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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Estudo da Parashá Vayelekh - O rosto escondido do Eterno.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 52 – Vayelekh (Ele foi)

Devarim/Deuteronômio 31:1-30

Haftará (separação) Os 14:2-10; Mq 7:18-20; Jl 2:15-27 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Hb 13:5-8


O rosto escondido do Eterno.


Entre as expressões mais intensas do relacionamento entre Yisrael e o Eterno está a ideia de que Ele “esconde o Seu rosto”. Essas palavras aparecem em nessa parashá, quando HaShem anuncia a Moshê que, diante da infidelidade de Yisrael, Ele ocultaria Sua presença, conforme lemos em Devarim 31:17. Esse ocultar não significa ausência real do Eterno, mas a experiência de distanciamento que o povo sentiria como consequência de seus próprios pecados. Este assunto possui uma grande relevância, porque toca na essência da vida. E nos revela que sentir a proximidade do Eterno é experimentar vida e luz, perder essa face revelada é mergulhar em trevas e aflições. Também nos mostra que profeticamente a face revelada do Eterno é um apontamento para o Mashiach, por isso a quem ele oculta a face, na verdade oculta o messias. Quer entender mais? Vem comigo até o final.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Na parashá Vayelekh, Moshê declara diante de todo Yisrael que já tem cento e vinte anos e que não passará o Yarden, pois o Eterno o instruiu assim. Ele lembra ao povo que não devem temer, porque HaShem passará diante deles e destruirá as nações, e Yehoshua será o líder que os conduzirá à terra prometida. Moshê chama Yehoshua diante de todos e o fortalece, dizendo que seja firme e corajoso, pois o Eterno estará com ele e não o deixará nem o abandonará. Depois, Moshê escreve a Torá e a entrega aos levitas, instruindo que a cada sete anos, na festa de Sukkot, toda a Torá seja lida diante de homens, mulheres, crianças e estrangeiros, para que todos aprendam a temer ao Eterno e guardar os Seus mandamentos. HaShem revela a Moshê que, após sua morte, o povo se desviará e seguirá outros deuses, e por isso manda que ele escreva um cântico que será testemunha contra Yisrael. Moshê cumpre essa ordem e entrega o cântico, e por fim ordena que o Sefer Torá seja colocado ao lado da Arca da Aliança como testemunha eterna.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Conforme lemos nessa porção da Torá, uma das últimas do ciclo de leitura anual, Moshê, às vésperas de sua partida, lembra ao povo que a presença do Eterno é constante, mesmo quando o guia humano não está mais diante deles. Isso é interessante, pois remete à Moshê e a qualquer outro ungido que o Eterno envie, inclusive o próprio Mashiach. Ele repete muitas vezes: “Sê forte e corajoso, não temas, porque HaShem vai contigo, não te deixará nem te abandonará” (Devarim 31:6-8). Essa presença do Eterno em muitas formas, é conhecido como o rosto ou a face do Eterno. No entanto, caso haja desobediência e abandono da aliança o Eterno diz que iria “esconder o rosto” do povo. Isso nos ensina que a confiança firme não deve estar em homens, nem em líderes, ou em sistemas religiosos, mas somente no Eterno que caminha conosco. Hoje, assim como naquela geração, vivemos em meio a povos e nações que servem outros deuses e seguem seus próprios caminhos, mas somos chamados a permanecer fiéis às instruções do Eterno.

Nessa parashá, o anúncio do “esconder do rosto” é acompanhado da profecia de que Yisrael se voltaria a outros deuses. O Eterno declara:


E naquele dia acender-se-á a minha ira contra ele, e eu os desampararei, e esconderei deles o meu rosto, para que sejam consumidos; e muitos males e angústias os alcançarão” (Devarim 31:17).


Esse padrão aparece repetidamente no TaNaK, isto é, a infidelidade do povo resulta no afastamento da face do Eterno, mas junto a isso surge o clamor para que Ele novamente volte o Seu rosto em favor de Yisrael. Assim, compreender esse movimento entre ocultamento e revelação é essencial para nós hoje, que também desejamos viver diante da face do Eterno.

Em primeiro lugar, é importante destacar que no TaNaK, o “rosto do Eterno” é uma palavra-chave, um símbolo da proximidade, favor e direção de HaShem. Quando Ele oculta o Seu rosto, o povo experimenta juízo, silêncio e afastamento, conforme mencionado acima em Dt 31:17, e confirmado em Is 59:2:


Mas as maldades separam vocês do seu Elohim; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá. Is 59:2


Assim, quando o Eterno revela o seu rosto, há vida, restauração e shalom (muito mais do que paz), conforme lemos na bênção sacerdotal em Bamidbar 6:25-26: Que o Eterno faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia, que o Eterno levante sobre ti o seu rosto e lhe dê a shalom. Entretanto, quando olhamos em um nível profético mais profundo, e focamos no Mashiach, podemos compreender facilmente, que profeticamente, ele é a manifestação viva da revelação da face do Eterno no meio dos homens. Yeshua não é o próprio Eterno, pois o Eterno é único, indivisível e incorpóreo, mas ele é aquele que viveu totalmente à luz da presença de HaShem, tornando-se reflexo fiel da vontade do Eterno diante do povo. O rosto do Eterno, assim como outras afirmações corpóreas sobre o Eterno no TaNaK, são palavras chaves que apontam para o Mashiach justamente por ele ser esse representante da justiça.

