Estudos da Torá
Parashá nº 14 – Va’era (E apareci)
Shemot/Êxodo 6:2-9:35
Haftará (separação) Ez 28:25-29:21 e
B’rit Hadashah (nova aliança) Rm 9:14-17; 2Co 6:14-7:1.
Tema: Não há outro além do Eterno.
A Parashá Va’era nos transporta para um momento muito significativo na história de Yisrael enquanto nação: a revelação do poder e da fidelidade do Eterno na libertação da escravidão no Mitzrayim/Egito. Mais do que um relato de sinais e pragas, esta porção das Escrituras nos mostra quem é o Eterno – Aquele que se revelou a Avraham, Yitzhak e Yaakov como El Shadai e que agora manifesta Seu Nome completo, através do tetragrama, por meio de ações poderosas e inquestionáveis. Tudo isso de maneira profética, apontando para o futuro e para a redenção final de seu povo.
Com mão forte e braço estendido, o Eterno demonstra que Ele é o único Elohim, acima de todos os deuses de Mitzrayim e das forças humanas. Este mesmo poder é refletido na Haftará, onde Yechezkel profetiza a futura redenção de Yisrael e a humilhação dos inimigos do povo, e ecoa nos testemunhos dos talmidim de Yeshua, que enfatizam Sua soberania e o chamado à santidade para aqueles que pertencem a Ele.
Ao explorar esta parashá, veremos como o Eterno não apenas livra, mas separa e transforma Seu povo para que eles sejam testemunhas vivas de Sua santidade e glória. Seremos desafiados a refletir: estamos confiando no único Elohim verdadeiro? Estamos vivendo de forma separada e íntegra, como Ele nos chamou?
Prepare-se para mergulhar em uma jornada que nos ensina que, em tempos de adversidade ou calmaria, não há outro além do Eterno.
RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA
Na parashá Va’era, o Eterno reafirma Sua aliança com os filhos de Yisrael, lembrando a Moshê que Ele havia Se revelado a Avraham, Yitzchak e Yaakov como El Shadai, mas que agora estava revelando Seu Nome completo, falando a Moshê o Tetragrama, que por respeito chamamos HaShem (o nome), cujo significado demonstra Seu poder e fidelidade. Moshê é instruído a liderar os filhos de Yisrael para fora do Egito, mas o povo, sofrendo sob a opressão dos egípcios, não ouve Moshê por causa do desânimo e do duro trabalho.
O Eterno começa a executar Seus julgamentos contra Mitzrayim/Egito para mostrar que Ele é o único verdadeiro Elohim. As pragas iniciam com Moshê e Aharon indo ao faraó, pedindo que ele deixe o povo partir. Quando ele se recusa, o Eterno transforma as águas do Nilo em sangue, seguido de pragas de rãs, piolhos e enxames de animais voadores, trazendo caos ao Egito, mas poupando a terra de Goshen, onde viviam os filhos de Yisrael.
Mesmo assim, o coração do faraó continua endurecido. O Eterno envia pragas ainda mais devastadoras: a morte dos animais dos egípcios, feridas dolorosas em homens e animais, e uma chuva de granizo misturada com fogo, que destrói plantações e abate qualquer pessoa ou animal que não esteja abrigado. Cada praga revela o poder do Eterno e a futilidade dos deuses egípcios.
Ao longo da narrativa, vemos a luta entre a obstinação do faraó e o propósito divino de libertar Yisrael. Apesar do sofrimento, o Eterno protege Seu povo e demonstra que Ele é fiel às Suas promessas. Este é um relato que não apenas nos ensina sobre a libertação do Egito, mas também sobre o poder do Eterno em cumprir Suas palavras e a necessidade de reconhecê-lo como o único Elohim.
ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ
A Parashá Va’era registrada na Torah no Sêfer/Livro de Shemot/Êxodo nos apresenta o início de uma poderosa narrativa de redenção, onde o Eterno reafirma Sua aliança com os filhos de Yisrael e inicia o processo de libertação de Mitzrayim. Acompanhando essa porção, a Haftará em Yechezkel e os textos da B’rit Hadashah complementam a mensagem central, nos confirmando que o Eterno é soberano, fiel às Suas promessas e nos chama a viver separados para Ele, como um testemunho vivo de Sua santidade.
É impressionante vermos nos textos da Torah como o Eterno usa de meios humanos de comunicar uma idéia, confirmado assim sua fidelidade. Note que no comentário de rodapé da Torah da editora Sêfer, acerca do verso 8, sobre o Eterno dizer “levantei Minha mão”. Veja o que diz o referido comentário:
Antigamente fazia-se um juramento solene levantando-se a mão. Avraham levantou a mão para jurar que não se aproveitaria de nada que não lhe pertencesse (Gn 14:22). O Eterno, empregando na Torah a linguagem dos homens, disse também “Nassati et Iadi” – levantei minha mão. Torah a Lei de Moisés, Editora Sêfer, Página 168.
Com isso, percebemos claramente, a fidelidade do Eterno em cumprir a aliança feita aos patriarcas. Continuemos então, através de alguns pontos a observar a soberania do Eterno e o seu chamado a cada um de nós à uma vida santa, para que sejamos participantes da aliança.
1. A Fidelidade do Eterno: Sua Aliança é Eterna
O Eterno inicia esta porção reafirmando Sua aliança com Avraham, Yitzchak e Yaakov, conforme lemos em Shemot 6:2-8. Ele promete tirar o povo das cargas de Mitzrayim/Egito com mão forte, demonstrando Seu Nome, o Tetragrama, que revela Sua essência eterna e imutável. Essa promessa reflete o cuidado do Eterno em cumprir o que prometeu, mesmo em tempos de aparente esquecimento.
Na Haftará ou porção dos profetas, que está em Yechezkel 28:25-29:21, o Eterno promete congregar os exilados de Yisrael e restaurá-los em segurança. Assim como libertou o povo do Egito, Ele novamente os livrará dos inimigos e lhes dará paz na terra que prometeu. Esse ciclo de redenção reafirma que Ele nunca abandona Seu povo, mesmo em meio ao sofrimento.
O sofrimento pode nos fazer duvidar da presença do Eterno, mas a porção Va’era nos lembra que Ele é fiel. Sua palavra não falha. Como talmidim de Yeshua o messias, somos chamados a confiar nessa fidelidade e permanecer firmes em meio às provações, sabendo que a redenção é certa.
2. A Soberania do Eterno: Não há outro além d’Ele
As pragas enviadas ao Egito não foram apenas castigos, mas também uma demonstração do poder do Eterno sobre crença das pessoas nos deuses egípcios. Cada praga desafiava uma divindade, mostrando que não há outro Elohim além do Eterno. A declaração em Shemot 9:16 é impactante:
Para isso te mantive, para mostrar em ti o Meu poder, e para que o Meu Nome seja anunciado em toda a terra.
Perceba que os shaliachim/apóstolos compreendiam acerca da soberania do Eterno, tanto que podemos observar o paralelo em Rm 9:14-17, onde Shaul cita este versículo para explicar que o Eterno age soberanamente para manifestar Sua glória. Assim como endureceu o coração do faraó para demonstrar Seu poder, Ele usa até mesmo as escolhas humanas para cumprir Seus propósitos.
Os sábios do povo de Yisrael comentam que o endurecimento do coração do faraó não negava seu livre-arbítrio, mas revelava que, mesmo diante da clareza dos sinais divinos, o orgulho e a rebeldia podem dominar o ser humano, vemos isso no Midrash Shemot Rabbah 13:3.
Precisamos reconhecer que o Eterno é soberano sobre todas as coisas. Mesmo quando não entendemos Seus caminhos, Ele está no controle. A grande questão é: estamos dispostos a nos submeter à Sua vontade? Ou permitimos que nosso coração se endureça como o do faraó?
