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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Estudo da Parashá Shemot - Ouça a disciplina do Eterno.

 


Estudos da Torá


Parashá nº 13 – Shemot (Nomes)


Shemot/Êxodo 1:1-6:1


Haftará (separação) Is 27:6-28:13 e


B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 22:23-33, 41-46.


Tema: Ouça a disciplina do Eterno.

No estudo desta semana, a Parashá Shemot marca o início de uma narrativa dramática e transformadora da história do povo de Yisrael, sua opressão no Egito e o chamado do Eterno para a libertação. Porém, antes que a redenção ocorresse, o período de escravidão revelou muitos desafios quanto aos atos de obediência e fidelidade ao Eterno. Nesse cenário de opressão generalizada, surgem questões importantes: Como os filhos de Yisrael mantiveram sua conexão com o Eterno? Que papel a sua obediência desempenhou em sua preservação enquanto povo? E como a tribo de Levi se destacou em meio às tribulações?
Este estudo busca explorar essas perguntas, examinando o relato das Escrituras, as reflexões dos rabinos e as contribuições de pensadores contemporâneos, como Bruno Summa. Através de uma análise cuidadosa, veremos como a preservação da identidade cultural e espiritual dos filhos de Yisrael foi crucial para sua sobrevivência e redenção. Também refletiremos sobre as lições que este período oferece para nossa própria vida, especialmente sobre a importância da fidelidade ao Eterno em tempos de adversidade. Ao longo deste estudo, convido você a observar como pequenos atos de obediência e santidade podem ser instrumentos de grande transformação, e como o exemplo de Levi e outros líderes do povo continuam ecoando como um chamado para nos mantermos firmes ouvindo a disciplina, seguindo em nossa confiança e dedicação ao Eterno.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA
A Parashá Shemot nos introduz uma nova fase na história do povo de Yisrael. O livro começa nos lembrando da família de Yaakov, que desceu ao Egito com Yosef. Com o passar do tempo, Yosef e sua geração morreram, e um novo Faraó, que não conhecia Yosef, ascendeu ao trono. Esse governante, temendo o crescimento do povo hebreu, decide escravizá-los e oprimi-los com trabalho pesado. Ainda assim, quanto mais os hebreus eram oprimidos, mais eles cresciam.

O Faraó, então, decreta que todos os meninos hebreus recém-nascidos deveriam ser lançados ao Nilo, mas as parteiras hebreias, Shifrá e Puáh, movidas pelo temor ao Eterno, desobedecem à ordem. Nesse tempo, nasce um menino da tribo de Levi, filho de Anram e Yocheved, que é escondido por sua mãe durante três meses. Quando não pôde mais escondê-lo, ela o colocou dentro de um cesto no rio. A filha de Faraó o encontra, tem compaixão e decide criá-lo como seu próprio filho, dando-lhe o nome de Moshê.
Moshê cresce no palácio, mas não se esqueceu do sofrimento do seu povo. Um dia, ele vê um egípcio maltratando um hebreu e intervém, matando o egípcio. Com medo, Moshê foge para Midyan, onde encontra refúgio. Lá, ele se casa com Tziporah e começa uma nova vida como pastor.

Enquanto Moshê cuidava das ovelhas do sogro em Midyan, ele tem um encontro transformador com o Eterno. Ele vê uma sarça ardente que não se consumia, e o Eterno fala com ele de dentro do fogo, chamando-o para voltar ao Egito e libertar os filhos de Yisrael. Apesar de suas hesitações e questionamentos, Moshê aceitou o chamado, com a promessa de que o Eterno estaria com ele.

A Parashá termina com Moshê retornando ao Egito, acompanhado por seu irmão Aharon. Eles se apresentam a Faraó com a mensagem do Eterno: "Deixe o Meu povo ir!" Embora Faraó reaja com dureza, essa é apenas a primeira etapa de uma grande jornada de redenção.
Esta parashá nos lembra que, mesmo em meio ao sofrimento, o Eterno está atento ao clamor do Seu povo e trabalha para cumprir Suas promessas. Moshê nos ensina a importância de responder ao chamado do Eterno, mesmo quando parece desafiador.

ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ
Enquanto os filhos de Yisrael estavam no Egito, antes de serem libertados, o texto da Torah não menciona diretamente sua prática de obediência aos mandamentos do Eterno como algo proeminente. O foco está mais em sua multiplicação, escravidão e clamor ao Eterno por libertação, como está escrito:

E ouviu Elohim o seu gemido, e lembrou-se da sua aliança com Avraham, com Yitzchak e com Yaakov. Shemot 2:24.

Como não há menção explícita de que todas as 12 tribos seguiam os princípios do Eterno corretamente enquanto estavam no Egito, isso pode indicar que parte do povo havia sido assimilado pelos costumes egípcios, o que é sugerido em outros textos do TaNaK, conforme veremos neste estudo. Observemos como a disciplina do Eterno pode influenciar na vida dos que são chamados e o que acontece com quem a ouve.

Em primeiro lugar, devemos entender o significado de disciplina e observar o contexto das Escrituras. Disciplina é um termo que pode ter diferentes significados dependendo do contexto em que é utilizado. No geral, de acordo com o dicionário, podemos entender a disciplina com os seguintes aspectos:
- Obediência a regras: É o ato de seguir um conjunto de normas ou leis estabelecidas, seja em um ambiente escolar, profissional ou social.
- Autocontrole: É a capacidade de controlar seus próprios impulsos e comportamentos, a fim de alcançar um objetivo específico.
- Treinamento constante: É a prática regular e dedicada de uma habilidade ou atividade, visando a melhoria contínua.

Em diferentes contextos, a disciplina pode se manifestar de diversas formas, tais como à obediência às regras da escola, ao cumprimento das tarefas e à participação nas aulas. No trabalho, a disciplina está relacionada à pontualidade, à organização, à capacidade de seguir instruções e à entrega de resultados. Na vida pessoal, envolve a criação de hábitos saudáveis, a gestão do tempo, a perseverança em alcançar metas e o controle emocional. A disciplina é uma habilidade fundamental para o sucesso em qualquer área da vida. Pessoas disciplinadas tendem a ser mais produtivas, organizadas, confiáveis e capazes de alcançar seus objetivos.

Nas Escrituras Sagradas, a disciplina vai além do simples ato de seguir regras. Ela é um processo de aprendizado, crescimento e correção, conduzido pelo Eterno com o objetivo de nos moldar à imagem do Messias. A disciplina divina pode ser entendida de algumas formas, tais como:
- Instrução: HaShem nos ensina através de seus mandamentos e princípios, guiando-nos para um caminho de vida abundante.
- Correção: Quando nos desviamos do caminho, o Eterno nos disciplina para nos trazer de volta ao Seu propósito.
- Purificação: A disciplina remove as impurezas do nosso caráter, nos tornando mais próximos ao Eterno e consequentemente semelhantes ao Messias.
- Fortalecimento: Através da disciplina, HaShem nos torna mais fortes espiritualmente, ou seja, mais aptos a obedecer aos mandamentos, preparando-nos para enfrentar os desafios da vida.

Talvez você possa se perguntar o por que o Eterno disciplina? E podemos destacar três motivos. O amor, pois a disciplina é um sinal do amor do Eterno pelo seu povo, da mesma forma que um pai amoroso disciplina seus filhos. O segundo motivo é a santificação, pois HaShem deseja que sejamos santos, separados do pecado e do sistema mundano. A disciplina é, portanto, um meio de alcançar a santidade. E o terceiro motivo, a herança, pois aqueles que perseveram na disciplina do Eterno se tornarão herdeiros das promessas do Eterno. Veremos na continuação desse estudo como isso pode ocorrer, através dos exemplos deixados para nós pelo Eterno em sua Torah e nos demais textos das Escrituras, bem como nos Escritos Nazarenos, conhecido como Novo Testamento.

