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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Estudo da Parashá Lech Lechá - Seja amigo do Eterno.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 03 – Lech Lechá (Saia por ti)

Bereshit/Gênesis 12:1-17:27

Haftará (separação) Is 40:27-41:16 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Atos 7:1-8; Rm 3:19-5:6


Seja amigo do Eterno.


Entre tantas pessoas mencionadas pelas Escrituras, poucas brilham com tanta força quanto Avraham, nosso pai na firme confiança (emunáh, ). Sua trajetória não é apenas a história de um homem que ouviu a voz do Eterno e partiu rumo ao desconhecido; é o relato do nascimento de uma amizade, a mais sublime que um ser humano pode ter, a amizade com o próprio Criador. Na parashá Lech Lechá, Avraham é chamado a deixar tudo e seguir um caminho novo. Séculos depois, no contexto da haftará correspondente, o profeta Yeshayahu recorda esse mesmo homem com palavras comoventes: “Mas tu, Yisrael, meu servo, Yaakov, a quem escolhi, descendência de Avraham, meu amigo.” (Yeshayahu 41:8)

Por que o Eterno chama Avraham de “meu amigo”? Que tipo de relação é essa, e o que ela nos ensina sobre como o Eterno se relaciona com aqueles que O seguem de todo o coração? Mais ainda, será que é possível que nós também sejamos chamados “amigos do Eterno”?

Este estudo busca responder a essas perguntas, mostrando que a amizade com o Eterno não é um privilégio distante, mas o resultado de uma vida de confiança, obediência e amor à Sua vontade.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A Parashá Lech Lechá marca um novo começo na história das Escrituras, quando o Eterno chama Avram para sair de sua terra, de sua parentela e da casa de seu pai, rumo a uma terra que Ele ainda lhe mostraria. Com essa ordem — “Lech Lechá”, que significa literalmente, “Sai para ti”, o Eterno inicia uma jornada que mudaria o destino da humanidade. Ele promete a Avram que fará dele uma grande nação, o abençoará e tornará o seu nome grande, afirmando que “em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Em obediência, Avram parte de Haran com sua esposa Sarai e seu sobrinho Lot, levando consigo todos os bens e servos que havia adquirido, até chegar à terra de Kena’an. Ali, o Eterno lhe aparece e promete entregar aquela terra à sua descendência, e Avram edifica um altar para honrar o Nome do Eterno.

Logo depois, uma grande fome obriga Avram a descer ao Egito. Temendo ser morto por causa da beleza de Sarai, ele pede que ela se apresente como sua irmã. O faraó toma Sarai para seu palácio, mas o Eterno intervém, enviando pragas sobre sua casa, e o faraó a devolve a Avram, despedindo-os com riquezas e rebanhos. De volta a Kena’an, Avram e Lot se separam, pois a terra não comportava seus numerosos rebanhos. Lot escolhe habitar nas campinas férteis do Jordão, próximas a Sedom, enquanto Avram permanece nas montanhas de Hebron, onde o Eterno renova Suas promessas e garante a Avram toda a terra que ele pode ver.

Mais tarde, Lot é capturado durante uma guerra entre quatro reis do Oriente e cinco reis do vale de Sedom. Ao saber disso, Avram reúne seus servos treinados e resgata seu sobrinho, derrotando os poderosos reis. Na volta, é recebido por Malki-Tsedek, rei de Shalem, que o abençoa em nome do Eterno. Em seguida, o Eterno firma com Avram o Brit Bein HaBetarim, o “Pacto entre as Partes”, revelando-lhe que seus descendentes seriam estrangeiros em terra alheia, oprimidos por quatrocentos anos, mas que depois sairiam com grandes bens. Como sinal da aliança, o Eterno promete dar à descendência de Avram toda a terra desde o Egito até o Eufrates.

Passados dez anos, ainda sem filhos, Sarai entrega sua serva Hagar a Avram para gerar descendência. Hagar concebe e dá à luz Ishmael, mas o Eterno deixa claro que a promessa se cumprirá através de um filho que nascerá de Sarai. Aos noventa e nove anos, Avram recebe uma nova revelação: o Eterno muda seu nome para Avraham, “pai de uma multidão de nações”, e o de Sarai para Sara, “princesa”. Ele promete que um filho, Yitschac, nasceria do ventre de Sara, e com ele o pacto seria confirmado. Como sinal eterno dessa aliança, HaShem ordena a Avraham a brit milah (circuncisão) de todos os homens de sua casa. Avraham obedece de imediato, selando assim a aliança que marcaria o início da nação que levaria o Nome do Eterno diante de todas as nações.

