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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Estudo da Parashá Masei-Devarim - Refúgio e redenção: Lições das cidades de refúgio.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 43 Masei (Estágios)

B’midbar/Números Nm 33:1-36:13,

Haftará (Separação) Jr 2:4-28; 3:4; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Tg 4:1-12.

Parashá nº 44 Devarim (Palavras)

D’varim/Deuteronômio Dt 1:3-3:22,

Haftará (Separação) Is 1:1-27; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 15:1-11.


Tema: Refúgio e redenção: Lições das cidades de refúgio.


No estudo da parashá dessa semana vamos aprender algumas lições com o mandamento das cidades de refúgio. Essas cidades têm implicações proféticas interessantes e muito importante para os que estão vivendo sob a autoridade da Torah de HaShem. Veremos a relação que as cidades de refúgio tem com Yeshua e seu sacerdócio como messias. Também veremos a aplicação prática do princípio das cidades de refúgio na atualidade.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


A parashá Mase’i inicia-se com um resumo de toda a rota viajada pelo povo de Israel durante os quarenta anos no deserto, desde a saída do Egito até a chegada às margens do Jordão. O Eterno ordena que retirem todos os cananitas da terra e dá os limites das fronteiras exatas da terra de Israel. Já que os levitas não receberiam uma porção como os demais, cidades especiais foram separadas para eles. Alguns destes locais serviriam também como cidades de refúgio para alguém que, sem intenção, tenha matado uma pessoa, e então fugiria para uma destas cidades para buscar abrigo e evitar a vingança de um parente próximo da vítima, lá permanecendo até a morte do atual Cohen Gadol. Determina várias instruções e parâmetros para as diversas situações em que seriam sujeitas acontecer assassinatos e encerra assim, com mais informações sobre as filhas de Tslofchad e as leis sobre herança.

Na parashá Devarim, onde Moshêh faz os relatos sobre a história do povo de Yisrael, enquanto peregrinavam no deserto. Este é o quinto e último livro da Torá, e ele é conhecido na literatura rabínica como Mishnê Torá, ou seja, repetição da Torá. O conteúdo desse livro foi falado por Moshêh aos filhos de Yisrael durante as cinco semanas finais de sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar em erets Yisrael (terra de Israel). E apesar disso, o livro inicia seu relato dizendo que, “Essas são as palavras faladas pelo Eterno a todo o Yisrael…”. Por si só, isso já demonstra que as palavras ditas naquela ocasião vinha do Eterno. Nesse livro Moshêh explica e comenta muitas das mitsvot outorgadas previamente, e que já vimos em estudos passados e outras que aparecem pela primeira vez. Ele também os adverte continuamente a permanecer diligentes e fiéis às leis e ensinamentos de D’us.

Este relato faz uma retrospectiva dos fatos que ocorreram desde o momento em que Yisrael vê a derrota e morte dos egípcios no Mar de Juncos (Mar Vermelho), até o fim dos 40 anos que viveram no deserto.

A Parashá Devarim começa com a velada censura de Moshêh, na qual faz referência aos numerosos pecados e rebeliões dos quarenta anos anteriores. Prossegue então relatando vários dos incidentes mais significativos que ocorreram com o povo israelita no deserto, lançando uma luz sobre as narrativas prévias da Torá.

Moshêh fala da malograda missão dos espiões: dez dos doze homens enviados para vigiar a terra tinham voltado com um relatório negativo, e devido à falta de fé do povo, D’us condenou toda a nação a vagar por quarenta anos no deserto, tempo durante o qual a geração do êxodo morreu. Moshêh então avança para discutir a conquista dos Filhos de Yisrael da margem leste do Rio Jordão. A Porção da Torá conclui com palavras de encorajamento para o sucessor de Moshêh, Yehoshua. Muito há que ser lembrado, aprendido e observado por cada um de nós ao estudar essa porção, e a repreensão que o Eterno faz ao povo por meio de seu escolhido naquele momento. Assim como fez em todo o decorrer da história, e continua a fazer hoje, através dos ensinos do messias Yeshua.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PROFÉTICO E PRÁTICO


As cidades de refúgio, mencionadas na Toráh, desempenhavam um papel crucial na proteção daqueles que haviam causado a morte de alguém sem intenção. Vamos explorar os principais aspectos relacionados a essas cidades e sua relevância espiritual. Antes porém, leiamos o texto relacionado em Nm 35:9-34.


Cidades de Refúgio na Toráh: Função e Propósito

As cidades de refúgio eram seis localidades designadas nas terras de Yisrael, sendo três na parte sul e três na parte norte, todas pertencentes aos levitas e sacerdotes, para onde uma pessoa que tivesse matado alguém, acidentalmente, poderia fugir e encontrar abrigo. Elas serviam para garantir que o culpado não fosse vítima de vingança até o julgamento, conforme estabelecido na lei da Toráh.