Observe como as Escrituras apontam para isso em Tehilim 80:3: “Faze-nos voltar, ó Elohim, e faze resplandecer o Teu rosto, e seremos salvos.” A salvação está ligada ao resplendor do rosto do Eterno. Nos Escritos dos shaliachim, Shaul aplica essa linguagem a Yeshua: Pois o Elohim que disse: “Que a luz brilhe na escuridão” fez sua luz brilhar em nossos corações para iluminação do conhecimento da glória de Elohim na face do Mashiach Yeshua” (2 Coríntios 4:6). Aqui, Yeshua é descrito como o reflexo vivo da luz do Eterno devido à sua vida justa.

Em Yeshayahu 53:3: o Servo Sofredor no nível profético que está relacionado ao Mashiach, é descrito como alguém de quem “os homens escondiam o rosto”, rejeitado e desprezado. Esse detalhe mostra a ligação entre o ocultamento e a rejeição do Mashiach por muitos. Enquanto o povo se afasta dele, o Eterno, por meio do Seu Servo, estava trazendo a revelação do rosto. a proximidade do Seu favor. Também em Tehilim 27:8-9: “O meu coração disse: Buscai o meu rosto. O teu rosto, HaShem, buscarei. Não escondas de mim o teu rosto.” Esse clamor ganha eco na vida de Yeshua, que constantemente buscava o rosto do Pai, em obediência, em oração, e no fim, mesmo na estaca de execução, clamou com as palavras de David, demonstrando sua messianidade, diante do aparente ocultamento: “Eli, Eli, lamá azavtani?”(D’us meu, D’us meu, porquê me abandonaste?) (Tehilim 22:1).

Portanto, profeticamente, podemos ver o Mashiach como o elo entre o rosto revelado do Eterno e o povo. Quando ele vive em obediência perfeita e ensina a Torá, ele traz luz, a luz do Eterno. Quando o povo o rejeita, experimenta trevas, como se HaShem tivesse ocultado Sua face.


1. O esconder do rosto como disciplina do Eterno

Como já vimos desde o início, o ocultamento da face é uma consequência da má inclinação do povo. Em Yeshayahu lemos: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Elohim; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Yeshayahu 59:2). Não é o Eterno que abandona arbitrariamente, isto ocorre por causa do pecado que cria a barreira. Da mesma forma, o salmista clama: “Não escondas de mim o teu rosto, não rejeites com ira o teu servo; tu foste o meu auxílio; não me desampares nem me deixes, ó Elohim da minha salvação” (Tehilim 27:9). Ainda lemos em: Senhor, por que estás tão longe? Por que te escondes em tempos de angústia? Salmos 10:1. Também temos: Não escondas de mim o teu rosto, quando estou atribulado. Inclina para mim os teus ouvidos; quando eu clamar, responde-me depressa! Salmos 102:2. E uma série de outros textos.

O ocultamento do rosto, portanto, é o reflexo da infidelidade humana, mas, ao mesmo tempo, é a disciplina que chama o povo ao arrependimento. Quando sentimos o peso do silêncio do Eterno, é o momento de examinar nossos caminhos e retornar a Ele de todo coração.


2. O retorno do rosto do Eterno como restauração

Se por um lado o ocultamento é disciplina, por outro, a revelação do rosto é promessa de restauração, é a revelação do testemunho do Mashiach Yeshua. A famosa bênção sacerdotal em Bamidbar 6:25-26, mencionada anteriormente, era justamente o pedido para o Eterno estar com seu povo. O povo pedia justamente a proximidade constante da face divina. Nos escritos dos shlichim, vemos esse mesmo entendimento. Não há nada escondido que não venha ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido. Lucas 12:2. E, como disse, em 2 Coríntios 4:6: Pois Elohim, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Elohim na face do Mashiach Yeshua” A linguagem da “face oculta” é retomada para mostrar que a revelação do Eterno se manifesta na vida daquele que anda nos caminhos de Yeshua, que viveu totalmente sujeito à vontade de HaShem. Assim, o rosto do Eterno é restaurado não apenas quando clamamos, mas quando voltamos à obediência fiel.

Concluindo nosso estudo, o anúncio em Vayelech de que o Eterno esconderia o Seu rosto é uma advertência séria, mas também é um convite para refletirmos que, se estamos experimentando trevas e distanciamento, devemos examinar nossas obras, porque pode ser o pecado que oculta de nós a presença do Eterno, ou também pode ser um período de provas para te elevar o nível. O mesmo TaNaK que fala do ocultamento proclama também a restauração, pois o rosto do Eterno brilha sobre aqueles que O buscam em confiança firme e obediência. Cabe a nós, portanto, escolher viver diante da Sua face, pois como está escrito: “Buscai o meu rosto. O meu coração disse a ti: O teu rosto, HaShem, buscarei” (Tehilim 27:8).

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


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