1. A condição dos Hebreus no Egito: Lições de perseverança e fidelidade ao Eterno.
O período de escravidão no Egito foi marcado por extrema opressão, mas também por um afastamento parcial de muitos hebreus em relação ao Eterno e aos seus mandamentos. No entanto, textos como Yechezkel 20:7-11 sugerem que parte do povo adotou os ídolos egípcios, conduzindo à uma ruptura na obediência. Veja o texto:

7 E eu lhes disse: "Desfaçam-se, todos vocês, das imagens repugnantes em que vocês puseram os seus olhos, e não se contaminem com os ídolos do Egito. Eu sou o Senhor, o seu Deus.
8 ‘Mas eles se rebelaram contra mim e não quiseram ouvir-me; não se desfizeram das imagens repugnantes em que haviam posto os seus olhos, nem abandonaram os ídolos do Egito. Por isso eu disse que derramaria a minha ira sobre eles e que lançaria a minha indignação contra eles no Egito.
9 Mas, por amor do meu nome, eu agi, evitando que o meu nome fosse profanado aos olhos das nações entre as quais estavam e à vista de quem eu tinha me revelado aos israelitas para tirá-los do Egito.
10 Por isso eu os tirei do Egito e os trouxe para o deserto.
11 Eu lhes dei os meus decretos e lhes tornei conhecidas as minhas leis, pois aquele que lhes obedecer viverá por elas. Ez 20:7-11

Contudo, o clamor a HaShem mencionado em Shemot 2:23-25 ​​revela que, em meio aos que abandonaram ao Eterno, à transgressão e à dor, alguns remanescentes permaneciam guardando a memória da aliança dos patriarcas com HaShem. O clamor deste remanescente fiel foi suficiente para que o Eterno lembrasse Sua aliança, mostrando que a conexão com seu povo não havia sido completamente perdida.

2. A tribo de Levi: o remanescente fiel.
Entre as doze tribos, Levi é frequentemente destacado por sua maior dedicação à preservação da identidade hebraica. De acordo com os sábios, os levitas não foram sujeitos à mesma escravidão que as outras tribos, possivelmente devido ao seu papel como guardiões dos ensinamentos recebidos dos patriarcas. Isso reflete um esforço de resistência cultural que os preparou para assumir um papel central no serviço ao Eterno após a libertação.

De acordo com essas interpretações rabínicas, uma razão pela qual a tribo de Levi não foi escravizada como outras tribos foi sua posição de liderança adquirida devido ao testemunho de justiça que apresentavam. Eles se dedicaram ao serviço ao Eterno e, por isso, não participaram do trabalho físico imposto por Faraó. Por exemplo, Moshê e Aharon, que eram da tribo de Levi, não são descritos como tendo sido escravizados. Isso é usado como evidência de que Levi manteve uma separação distinta durante o período de escravidão.
Além disso, muitos rabinos associaram a dedicação de Levi à preservação do uso da língua hebraica, dos nomes tradicionais e de costumes que impediam a assimilação completa ao estilo de vida egípcio. Essa fidelidade, segundo eles, ajudou a manter viva a conexão entre o povo e o Eterno, mesmo em meio às trevas da opressão.

Os sábios do povo de Yisrael veem na experiência no Egito uma mistura de fraqueza e força espiritual, ou seja, em relação à obediência. Enquanto alguns membros do povo cederam à influência egípcia de várias formas, outros se destacaram pela sua obediência implícita ao Eterno. Atos como a preservação dos nomes hebraicos e a recusa de parteirass hebreias em obedecer à ordem de Faraó (Shemot 1:17) são exemplos de como a fidelidade foi mantida em momentos críticos. Eles argumentaram que esses atos, ainda que pequenos, foram suficientes para sustentar a conexão entre Yisrael e o Eterno.

Vemos exemplos de textos sobre essa disciplina que os levitas seguiam, o princípio que vinha do Eterno. Sh’lomoh/Salomão fala sobre isso:

Meu filho, não rejeite a disciplina do Senhor, nem se canse de sua repreensão; pois o Senhor disciplina aquele a quem ama, como um pai faz com o filho de quem se agrada. Pv 3:11-12

Nos Escritos Nazarenos também vemos referência a esse tipo de comportamento.
Meu filho, não rejeite a disciplina do Senhor, nem se canse de sua repreensão; pois o Senhor disciplina aquele a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho. Hb 12:5-6

3. O povo que deu ouvidos à disciplina de Hashem
Bruno Summa, em sua obra Sha'arei Torá – Shemot 1, enfatiza que a obediência ao Eterno, mesmo em situações de grande adversidade, é uma manifestação de confiança firme na aliança. Ele argumenta que a preservação da identidade espiritual do povo foi essencial para a redenção. Segundo Summa, o exemplo da tribo de Levi demonstra que a dedicação ao Eterno não apenas protege o povo da assimilação, mas também o prepara para servir de maneira plena. 
O mencionado autor, faz referência a mais um texto de Provérbios que está intimante ligado com nosso assunto.

