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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Estudo da Parashá Vaetchanan - O Eco Profético de Moshê: Lições da Aliança e Obediência.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 45Vaetchanan (E Supliquei)

Devarim/Deuteronômio DT 3:23-7:11,

Haftará (Separação) Is 40:1-26; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 4:1-11; Rm 3:27:31.



Tema: O Eco Profético de Moshê: Lições da Aliança e Obediência.


Essa semana no estudo da parashá Vaetchanan veremos que as palavras de Moshê eram, na verdade, profecias, que somadas às palavras de Isaías, Jeremias e as de Yeshua revelam uma continuidade e profundidade no entendimento sobre as práticas de Toráh. Veremos o que as profecias de Moshê, Isaías e Jeremias nos oferecem, bem como o que as palavras de Yeshua trazem como ensino e entenderemos se são a realização das profecias.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


Resumo desta porção da Torá, a parashá “Vaetchanan”, que continua o relato de Moshêh no discurso a respeito de tudo o que o povo de Yisrael viveu até aquele momento, e acerca das palavras que o Eterno havia dito como mandamentos. Entre outras coisas, Moshêh fala ao povo que suplicou a D’us para permitir sua entrada na terra de Yisrael (erets Yisrael), mas o Eterno recusou seu pedido.

Moshêh então, continua a exortar e advertir o povo a obedecer à Toráh e seus mandamentos, não aumentando nem subtraindo de suas mitsvot. Diz-lhes para lembrarem-se sempre da incrível revelação que viveram no Monte Sinai, passando aquela memória de geração em geração.

Moshêh adverte o povo de Yisrael sobre o prolongado exílio que viverão se abandonarem a Toráh, e como D'us ao final os levará de volta à terra de Yisrael. Após designar as três cidades de refúgio na margem oriental do Rio Jordão, ele repete as Dez Palavras, conhecidas como os Dez Mandamentos, e ainda descreve a revelação do Criador no Monte Sinai, enquanto ao mesmo tempo, continua a admoestar o povo a manter sua observância da Toráh.

Moshêh ensina-lhes então, o primeiro parágrafo do Shemá, a passagem fundamental que recitamos pelo menos duas vezes ao dia, expressando nossa crença de que D'us é um, e declarando nosso compromisso de amá-Lo e servi-Lo.

Mais uma vez, Moshêh exorta o povo a confiar em D'us, permanecer fiel à Toráh, e ficar sempre consciente das ciladas da prosperidade e do sucesso. Após ordenar ao povo de Yisrael que ensine seus filhos sobre o milagroso Êxodo do Egito, a porção conclui com alguns mandamentos adicionais e avisos a respeito da conquista próxima da terra de Yisrael.

Ensinamentos há para cada um de nós nesta porção, que possamos aproveitar a oportunidade, e avançar no conhecimento de D’us e de suas palavras, pois podemos perceber que no decorrer dos capítulos desta parashá Moshêh continua a exortar e a advertir o povo de Yisrael a obedecer à Toráh e aos mandamentos de D’us.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PROFÉTICO E PRÁTICO


O discurso de Moshê na porção de Vaet'chanan é uma poderosa mensagem que transcende o tempo e se revela como uma profecia profunda sobre o futuro do povo de Yisrael. Moshê, à beira de sua morte e prestes a deixar o povo, não se limita a relembrar os mandamentos e advertências, mas revela um entendimento perspicaz sobre as consequências da desobediência e o significado profundo da aliança com D'us. Seu discurso revela uma visão esclarecedora sobre o futuro, não apenas como uma advertência, mas como uma profecia sobre o comportamento do povo e seu relacionamento com o Criador.

Moshê adverte o povo sobre os perigos de se afastar da Toráh e as graves consequências que isso traria. Ele descreve um cenário de exílio prolongado e a subsequente necessidade de retorno à terra de Israel, refletindo uma compreensão quase premonitória do que realmente se desenrolaria na história do povo. Sabemos que todas as profecias devem ser analisadas sob três aspectos: o aspecto presente do contexto ou imediato, o aspecto de um futuro próximo do contexto ou médio e o aspecto de um futuro distante do contexto ou longínquo. Dessa forma, quando olhamos para esse texto, percebemos que Moshê está falando desses três tempos, o presente, o futuro próximo e o futuro distante. O presente era o que ocorreria no tempo dos juízes, o futuro próximo era o que ocorreria com o povo ao ser deportado para Babilônia, e o futuro é o que aconteceu depois do tempo de Yeshua que perdura até hoje e encerrará na volta do messias Yeshua, que reestabelecerá Yisrael em sua terra, a redenção final.


Os profetas ampliam a revelação da profecia

A profecia implícita nas palavras de Moshê é confirmada pelas palavras de profetas posteriores, como Yeshayahu/Isaías e Yirmeyahu/Jeremias, que também previram o exílio e a redenção. Isaías, por exemplo, descreve a restauração final de Yisrael após um período de provações, e Jeremias detalha o sofrimento do exílio e a promessa de retorno.

