Páginas

Boas Vindas

Seja Bem Vindo e Aproveite ao Máximo!
Curta, Divulgue, Compartilhe e se desejar comente.
Que o Eterno o abençoe!!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Estudo da Parashá Bo (Vai)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 15 – Bo (Vai)

Shemôt/Êxodo Ex. 10:1 – 13:16

Haftará (Separação) Jr 46:13-28 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 25:1-46


1 - INTRODUÇÃO

Vamos iniciar com um ótimo resumo que encontrei no site da Sinagoga Ahavat Shalom, que tirou do chabad.org.

D’us fala para Moshê e Aharon irem até o faraó para que este liberte o povo judeu da escravidão, e se assim não o fizer, D’us castigará o Egito enviando a 8a. praga, gafanhotos, que cobrirá toda a terra e acabará com todo alimento e plantações que restaram, após a praga de granizo.

Ao saber que Moshê pretendia levar todo o povo judeu, homens, mulheres, crianças e todo o seu gado, o faraó não permitiu que todos partissem, mas apenas os homens. O faraó volta as costas para Moshê e Aharon e então D’us manda os gafanhotos, dando início a destruição. A praga só é interrompida quando o faraó novamente implora a Moshê que reze a D’us para que interrompa a praga. Mas logo em seguida, assim que desapareceram os gafanhotos, endureceu novamente seu coração não deixando os judeus partirem. D’us então envia a 9a. praga: a escuridão completa. As trevas só afetavam os egipcios que permaneciam no mesmo lugar, sentados ou em pé, sem poder se mover por três dias, e somente para os hebreus havia luz. O faraó apela novamente para Moshê, mas permite que partam desde que deixem seu gado para trás. Moshê não concorda, pois o gado servirá de oferta de sacrifícios para D’us. O faraó então não os deixa partir.

D’us envia a última praga ao Egito: morte aos primogênitos. D’us instruiu Moshê e Aharon sobre o mês de Nissan que será para o povo judeu o primeiro dos meses do ano e todos os detalhes envolvendo o Cordeiro Pascal, que seriam preparados para a refeição que precede o Êxodo. O sangue dos cordeiros foi colocado como sinal nas casas dos judeus para que D’us “saltasse” sobre suas casas, ferindo somente os egípcios.

D’us estabelece a comemoração de Pêssach e a proibição de ingerirmos alimentos fermentados. Também nos instrui, através de Moshê e Aharon, sobre a obrigação de todos os anos, nesta data, relatarmos o Êxodo do Egito e os milagres com que Ele nos libertou da escravidão a nossos filhos, em todas as gerações. A parashá termina estabelecendo a mitsvá de Pidyon Haben (Resgate do Primogênito) e da colocação de tefilin.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Conforme já foi mencionado no estudo da parashá da semana passada, o termo em português para “endureceu o coração”, se referindo ao faraó do Egito, não pode ser entendido claramente como se o Eterno estivesse suprimindo o “livre arbítrio” daquele rei do Egito. Dentro da tradição dos judeus existem pelo menos sete explicações dos sábios para esse termo, dois deles afirmam que o Eterno teria suprimido seu arbítrio por causa da multidão de pecados do monarca, e outras cinco falam de formas variadas da inclinação do homem para o mal. E dentre essas últimas explicações há uma afirmando que o faraó endureceu o seu coração por ter rejeitado ouvir ao Eterno, inclusive isso está no comentário de rodapé da Torá, dizendo que devido ao faraó ter dito “quem é o Eterno para que escute Sua voz e envie Israel?”(Ex 5.2), esse seria o motivo de seu endurecimento. E quando lemos em Ex 7.4, podemos perceber que Adonai sabia de antemão que faraó não obedeceria, e por isso faria os sinais em toda a terra do Egito.

Veja o que o site chabad.org comenta sobre isso. Está explicado no Tanya, a obra primordial da filosofia Chabad, que mesmo uma pessoa tão mergulhada no mal que “não dispõe dos meios para se arrepender” – mesmo esta pessoa pode superar e encontrar seu caminho de volta à integridade. Até o mais corrupto e abominável pecador pode voltar a D’us.

