaShem espera que façamos o que é correto, simplesmente porque é correto e por amor a ele. O que é correto está definido em suas palavras. Observe também o que diz Yirmeyahu


Não confiem em palavras enganosas: "Este é o templo do Senhor, o templo do Senhor, o templo do Senhor! " Mas se vocês realmente corrigirem a sua conduta e as suas ações, e se, de fato, tratarem uns aos outros com justiça, se não oprimirem o estrangeiro, o órfão e a viúva e não derramarem sangue inocente neste lugar, e se vocês não seguirem outros deuses para a sua própria ruína, então eu os farei habitar neste lugar, na terra que dei aos seus antepassados desde a antigüidade e para sempre. Jr 7:4-7


Vimos assim, que os profetas reforçam o que a Torá já ordenava: a santidade exige vida reta diante do Eterno e do próximo. Ser santo, portanto, não é fazer parte de um grupo exclusivo, mas viver de forma que o mundo veja, em cada ação nossa, o reflexo do Eterno.


3. Restaurando a santidade real e interior

Mais uma vez afirmo que Yeshua nunca contradisse a Torá. Pelo contrário, ele a levou à sua profundidade mais pura. Demonstrando em suas atitudes que sua obediência é na prática diária. Ele desmascarou o engano de viver a aparência do mandamento sem guardar sua essência. Ao dizer “não penseis que vim abolir a Torá”, observe:


"Não pensem que vim abolir a Torá ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Torá a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus. Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus". Mt 5:17-20


Ele reafirma que a verdadeira santidade requer mais do que rituais e legalismos: ela exige coerência interior, justiça, misericórdia e firme confiança no Eterno.


Ai de vós, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas desprezais os preceitos mais importantes da Torá: justiça, misericórdia e confiança. Vocês devem fazer estas coisas, sem omitir aquelas. Mt 23:23


Veja ainda Yochanan 17:17:


Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.


Yeshua afirma que a santidade vem pela obediência à Palavra do Eterno. Quando ensina sobre perdoar, sobre reconciliar-se antes de trazer uma oferta, sobre tratar com honra até mesmo os inimigos, Yeshua está restaurando o que sempre esteve na Torá: que a obediência ao Eterno passa pelo modo como tratamos uns aos outros.


4. Santidade como identidade e missão

Kefa, que viveu com Yeshua e aprendeu diretamente dele, repete as palavras da Torá:


Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo". 1Pe 1:15-16.


Ele não se dirige a religiosos, mas a pessoas comuns como agricultores, pescadores, viúvas, estrangeiros. Ou seja, todos podem e devem viver em santidade.

Yaakov, conhecido como Tiago, outro enviado, diz que a verdadeira “religião” é visitar os órfãos e viúvas e guardar-se incontaminado do mundo (Yaakov 1:27). Ele entendia que a separação do mal e o amor prático são indissociáveis. Os enviados ensinaram que a santidade envolve separação dos caminhos mundanos e uma vida ativa de prática dos mandamentos. Veja o que Rav Sha’ul diz:


Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de D’us que apresentai os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável ao Eterno, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de D’us. Rm 12:1-2


A santidade, portanto, não é apenas um mandamento; é uma identidade que molda nossas escolhas, nossos relacionamentos e nossas prioridades.


5. Ecos de uma verdade eterna

Mesmo os sábios, ainda que por caminhos muitas vezes distantes da simplicidade da Torá, reconheceram que a santidade não se mede pelo saber ou pelo rito, mas pela vida íntegra.

Ramban, por exemplo, afirmou que alguém pode cumprir todos os mandamentos técnicos e ainda ser um “naval bereshut haTorá” (um devasso dentro dos limites da Torá). Assim, a santidade exige moderação, consciência, zelo, e temor do Eterno.

Rabi Akiva também resumiu: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" é um grande princípio da Torá. Isso demonstra que a santidade verdadeira se manifesta, inevitavelmente, em amor e justiça.

Concluindo nossa reflexão, a santidade não é um fardo, é um caminho. Um chamado de amor do Eterno para que sejamos reflexo da Sua luz em um mundo cheio de escuridão. Viver em santidade é viver com consciência, com justiça, com humildade, com temor ao Eterno e amor ao próximo.

Quem ama o Eterno, segue os Seus mandamentos. Quem anda em santidade, vive em retidão, não para ser visto pelos homens, mas para agradar Àquele que vê o coração.

Que possamos andar nesse caminho de obediência, dia após dia, até que toda a terra esteja cheia do conhecimento do Eterno, como as águas cobrem o mar.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


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