Note que a Torah fala de 6 cidades de refúgio. O número 6 equivale a letra vav - ו que é o número referente ao homem e nos pictogramas é prego ou gancho, apontando para ações do homem, além de esconderijo do Altíssimo, veremos isso mais à frente. As cidades de refúgio apontam para o homem.

De acordo com o comentário na Bíblia de Estudo Arqueológica, em Bereshit/Gn 9:5-6 há o estabelecimento por parte do Eterno da lei da equidade, ou seja, tirar uma vida por homicídio exigia que a vida do homicida também fosse tirada, veja o texto:


5 A todo que derramar sangue, tanto homem como animal, pedirei contas; a cada um pedirei contas da vida do seu próximo. 6 "Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado.


O TaNaK, conhecido como Antigo Testamento, reconhece, nesse sentido, tanto a função dos tribunais quanto os direitos da família da vítima. Era permitido ao parente mais próximo executar a pena de morte. Surgindo aqui, na maioria das traduções, a palavra “vingador”, sendo uma tradução questionável. Uma tradução mais apropriada seria “resgatador”, “remidor”, apontando para o parente próximo.

Muitas pessoas ao ler este texto na Bíblia entende que o parente próximo poderia se vingar, mas a pergunta é: se foi uma morte acidental como poderia haver vingança? A resposta é que o caso é de juízo ou justiça. O parente próximo tinha o direito de busca justiça, ou seja, levar o assassino ao juízo pré estabelecido pelo Eterno, que era a morte. Observe abaixo, pois chegaremos no contexto correto.

No texto em hebraico vemos a palavra migoel - מִגֹּאֵלque é formado por uma preposição “mi” e o termogoel”, que vem do radical “ga’al”, trazendo esses significados mencionados entre outros. Segundo o comentário já mencionado, não apenas nos casos capitais, mas também nas vicissitudes da vida, o go’el estava sempre a postos para interferir a favor de qualquer parente próximo em necessidade. Como vimos no texto acima, desde os dias de Noach, a punição bíblica para o assassinato era a morte.

A pessoa que buscava refúgio deveria permanecer na cidade de refúgio até a morte do Cohen Gadol (sumo sacerdote). Esse arranjo destacava a importância da misericórdia e justiça, permitindo um julgamento justo e considerando as intenções. E as cidades de refúgio eram estrategicamente localizadas para serem acessíveis, com caminhos claros para facilitar a fuga. Elas também eram lugares de asilo, promovendo a reconciliação e o perdão.

Observemos duas palavras importantes nesse contexto. A palavra Miklat - מִקְלָטque significa “abrigo”, “refúgio”. Essa palavra tem o valor 179 com derivação 17 e raíz 8. Essa raíz 8 aponta para o nome do Eterno, para a Toráh e para o nome de Yeshua, todos tem raiz 8. A raiz 8 no alfabeto hebraico corresponde à letra Chet – חַ, que nos pictogramas é parede de tenda, cerca, separação, ou seja, aponta para abrigo ou refúgio. E perceba ainda, que tem mais uma palavra que tem raiz 8 e que propositalmente, está ligada a Miklat, é o termo דרךDerech – que significa caminho, estando também relacionado com o refúgio. Lembre de Salmo 91 que diz:


Aquele que habita no esconderijo (abrigo, refúgio) do Altíssimo estará sempre sob sua proteção. Sobre o Eterno declarei: Ele é o meu refúgio e minha fortaleza, meu D’us, em quem deposito toda a minha confiança…”


A segunda palavra desse contexto é גֹּאֵלgo’el – significando “resgatador”, “remidor”, com o valor 34 e raíz 7. A letra que possui valor 7 é o zayin – ז, cujo pictograma corresponde a arar, cortar, armar. O 7 aponta para os ciclos de tempo que as Escrituras mostram. Sete dias na semana, o shabat ou descanso que é o último dia da semana e corta ou encerra dando fim para iniciar uma nova. Sete semanas de pessach para shavuot, no sétimo ano a terra descansa, sete x sete anos para o jubileu, sete milênios desde a criação até a volta do messias. Também aponta para a Menorah, o candelabro de sete braços, que em si é um apontamento profético para os tempos relacionados ao messias.

Vimos até agora que essas palavras estão ligadas ao assunto tratado, mantendo uma estreita ligação com refúgio e redenção. Porém, isso só é percebido quando se estuda no contexto original, caso contrário a pessoa percebe apenas o literal enxergando a vingança. Mas vimos aqui, que o caso não é vingança, mas busca por justiça.


Implicações proféticas

Profeticamente, as cidades de refúgio podem ser vistas como o símbolo do abrigo e da proteção divina para aqueles que buscam arrependimento e redenção. Elas simbolizam um lugar onde justiça é equilibrada com a misericórdia. Como disse acima, elas são a representação dos seguidores de Yeshua, que vivem uma vida de justiça seguindo os passos do messias, e por isso, servem de cidades de refúgio para os remanescentes que estão buscando refúgio.

