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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Estudo da Parashá Va'etchanan (E eu Supliquei)

 


Estudos da Torá


Parashá nº 45 – Vaetchanan (E eu supliquei)

Devarim/DeuteronômioDt 3:23-7:11,

Haftará (Separação) Is 40:1-26; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 6:1-71.


1 - INTRODUÇÃO

Resumo desta porção da Torá, a parashá “Vaetchanan”, que continua o relato de Moshê no discurso a respeito de tudo o que o povo de Israel viveu até aquele momento, e acerca das palavras que o Eterno havia dito como mandamentos. Entre outras coisas, Moshê fala ao povo que suplicou a D’us para permitir sua entrada na terra de Israel (erets Israel), mas o Eterno recusou seu pedido.

Moshê então, continua a exortar e advertir o povo a obedecer à Torá e seus mandamentos, não aumentando nem subtraindo de suas mitsvot. Diz-lhes para lembrarem-se sempre da incrível Revelação que viveram no Monte Sinai, passando aquela memória de geração em geração.

Moshê adverte o povo de Israel sobre o prolongado exílio que viverão se abandonarem a Torá, e como D'us ao final os levará de volta à terra de Israel. Após designar as três cidades de refúgio na margem oriental do Rio Jordão, ele repete as Dez Palavras, conhecidas como os Dez Mandamentos, e ainda descreve a revelação do Criador no Monte Sinai, enquanto ao mesmo tempo continua a admoestar o povo a manter sua observância da Torá.

Moshê ensina-lhes então, o primeiro parágrafo do Shemá, a passagem fundamental que recitamos pelo menos duas vezes ao dia, expressando nossa crença de que D'us é um, e declarando nosso compromisso de amá-Lo e servi-Lo.

Mais uma vez, Moshê exorta o povo a confiar em D'us, permanecer fiel à Torá, e ficar sempre consciente das ciladas da prosperidade e do sucesso. Após ordenar ao povo de Israel que ensine seus filhos sobre o milagroso Êxodo do Egito, a porção conclui com alguns mandamentos adicionais e avisos a respeito da conquista próxima da terra de Israel.

Ensinamentos há para cada um de nós nesta porção, que possamos aproveitar a oportunidade, e avançar no conhecimento de D’us e de suas palavras, pois podemos perceber que no decorrer dos capítulos desta parashá Moshê continua a exortar e a advertir o povo de Israel a obedecer à Torá e aos mandamentos de D’us.


2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Começando este estudo, devemos entender o significado do nome da porção. Ela é chamada de “Vaetchanan”, que significa “e eu supliquei, roguei, implorei”. Isso, novamente dizendo, porque é uma das palavras que estão logo no início da porção, e na verdade, esta é a primeira palavra da parashá, veja:


וָאֶתְּחַנַּן אֶל יַהְּוֶה בָעֵת הַהִוא לֵאמר

Vaetchanan el Adonai baet hahiv lemor

E eu supliquei a Adonai naquele tempo dizendo:


Devemos entender que Moshê queria muito entrar na terra de Canaã. Ele sabia que seria muito bom viver no lugar que o Eterno prometera a seus antepassados, esse era o motivo que o levou a suplicar a D’us. Era a esperança de uma vida inteira que o levava a rogar ou implorar para que o Eterno revogasse seu decreto conta ele. Moshê tentou muitas vezes, conforme falaremos mais abaixo, influenciar o Eterno a mudar a decisão de impedi-lo de entrar na terra. Entretanto, apesar de todos os seus esforços, seu pedido foi negado, e ele foi forçado a aceitar a decisão do Eterno para ver a Terra Prometida apenas de longe.


Suplicar ou Determinar

Com vistas na reação de Moshê e para a realidade dele podemos tentar trazer essa perspectiva para o nosso tempo. Atualmente as pessoas estão mais focadas em ter, do que em ser. Moshê demonstra ter contato com o Eterno de forma íntima, reconhecendo sua grandeza e poderio, e ainda assim, age de forma humilde, como um bom servo pode fazer.