A Parashá Lech Lechá, portanto, é o início da história do povo de Yisrael e o fundamento de todas as promessas do Eterno. Ela nos ensina sobre a confiança firme e a obediência de Avraham, que, ao ouvir a voz do Eterno e agir segundo Suas instruções, tornou-se o exemplo de quem caminha pela fidelidade e transforma-se em canal de bênção para toda a humanidade.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A parashá Lech Lechá marca um novo começo na história da humanidade. O Eterno chama Avram com as palavras:

Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei.” Bereshit 12:1

Neste chamado, o Eterno estabelece com Avram um vínculo de pacto ou aliança (brit) e uma promessa. Esse pacto não é apenas territorial ou genealógico, é espiritual no sentido da relação e da obediência. O Eterno promete:

Farei de ti uma grande nação, abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.” Bereshit 12:2

Avram responde com ação. Ele parte, constrói altares, invoca o Nome do Eterno e manifesta com sua vida o propósito divino. Essa confiança firme e ativa é a semente de uma amizade profunda. É isso que o profeta Yeshayahu evoca séculos depois, quando Avraham é lembrado não apenas como o patriarca de uma nação, mas como ohavi, “meu amigo”, ou seja, o amigo do Eterno, aquele que amou o Eterno e O fez amado no mundo.

Interessante é que vemos na Torá que isso já ocorria com Adam, antes da queda, quando lemos:

Eles ouviram a voz do Eterno, Elohim, andando no jardim no momento da brisa da tarde, por isso o homem e sua mulher se esconderam da presença do Eterno, Elohim, entre as árvores do jardim.” Bereshit (Gn) 3:8

O Eterno tinha Adam como a um amigo, indo ter com ele à tarde, havia uma ligação muito maior do que uma mera amizade como a conhecemos. Essa expressão nos convida a refletir, o que significa ser amigo do Eterno. As Escrituras, os profetas, os ensinos de Yeshua e as palavras dos sábios convergem em uma só resposta, amizade com o Eterno é comunhão baseada em obediência, confiança e missão. A partir dessa ideia, convido você a continuar lendo esse estudo, onde desenvolveremos o tema em três partes relacionadas a seguir:

  1. Avraham, o amigo do Eterno pela obediência.

  2. O vínculo da amizade nas palavras dos profetas e dos sábios.

  3. Yeshua e os shaliachim, o chamado a ser amigo do Eterno.

1. Avraham — o amigo do Eterno pela obediência

A amizade de Avraham com o Eterno nasce da intimidade do pacto e da obediência incondicional. O primeiro mandamento recebido por nosso pai Avraham — “Sai da tua terra” — exigiu confiança total. Nosso patriarca não discute, não negocia, ele parte. Essa prontidão é o primeiro gesto de amizade, partindo do homem, pois o amigo verdadeiro confia na voz daquele a quem ama.

Em Bereshit 18:17–19, o Eterno declara:

Ocultarei Eu a Avraham o que estou para fazer? [...] Porque Eu o conheço, para que ordene a seus filhos e à sua casa depois dele, a fim de guardarem o caminho do Eterno, fazendo justiça e juízo.”

“Conhecer” do hebraido “yedá” – ידע, aqui significa intimidade, o tipo de conhecimento que nasce da convivência e da confiança. Avraham vive de modo que o Eterno o pode “conhecer”, partilhar com ele Seus planos, confiar-lhe Seu propósito.

A Akedá, o sacrifício de Yitschac em Bereshit 22, é a prova máxima dessa amizade. Avraham se dispõe a oferecer o filho da promessa, e o Eterno responde:

Agora sei que tu és temente a Mim.” Bereshit 22:12.

Os sábios no Talmud no tratado Sanhedrin 89b, dizem que foi nesse momento que Avraham tornou-se “amado” (ahuv) pelo Eterno. A obediência, portanto, não é submissão cega, mas expressão de confiança e amor. É o elo que transforma a aliança em amizade.


2. O vínculo da amizade nas palavras dos profetas e dos sábios

O profeta Yeshayahu diz o seguinte:

Mas você, Yisrael, meu servo, Yaakov, a quem escolhi, descendente de Avraham, meu amigo.” Yeshayahu 41:8.

Ele retoma essa relação única e a estende a toda a descendência de Avraham. Yisrael é lembrado como “descendência de Avraham, meu amigo”, para reforçar que o pacto do Eterno com Seu povo está enraizado em amor e fidelidade, não apenas em mandamentos. A palavra “amigo” aplicada a Avraham, aqui neste texto, não é mero afeto sentimental, é reconhecimento de uma relação de aliança, confiança e responsabilidade.

Há menções riquíssimas sobre Avraham ser chamado “amigo do Eterno” - אברהם אהובי — Avraham Ohavi, em diversas fontes antigas da tradição judaica, como nos Midrashim, Talmud e nos comentários clássicos ao Chumash. Todas elas convergem no mesmo ponto central que também aparece em Yeshayahu 41:8, ou seja, que Avraham recebeu esse título por causa da obediência incondicional, da confiança firme e do zelo em divulgar o Nome do Eterno entre as pessoas com quem tinha contato. Por exemplo no Bereshit Rabbah 44:1, lemos:

O Eterno chamou Avraham de ‘meu amigo’ porque ele amou o Nome do Eterno e o proclamou no mundo inteiro.”

Observe que o sábio mostra que a amizade aqui não é passiva, é ativa, voluntária e até missionária. Avraham é amigo porque leva o Eterno ao conhecimento dos outros. Rashi comenta Yeshayahu 41:8 dizendo:

Aquele que Me amou e Me fez amado sobre a terra.”

Já o Midrash Tanchuma (Lech Lechá 6) acrescenta:

Tu Me amaste mais do que teu pai, tua terra e tua parentela; por isso, Eu te chamarei meu amigo.”

Assim, os sábios ensinam que ser amigo do Eterno é amar-Lhe mais do que tudo e colocá-Lo acima de todos os laços humanos e interesses pessoais. A amizade é a expressão suprema do amor obediente e da entrega total. O Eterno não escolhe Avraham por acaso, escolhe-o para um propósito redentor e para ser canal de bênção, e essa escolha funda uma intimidade que é expressa pelo termo “amigo”.

O próprio profeta Yeshayahu amplia esse entendimento. No capítulo 49:6 fala do servo do Eterno que será “luz para as nações”, retomando a promessa feita a Avraham, que diz: “em ti serão abençoadas todas as famílias da terra”, Bereshit 12:3. A amizade de Avraham gera uma vocação, a de ser canal de bênção universal.


3. Yeshua e os shaliachim — o chamado a ser amigo do Eterno

Na Brit Hadashá, Yeshua retoma o mesmo princípio de Yeshayahu 41:8 e o aplica aos seus discípulos. Ele declara:

Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos ordeno.” Yochanan 15:14

Se Yeshua como mashiach, define a amizade com ele nos mesmos termos que o profeta estabelece para o Eterno, é porque a obediência é o princípio a ser seguido. Assim como Avraham foi chamado amigo do Eterno por obedecer, Yeshua chama de amigos aqueles que obedecem às instruções do Pai que ele ensina. A amizade, aqui, é comunhão ativa, é participar da vontade divina. Ele não está se colocando no lugar ou como D’us. Yeshua ainda acrescenta:

Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.” Yochanan 15:15

A relação é de intimidade e partilha, como entre o Eterno e Avraham em Bereshit 18:17. O Mashiach como representante e autoridade designada pelo Eterno traz essa aplicação da amizade. O amigo é aquele a quem o Eterno revela Seus caminhos, e que responde com fidelidade.

O shaliach Yaakov em sua epístola, 2:21–23, faz o paralelo de modo explícito:

Não foi Abraão, nosso antepassado, justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar? Você pode ver que tanto a fé como as suas obras estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada pelas obras. Cumpriu-se assim a Escritura que diz: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça”, e ele foi chamado amigo de Deus. Tiago 2:21-23

Yaakov, o irmão de nosso messias Yeshua, mostra que a amizade com o Eterno é viva, manifesta-se em obras de justiça e obediência, e não apenas em palavras. Assim, a amizade que começou em Avraham encontra continuidade nos discípulos de Yeshua, homens e mulheres que caminham na mesma confiança, obedecem à voz do Eterno e buscam manifestar o Seu Nome entre as nações. Cabe a cada um de nós que seguimos os ensinos de Yeshua e guardamos os mandamentos do Eterno, vivermos de modo a ansiarmos por ser amigos do Eterno, assim como Avraham.

Concluindo, vimos que Avraham foi chamado “amigo do Eterno” porque viveu em obediência, confiança e amor. Ele se tornou modelo para todo aquele que deseja caminhar com o Eterno. Ser amigo do Eterno não é título, é modo de vida, significa ouvir Sua voz, guardar Suas instruções e revelar Seu Nome ao mundo por meio das nossas ações. Os profetas e os sábios compreenderam isso, e Yeshua reafirmou a mesma verdade mostrando que a amizade com o Eterno é fidelidade à Sua vontade e participação no Seu propósito redentor.

Que, como Avraham, possamos deixar nossa “terra”, nossos apegos e seguranças, e andar com o Eterno com a mesma confiança firme. Que possamos ser chamados também “amigos do Eterno”, porque O amamos, obedecemos e fazemos com que o Seu Nome seja amado sobre toda a terra. Que sejamos amigos do Eterno.

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Moshê Ben Yosef


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