As profecias de Isaías e Jeremias complementam e expandem as advertências de Moshê, oferecendo uma visão detalhada do futuro de Yisrael. Isaías, por exemplo, profetiza sobre a restauração de Yisrael após um período de provações, destacando a promessa de redenção e renovação. Em Isaías 11:11-12, vemos o seguinte:


Naquele dia o Senhor estenderá o braço pela segunda vez para reivindicar o remanescente do seu povo que for deixado na Assíria, no Egito, em Patros, na Etiópia, em Elão, em Sinear, em Hamate e nas ilhas do mar. Ele erguerá uma bandeira para as nações a fim de reunir os exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da terra.


Este texto fala sobre o Eterno reunindo os dispersos de Yisrael e os exilados de Yehudah/Judá de todas as partes do mundo. Essa reunião de dispersos será feita pelo messias, que é a bandeira ou sinal para todos virem ao Eterno. Além disso, também podemos ler Isaías 40:1-2:


Consolem e continuem consolando meu povo, diz o seu D’us. Digam ao coração de Yerushalayim; proclamem a ela que já está completo seu tempo de serviço; sua culpa foi paga, ela já recebeu da mão do Eterno o dobro por todos os seus pecados.


Esses versos trazem uma mensagem de conforto e esperança, afirmando que o tempo de punição de Yisrael terminou e que seus pecados foram perdoados. Essas profecias reforçam a ideia de que, apesar das dificuldades e do exílio, há uma promessa divina de restauração e renovação para o povo de Yisrael.

Jeremias, por sua vez, detalha o sofrimento do exílio e a promessa de retorno. Em Jeremias 29:10-14, ele transmite a mensagem de que, após setenta anos de exílio na Babilônia, Deus trará o povo de volta à sua terra. Jeremias 31:31-34 também é significativo, pois anuncia a renovação da aliança entre D’us e Yisrael, onde a Torah será escrita nos corações do povo, e todos conhecerão o Eterno. Essas profecias de Jeremias não apenas confirmam as advertências de Moshê sobre as consequências da desobediência, mas também enfatizam a misericórdia e a fidelidade de D’us em restaurar e renovar a aliança com Yisrael.


Yeshua ensinava a obedecer ao Eterno.

Os ensinamentos de Moshê nesta parashá destacam a importância da obediência a D’us e a fidelidade à aliança divina. Moshê enfatiza que a observância dos mandamentos de D’us é essencial para que o povo de Yisrael possa prosperar e viver em harmonia na Terra Prometida. Ele alerta sobre as consequências da infidelidade, que incluem a perda das bênçãos divinas e a dispersão entre as nações. Esse tema de obediência e fidelidade é central na Toráh e ressoa profundamente nos ensinamentos de Yeshua. Em Mateus 5:17-18, Yeshua afirma:


Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra.”

Aqui, Yeshua reforça a continuidade e a importância da Toráh, ecoando a mensagem de Moshê sobre a necessidade de viver segundo os princípios divinos. Além disso, Yeshua frequentemente abordou a relação entre a fidelidade a D’us e as bênçãos recebidas. Em João 14:15, ele diz:


Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos.”


Essa declaração sublinha a conexão entre amor, obediência e a recepção das bênçãos divinas. Se compreendemos que Yeshua cumpria e ensinava a cumprir a Torah de HaShem, então quando lemos ele dizendo “meus mandamentos”, devemos entender que são os ensinos dele sobre a Toráh. Além de que, era muito normal os rabinos em sua época dizerem a seus alunos que cumprissem seus mandamentos, sendo uma referência clara aos ensinos dos mandamentos do Eterno.

O estudioso judeu David H.Stern, autror do Comentário Judaico do Novo Testamento, sobre esse verso em questão, afirma que é errado pensar que é fácil seguir os ensinos do messias Yeshua, requerendo somente agradáveis sentimentos de amor, e nenhuma ação para prová-lo. Ainda de acordo com esse autor, há muitos mandamentos mencionados no chamado Novo Testamento, os quais, de acordo com esse verso de Yochanan 14:15, devem ser obedecidos por todos aqueles que dizem seguir os ensinos de Yeshua. A distinção entre o chamado Antigo Testamento como uma religião da Lei e o Novo Testamento como a religião do amor é infundada e deturpada. Tanto no TaNaK como na Brit Chadashah a crença é bíblica e baseada tanto no amor quanto na Lei, tanto na misericórdia quanto na justiça, sempre foi assim. A própria forma de entender a Toráh como Lei, não está muito correta, haja vista que Lei é somente um aspecto da Torah, que em seu entendimento pleno deve ser reconhecido como instrução, ensino e/ou doutrina.