Se o faraó, totalmente egoísta, perverso e privado de seu livre arbítrio, pudesse ter impedido as pragas finais de cair sobre seu país, fazendo um supremo esforço para superar o endurecimento de seu coração, muito mais ainda é possível para cada israelita dominar os traços negativos de seu caráter. E isso serve para cada um de nós, que seguimos o exemplo de nosso messias Yeshua.

Nessa parashá podemos aprender e praticar as instruções que a Torá nos dá.

Essa semana a porção da Torá que vamos estudar é chamada de “Bo”, que significa “vai”, de acordo com o que encontramos nos versos 1 e 2 do capítulo 10:


E disse o Eterno a Moisés: Vai ao Faraó, pois Eu fiz endurecer o seu coração, e o coração de seus servos, para pôr Meus milagres entre eles. E para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as coisas que fiz no Egito, e os meus sinais, que tenho feito entre eles; para que saibais que eu sou o Eterno


Nessa porção semanal temos a oportunidade de estudar sobre as últimas três pragas incapacitantes que devastaram o Egito e todo o seu povo, e vemos ainda como o Eterno usa de meios naturais para fazer com que seus propósitos sejam atingidos. Ele se utiliza de coisas e situações que estão ao nosso redor para levar a cabo os seus intentos. E também podemos contemplar o povo de Israel presenciando pela primeira vez, uma libertação extraordinária e que lhes foi dada de forma surpreendente. O povo é liberto e sai do Egito levando riquezas, que segundo o Midrash, os próprios egípcios lhes deram.

Nos versos mencionados acima, encontramos algumas palavras interessantes que nos maior compreensão quando analisadas pelo foco do hebraico. Veja por exemplo a palavra hebraica que foi traduzida como “vai” é a mesma que dá o nome a esta porção semanal “Bo” que significa “vem”. Isto ensina-nos que o Eterno estava no Egito com os filhos de Israel, e também que Ele foi primeiro a Faraó e convidou Moisés a juntar-se a Ele. Aprendemos aqui que um servo do Eterno não faz as coisas por si mesmo, mas sim em colaboração com o Eterno. Ele Não toma iniciativas próprias, mas sempre em conformidade com a vontade do Eterno, com o que Ele diz e com o que Ele faz. Se tomamos decisões sem consultar o Eterno, podemos sofrer graves consequências, como lemos em Josué 9:14:


Então, os israelitas tomaram da provisão e não pediram conselho a HaShem”.


Outra palavra que encontramos no texto é a que foi traduzida para “endurecer”, que em hebraico é kabed trazendo os seguintes significados: “ser (estar) pesado, pesaroso, duro”. Este termo é usado com uma conotação negativa e quando é usada para se referir a qualquer parte do corpo expressará lerdeza, desajeito ou implacabilidade. Segundo o site ShemaYsrael.com, o motivo do “endurecimento” era porque o Eterno estaria fazendo “sinais” no Egito. A palavra sinal em hebraico é “ot” e significa “sinal, marca, indício, milagre, prova, advertência. Isso demonstra-nos que a cada praga – que é considerada como um sinal – o Eterno diz para os egípcios que Ele os está advertindo, trazendo milagres e provas de sua existência a fim de que lhe obedeçam! O objetivo disso era que eles soubessem que o Eterno era HaShem!

Ainda nos dois primeiros versos dessa parashá, observando o verso 2:


E para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as coisas que fiz no Egito, e os meus sinais, que tenho feito entre eles; para que saibais que eu sou o Eterno


Devemos compreender que, aos pais é incutido o dever de ensinar aos filhos sobre aquilo que o Eterno fez nas suas vidas e, especialmente aquilo que se passou na saída do Egito. Isso é um mandamento, que deve ser cumprido não somente em pessach, mas também em todo o shabat, ou seja, contar aos filhos como HaShem libertou o povo das garras do Faraó.