Entretanto, não é assim que se tem agido na atualidade, pois as pessoas estão mais preocupadas em ter o que D’us pode dar, do que em ser o que ele deseja de nós. Elas não tem intimidade com o Senhor, mas anseiam pelo que ele pode dar. E com isso, os teólogos acabaram por colocar D’us em uma caixa, onde ele só faz o que dizem que ele pode fazer. Por esse motivo, acham-se em condições de mandar no que o Eterno deve fazer por elas mesmas. Determinando que o Eterno faça isso ou aquilo, e na hora em que eles querem, e tudo isso em nome de “Jes--”. Como se o Pai fosse subordinado ao filho, ou se o nome do Messias fosse uma palavra mágica para se conseguir de D’us tudo o que se quer.

Como servos de HaShem, pertencemos a um reino, que tem um Rei instituído, que é o Eterno o regente de todo o universo, cuja representação será feita pelo Messias Yeshua, e esse reino tem suas leis, que foram estabelecidas pelo seu Criador, o Eterno de Israel. Não temos e não podemos como meros seres humanos e servos, pretender mandar no que Ele como D’us possa fazer. Nosso papel é bater, buscar, clamar a D’us a todo o momento, a fim de que Ele faça a vontade dele em nossas vidas, e se nossos sonhos estão alinhados com a vontade dele poderão ser realizados, ou não, afinal, Ele é o Senhor do Universo. Encontramos textos bíblicos de pessoas que suplicaram ao Eterno no lugar de determinar. Veja 2Sm 12:15-23:


Depois que Natã foi para casa, o Eterno fez adoecer o filho que a mulher de Urias dera a Davi. E Davi implorou a D’us em favor da criança. Ele jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão. Os oficiais do palácio tentaram fazê-lo levantar-se do chão, mas ele não quis, e recusou comer. Sete dias depois a criança morreu. Os conselheiros de Davi estavam com medo de dizer-lhe que a criança estava morta, e comentavam: "Enquanto a criança ainda estava viva, falamos com ele, e ele não quis escutar-nos. Como vamos dizer-lhe que a criança morreu? Ele poderá cometer alguma loucura!" Davi, percebendo que seus conselheiros cochichavam entre si, compreendeu que a criança estava morta e perguntou: "A criança morreu?""Sim, morreu", responderam eles. Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no santuário do Senhor e adorou. E voltando ao palácio, pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu. Seus conselheiros lhe perguntaram: "Por que ages assim? Enquanto a criança estava viva, jejuaste e choraste; mas, agora que a criança está morta, te levantas e comes! " Ele respondeu: "Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei. Eu pensava: ‘Quem sabe? Talvez o Eterno tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver’. Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim".”


Outro exemplo de súplica ao Eterno é do próprio Rav. Sh’aul (Apóstolo Paulo) em 2 Co 12:8-9.


Três vezes roguei ao Eterno que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder do Messias repouse em mim.”


Sendo assim, devemos compreender que somos servos e precisamos ter intimidade e temor ao nosso D’us, além de saber que Ele é quem decide a partir de sua própria vontade e não da nossa, apenas suplicamos e rogamos.


Entendimentos judaicos


No estudo da parashá Vaetchanan do site “Emunah a fé dos Santos” encontramos o seguinte:


Também supliquei ao Eterno, no mesmo tempo, dizendo:” Dt 3:23


Segundo o Midrash, Moisés terá suplicado ao Eterno 515 vezes para que o deixasse entrar na terra, isto porque a palavra traduzida como “supliquei” - Vaetchanan , segundo a guematria, tem o valor numérico de 515.

Para algumas pessoas, a oração de Moshê não foi ouvida antes da sua morte, contudo, durante o ministério de Yeshua, é contado um episódio de que Moisés esteve com ele num dos montes de Israel (possivelmente o Monte Tabor), juntamente com Elias, conforme Mateus 17. No entanto, quando analisamos a Palavra, concluímos que essa não terá sido uma experiência física, visto que o corpo de Moisés não tinha ainda ressuscitado, pois todos os que morreram desde Adão, aguardam ainda pela sua ressurreição.