Yeshua também advertiu sobre as consequências da desobediência, como visto em Mateus 7:21-23, onde ele afirma que:


...nem todos que o chamam de “senhor/adon” entrarão no Reino dos Céus, mas apenas aqueles que fazem a vontade de meu Pai...


Assim como Moshê, Yeshua enfatiza que a verdadeira fidelidade a D’us se manifesta através da obediência aos mandamentos, e que essa obediência é fundamental para a vida espiritual e para a recepção das bênçãos divinas. Os termos “aqueles que fazem a vontade de meu Pai…” aponta diretamente para quem é cumpridor de Torah, pois a vontade do Eterno está estabelecida na
Tor
áh. E isso comprova o que dissemos acima, que quando o mestre fala de “meus mandamentos” está falando de seus ensinos da Torah. A continuidade entre os ensinamentos de Moshê e Yeshua reforça a mensagem atemporal sobre a importância da aliança e da obediência a D’us. Os ensinos de Yeshua eram proféticos e mostravam o cumprimento da vontade do Eterno na vida dos servos de HaShem e no mundo.

Yeshua também falou em muitos de seus ensinos sobre a vinda do Reino de D’us e a necessidade de arrependimento e fé, por isso afirmamos serem seus ensinos proféticos. Em Marcos 1:15, ele declara:


"O tempo é chegado. O Reino de D’us está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!".


Já reparou que em alguns textos aparecem os termos “reino de D’us” e em outros “reino dos Céus”? Isso é uma prática comum nas formas de interpretação e estudos judaicos. Nesses meios, desde antes da época de Yeshua, utilizam-se palavras chaves para designar coisas específicas, e isso é comprovado por meio de análises de um número de textos que trazem certa palavra em estudo, comprovando que seu significado pode revelar um entendimento claro sobre um assunto. É parte do estudo de interpretação e análises proféticas do contexto judaico das escrituras. Por exemplo, a palavra “céus” era utilizada na época de Yeshua, em uma tentativa de evitar a palavra “D’us”, não que fosse errado usar, mas para evitar se tocar no nome ou título do Eterno de forma indiscriminada. Até nos dias atuais, a expressão hebraica “malkhut-hashamayin” o “reino dos Céus”, no judaísmo, substitui nas literaturas o termo “reino de D’us”.

Para entendermos como esses ensinos são proféticos e estão ligados com o que Moshê disse nessa parashá, devemos compreender que o conceito de reino de D’us é crucial para o correto entendimento bíblico de forma ampla. Segundo o entendimento profético das Escrituras, reino de D’us não se refere a um lugar, nem a uma época, mas a uma condição na qual a liderança do Eterno é reconhecida pela humanidade, e uma condição na qual as promessas de D’us de um universo restaurado, livre do pecado e da morte, são, ou começam a ser, cumpridas. Isso é a renovação e a redenção que Moshê e os profetas disseram, tanto do povo de Yisrael, que é composto por judeus e por todos que se achegam ao Eterno, como também da criação em si, que segundo o Rav Sha’ul (apóstolo Paulo), está gemendo por redenção, como podemos ver em Rm 8:22.

Ainda em relação ao reino de D’us, segundo David H. Stern, a história pode ser dividia em quatro períodos:

- antes de Yeshua;

- durante sua vida;

- a era presente, chamado de olam hazeh; e

- a era futura, conhecida como olam haba.

Na época de Yeshua havia uma percepção na qual o reino estava presente anteriormente ao nascimento de Yeshua, e de fato, o Eterno era rei sobre o povo de Yisrael, como podemos ver em 1Sm 12:12. Mas o cumprimento de parte da profecia sobre a vinda do messias, na chegada de Yeshua, houve um salto na expressão terra sobre o reino, pois conforme Paulo fala em Cl 2:9 e 10:


Pois no messias habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e , por estarem nele, que é o cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude.


As palavras e ações do messias Yeshua são vistas como a realização das promessas de redenção e renovação espiritual profetizadas por Isaías e Jeremias. A mensagem de Yeshua, portanto, está profundamente enraizada nas tradições e profecias judaicas, oferecendo uma visão de esperança e salvação. E todos os que vivem debaixo de sua tutela, seguindo seus exemplos são também cumprimento das promessas de redenção e renovação que foram profetizadas.

Concluindo nosso estudo, o discurso de Moshê é uma profecia disfarçada de advertência, um reflexo profundo das futuras experiências de Yisrael. Suas palavras sobre o exílio e a redenção não apenas antecipam eventos históricos, mas também fornecem uma base para o entendimento contínuo da relação entre D'us e Seu povo. A revelação de Moshê, portanto, não é apenas um registro histórico, mas uma verdade perene sobre a necessidade de lealdade e obediência à aliança divina. Em última análise, o que Moshê nos ensina é que o relacionamento com D'us é um ciclo eterno de desafio e redenção, cujas lições reverberam através das gerações e das palavras de todos os grandes profetas, incluindo nosso messias Yeshua.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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