Esta saída simboliza a libertação da escravidão infligida por satanás, o pecado e o mundo, através do Messias Yeshua. Há que contar aos nossos filhos a experiência de salvação através do Messias. No tempo histórico Moshê, o libertador, é um apontamento profético para o Messias que seria o instrumento de libertação que HaShem usaria.

Os pais têm que transmitir estas verdades aos seus filhos, e neste texto, também nos é ensinado que os avós têm a obrigação de contar aos seus netos sobre a redenção levada a cabo pelo Eterno.

A tarefa de transmitir a fé hebraica não recai somente sobre os pais, mas também sobre os avós, como lemos em Joel 1:3:


Narrai isto a vossos filhos, e vossos filhos o façam a seus filhos, e os filhos destes, à outra geração”.


Também podemos encontrar paralelo em Salmo 78:2-8:


Abrirei os lábios em parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos. O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores de YHWH e o seu poder, e as maravilhas que fez. Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Elohim a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Elohim, mas lhe observassem os mandamentos; e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Elohim.”


O autor do estudo dessa parashá no site Emunah a fé dos santos diz que, a tradição de passar a revelação de pais e filhos, é o que mantém vivo o povo de Israel ao longo das gerações, e é parte da mesma declaração de fé hebraica, como lemos em Deuteronômio 6:6-7:


Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; e tu as ensinarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”.


Se os pais permitem que sejam os outros a encarregar-se da educação espiritual dos seus filhos, não cumpriram com esta responsabilidade. Tanto os pais como os filhos têm a necessidade dessa transmissão.

Os pais precisam de lembrar e louvar ao Eterno pelos milagres que experienciaram, e passar isso aos seus filhos bem como aos seus netos. Estes, por sua vez, receberão e serão conscientes de uma herança espiritual que é capaz de produzir neles uma confiança profunda no Eterno. Um pai deve ler as Escrituras todos os dias aos seus filhos, desde que estes vivam sob o seu teto, e assim levantar-se-á uma geração santa.

Sobre como o Eterno age em nossas vidas, algumas pessoas entendem que, para conseguirem resolver os seus problemas variados, seja na área espiritual ou material de suas vidas, basta-lhes fazer boas ações, meramente obedecer a quantos mandamentos conseguirem e daí por diante. Entretanto, ao agir assim, essas pessoas se perdem do passo fundamental, invalidando o processo. Isso porque não se pode extirpar o mal apenas fazendo o bem, ou seja, o mal precisa necessariamente ser removido. Assim como as ervas daninhas que se alastram em um campo, sendo necessário arrancá-las pelas raízes, caso contrário, crescerão novamente, da mesma forma é o mal. E o que a Torá nos ensina é que D’us estava mostrando para Moisés como agir, e isso, dentro de sua vontade e de acordo com a onisciência divina, pois estava sendo dito a todo o tempo que Faraó não obedeceria. Portanto, ao ordenar a Moisés “vai ao faraó”, o Eterno fez com que Moisés observasse a fonte do mal na sua raiz, ou seja, o coração de Far, para que depois o mal fosse eliminado e a saída do povo poderia ocorrer.

De acordo alguns historiadores, Moisés e aquele Faraó cresceram juntos, por isso deveria haver alguma amizade entre eles, daí o motivo pelo qual Moisés teria que ver a inclinação para o mal por parte de faraó mais de perto.

Além de tudo isso, não eram apenas os egípcios que deveriam aprender com cada praga, o comentário de rodapé da Torá da Editora Sefer diz que, os israelitas, que antes duvidaram de Moshê e Aharon, passaram a testemunhar fatos tão miraculosos que, mesmo os mais incrédulos, deveriam atentar e acreditar no poder Divino. Estas passagens, na verdade, demonstraram para toda a humanidade que D’us não é apenas o Criador do Universo, mas sim o Senhor do Mundo, dia a dia e a cada instante, revelando Seu poder em cada mero detalhe da vida de seus filhos, os seres humanos.