Terá sido então, uma aparição numa dimensão celestial profética, uma visão, ou seja, onde o tempo é relativo e profético no sentido de que pode englobar o passado, presente e o futuro. Por isso teremos que nos perguntar se verdadeiramente era Moisés que estava ali presente, ou se a aparição naquela visão carregava o sentido profético de apontar para coisas futuras, semelhante à revelação que o apóstolo João experienciou na ilha de Patmos.”

Sobre este mesmo Midrash o site “Chabad” esclarece o seguinte:

“Moshê continuou: "Insisti: ‘Por favor, D’us, podes anular Teu decreto Quando um rei muda de idéia, deve pedir aos ministros que concordem. Mas Tu não precisas da permissão de ninguém para mudares de idéia. Por Tua grande misericórdia, perdoa-me por favor!’

"D’us respondeu: ‘Meu decreto não pode ser anulado porque Eu jurei!"

"Rezei: D’us, podes cancelar um juramento! Não prometeste destruir Benê Yisrael após o pecado do bezerro de ouro? Anulaste tua promessa então! Por que deveria eu sofrer o mesmo destino dos espiões que falaram mal de Êrets Yisrael? Tenho louvado a Terra Santa por toda minha vida!’

"’Moshê,’ respondeu D’us – todos os homens de sua geração morreram no deserto. Você será enterrado com eles; seu mérito os protegerá. Eles precisam de você! Após a vinda de Mashiach, eles serão revividos, e você os levará a Êrets Yisrael!’

(D’us também fez com que outros grandes tsadikim fossem sepultados fora de Êrets Yisrael para que seus méritos protegessem os judeus enterrados na Diáspora. Como por exemplo, o túmulo de Mordechai encontra-se na Pérsia).

Moshê disse a Benê Yisrael, segue o midrash:

"Mesmo assim, não desisti. Implorei a D’us de 515 maneiras diferentes para que me deixasse entrar em Êrets Yisrael". (Isto está aludido na palavra vaet’chanan, o nome desta Parashá, cujo valor numérico equivale a 515).

"Rezei: ‘Por favor, D’us, deixe-me então ver a cidade de Jerusalém e o Bêt Hamicdash!’

"’Rav, basta!’ exclamou D’us: ‘Não reze mais! As pessoas dirão que sou inflexível por recusar suas orações e que você é obstinado por continuar a argumentar’. (A palavra rav significa chega, basta; mas também pode ser traduzida como "muito").

‘Rav lach’, muito mais do que isto está reservado para você. A recompensa que preparei para você no Mundo Vindouro é bem maior que entrar em Êrets Yisrael. Diga a Yehoshua que ele marchará à frente de Benê Yisrael e os liderará durante a guerra.’

"Mesmo assim, minhas orações conseguiram algo. D’us me disse: ‘Acederei ao seu desejo de ver a Terra Santa. Deixarei escalar a colina, e mostrarei a você todo Êrets Yisrael, até os locais mais distantes!’”

O que podemos entender do Midrash é que quando nos arrependemos de nossos pecados somos perdoados pelo Eterno, no entanto, as consequências permanecem. Mas, isso não quer dizer que o Eterno não vá preparar algo importante para sua vida. Devido aos erros de Moshê, ele foi impedido de entrar na terra de Canaã, podendo apenas olhá-la, mas segundo a tradição judaica o Eterno teria ainda uma missão para ele. E nós podemos aprender com essa tradição, pois o Eterno tem uma missão para cada um de nós agora nessa vida, assim como Moshê teve, mas não sabemos qual a missão que teremos no mundo vindouro, podemos vislumbrar de longe pelo que os apóstolos nos dizem:


Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida!” 1Co 6:2,3


Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as nações. "Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará a um vaso de barro" Ap 2:26,27


Devemos nos lembrar a outorga da Torá


"Nunca se esqueçam o dia em que ficaram em pé ao redor Monte Sinai e ouviram a voz de D’us!"

De acordo com o site Chabad, Moshê falava à uma nova geração, não estava se dirigindo aos homens e mulheres que haviam ouvido os Dez Mandamentos de D’us, mas a seus filhos. Mesmo assim, disse: "Vocês ficaram no Monte Sinai," e "Vocês ouviram a voz de D’us." Uma razão para isso foi porque alguns deles haviam vivenciado a Outorga da Torá quando crianças. E aqueles que ainda não eram nascidos na época da Outorga da Torá sentiram-se como se estivessem estado lá pessoalmente, pois tinham escutado este relato de seus pais. Podemos inferir que seus pais lhes contaram o que viram e ouviram no Sinai, durante só anos no deserto, afinal não foi nada comum o que eles vivenciaram ali.

Moshê advertiu: "Devem contar a seus filhos tudo sobre a Outorga da Torá, e estes devem repeti-lo a seus filhos. Desta maneira, todas as gerações acreditarão para sempre que D’us nos deu a Torá, como se estivessem estado pessoalmente no Monte Sinai." (Os versículos acima, que relatam a advertência de Moshê, fazem parte do final das orações diárias, no trecho chamado "Shesh Zechirot", Seis Lembranças.)

Assim, a respeito de ensinar as crianças sobre a outorga da Torá, o Midrash nos conta que Rabi Chiyá bar Aba encontrou Rabi Yehoshua ben Levi na rua. Ficou chocado ao ver que, ao invés de vestir seu belo turbante de costume, Rabi Yehoshua havia jogado um pedaço de tecido sobre a cabeça de maneira desarranjada. Corria rua abaixo, carregando uma criança pequena em direção à escola.

"Por que está com tanta pressa?" perguntou Rabi Chiyá.

Rabi Yehoshua respondeu: "A Torá nos diz: ‘Ensine estas leis a seus filhos,’ e logo em seguida, ‘o dia em que ficaram perante D’us no Monte Sinai.’ O versículo ensina que aquele que ensina Torá aos filhos é tão grande como se tivesse no Monte Sinai pronto para receber a Torá. Por isto estou correndo para levar meu filho à escola."

Quando Rabi bar Huna, um dos eruditos, ouviu estas palavras, nunca mais fez seu desjejum antes de levar seu filhinho ao Bêt Hamidrash (casa de estudos). E Rabi Chiyá (aquele que havia encontrado Rabi Yehoshua na rua) decidiu que a primeira coisa que faria pela manhã seria ensinar seus filhos e revisar com eles o que haviam aprendido no dia anterior. Apenas então faria sua refeição matinal.

Os sábios do povo de Israel ensinam que, este é também um mérito especial para um avô, ensinar a Torá a seus netos. Diz-se de um avô que assim faz, que é considerado como se ele próprio tivesse estado fisicamente no Monte Sinai para receber a Torá.

E vemos assim, mais uma vez, através de ensinos antigos, que é muito importante ensinar a Torá às crianças, e não foi à toa que Moshê fala várias vezes nesse livro, por determinação do Eterno a respeito de ensinar aos filhos.

Concluindo o estudo dessa semana, aprendemos com essa parashá a importância de preparar as próximas gerações. Cada um de nós temos a mesma responsabilidade que Moshê teve, de preparar a geração que entraria na terra de Canaã, e nós de preparar os que nos sucederão na pregação e ensino da verdade, do caminho do Eterno, até aqueles que serão a geração que verão a volta do messias.

Que possamos manter viva a chama da vida de justiça e da esperança de adentrar a terra, para onde um dia o povo adentrou e para onde nós adentraremos ao sermos ressuscitados e chamados para viver com o Messias.

Que o Eterno lhes abençoe!!!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)


Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parash_45_-_vaetchann_supliquei.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921367/jewish/Mosh-Implora-para-Entrar-Na-Terra-de-Israel.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822834/jewish/Resumo-da-Parash.htm

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