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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Estudo da Parashá Ekev - Arrogância e ingratidão, cuidado!

 




Estudos da Torá

Parashá nº 46Ekev (Continuem)

Devarim/Deuteronômio DT 7:12-11:25,

Haftará (Separação) Is 49:14-51:3; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 4:1-11; Tg 5:7-11.



Tema: Arrogância e ingratidão, cuidado!


Essa semana no estudo da Parashá Ekev, encontramos um alerta poderoso: o perigo da falta de humildade e ingratidão. Moshê, transmitindo a mensagem divina, adverte o povo sobre os riscos de se deixar levar pelo orgulho e pela arrogância, especialmente em momentos de prosperidade e sucesso iminente. Através dessa reflexão, somos lembrados de que a verdadeira grandeza reside na humildade e no reconhecimento da fonte de todas as bênçãos. Vamos explorar esses ensinamentos e descobrir como manter uma relação sincera e constante com o Eterno. E confirmaremos os entendimentos expostos pela Toráh e pelos profetas através da gematria de algumas palavras.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


Êkev começa com Moshê encorajando os filhos de Israel a confiar em D’us e nas maravilhosas recompensas que Ele lhes dará se guardarem a Toráh. Moshê assegura-lhes que derrotarão com êxito as nações de Canaã, quando deverão remover todo e qualquer vestígio de idolatria remanescente na Terra Santa.

Moshê os lembra sobre o miraculoso maná e as outras maravilhas com que D’us os cumulou pelos quarenta anos passados, e ele adverte o povo judeu para estar consciente das armadilhas de sua futura prosperidade e orgulho das façanhas militares, o que pode fazê-los esquecer D’us. Ele os relembra ainda de suas transgressões no deserto, recontando toda a história do bezerro de ouro, e descrevendo a abundante misericórdia de D’us.

Moshê enfatiza que a geração do deserto tinha uma responsabilidade especial de permanecer leal às mitsvot, preceitos da Torá, por causa dos muitos milagres que vivenciaram pessoalmente. Após detalhar as numerosas virtudes da Terra Prometida, Moshê ensina ao povo o segundo parágrafo do Shemá, que enfatiza a doutrina fundamental de recompensa e punição, baseada em nosso cumprimento das mitsvot.

Esta Porção da Torá conclui com a promessa de D’us, uma vez mais, de que Ele protegerá o povo judeu se eles cumprirem as Leis da Toráh.



ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PROFÉTICO E PRÁTICO


Ao lermos a passagem da parashá Ekev em que o Eterno, por meio de Moshê, adverte o povo quanto aos perigos da falta de humildade e da ingratidão, temos a oportunidade de fazer uma profunda reflexão sobre a importância de sermos humildades e agradecidos ao Eterno, diferente de atitudes negativas como arrogância e ingratidão. As Escrituras Sagradas, como nosso verdadeiro manual de instruções, nos trazem elementos importantes que podem nos ajudar a manter uma relação sincera e constante com o Eterno. Vemos no contexto histórico, no nível Pshat ou literal de interpretação judaica das Escrituras, que em um momento de grande prosperidade e sucesso iminente, pois o povo estava prestes a entrar em Kena’an, Moshê alertando o povo para não se deixarem levar pelo orgulho e pela arrogância. Este ensinamento, que ecoa através das gerações, oferece lições valiosas sobre como a verdadeira grandeza está enraizada na humildade e no reconhecimento da fonte de todas as bênçãos. Assim, veremos a seguir, alguns pontos nesse estudo da Toráh, que nos ajudarão a compreender um pouco mais este assunto, para que não venhamos cair em erros tolos como arrogância e ingratidão. E para isso, é importante conectar os ensinamentos da parashá Ekev com a haftará dos profetas e com os ensinamentos de nosso messias Yeshua, e também com os apóstolos.


A Armadilha da Arrogância

A armadilha da arrogância é um tema central. Quando o povo de Yisrael adentrasse a Terra Prometida e desfrutasse da prosperidade, haveria o risco de se exaltarem e esquecerem que todas as bênçãos vêm de D’us. Moshê adverte então, os filhos de Yisrael sobre o perigo de se deixar seduzir pela arrogância. Quando alguém alcança sucesso e prosperidade, como estava ocorrendo com o povo de Yisrael, há uma tendência natural de atribuir os feitos às próprias habilidades e esforços, esquecendo-se que todas as bênçãos vêm de HaShem. A Toráh, no entanto, adverte que toda a riqueza e sucesso vêm de D’us. Esta advertência se alinha claramente com a haftará em Yeshuayahu 49:14-51:3, Também na profecia do livro de Oséias. Este profeta Oséias faz um apelo para que Yisrael reconheça sua dependência de D’us e evite a adoração de ídolos, um reflexo do orgulho e da arrogância, veja o capítulo 3. Ele critica a tendência de atribuir as bênçãos a si mesmo em vez de reconhecer a fonte divina, vejam o capítulo 13 e capítulo 14:8.

Nos Evangelhos, Yeshua também ensina sobre a necessidade de humildade como vemos e Mt 5:5. Em Mateus 23:12, Ele diz: “Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.” A conexão aqui é clara: a humildade é valorizada e necessária para manter uma relação justa com o Eterno, e a arrogância pode levar ao afastamento espiritual e ao esquecimento de nossa dependência d'Ele, não é à toa que Sh’lomoh HaMelech (Rei salomão) disse que: “O orgulho vem antes da destruição…” Pv 16:18.

A arrogância ou orgulho, que se manifesta como uma sensação de superioridade e autossuficiência, pode rapidamente levar ao esquecimento da verdadeira fonte de nossas bênçãos. É essencial reconhecer que, por trás de cada conquista, existe uma força maior que nos guia e nos sustenta. A autossuficiência e o orgulho são, portanto, não apenas falta de caráter, mas também erros espirituais que afastam a pessoa de sua conexão com D’us. Por isso, a humildade e a gratidão são virtudes essenciais. Dessa maneira, reconhecer nossa dependência de D’us nos mantém alinhados com Sua vontade, a Toráh, e nos impede de cair na armadilha da arrogância. Assim, podemos aprender com os filhos de Yisrael, essas lições e cultivar um coração grato, lembrando que todas as bênçãos vêm do Criador.


A Gratidão Como Prática Diária

Moshê instrui o povo a bendizer ao Eterno em cada refeição e ato cotidiano, um lembrete constante de que todas as necessidades e prazeres vêm de HaShem. O texto do profeta Oséias também sublinha a importância da lealdade a D’us, chamando o povo a um retorno sincero à fé e ao agradecimento, contrastando com o comportamento idólatra, veja capítulo 5:5,13 e 7:10.

Nos ensinamentos de Yeshua, vemos uma ênfase semelhante na gratidão e na humildade. Em Lucas 17:11-19, Yeshua cura dez leprosos, mas apenas um retorna para agradecer. Yeshua destaca que o retorno e o agradecimento desse homem mostram a verdadeira fé. Este ato de gratidão não é apenas um gesto, mas uma expressão de reconhecimento da dependência de D’us. Assim, tanto a Toráh quanto os Evangelhos nos chamam a uma prática diária de gratidão que reforça nossa consciência da presença divina em nossas vidas.

A prática da gratidão deve ser um reflexo constante da nossa consciência de que nada do que possuímos é verdadeiramente nosso por direito. A gratidão, ao contrário da arrogância, reforça a nossa conexão espiritual e nos lembra de manter uma atitude de humildade. Ao reconhecer que cada momento de abundância é uma dádiva divina, cultivamos uma prática que nos mantém conscientes da presença e da generosidade de D’us em nossas vidas.

Vamos explorar como aplicar essa lição na vida diária:

- A gratidão glorifica ao Eterno, reconhecendo que tudo o que temos vem d’Ele.

- Ela nos ajuda a ver HaShem em todas as circunstâncias, trazendo paz e confiança.

- A gratidão nos coloca na vontade do Eterno, mesmo nos momentos difíceis.

Podemos destacar ainda exemplos de humildade na Bíblia, personificados nas vidas de alguns personagens, tais como:

- Yoseph, filho de Yaakov,

- Moshê; e

- O próprio Yeshua.

O Perigo do Esquecimento Espiritual

Moshê alerta sobre o esquecimento espiritual que pode ocorrer quando o povo experimentar prosperidade. Quando o povo de Yisrael entrasse na Terra Prometida e experimentasse seus frutos e riquezas, eles poderiam ser tentados a esquecer o D’us que os guiou e sustentou no deserto. Esse esquecimento não é apenas uma falha moral, mas uma forma de desconexão espiritual que pode levar à perda da verdadeira essência da nossa fé. A Toráh nos ensina que o reconhecimento contínuo da presença e da influência de D’us é essencial para uma vida de obediência equilibrada e autêntica.

Em Oséias, o profeta também adverte contra o esquecimento de D’us e o afastamento da verdadeira adoração, vejam Os 2:13 e 8:14, uma falha que leva a desastres espirituais e sociais. Nos escritos dos apóstolos, especialmente em Hebreus 2:1, há um aviso semelhante: “Por isso, convém que nos apeguemos com mais firmeza às coisas que temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas.” A mensagem é clara: a prosperidade e o sucesso podem facilmente nos distrair e nos levar ao esquecimento de nossa fé e dependência de D’us. É necessário um esforço consciente para manter a nossa conexão espiritual e a nossa fidelidade, mesmo em tempos de abundância.

Vejamos como cultivar a humildade diariamente em nossas vidas:

- Praticar a gratidão: Reconhecer nossas bênçãos e valorizar o que temos;

- Buscar sabedoria divina: Ler e estudar a Bíblia para aprender com os exemplos de humildade;

- Ouvir e valorizar os outros: Reconhecer o valor de cada pessoa e tratá-la com dignidade;

- Perdoar: Assim como D’us nos perdoa, devemos perdoar os outros;

- Evitar arrogância e vaidade: Lembrar que somos todos iguais perante D’us; e

- Servir ao próximo: Demonstrando amor e humildade.


A Responsabilidade das Bênçãos

Moshê também destaca que as bênçãos concedidas não são um reflexo da nossa perfeição moral, mas sim um cumprimento das promessas divinas. A terra de Yisrael é um presente, não um prêmio por mérito, e o povo deveria manter-se ciente de que a bondade de D’us é a base de todas as suas conquistas. Esta consciência evita o sentimento de merecimento e reforça a responsabilidade de viver de acordo com as mitsvot e os preceitos da Toráh. Ao manterem essa perspectiva, os filhos de Yisrael poderiam viver com uma verdadeira humildade e gratidão, honrando a promessa divina e as expectativas que vêm com ela.

O mesmo tema aparece no profeta Oséias, onde o povo é chamado a reconhecer que a prosperidade não é um sinal de favor especial, mas uma oportunidade para retornar à lealdade a D’us. Nos escritos dos apóstolos, especialmente em Tiago 1:17, lemos: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes.” O entendimento de que as bênçãos são dádivas e não meramente resultados de nossos próprios méritos reforça a necessidade de humildade e responsabilidade. Devemos viver de acordo com os princípios divinos e usar nossas bênçãos para servir ao Eterno e aos outros.


Algumas conexões gemátricas

Conforme muitos já sabem, a gematria é uma prática fascinante que atribui valores numéricos às letras e palavras hebraicas, revelando conexões ocultas e significados proféticos mais profundos. Vamos explorar alguns dos termos que encontramos nessa porção e suas implicações espirituais:

Ekev - עקב

O termo hebraico "Ekev" – עקב tem o valor numérico de 172, e pode ser analisado em vários contextos. Ele aparece no livro de Devarim/Dt 7:12: “E será que, por ouvirdes estes preceitos, e os guardardes, e os cumprirdes, o Senhor teu Deus guardará para contigo a aliança e a misericórdia que jurou a teus pais.”

Ekev significa “devido”, “como resultado de” ou “aquilo que segue atrás”. Sendo assim, pode representar a obediência contínua e a recompensa que vem como resultado. Este número 172 somado dá como resultado o número 10, que aponta para as dez palavras, para a letra Yud, que nos pictogramas aponta para mão, obras, e pode ser associado a conceitos de "caminho" e "resultados de ações", o que sugere a ideia de que a obediência e a prática das mitsvot levam a consequências positivas e recompensas. Se falamos em “caminho”, essa palavra em hebraico é דרך e seu valor é 224, cuja soma dá o valor de 8, que aponta para o nome do Eterno, a Torah e o nome de Yeshua, se sabemos que nome é caráter e isso aponta para a Torah, e a Torah é o caminho de justiça, a vontade de HaShem para o homem, Ekev aponta para as obras de justiça de Yeshua e dos homens que vivem segundo ele viveu. Isso é o que o Eterno espera que seu povo entenda, ao trazer a instrução nessa parashá.


Gratidão – תודה

O termo “Todah” - תודה cujo significado é "gratidão", “grato”, tem valor numérico 415, O número 415 tem somatório 10, que já disse acima seus apontamentos. No entanto, o valor 10 tem raiz 1, que aponta para a letra “Alef” – א cujo significado é força, e também aponta para o Eterno, por ser um. Isso sugere que a gratidão é um estado de reconhecimento perfeito das bênçãos divinas. A pessoa que é grata fica próxima do Eterno, por estar próximo de seus mandamentos.


Humildade - ענווה

O valor numérico de 137 para "humildade" – “anavah” - ענווה tem a soma 11, que é um duas vezes, cuja raiz é 2, apontando para a letra “Beit” – ב que nos pictogramas indica casa. Levando ao entendimento de que a pessoa humilde encontra refúgio no Eterno, através dos mandamentos ensinados por Yeshua, que veio para resgatar e unir as casas de Yisrael e Yehudah. Assim, a humildade é profundamente ligada à vida espiritual e à capacidade de reconhecer a verdadeira fonte das nossas bênçãos. A humildade não apenas preserva a nossa conexão com D’us, mas também nos mantém vivos quanto à prática da vida justa.

Finalmente, ao concluir nosso estudo, vimos que a porção Ekev da Torá oferece um poderoso lembrete sobre a importância de equilibrar a prosperidade com humildade e gratidão. Moshê ensina que o verdadeiro sucesso não deve levar ao orgulho, mas sim a um reconhecimento mais profundo da bondade e generosidade de HaShem. Conectando essas lições com a haftará de Oséias e os ensinamentos de Yeshua e dos apóstolos, vimos uma consistência clara na ênfase à humildade e à gratidão e os perigos de abandoná-los. A arrogância e o esquecimento espiritual são perigos que devem ser evitados, enquanto a prática constante de gratidão e a consciência da dependência divina são essenciais para uma vida de obediência equilibrada. Assim, percebemos a clareza de que a lição de Ekev, não é apenas um ensino antigo, mas uma verdade perene: a verdadeira grandeza e satisfação vêm do reconhecimento humilde da nossa dependência do Eterno e da prática contínua da gratidão por todas as Suas bênçãos, vivendo em obediência.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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