Em nosso cotidiano, quando sentimos que temos espaço para melhorias e mudanças, busquemos observar e arrancar pela raiz o mal, ou seja, a Yetser hará (inclinação para o mal/desejos da carne) pois é ele quem nos atrapalha na caminhada em direção à vontade de Adonai em nossas vidas. Porém, uma vez a raiz ter sido arrancada, as flores da justiça podem crescer e prosperar.

Todo esse processo que a Torá descreve – a insistência de Moisés. O faraó prometendo deixar o povo ir como consequência de cada uma das pragas e voltando atrás nas suas promessas – esse processo, como tudo o que Adonai realiza, na maioria das vezes sem que nós mortais entendamos ou aceitamos, tem uma finalidade.

Vejamos com um pouco mais de cuidado.

No capítulo 11 versículo 8 o texto nos diz que “Moisés saiu da presença do Faraó ardendo em ira!” Ou seja, com raiva, e por isso mais motivado, mais decidido a seguir em frente com o projeto de libertar o povo de Israel, em detrimento dos obstáculos e da teimosia do Faraó. Os atos desse monarca, a sua teimosia, fizeram crescer em Moisés a certeza de seguir em frente. E isso forjou nele uma força e uma atitude de guerreiro, cada vez maiores. Na nossa vida não é diferente, muitos obstáculos e tribulações são colocados em nossos caminhos, que na verdade são desafios para nos obrigar a nos superar e continuar lutando, para forjar novas armas espirituais e profissionais, nos levando mais próximos da vontade do Eterno, e nos ajudando a enfrentar cada um destes mesmos desafios.

Nessa parashá também vemos o povo de Israel receber as instruções de como celebrar a Páscoa (Pessach), que significa evitar, passar por cima, deixar de lado, uma vez que a casa dos israelitas seriam deixadas de lado e poupadas na morte dos primogênitos. Se fizermos uma conexão veremos a lembrança perpétua entre essa festa e a libertação do povo, a saída da escravidão e do reino das trevas da idolatria do Egito, assim como a redenção trazida por Yeshua, nos tirando das trevas do mundo para nos aproximar ao seu povo.

A conexão ainda pode ser vista no evangelho de Mateus no capítulo 25, com a continuação do sermão profético de Yeshua, ao contar a parábola das dez virgens que fala da celebração de uma aliança entre o noivo e a noiva, mas que o cerne são as virgens que deveriam estar atentas, assim como nós devemos estar atentos para o dia da vinda do noivo. O texto de Mateus também fala da parábola dos talentos cujo sentido é o mesmo da anterior, terminando com o mestre falando sobre a sua volta e a separação dos justos e dos injustos. Da mesma forma como o anjo da morte separou os hebreus dos egípcios, preservando a vida daqueles.

No capítulo 12 verso 38 diz que “também subiu (saiu) com eles uma grande mistura de gente”. Outros também se beneficiaram com a saída dos hebreus do Egito, assim como, hoje outros se beneficiam com o messias Yeshua.

Finalizando, podemos ainda analisar um outro texto da Nova Aliança que é paralelo a essa parashá, o texto de Romanos 9.16-26, onde o Rab. Shaul (apóstolo Paulo) esclarece a respeito da misericórdia de D’us e do endurecimento de Faraó, bem como da aproximação dos gentios ao povo de D’us, isto é, Israel. Que venhamos nos esforçar a cada dia para retirar de nós toda raiz do mal, a fim de que o Eterno possa nos dar condições de através de sua Torá (instrução), estejamos aptos para toda boa obra e sejamos encontrados irrepreensíveis, como os hebreus prontos para sair, como as cinco virgens prudentes e como aquele que servo que trabalhou com os talentos que lhe foram entregues e conseguiu mais. Que cada um de nós venhamos estar atentos a cada dia.


3 - Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://shaareishalom.net.br/bo-o-nome-diz-tudo/

- https://www.cafetorah.com/parashat-hashavua-bo/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771022/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- http://sinagogaahavatshalom.com/parashadasemana/2019/01/11/parashat-bo/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/15-_bo_vem.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário