Páginas

Boas Vindas

Seja Bem Vindo e Aproveite ao Máximo!
Curta, Divulgue, Compartilhe e se desejar comente.
Que o Eterno o abençoe!!

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Estudo da Parashá Matot - Equilíbrio entre o pessoal e o chamado no Reino do Eterno.

 



Estudos da Torá

Parashá nº 42 – Matot (Tribos)

B’midbar/Números Nm 30:2-32:42,

Haftará (Separação) Jr 1:1-2:3; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 5:33-37.


Tema: Equilíbrio entre o pessoal e o chamado no Reino do Eterno.


No estudo da parashá dessa semana vamos refletir no pedido das tribos deReuven e Gad para tomarem posse das terras que ficavam antes do Jordão, e a condição que Mosheh estabelece para permitir. Essa narrativa destaca a importância de equilibrar interesses pessoais com o chamado do Eterno para seu Reino. Perceberemos a relação que há nessa porção com a haftará em Jeremias 1, quando o Eterno chama o profeta para preparar o povo para uma nova fase, refletindo a conexão entre missão pessoal e coletiva. A gematria revela conexões entre esses textos, e os apontamentos proféticos revelam "Yeshua" representando a redenção messiânica através do envio de seus talmidim aos perdidos da Casa de Israel.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


Matot inicia-se com uma discussão das leis sobre nedarim (promessas) e shevuot (juramentos). A Toráh então descreve a batalha do povo de Israel e a vitória sobre Midyan, seguida por uma narrativa detalhada da distribuição dos despojos de guerra.

Antecipando a próxima chegada à Terra de Kenaan, as tribos de Reuven e Gad adiantaram-se para requerer que sua herança fosse a leste do Rio Jordão, ao invés de exatamente na Terra Santa, pois a margem leste seria mais apropriada para seus abundantes rebanhos.

Após alguma discussão, Moshê concorda, mas apenas sob a condição de que ajudassem o restante da nação a conquistar toda a Terra de Israel, antes de retornarem para estabelecer-se no seu legado.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO


Vamos ao texto da parashá que diz respeito ao tema de hoje. Vamos ler Nm 32.

A narrativa desse capítulo, que descreve a demanda das tribos de Reuven e Gad para estabelecer suas propriedades além do Jordão, é um ponto de reflexão profundo sobre o equilíbrio entre prioridades pessoais e responsabilidades coletivas em relação ao chamado do Eterno para o Reino, pois envolve a questão de algumas renúncias para seguir um caminho e trabalhar em prol de ajudar pessoas. Em um momento crítico da jornada do povo hebreu para a Terra Prometida, essas tribos solicitam uma porção de terra fora dos limites estabelecidos para a Terra de Israel, alegando que a terra do lado leste do Jordão é mais adequada para seus rebanhos. Este pedido, e a concessão feita por Moisés sob a condição de participação na conquista da Terra, ajudando seus irmãos a também tomarem posse da terra, oferece para nós lições valiosas que reverberam em contextos históricos e proféticos, incluindo a chamada de Jeremias e a missão messiânica de Yeshua e seus talmidim. Este estudo explorará um pouco da profundidade dessas lições, sem é claro conseguir exaurir os assuntos, por serem muito profundos e requerem muito mais tempo. Examinaremos o significado espiritual e prático dessa escolha, e conectaremos com o papel redentor e messianico de Yeshua.

Precisamos começar analisado historicamente o pedido das tribos de Reuven e Gad, pois como já mencionei, representa um momento significativo na trajetória do povo de Israel, ou seja, a hora de começar a tomar posse da promessa do Eterno. Isso evidencia a importância das prioridades pessoais e do compromisso com o coletivo em relação ao Reino do Eterno. Pensemos que, assim como o povo de Israel naquela época, fomos chamados por HaShem através dos ensinos de Yeshua, mas escolhemos já tomar posse da promessa agora, ou seja, quero só curtir meu descanso, cumprir os mandamentos que me cabem, estudar a Torah e pronto. As outras pessoas que corram atrás para chegar onde cheguei. Será que esse é o pensamento correto?

Essas tribos, com base em considerações práticas sobre suas necessidades econômicas e o pastoreio de seus rebanhos, desejaram uma herança que não fazia parte da Terra Prometida original, principalmente em detrimento de sues irmãos. Da mesma forma que ainda não é o tempo de nós pararmos, já que há a necessidade de muitos em conhecer a verdade. Esse desejo dessas duas tribos ilustra a tensão que há entre interesses individuais e o compromisso com o bem-estar comum. Moshê, em resposta, não rejeita a solicitação, mas impõe uma condição crucial: as duas tribos devem ajudar na conquista da Terra Prometida antes de se estabelecerem. Da mesma forma como o Eterno nos abençoa nesse momento de nossas vidas, desde que trabalhemos em prol dos perdidos que estão longe do reino. Esse acordo demonstra a necessidade de equilibrar interesses pessoais com responsabilidades no Reino.


Aceite a condição estabelecida

Moshê lhes disse: Se vocês fizerem isso, se vocês se armarem e seguirem diante do Eterno para a guerra, e se cada um de seus soldados atravessar o Yarden diante do Eterno, até que ele tenha expulsado seus inimigos de sua frente, e se a terra for conquistada diante do Eterno, e somente depois disso vocês voltarem, estarão desobrigados diante do Eterno e diante de Israel, e esta terra será propriedade de vocês diante do Eterno. No entanto, se vocês não fizerem isso, terão pecado contra o Eterno, e entenderão que seu pecado os encontrará. Nm 32:20-23


A condição imposta por Moshê revela uma lição essencial sobre o engajamento nas responsabilidades comunitárias do Reino de D’us. A promessa de terras a leste do Jordão é concedida apenas quando Reuven e Gad se comprometem a participar ativamente da batalha pela Terra de Israel, ajudando seus irmãos a tomarem posse de suas heranças. Isso reflete a ideia de que as bênçãos individuais e as realizações pessoais não podem ocorrer em desacordo com o bem coletivo e as obrigações relacionadas ao nosso chamado, pois tenha certeza que todos temos um. Todos temos obrigações no Reino já à partir de agora, que dirá no futuro. Esse princípio é vital para a compreensão das expectativas do povo de Israel, e se conecta com a chamada para a justiça e responsabilidade com os remanescentes perdidos a quem o Eterno quer resgatar, em detrimento de muitas tradições religiosas que as aprisionam.

Nesse aspecto de entender o chamado para o cumprimento de uma missão, vemos na haftará em Jeremias 1, um paralelo que aprofunda ainda mais essa reflexão. Vamos fazer essa leitura.

Esse profeta, é chamado por D’us para uma missão que envolvia a transformação espiritual e a preparação do povo para um novo caminho. Seria um caminho de dor e sofrimento devido a dureza do coração do povo naquele momento histórico. Profeticamente, essa passagem revela que o Eterno no futuro mudaria a condição de seu povo preparando-os para coisas grandes no Reino do Messias que viria. Jeremias é convocado para profetizar não apenas sobre as dificuldades iminentes, mas também para preparar o povo para uma nova direção, alinhada com a vontade divina, a Torah. Assim como as tribos de Reuven e Gad precisavam cumprir sua parte na conquista da Terra Prometida, Jeremias deveria desempenhar seu papel na preparação espiritual de Israel para a renovação e o cumprimento das promessas divinas, ensinando a verdade ao povo. Isso não foi fácil para o profeta, como não foi para as duas tribos e nem mesmo para Yeshua e seus talmidim, como também não é para nós, claro que não quero nos comparar com as situações vividas pelos do passado!


A conexão com a missão de Yeshua

Falamos acima que existe uma conexão dessa porção da Torah com a missão de Yeshua, que enviou os apóstolos para buscar os perdidos da casa de Israel. Isso ressoa de maneira profunda com essas narrativas. Yeshua, assim como Moisés e Jeremias, estava empenhado em garantir que o plano divino para a redenção e a restauração de Israel fosse cumprido. A escolha dos apóstolos e sua missão de pregar e ensinar aos perdidos da casa de Israel reflete a necessidade de um compromisso com a transformação e o retorno ao propósito divino. Precisamos continuar esse trabalho, já que também fomos chamados para viver o reino, em nossa teshuvah, como preparação para o futuro. A jornada das tribos de Reuven e Gad, e a profecia de Jeremias, destacam a importância de alinhar os interesses pessoais e necessidades individuais com a missão divina de resgate das ovelhas perdidas. Não podemos permitir que nossos interesses se tornem mesquinhos e egoístas a tal ponto de preferirmos atar as mãos no lugar de resgatar os perdidos, por mais difícil que essa tarefa seja. Vejam o texto abaixo:


25 Disse a mulher: "Eu sei que o Messias está para vir. Quando ele vier, explicará tudo para nós".

26 Então Yeshua declarou: "Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você".

27 Naquele momento os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: "Que queres saber? " ou: "Por que estás conversando com ela? "

28 Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo:

29 "Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Messias? "

30 Então saíram da cidade e foram para onde ele estava.

31 Enquanto isso, os discípulos insistiam com ele: "Mestre, come alguma coisa".

32 Mas ele lhes disse: "Tenho algo para comer que vocês não conhecem".

33 Então os seus discípulos disseram uns aos outros: "Será que alguém lhe trouxe comida? "

34 Disse Yeshua: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra. Jo 4:25-34


Esses relatos nos lembram que nossas escolhas individuais impactam profundamente no coletivo, tanto na sociedade, quanto em relação ao Reino do Eterno. Percebam que Yeshua conhecia e convivia com a rixa entre os judeus e os samaritanos, devido sua história passada muito conturbada, mas ainda assim o mestre foi até aquela mulher, e ela foi instrumento para muitos outros. Ele deixou algumas coisas de lado para cumprir sua missão, como orgulho, medo, e até fome, mas fez a vontade do Pai. Moshê, Jeremias, Yeshua e os talmidim nos deixaram os exemplos da importância de cumprir compromissos maiores, mesmo quando isso envolve sacrifícios e renúncias. A Torah nos dá instruções acerca disso, e essa parashá é um exemplo. As histórias dessas pessoas são ricas em lições atemporais que podem ser aplicadas aos desafios atuais e à vida diária.


Um pouco de Gematria

Podemos compreender ainda um pouco mais profundamente essas ligações e profecias que estamos estudando, embora não tanto devido ao nosso tempo, através da gematria. Assim, vejamos o texto abaixo:


As tribos de Reuven e de Gad, donas de numerosos rebanhos, viram que as terras de Jazar e de Gileade eram próprias para a criação de gado. Nm 32:1


Sublinhamos as palavras “tribos”, “Reuven”, “Gad” e “terras” que tem relação com esse tema que estamos estudando. Observemos uma a uma seus significados e valores.

- Tribos – מַּטֹּ֔ות - Matot em hebraico, que tem o valor 455 com raiz 5. Vamos refletir nessa palavra e nos códigos que ela traz.

מּ - mem – 40 – mar, água;

טֹּ֔ - tet – 9 – cesta, cobra;

ו – vav – 6 – prego, gancho;

ת – tav – 400 – marca, sinal, pacto.

A palavra matot nos dá uma mensagem importante que diz o seguinte: “A água purifica eliminando a cobra pelo prego renovando o pacto”. Note que a confirmação disso é a raiz da palavra, o 5, que aponta para os livros da Torah, e ela é a água que purifica, assim como também é o pacto.


- Reuven - רְאוּבֵ֛ן – tem valor 259 com raíz 7. A raiz dessa palavra aponta para os ciclos de tempo que as Escrituras mostram. Sete dias na semana, sete semanas de pessach para shavuot, no sétimo ano a terra descansa, sete x sete anos para o jubileu, sete milênios desde a criação até a volta do messias. Lembrando que no sétimo milênio é o início do cumprimento da profecia de estabelecimento do Reino de D’us.


- Gad - גָ֖ד – tem valor 7 e raíz 7. Além do número sete apontar para ciclos de tempo, também aponta para a Menorah, o candelabro de sete braços, que em si é um apontamento profético para os tempos relacionados ao messias.


- Terras - אֶ֤רֶץeretz - tem valor 291 e raiz 3. Esse valor é significativo nas narrativas estudadas. O valor 291 somado é 12, que na Torah aponta para os doze filhos de Yaakov, para as 12 tribos de Yisrael. O doze nos profetas aponta para a restauração das tribos e na Brit Hadashá aponta para os talmidim de Yeshua e para o governo do messias. O número 3 da raíz aponta justamente para os três milênios depois da primeira parte do ministério de Yeshua, quando ele ensinou a Torah da forma correta, fazendo justamente o código que encontramos na palavra Matot. Ou seja, “A água(Torah) purifica eliminando a cobra (yetser hará/pecado/desobediência à Torah) pelo prego (obra redentora do messias) renovando o pacto (a aliança do Eterno com seu povo)”.

Se refletirmos bem, relacionaremos este ato de trabalhar em prol de outros como um trabalho sacerdotal, e Yeshua é a realização da profecia referente ao sumo sacerdote. Em hebraico sumo sacerdote é kohen gadol. A palavra "Gadol" – גָּדוֹל - que significa "grande", tem o valor numérico de 43 (ג = 3 , ד = 4, ל = 30). Este valor se relaciona com a grandeza da missão das tribos e a missão profética. Além de ter uma raiz 7, cujos apontamentos já mencionamos acima.

Dessa forma, vimos levemente, como a gematria confirma o que estamos dizendo neste estudo, apontando que o equilíbrio entre o pessoal e o chamado no Reino do Eterno é muito importante, para que possamos participar dos planos de HaShem.


Concluindo, a história das tribos de Rúben e Gad e a missão de Jeremias nos oferecem insights valiosos sobre a interação entre responsabilidades pessoais e coletivas. Moshêh, Yirmeyahu e Yeshua todos exemplificam a importância de cumprir um compromisso maior, mesmo quando isso envolve sacrifícios pessoais ou grandes desafios. A jornada das tribos e a profecia de Jeremias nos lembram que a verdadeira realização e bênção vêm de alinhar nossas ações com o propósito divino e de contribuir para a missão coletiva da redenção e restauração das duas casas. A mensagem ressoa fortemente no contexto messiânico, chamando cada um de nós a participar da restauração espiritual e do cumprimento das promessas de D’us para o povo de Israel e para a humanidade.

Essas histórias não são meros relatos históricos, mas sim faróis de orientação para nosso próprio caminho de fé e prática. Eles nos ensinam que, assim como as tribos de Reuven e Gad, devemos estar prontos para equilibrar nossos interesses pessoais com a missão maior e coletiva, seguindo a chamada de D’us para a redenção e transformação dos remanescentes do povo de Yisrael e dos ex gentios que se achegam ao Eterno.

Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Nenhum comentário:

Postar um comentário