O conceito das cidades de refúgio se relaciona com a expectativa messiânica de um Salvador que oferece proteção e refúgio. Essa ideia ecoa na promessa de um Redentor que acolhe sinceramente aqueles que se voltam para Ele.


O caminho do Eterno é o refúgio dos íntegros, mas é a ruína dos que praticam o mal. Pv 10:29


O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as consequências. Pv 22:3


Que resposta se dará aos emissários daquela nação? Esta: O Eterno estabeleceu Sião, e nela encontrarão refúgio os aflitos do seu povo. Is 14:32


As cidades de refúgio, conforme dissemos antes, serviam como asilos para homicidas que mataram sem intenção (crime culposo). Elas protegiam esses indivíduos do “vingador de sangue”, parente próximo da vítima, e já explicamos o que isso significa. Era o remidor que buscaria a justiça e não a vingança, conforme muitos pensam. O vingador também é o apontamento para a morte, que é o resultado da separação da Torah, o assassinato, mesmo que seja sem querer, por acidente.

O sumo sacerdote desempenhava um papel crucial: sua morte permitia que o homicida deixasse a cidade de refúgio e habitasse em outra cidade com segurança. Era o sacerdote que faria o julgamento do homicida, liberando ele da sentença de morte que lhe era devida. Repare, que profeticamente, o sacerdote é Yeshua, que ao morrer ou dar sua vida justa, liberta pessoas da morte, ou seja, da separação da Toráh. E as cidades de refúgio são os seguidores do messias, pois é onde ele habita, e é onde os fugitivos correm para encontrar abrigo.


Relação com Yeshua e seu sacerdócio

Na tradição cristã, JC é visto como o refúgio espiritual definitivo. Nessa linha de raciocínio, ele oferece proteção e salvação para todos que buscam refúgio nele. Assim como as cidades de refúgio protegiam o culpado, ele oferece abrigo contra a condenação.

Entretanto, essa linha de ensino está totalmente contrária ao que as Escrituras Sagradas revelam sobre a relação que há entre Yeshua e as cidades de refúgio. O messias Yeshua não é a cidade de refúgio, ele é na verdade o sacerdote, que morre para que o indivíduo tenha a liberdade conquistada, as cidades de refúgio são os seguidores de Yeshua, seus talmidim e remanescentes que vivem segundo seus ensinos. Como o Kohen Gadol, Yeshua atua como intercessor entre a humanidade e HaShem. Sua morte consequente de sua vida justa e ensinos, bem como o fato de o Eterno o ter ressuscitado dentre os mortos, garantem à aqueles que buscam refúgio por meio de seus ensinos de Torah levados por seus seguidores, sejam acolhidos e protegidos eternamente, iniciando sua nova vida debaixo da tutela do Sumo Sacerdote.

Essa tutela não é eterna, ela serve até que o ensino, ou seja, o julgamento do sacerdote ocorra, após isso o fugitivo aguarda aprendendo até que ele morra para enfim estar livre e deixar a cidade de refúgio e seguir em direção a uma vida nova. Repare o texto:


Yeshua enviou estes doze com as seguintes instruções: Não se dirijam aos gentios, nem entrem em cidade alguma dos samaritanos. Antes, dirijam-se às ovelhas perdidas de Yisrael. Mt 10:5-6


Portanto, santos irmãos, participantes do chamado celestial, fixem os seus pensamentos em Yeshua, apóstolo e sumo sacerdote que confessamos. Hb 3:1


Em conversa com o Rav Yochanan essa semana, sobre essa parte da parashá, refletimos sobre alguns pontos importantes que desejo reforçar antes de terminar nosso estudo.

- Aquele que mata sem intenção é a pessoa que ensina outros a se afastar da Torah, pois a morte aponta para o afastamento da Torah. Esse que foge também somos nós, pois estávamos distantes da Torah.

- As cidades de refúgio são o esconderijo do Altíssimo, e esse esconderijo é o povo de Yisrael e os que obedecem à Torah de Yeshua. Nós somos a cidade de refúgio, tanto que não passaremos pelo julgamento mas seremos juízes, devido à obediência que aprendemos com o messias.

- O vingador aponta para a morte, para o fato de não pertencer ao povo, também aponta para o juízo, ausência de aliança. É a justiça do Eterno que corta a pessoa do reino. Ele também é a yetser hará. E ainda, de maneira contrária, é o remidor, que busca remissão pelos que se perdem.

Em conclusão, as cidades de refúgio são um modelo importante de justiça e misericórdia na Toráh, e sua relevância espiritual se estende à proteção oferecida por Yeshua e seus seguidores, o povo de Yisrael. Ao aplicar essas lições da Toráh em nossa vida cotidiana, podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e acolhedora no reino do Eterno, que será dirigida pelo Messias Yeshua, à partir do sétimo milênio, quando ele retornar. Que possamos aprender, viver e praticar a Torah dia após dia, de forma a sermos as cidades de refúgio para que os perdidos nos sistemas religiosos e os sem o Eterno possam encontrar refúgio e redenção, através do sacerdócio de Yeshua o messias.

Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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