3. Um Chamado à Separação e à Santidade
Enquanto as pragas devastavam o Egito, o povo de Yisrael, em Goshen, foi poupado. Isso reflete a separação que o Eterno faz entre os que Lhe pertencem e o restante do mundo. Mas é importante lembrar que nem todos ali eram realmente separados para o Eterno, apenas o pequeno remanescente fiel, que através de suas vidas justas, clamavam ao Eterno e beneficiavam aos demais que viviam em Goshem. Essa separação não é apenas física, mas espiritual, ou seja, refere-se à obediência aos mandamentos, como Shaul nos ensina em 2Co 6:14-7:1:
Que comunhão tem a luz com as trevas? Que relação há entre justiça e iniquidade?
Os talmidim de Yeshua são chamados a viver de maneira distinta, como um reflexo da santidade do Eterno. Assim como o povo de Yisrael foi separado em Goshen, somos separados através das nossas ações, palavras e escolhas. O Midrash Tanchuma (Va’era 14) ensina que o povo foi liberto não apenas por clamar ao Eterno, mas por se afastar das práticas idólatras do Egito.
Vivemos em um mundo em que as pessoas valorizam o que o Eterno reprova. A separação que Ele nos chama a viver não é para isolamento, mas para sermos um testemunho vivo de quem Ele é. O Eterno espera que nossas práticas revelem sua santidade e grandeza às pessoas, a fim de levá-las ao arrependimento e mudança de vida. Nosso comportamento deve apontar para a santidade do Eterno e inspirar outros a buscá-Lo.
A Parashá Va’era nos ensina que o Eterno é fiel, soberano e nos chama à santidade. Ele liberta Seu povo com mão forte e braço estendido, e nos convida a confiar n’Ele mesmo quando as circunstâncias são desafiadoras. Assim como Ele revelou Seu poder no Egito, Ele continua agindo em nossas vidas hoje.
Pare um pouco e reflita nessas três perguntas abaixo:
- Em quais áreas de sua vida você precisa confiar mais no Eterno e em Suas promessas?
- Você tem refletido a santidade do Eterno em suas ações e escolhas diárias?
- O que impede você de se separar das "práticas de Mitzrayim" e se aproximar mais do Eterno?
Concluindo nosso estudo, notamos que ao percorrermos a Parashá Va’era, a Haftará em Yechezkel e os textos da B’rit Hadashah mencionados, uma mensagem clara emerge: o Eterno é soberano, fiel e único. Ele não apenas libertou Yisrael das garras de Mitzrayim, mas também demonstrou Seu poder absoluto sobre todas as forças que tentam rivalizar com Sua autoridade. Mais do que redimir, Ele chama Seu povo para uma vida separada e dedicada a Ele, como testemunhas de Sua santidade e glória.
Essa mensagem continua falando através das gerações, e nos desafia hoje a refletir sobre nossas próprias vidas. Como estamos respondendo ao chamado do Eterno? Reconhecemos que Ele é o único Elohim, ou ainda confiamos em "Mitzrayim" – as forças do mundo, nossas próprias capacidades ou ídolos modernos? Estamos dispostos a viver como um povo separado, ou deixamos que os valores do mundo nos afastem de nosso propósito maior?
Assim como Yisrael foi poupado e separado em Goshen, somos chamados a ser luz no meio das trevas, vivendo de forma que o Nome do Eterno seja exaltado através de nós. Essa é a essência do testemunho de Yeshua e dos talmidim: não apenas confiar no poder redentor do Eterno, mas também caminhar em Sua santidade, como um reflexo de quem Ele é.
Lembrem-se: não há outro além do Eterno. Ele é o mesmo que ouviu os clamores dos remanescentes de Yisrael, que desafiou os deuses do Egito e que nos chama hoje para confiar, obedecer e viver como Seu povo escolhido. Que essa mensagem inspire mudanças profundas em sua vida e o leve a caminhar mais próximo do Eterno. Permita que este estudo transforme sua perspectiva. O Eterno é fiel e soberano, e Seu chamado para nós é viver como povo redimido e santo.
Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!
Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)
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