Como um anel de ouro, um ornamento dourado, é a disciplina de um homem sábio à um ouvido que a ouve. Pv 25:12

O autor diz que nesse verso do rei Salomão é ensinado a respeito da virtude de saber receber reprovação e disciplina, e a compara à um anel de ouro, um ornamento de realeza; assim como a autoridade de um rei demanda um anel para demonstrá-la, a Torah demanda a virtude da disciplina para que possa se tornar viva e eficaz na vida de um homem, ou seja, exige que o homem seja disciplinado para demonstrar a justiça em seus atos. Ele diz que talvez, a maior virtude que um homem possa demonstrar, é estar aberto a receber e aceitar a disciplina de HaShem, pois rejeitá-la é a prova cabal de uma visão egoísta e egocêntrica da vida. Não há meios de um homem fechado à disciplina se colocar sob o jugo da Torah e muito menos se engajar no serviço divino de maneira propícia. O rei Salomão, segundo o mencionado autor, é categórico ao ensinar que a disciplina é como um adorno que embeleza a alma de um ser humano.

Essa parashá inicia o relato da libertação do povo que o Eterno escolheu, e se estivermos atentos poderemos entender os motivos dessa escolha, e porque atendeu ao clamor dos remanescentes. Bruno Summa afirma que o foco principal do livro de Shemot/Êxodo não não é relatar milagres, escravidão e fatos históricos de um povo, mas sim ensinar como um homem se torna apto a se engajar na vontade de HaShem e a se tornar um filho legítimo de Yisrael, independente de sua nação ou origem. Isso é importante, porque no meio da tribo de Levi, os remanescentes, haviam pessoas que deixaram suas tribos para viver a justiça e o cumprimento aos mandamentos, bem como, haviam pessoas de outras nações que se aproximaram de Yisrael e de HaShem, seu Elohim, e esses remanescentes ficaram conhecidos como filhos de Yisrael, conforme já ensinei em vídeos no meu canal no YouTube, nos vídeos “Como se tornar filhos do Eterno” e na live da parashá Beshalach do ano passado, cujo tema foi “Você é povo ou filho?”

Summa ainda diz que, o passo inicial, e o principal de todos, para que um homem se torne um filho de Yisrael é ouvir a voz de HaShem e saber receber a disciplina vinda dessa voz. Todo o resto, como o estudo da Torah, observância dos mandamentos, temor aos céus e amor ao Eterno são consequências do passo inicial. A kavanah/intenção verdadeira de desejar servir ao Eterno de coração é o início da sua jornada. Para o autor, e eu concordo com ele, a Torah é um livro de disciplina, seus mandamentos visam educar e estabelecer o estilo de vida de uma pessoa, se caso a pessoa não esteja disposta, ou se caso ela considere sua concepção de mundo como a correta, ela jamais fará parte do povo escolhido por mais que acredite ou ame a HaShem. Ele conclui que a fidelidade e agfd disciplina, mesmo em pequenas ações, é capaz de sustentar a esperança e a identidade de um povo.

Concluindo nosso estudo, o período que o povo hebreu viveu no Egito revela tanto a vulnerabilidade humana quanto a força de uma aliança com o Eterno. A assimilação das tribos dos filhos de Yisrael foi errada, com momentos de fraqueza e resiliência. A tribo de Levi, no entanto, desponta como um exemplo de santidade e fidelidade, bem como de ouvir a disciplina do Eterno. Os ensinamentos de rabinos e autores contemporâneos, como Bruno Summa, reforçam que a preservação da identidade e a prática constante de atos de obediência, mesmo em tempos difíceis, são fundamentais para a redenção e continuidade do povo do Eterno. Este estudo nos convida a uma reflexão sobre o papel da resistência obediente e cultural em nossas próprias vidas, especialmente em tempos de opressão.
Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!

Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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